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Resenha crítica sobre o capítulo “A Cidade da Noite Apavorante”

Por Julio Azevêdo

No segundo capítulo do seu livro “Cidades do Amanhã”, Peter Hall narra as


problemáticas da situação habitacional dos cortiços londrinos, essas que por anos foram
deixadas de lado pelos governantes até que a divulgação de um texto sobre as condições sub-
humanas desses habitantes culminou num apelo pela intervenção estatal.

A abordagem de Hall sobre esse tema é amplamente fundamentada em citações diretas


dos autores que foram usados como referência na elaboração do capítulo, numa tentativa de
mostrar para o leitor os horrores que eram descritos por Mearns, como por exemplo, casos em
que uma ou mais famílias viviam confinadas em um único cômodo (MEARNS, 1883 p.4) ou até
o assustador índice provado pela Fabian Society que dizia que a expectativa de vida de um
“artesão” não passava dos 30 anos, quase metade da de um “nobre” (FABIAN, 1889 p. 25). Logo
em seguida, o foco do autor é em relacionar o estado precário das habitações de Londres com
o de outras metrópoles que também sofriam devido aos problemas habitacionais trazidos pela
industrialização durante o século XIX, como Paris, Berlim e Nova Iorque.

Peter, ao longo desse capítulo, nos mostrou que a industrialização, apesar de seu viés
positivo, também trouxe vários empecilhos numa esfera tanto social quanto urbana, já que além
de fomentar uma aversão a cidade por parte de muitos habitantes das metrópoles, também
criou verdadeiros “depósitos humanos”, onde as pessoas com poucas condições financeiras se
amontoavam, quase como ferramentas de trabalho para servir a burguesia, e talvez por conta
dessa desumanização com a classe proletária que o grupo mais favorecido economicamente era
tão apático com aqueles que morriam ao seu lado. Algumas soluções propostas tanto pelo autor
quanto pelos outros citados ao decorrer do texto consistem em dar ênfase aos poderes
existentes, esses que poderiam sanar essa ferida social, ao invés de segmenta-los em mais e
mais categorias (ASHWORTH, 1954 p. 73), além disso, seria ideal reurbanizar áreas para
construir casas dignas para a classe trabalhadora (WOHL, 1977 p. 252), evitando assim condições
de insalubridade e proporcionando uma dignidade mínima para aqueles que são uma
engrenagem fundamental para o sistema capitalista.

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