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INFLUENCIA DAS CRENGAS PESSOAIS DO PROFESSOR DE LINGUA ESTRANGEIRA, NA SUA PRATICA PEDAGOGICA Ludoviko dos Santos (UEL) Maria Izabel R. Tognato(Mestrado-UEL) Muitos educadores tém desenvolvido pesquisas, projetos, teses, dissertagées sobre 0 processo de ensino-aprendizagem analisando as atitudes didético-pedagégicas do professor e os requisitos necessdrios & docéncia. Contudo, 0 que se tem observado ¢ que as pesquisas, geralmente, séo direcionadas & formagio profissional do professor, ou seja, 0 que deveria ser considerado ou valorizado no conjunto de conhecimentos de ‘quem ensina. Trata-se de um quadro comum que tem mostrado discusses sobre os conhecimentos teéricos do. professor ¢ sta relagio com 0 contexto de sala de aula, visando compreender melhor 0 processo de ensino € aprendizagem. Tal quadro, que aborda o saber do professor e/ou 0 contexto escolar nfo tem levado a mudangas relevantes de préticas pedagégicas inadequadas. Para ilustrar as consideragdes acima, é importante observar ‘6 que alguns autores comentam com relagio a estas questdes. Maralice Souza Neves (1996, In: Sonsin & Tognato, 2000), por exemplo, propondo uma retomada dos “Mitos de Abordagens TradicionaseFstruturais que ainda Interferem na Pritam Sala de Aula”, tem seu artigo com este mesmo titulo, “analisa os tragos de cada uma das abordagens que ainda se fazem presentes na metodologia de professores (...) € questiona o conceito de competéncia comunicativa, relacionando-a a outras competéncias como a gramatical ou lingistia, sociolinglistica, discursivae estratégica”, ressaltando a importincia do resgate da I{ngua como um todo € “suas caracteristcas a fim de se fazer um questionamento sobre 0 que ocorre, realmente, na realidade de ensino da Lingua SIGNUM: » Londrina, n, a pd Estrangeira’, Assim, a autora aborda, principalmente, 0 conhecimento ¢ o desempenho do professor. Duprat (1998 In: Sonsin 8¢Tognato, 2000:5), sugerindo um, trabalho de reflexio critica do ensino de Lingua Estrangeira, propbe a0 professor que reveja toda a prética para que esta possa ser coerente podendo tera liberdade de criar sua prépria metodologia.. Seria interessante pensar quais erengas e conhecimentos serviriam ‘como base para o professor criar sua metodologia como solucio de problemas no processo de ensino-aprendizagem; ou melhor, ‘© que levaria o professor a criar uma metodologia prépria ¢ a que resultados isso levaria? O autor centra a atencio de seu trabalho na afirmagio de que o professor deve criar “sua metodologia” a partir de uma “metodotogia flexivel”, como podemos constatar do que Duprat (op. cit:5) afirma: “G..) we do have to create our methodology. The methodology is neither something unique nor a rule to be followed to the dot, but it is something entirely flexible which allows to use it fully o partially. We have to know them in order to be able to discern whether something is worth applying or not. (..) It certainly is a matter of constantly looking back to our career and checking what we did or did not do, which results we achieved and so on.” Assis-Peterson (1998/1999, In: Sonsin & Tognato, 2000:8), propsc uma reflexio sobre a pritica pedagégica e a formagao do professor comentando que “o método era a ‘a chave do sucesso! para o bom desempenho do professor. O professor que dominava um método, ou uma técnica, desempenhava bem suas aulas. (-) Mas, apesar de todas as tentativas em busca de uma ‘receita miraculosa, no se pode encontrar este método ideal porque na pritica o que surte efeito eficaz € 0 método que se adequa & realidade de cada aula”, envolvendo alunos e materiais disponiveis. No entanto, torna-se relevante pensar quais seriam as implicagées para se obter um método adequado e quais seriam We ‘SIGNUM: Et. Ling. Lo as crencas envolvidas na elaboragio de um método para que este tivesse uma influéncia forte ¢ positiva no processo de ensino- aprendizagem de lingua estrangeira. Nesse contexto, Richards & Lockhart (1994:1-2, op. cit: Assis-Pererson, 1998/1999:44) também sugerem que o professor faca uma investigagio sobre sua pratica em sala de aula reflesindo sobre “iuas evengas a respeito do ensino-aprendizagem ¢ como estas influenciaram sua mancira de ensinar e aprender; qual é a rigem destas crengas: que tipo de professor ele é: qual a percepsio que os alunos tim dele como professor; quais as crengas que os alunos tém sobre o proceso de ensinar e aprender uma outra lingua; guais sto os estilose estratgias de aprender gue 0: alunos preferem; o tipo de atividadeltarefas de aprendizagem que o profesor procura sutilizar, além do seu objetivo para desenvolvé-las; que tipo de interagdo ocorrem em suas alas; quais so as condigoes em que os alenasfalam; ‘que tipos de estlos interacionais os alunos preferem: se ha modificagdo na fala do professor para tornd-la mais compreensivel a seus alunos, faciltando o ensino-aprendizagem de linguas;e,fnalmente, como ocorreo uso da lingua materna ¢ lingua estrangeira nas aulas do profesor.” (Ou scja, o autor parece nao considerar importante direcionar a pesquisa para a identificagSo das crencas do professor a respeito do ensino-aprendizagem, deixando este aspecto da investigagio para 0 proprio professor. ‘Também Devon Woods (1996:22) comenta sobre 0 que € como os professores pensam em sua pritica de ensino de linguas. ‘través de um estudo de caso, 0 autor analisa como os professores interpretam e avaliam as ages ou 0 que ocorre em sala de aula, as atividades € interages que ocorrem no processo de ensino, além de como suas interpretagaes e avaliagées retornam aos planos de aulas subseqiientes influenciando 0 desenvolvimento das ‘SIGNUM: Ea Li yndrina, n.3, p.141-151, set. 2000 1

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