Poder judiciário: a separação de poderes e o ativismo Judicial
A noção de efetuar a separação de poderes não é recente, essa noção vem
desde a antiguidade clássica, sendo efetuada uma segregação e distinção das funções do Estado ou de qualquer organização política e/ou jurídica. Não vamos abordar os contextos históricos, no Brasil é aplicada a teoria da ciência política de Montesquieu no livro “ O Espírito das Leis (1748) ” onde existe uma separação dos poderes, com isso o poder do estado é dividido em funções, com competências diferentes a determinados órgãos. A teoria da separação dos poderes na constituição brasileira de 1988 criou três órgãos individuais e autônomos entre si: o judiciário, o legislativo e o executivo, essa divisão está expressa no seguinte texto constitucional: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. A separação de poderes está inserida no ordenamento brasileiro como clausula pétrea, não podendo ter afastada sua aplicabilidade nem ser suprimida através de uma emenda constitucional. Montesquieu procurou efetuar uma divisão do poder visando eliminar o poder da mão do governante e para isso efetuo uma divisão em órgãos para efetuar as funções do estado. Ele propôs, portanto, um sistema onde cada órgão desempenha uma função diferente e simultaneamente tivesse uma atividade de contenção da atividade do outro poder. Essa separação na sua forma clássica é equivalente a forma tripartite, dividida em poder judiciário, poder legislativo e poder executivo. Sendo que ao poder executivo é atribuído a função de governo, ou seja, atribuições políticas, co- legislativas e decisão, ao poder legislativo é atribuído a função de legislar e fiscalizar, ou seja, editar e criar normas gerais, abstratas, impessoais no nosso ordenamento jurídico e ao poder judiciário a função de julgar, ou seja, aplicar o direito ao caso concreto a fim de resolver uma lide efetuando uma análise objetiva aos fatos ocorridos. A estruturação funcional da divisão dos poderes tem com ideia central de permitir o controle recíproco entre os poderes, a fim de evitar a hipertrofia de qualquer um deles, é um sistema chamado de sistema de freios e contrapesos (check and balances), portanto, esse princípio não precisa ser visto como algo rígido e sim algo flexível, uma vez que devemos dar máxima efetividade ao texto constitucional sem efetuar um desvio desproporcional que possa comprometer a harmonia dos poderes. A constituição de 1988 brasileira é um símbolo da redemocratização, efeito do contexto histórico vivido na ditatura militar, com isso ela objetiva em garantir transformações sociais, temos um modelo em que o indivíduo cobre do Estado o cumprimento de tudo que é prometido no texto constitucional. Por isso o cidadão tem buscado no guardião da constituição uma efetividade de direitos que era discutido apenas na área política, esse fato é conhecido como judicialização da política. O ativismo judicial é uma interpretação do judiciário frente a omissões inconstitucionais. Sendo o direito aplicado ao caso concreto o poder judiciário elimina a vontade das partes, resolvendo o conflito com uma força definitiva, tem observado que os juízes estão efetuando esse conflito aplicando também princípios jurídicos. Entende-se como ativismo judicial o exercício da função além do que o ordenamento, essa atuação preenche um espaço aberto no ordenamento visando garantir direitos.