As prostaglandinas são substâncias semelhantes às hormonas, que
influenciam a elasticidade dos vasos sanguíneos, controlam contracções
uterinas, dirigem o funcionamento das plaquetas sanguíneas, ajudam a parar hemorragias e regulam outras actividades do corpo. Vane notou que muitas formas de lesões nos tecidos eram seguidas pela libertação de prostaglandinas. Em estudos laboratoriais verificou que dois grupos de prostaglandinas causam vermelhidão e febre (sinais comuns de inflamação). Vane e os seus colegas mostraram também que a aspirina ao bloquear a síntese de prostaglandinas previne a agregação das plaquetas sanguíneas, um dos passos iniciais da formação de coágulos sanguíneos. Um ataque cardíaco ou enfarte do miocárdio resulta do bloqueio do fluxo sanguíneo, não através do coração, mas para o músculo cardíaco. Sem um fornecimento sanguíneo adequado a área do músculo afectada morre e o batimento do coração é enfraquecido ou pára totalmente. A sequência de acontecimentos que leva a um enfarte começa com a construção gradual de placa nas artérias coronárias (arteriosclerose). A circulação através destas artérias diminuídas (mais estreitas) é reduzida, provocando, frequentemente, dores no peito (angina de peito). Acredita-se que um ataque cardíaco ocorre quando uma ruptura na placa no interior de uma artéria coronária mais estreita leva à agregação de plaquetas, formando um coágulo que bloqueia o fluxo sanguíneo. Em resumo, a aspirina, ao inibir a síntese de prostaglandinas impede ou pelo menos reduz a formação de coágulos e, consequentemente, evita os ataques cardíacos. A explicação do modo de actuação da aspirina (bem como de outras drogas anti-inflamatórias não esteróides) levou os cientistas a desenvolver novas ideias sobre a possibilidade de usar a aspirina na prevenção ou tratamento de doenças em que as prostaglandinas intervêm.