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Albertoni LC; Goulart BNG; Chiari BM. Implantação de classe hospitalar em um hospital
público universitário de São Paulo. Rev Bras Cresc e Desenv Hum 2011; 21(2): 362-367.
RESUMO
Objetivo: descrever a implantação de classe hospitalar em hospital público universitário
na cidade de São Paulo. Método: trata-se de descrever o processo, no período compreendido
entre 2007 e o primeiro trimestre de 2011, nas respectivas etapas de implantação. Resultados:
verificamos através de relatos dos familiares, profissionais da saúde e das escolas de origem
dos alunos que a implantação da classe hospitalar colaborou na atenção às necessidades
educacionais dos aluno e na inclusão destes na escola regular. Nota-se a importância da
celebração dos convênios com as Secretarias da Educação do Estado e do Município e de
novas medidas humanizadoras pós-implantação da classe hospitalar. Conclusão: a
hospitalização pode significar uma experiência difícil para o paciente e sua família, porém
a implantação da classe hospitalar principalmente em hospitais públicos representa um
recurso potencial no desenvolvimento biopsicossocial da criança e do adolescente,
colaborando na diminuição dos índices de fracasso e evasão escolar e na inclusão escolar
dos alunos após a alta hospitalar.
1 Psicopedagoga, Mestra, Coordenadora do Programa Classe Hospitalar do Departamento de Pediatria da Universidade Federal
de São Paulo (UNIFESP)
2 Fonoaudióloga, Doutora e Pós-Doutoranda em Ciências [Fonoaudiologia] pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Professora Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
3 Fonoaudióloga, Professora Titular do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Instituição na qual o trabalho foi realizado: Universidade Federal de São Paulo. Departamento de Fonoaudiologia. Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios de Comunicação Humana. Linha de Pesquisa: Comunicação Humana, Políticas Públicas e Inclusão.
Correspondência para: Léa Chuster Albertoni - Unidade de Internaçao Pediátrica do Hospital São Paulo, Classe Hospitalar.
Departamento de Pediatria: Rua Napoleão de Barros 715, 9° andar. E- mail : albertonilc@uol.com.br - Fax: (11) 50493483 -
Tel. (11) 55391097
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ABSTRACT
Objective: the goal of this article is to describe the hospital grade deployment in a university
hospital in the city of São Paulo. Method: we described the process between 2007 and
2010, in their respective deployment steps. Results and discussion: we verified through
reports and actions that the deployment of class hospital collaborated for continued training
of teachers, construction of a systematic practice, meet the needs of students and their
preparation for inclusion in regular school, integration of pedagogue in multidisciplinary
team. We noted the importance of the conclusion of agreements with the secretariats of
State education and of Town and new post-implementation hospital measures. Conclusion:
hospitalization can mean a difficult experience for the patient and his/her family. The hospital
grade deployment on a public university hospital represents a resource potential in the bio
psychosocial development of children and adolescents, reducing the incidence of failure
and dropout, and the inclusion of students after discharge.
Key words: hospitalized adolescent; hospitalized child; student dropouts; special education.
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tiva contra o fracasso e a evasão escolar. Cons- período bastante proveitoso na construção do
taram também da programação, oficinas trabalho que hoje realizamos.
temáticas com a participação de familiares e O Programa Classe Hospitalar sofreu
acompanhantes a fim de compartilhar as situa- importantes transformações desde seu início.
ções de aprendizagem no contexto hospitalar. Em 2009, a vinda de uma professora efetiva,
Com o objetivo de promover a formação con- cedida temporariamente por um colégio fede-
tinuada da equipe pedagógica e aprimorar cada ral, garantiu a regularidade desse profissional
vez mais a prática do profissional da classe em sala e, consequentemente, maior estabili-
hospitalar, foi previsto um programa de capa- dade ao trabalho. Em 2010, a Secretaria da
citação que envolveu a participação de profis- Educação do Estado disponibilizou duas pro-
sionais da saúde e da educação como médicos, fessoras contratadas também com frequência
enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas, regular. Isso permitiu aumentar o número de
assistentes sociais e pedagogos docentes. O atendimentos e oferecer maior flexibilidade de
projeto foi aprovado e constituiu a base para o horário aos alunos. Outro fator importante foi
estabelecimento de dois convênios de coope- a concessão de um espaço físico permanente e
ração com ambas as Secretarias do Estado e circunscrito, destinado à classe hospitalar, pos-
do Município. sibilitando atendimentos nas condições deman-
dadas pelo aluno, ou seja, em sala de aula ou
TRABALHO VOLUNTÁRIO nos leitos.
Entre os anos de 2008 e meados de 2009,
sem possibilidades de contratação de profes-
sores, sem a vinda dos professores conveniados RESULTADOS E DISCUSSÃO
e sem espaço físico circunscrito, o inicio dos
trabalhos na classe hospitalar deu-se por inter- A participação dos professores no pro-
médio do trabalho de pedagogos voluntários, grama de capacitação foi essencial para a atua-
com formação em Pedagogia Educação Física ção dos professores em cada etapa da imple-
e Artes Cênicas. Para tanto, criou-se o Projeto mentação do projeto, uma vez que para
Com...Vida segundo o qual, professores/volun- atender as reivindicações dos alunos interna-
tários frequentavam um programa de capacita- dos, são necessários conhecimentos específi-
ção constituído por palestras elucidativas, mi- cos sobre a sua rotina, medicação e enfermi-
nistradas por profissionais especializados nas dades, aspectos estes não inseridos na
respectivas áreas. Os temas abordados foram: formação universitária do pedagogo. Nossas
aspectos do desenvolvimento, doenças crôni- observações confirmam a bibliografia consul-
cas, procedimentos e práticas da enfermagem, tada ao referir-se que embora a grande maio-
condutas médicas, comunicação e hospitaliza- ria dos professores que atuam nos hospitais
ção, comunicação e biblioteconomia na hospi- tenha nível de pós-graduação, a formação em
talização, distúrbios da comunicação e educa- serviço é a que tem assegurado uma condição
ção inclusiva. A coordenação do projeto de qualidade crescente no atendimento peda-
também se preocupou em oferecer quinzenal- gógico3,9,10.
mente ou quando a equipe sentisse necessida- Constatou-se também, a importância em
de, encontros com os profissionais da Saúde estabelecer uma que contemplasse as necessi-
Mental do hospital e supervisões na área da dades dos alunos, mas que também considerasse
Pedagogia e Psicopedagogia, com a finalidade a formulação de diretrizes curriculares e meto-
de oferecer o suporte necessário aos atendimen- dológicas, que garantam aos alunos o direito de
tos. Mesmo com muitas limitações, esse foi um inclusão na escola regular pós-hospitalização9.
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Para tanto, torna-se necessário analisar (voluntários que adotam a “arte do palhaço”
as possíveis dificuldades de aprendizagem, bem em atividades recreativas nos ambientes hos-
como, oferecer atividades de ação preventiva pitalares) sugerindo formas criativas e funcio-
contra o fracasso e a evasão escolar9. nais de explorarem as rotinas hospitalares11 .
Para tanto, a equipe pedagógica em Por fim, conclui-se que experiência de
2011, elaborou o Plano Político Pedagógico implantação da classe hospitalar surgiu como
para classe hospitalar, assim como, um siste- resposta ao reconhecimento de que a criança
ma de Verificação Contínua da Aprendizagem doente e hospitalizada,independente do período
- VECAP. Segundo Teixeira de Paula10, é im- de permanência no hospital, da natureza de sua
portante relacionar o tempo de hospitalização enfermidade, tem direito à escolarização,
com a elaboração de uma programação indivi- direito este que lhe é concedido pela
dualizada direcionada às necessidades de cada Constituição Brasileira e pelas leis que são
criança e jovem hospitalizado10. Observou-se especificamente dedicadas à criança em
movimentos de aproximação para o trsbslho situação de hospitalização6,13.
integrado construído pelas equipes de educa- Também a implantação do serviço
ção e saúde no sentido de suprir vo conheci- pedagógico educacional, favoreceu o
mento sobre patologias e dados como por reconhecimento formal do direito à educação
exemplo, previsões de alta. e à ampliação das condições favoráveis para o
Os convênios celebrados com as Secre- enfrentamento da doença. Aos pedagogos
tarias da Educação do Estado e do Município professores que dela participam, fica registrada
oferecem suporte importante no funcionamen- a necessidade de frequentar o programa de
to da classe hospitalar como provedores no capacitação, que reafirma a importância da
envio de professores, de material didático e formação para o trabalho multidisciplinar, com
pedagógico. Citamos aqui os termos da Lei ênfase na nos saberes necessários uma prática
9394/96-LDB que determinam como dever do qualificada.
Estado para com a educação escolar pública, a Desta maneira, ao inserir a pedagogia
efetivação dos direitos de desfrutar de atendi- no contexto hospitalar, promove-se o
mento educacional especializado gratuito aos atendimento às necessidades da criança e do
educandos com necessidades especiais. adolescente hospitalizado no equilíbrio entre
Nota-se também a existência de outras a sua saúde física, mental, cognitiva e social,
medidas humanizadoras que aconteceram a oferecendo a oportunidade de melhora da
partir da implantação da classe hospitalar, como qualidade de vida, corroborando também na
integração de pais, professores a alunos, e a implantação holística e humanística na práxis
presença de profissionais do tipo atores “clow” dos profissionais da saúde.
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