Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MED Food Total PORTUGAL PDF
MED Food Total PORTUGAL PDF
~
Alimentaçao Mediterrânica
Aspectos Histόricos, Ambientais,
Culturais e de Saúde
Atenas 2007
Mediterranean Information Office Mediterranean Educational Initiative
for Environment, Culture for Environment & Sustainability
and Sustainable Development
Arab Office for Youth Association for the Protection Club Marocain d' Education
and Environment of Nature and Environment- Kairouan en Matiere de Population
et d'Environnement
Esta publicaçã o foi produzida com o auxí lio financeiro da fundaçã o Euro-Mediterranean de Anna Lindh para o diá lo-
go entre culturas. Os í ndices desta publicaçã o sã o a ú nica responsabilidade de MIO-ECSDE e a lata sob nenhumas cir-
cunstâncias seja considerada como refletir a posiçã o da fundaçã o de Anna Lindh.
MATERIAL EDUCACIONAL
~
Alimentaçao Mediterrânica
Aspectos Histόricos, Ambientais,
Culturais e de Saúde
Fonti fotografiche
Imagens do bloco 1dos Documentos de Apoio/, pá gina 23: “Le Navigationi et Viaggi fatti nella Tvrchia”, di Nicolo de'
Nicolai,1580 - Imagens do bloco 2 dos Documentos de Apoio: Benoit G. & A. Comeau (2005) “A Sustainable Future for
the Mediterranean”, The Blue Plan’s Environment & Development Outlook, Earthscan, London - Imagens do bloco 3
dos Documentos de Apoio: Home Economics, School book of the 1st Grade of Greek High-School , Athens, 2001 -
Imagens da Actividades: (1.1) pá gina 45: History of the Hellenic Nation (Greek Encyclopaedia), Athens Publishes (1.2)
pá gina 46: “Liste des Grands Vins fins 1938”, Bois en coulers de Galanis, Paris, 1938 (1.3) pá gina 47: “Liste des Grands
Vins fins 1938”, Bois en
coulers de Galanis, Paris, 1938 (1.5) pá gina 53: “Liste des Grands Vins fins 1938”, Bois en coulers de Galanis, Paris, 1938
(1.11) Benoit G. & A. Comeau (2005) “A Sustainable Future for the Mediterranean” Blue Plan (1.12) Moutsi-Stamiou I.
(2003) “Anthology of Karystos- Fotografia e ilustraçã o de Grigirios Moutsis”, Athens (2.2) “Culinary cultures
of Europe” Council of Europe, 2005 (3.4) “Anakiklosi” Quarterly Newsletter of Ecologic Recycling Company, No 41, 2002
e No 62, Abril-Junho 2006 (3.6) “Resource Kit on Sustainable Consumption and Production”, UNEP 2004 - Anexos, pá -
gina 100: “Liste des Grands Vins fins 1938”, Bois en coulers de Galanis, Paris, 1938.
Imagens usadas nas Actividaddes: 1.2, 1.3, 1.13, 2.3 pertencem ao á exposiçã o itinerante “Impressions of the
Mediterranean diversity through the eyes of youth” criado no âmbiot do Intercâmbio Jovem Euro-Mediterranico:
“Cultural Recycling: Re-orienting Cultures towards Sustainability” (Evia, 2005) organizado pela MIO-ECSDE com o
apoio da Comissã o Europeia – Programa Juventude, O Gecretariado Geral para a Juventude da Grécia, O Ministério
Grego para o Turismo, O Municίpio da ilha Evia, o Municίpio the Chalkida and o Municίpio de Karystos.
Imagens das Actividades: 1.6, 1.8 e 3.1 foram gentilmente oferecidas pelo Dr. Drasko Serman.
Este livro deve ser referenciado da seguinte forma: Scoullos M., Malotidi V. (2007) “Alimentaçã o Mediterrânica, Aspectos
Histόricos, Ambientais, Culturais e de Saú de” Material educacional, MIO-ECSDE, Atenas.
Mensagem do Comissã o Europeia Mensagem do Programa Ambiental
das Naçõ es Unidas/Plano
Como Comissá rio para a Saú de e Segurança Alimentar, é
com grande prazer que vejo a Alimentaçã o Mediterrânica
Mediterrânico de Acçã o (UNEP/MAP)
a ser usada como um veίculo para a promoçã o dos valores
do diá logo intercultural, da sustentabilidade e da paz. Na Durante as minhas viagens pelo estrangeiro vou muito fre-
minha opiniã o esta é uma forma inovadora de transmitir quentemente a restaurantes que promovem a gastrono-
valores que sã o importantes para melhorar o bem-estar mia mediterrânica, nã o sό na regiã o do Mediterrâneo,
dos nossos cidadã os. mas também por toda a Europa. Em alguns paίses os festi-
vais de gastronomia mediterrânica tornaram-se um even-
Sou de um paίs onde a alimentaçã o mediterrânica é a tra- to anual e de grande atracçã o, nã o sό para os habitantes
dicional e estou feliz por observar que ela está a ser usada locais, mas especialmente para os turistas. Isto acontece
como exemplo de uma escolha alimentar saudá vel, assim porque existe uma percepçã o, e gostaria de dizer que é
como um meio de promover os valores interculturais. Num verdade, que a gastronomia mediterrânica é saudá vel.
mundo em mudanças permanentes é cada vez mais όbvio Esta é a prova que existe um valor acrescentado nos ingre-
que temos de preservar a diversidade na gastronomia, na dientes e na culiná ria do Mediterrâneo. A cozinha medi-
alimentaçã o, e na educaçã o das geraçõ es mais jovens, no terrânica apresenta uma longa tradiçã o culiná ria que de-
sentido de preservar o conhecimento sobre gastronomia e vem ser preservadas e promovidas. Ao lançar o Projecto
alimentaçã o tradicional. Educativo sobre Alimentaçã o Mediterrânica, a MIO-ECS-
O conhecimento é essencial para que os consumidores fa- DE teve uma iniciativa original que merece apoio.
çam escolhas informadas. Espero que este projecto possa Dr. Paul Mifsud, Coordenador da UNEP/MAP
contribuir para que os estudantes adquiram conhecimen-
tos factuais sobre gastronomia mediterrânica e assim per-
mitir-lhes estar mais bem equipados para fazer escolhas Mensagem da UNESCO
saudá veis.
Sr. Markos Kyprianou, Comissá rio para a Saú de e 2007 é o terceiro ano da Década das Naçõ es Unidas da
Segurança Alimentar da Comissã o Europeia
Educaçã o para o Desenvolvimento Sustentá vel (EDS), pe-
la qual a UNESCO é a agência responsá vel. A Década visa
integrar os valores inerentes ao desenvolvimento susten-
tá vel em todos os aspectos da aprendizagem para enco-
rajar mudanças de comportamentos que permitam uma
sociedade mais justa e sustentá vel para todos.
A UNESCO acredita que a EDS abrange uma ampla varie-
dade de experiências e programas aprendizagem tais co-
mo as actividades da Rede MEdIES de educadores e do
Projecto Educativo Alimentar do Mediterrâneo. EDS é um
conceito dinâmico que utiliza todos os aspectos de cam-
panhas de sensibilizaçã o pú blicas, educaçã o e formaçã o
para melhorar a compreensã o do desenvolvimento sus-
tentá vel, bem como estimular a mudança de comporta-
mentos. Irá contribuir para permitir aos cidadã os en-
frentar os desafios do presente e do futuro, e aos dirigen-
tes tomar decisõ es relevantes para um mundo viá vel.
Pedimos-lhe que se junte a nόs na promoçã o de uma edu-
caçã o que é relevante as soluçõ es para os principais pro-
blemas da vida no século 21, que possibilita a pessoas de
todas as idades assumir a responsabilidade de criar e usu-
fruir de um futuro sustentá vel, bem como a incentivar to-
das as instituiçõ es e indivίduos para promover o desen-
volvimento socialmente desejá vel, economicamente viá -
vel e ecologicamente sustentá vel.
Drª. Aline Borry-Adams, Chefe da Divisã o de
Promoçã o da Educaçã o de Qualidade, da Secçã o da
EDS, UNESCO
Mensagem da Fundaçã o Anna Lindh Mensagem do Presidente da MIO-
(ALF) ECSDE e Coordenador do MEdIES
Gostaria de expressar o meu profundo agradecimento a to- As teorias sobre eventuais "confrontos" e "desvios" culturais
dos os όrgã os e instituiçõ es que têm estado a trabalhar especialmente à volta do Mediterrâneo, que é um activo in-
arduamente durante os ú ltimos meses para tornar este terface Norte-Sul e Oriente-Ocidente, têm sido considerados
projecto possίvel. Estamos cientes de que o "Projecto com grande cautela e cepticismo nos paίses do Mediterrâneo,
que apesar das suas actuais diferenças culturais e socioe-
Educativo Alimentaçã o Mediterrânica", para estimular e
conόmicas , cooperam numa série de domίnios e esforçam-se
promover o diá logo intercultural, tem exigido um grande
para garantir uma convivência pacίfica e progresso condu-
esforço que envolve tantas equipas experientes de educa- cente ao desenvolvimento sustentá vel de toda a regiã o. Os
dores, professores e especialistas de diferentes paίses da problemas na regiã o sã o bastantes e sã o um desafio em to-
regiã o euro-mediterrânica e acreditamos que foi uma de- das as componentes relativas à sustentabilidade, à degrada-
cisã o sensata terem seleccionado este importante projec- çã o do ambiente e aos recursos naturais originados por rá -
to durante o primeiro convite à apresentaçã o de propos- pidas mudanças climatéricas intimamente ligadas aos pa-
tas da Anna Lindh em 2006, no âmbito da prioridade te- drõ es insustentá veis de produçã o e consumo e aos graves
má tica: "EuroMed Programa para Escolas". Sublinho aqui problemas sociais e econόmicos.
a necessidade de esforços activos das organizaçõ es da so- A educaçã o é um dos principais instrumentos necessá rios pa-
ciedade civil e das instituiçõ es para envolver milhõ es de ra o desenvolvimento dos indivίduos e das sociedades
jovens no processo de experimentaçã o e estamos ansio- Mediterrâneo; A educaçã o é um dos principais instrumentos
sos para saber mais sobre os resultados e o tremendo es- necessá rios para o desenvolvimento dos indivίduos e das so-
forço de respostas e interesse por este projecto. Para além ciedades mediterrânicas; uma educaçã o que possa, ao mes-
disso, no âmbito de 2008 ser dedicado ao Ano Europeu do mo tempo, promover o desenvolvimento sustentá vel e uma
Diá logo Intercultural, a Fundaçã o Anna Lindh, de acordo melhor compreensã o e respeito pelas diferentes culturas nas
com o seu ú nico papel como rede de trinta e sete redes na- regiõ es.
cionais de organizaçõ es da sociedade civil, irá lançar a No presente material pedagόgico, A Alimentaçã o
maior campanha internacional -1001 Acçõ es para o Mediterrânica e tόpicos relacionados - culiná ria, dieta, a pro-
Diá logo", que prevê mobilizar pessoas e grupos em toda a duçã o e transformaçã o de produtos alimentares essenciais,
regiã o para a realizaçã o de actividades sob uma bandei- etc. sã o utilizados como "veίculo" para estimular o diá logo
ra comum para a promoçã o do diá logo. Embora a maioria intercultural e promover o consumo e produçã o sustentá -
das acçõ es estã o previstas para ter lugar no inίcio de Maio veis no âmbito da Educaçã o para o Desenvolvimento
Sustentá vel (EDS). A Alimentaçã o Mediterrânica foi selec-
de 2008, irã o culminar com um evento de elevado perfil a
cionada por ser de interesse directo, por estar prόximo das
ser realizado em sincronizaçã o com trinta e sete paίses: pessoas, por ser um tema da vida com influências assumidas
"Noite do Diá logo". O nosso objectivo final é, assim, dar nas raίzes antigas, nos empréstimos e devoluçõ es e com o
visibilidade às acçõ es no âmbito do diá logo dentro da re- mίnimo de “encargos” ideolόgicos e religiosos.
giã o euro-mediterrânica, acreditando que podemos con-
O material explora de forma abrangente a relaçã o entre di-
seguir muito mais se agirmos em conjunto. Na planifica-
versidade cultural e biolόgica no Mediterrâneo, as inter-rela-
çã o do futuro deste projecto, convido com sinceridade a
çõ es entre actividades produtivas humanas, cultura, ambien-
todos vόs a ponderarem a melhor forma de contribuir pa- te e recursos naturais. Temas como as escolhas dos consumi-
ra a observância do vindouro Ano Europeu do Diá logo dores modernos, há bitos alimentares e as tendências actuais
Intercultural. Para nόs, este "Material Educativo sobre para comprar alimentos sã o comparados, construίdos ou
Alimentaçã o Mediterrânica" é bem apresentado e formu- completados com regimes alimentares tradicionais, com o ci-
lado e, por conseguinte, constitui um passo muito grande clo de vida dos produtos e com as responsabilidades dos con-
para o desenvolvimento de actividades no âmbito da cam- sumidores. Portanto, o material é também uma ferramenta
panha. Incentivar fortemente aos estudantes e professores valiosa nas actividades e iniciativas da Educaçã o para o
a beneficiarem do seu conteú do e espίrito como uma per- Consumo Sustentá vel. O material foi desenvolvido por um
feita fonte de inspiraçã o para reunir e fazer contribuiçõ es grupo interdisciplinar de cientistas e educadores, formais e
significativas para as "1001 Acçõ es para o Diá logo". nã o-formais, de sete paίses do Mediterrâneo, nomeadamen-
te o Egipto, Grécia, Itá lia, Jordânia, Marrocos, Tunίsia e
Finalmente, gostaria de agradecer e louvar todos aqueles
Portugal, em concordância com os princίpios e prioridades da
que se têm mostrado tã o grande dedicaçã o e unidade em
Década das Naçõ es Unidas Para EDS e da Estratégia UNECE
assistir a este projecto. para EDS. A iniciativa é apoiada pela Fundaçã o Euro-
Ambasciatore Lucio Guerrato, Direttore Esecutivo Mediterrânica Anna Lindh para o Diá logo entre Culturas e é
apresentado no seu sίtio internet "Recursos para Ensinar e
Aprender sobre a Diversidade Cultural e o Pluralismo
Religioso" como um projecto original que merece grande re-
comendaçã o".
Documentos de Apoio
1. A EVOLUÇÃO DA ALIMENTAÇÃO E DA NUTRIÇÃO NO MEDITERRÂNEO:
UMA VISÃO GERAL DESDE A ANTIGUIDADE ATÉ AOS NOSSOS DIAS:
A. Introduçã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
B. Perí odos Pré-histó ricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
C. A trí ade Mediterrânica "vinha, oliveira e cereais" e outros alimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
D. Antigas civilizaçõ es do Mediterrâneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
E. Alimentaçã o na Idade Média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
F. O Mediterrâneo global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Anexos
Receitas Mediterrânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Artigo sobre Comércio Justo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
A participaçã o do Teatro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Glossá rio de produtos alimentares e refeiçõ es tí picas do Mediterrâneo
Bibliografia
12 Cibo Mediterraneo
A alimentaçã o como veí culo para pecí ficas. As técnicas da alimentaçã o abarcam a expe-
riência de uma naçã o, a sabedoria acumulada dos nossos
o diá logo intercultural na Década antepassados e um reflexo das suas vicissitudes. Assim, a
das Naçõ es Unidas da Educaçã o alimentaçã o é um instrumento através do qual podemos
analisar e interpretar uma sociedade, a sua cultura e insti-
para o Desenvolvimento tuiçõ es, as crenças religiosas, classes sociais, atitudes e
Sustentá vel (EDS) identidades pessoais e colectivas (Gambin, 2005).
Considerando o contexto social a dieta e da nutriçã o é evi-
Este material sobre “Alimentaçã o Mediterrânica” visa es- dente que a dimensã o cultural influência as preferências e
timular o diá logo intercultural, através da sensibilizaçã o os há bitos alimentares. A dieta e seus rituais estã o em-
sobre bens “imateriais” culturais - costumes e tradiçõ es, bebidos em elementos e valores culturais. Neste âmbito,
ética e valores, etc., relacionados com tó picos concretos tem sido proposto que nas abordagens educativas, quando
sobre alimentaçã o –, produtos alimentares, produçã o, se trata de projectos sobre alimentaçã o, estes devem ser
baseadas ou permeado por perspectivas culturais (Hertzler,
consumo, há bitos, etc., que sã o tã o semelhantes e tã o
1982).
diferentes entre os povos mediterrânicos. A alimentaçã o
A "alimentaçã o" e a "segurança alimentar" estã o in-
mediterrânica embora distintamente diferente de paí s
cluí das nos principais temas da Educaçã o para o
para paí s, tem um cará cter global comum, como resulta-
Desenvolvimento Sustentá vel (EDS), tal como apresenta-
do da utilizaçã o de ingredientes similares, mas, principal-
do no "Esquema de Implementaçã o Internacional da ONU
mente como resultado do intercâmbio entre a biodiversi-
sobre a Década da EDS" e na estratégia da UNECE para a
dade, as paisagens e culturas, bem como em consequência
EDS. Mais particularmente, os tó picos sobre a alimenta-
da evoluçã o histó rica da regiã o mediterrânica. É também
çã o sã o transversais aos da EDS, juntamente com a pro-
importante realçar que os produtos alimentares, o acto de
tecçã o do ambiente e dos recursos naturais, a produçã o
cozinhar e outros assuntos relacionados têm permanecido
sustentá vel e padrõ es de consumo, a pobreza, saú de, ci-
surpreendentemente de fora das tensõ es que existiram e
dadania, a democracia, os direitos humanos, a equidade
continuam a existir entre algumas partes da regiã o.
de género e diversidade cultural (UNECE , 2005). A Década
Alimentaçã o é uma á rea em que os empréstimos e devo-
de EDS foi adoptada em 2002 pela Assembleia Geral das
luçõ es sã o livremente admitidos e até comentados com
Naçõ es Unidas e tem por objectivo a promoçã o da edu-
algum sentido de humor e abertura. Neste material edu-
caçã o como a base de uma sociedade sustentá vel e inte-
cativo esta caracterí stica particular da comida no
grando os princí pios do desenvolvimento sustentá vel em
Mediterrâneo é promovida como um veí culo, a base da
todas as formas de educaçã o (formal, nã o-formal e infor-
ponte cultural
mal), e em todos os sistemas educativos. A EDS é ampla-
Reduzida ao essencial, a histó ria da humanidade gira em mente reconhecida como um conceito dinâmico e pro-
torno das necessidades bá sicas de sobrevivência. gressivo que engloba uma nova visã o da educaçã o numa
Qualquer civilizaçã o que conseguisse sobreviver tinha um tentativa de equilibrar o bem-estar humano e econó mico
enorme apetite; era um í mpeto seguido pelos grunhidos com tradiçõ es culturais, respeito pelo ambiente e recur-
do estômago, o impulso bá sico que organizou todas as sos naturais da terra.
culturas e sociedades. Ainda assim, a alimentaçã o repre- No que diz respeito à Alimentaçã o no âmbito das pers-
senta muito mais do que isso. É a base de qualquer tipo de pectivas da Década das Naçõ es Unidas sobre EDS sã o sa-
economia, assim como das estratégias polí ticas das fa- lientados os seguintes pontos (2005):
mí lias, comunidades e naçõ es. A alimentaçã o, é também
um incrí vel e fascinante armazém de significados e sí m- A EDS tem uma abordagem integrada incidindo sobre o
bolos sociais condensados, um repositó rio de patrimó nio ambiente e os aspectos socioeconó micos da alimentaçã o,
cultural, um sistema de imagens e de comunicaçã o, um ligando-as com a gestã o sustentá vel dos recursos natu-
rais (á gua, solo, diversidade bioló gica, a energia), agri-
protocolo de prá ticas e comportamento em situaçõ es es-
1. A UNECE é a "Comiss o Econ mica e Social para a Europa", que inclui todos os pa ses europeus, as rep blicas da ex-
Uni o Soviética (também os da sia Central), os E.U.A., o Canad , o Israel e a Turquia. Os pa ses mediterrânicos que par-
ticipam na UNECE e adoptam os seus processos, incluindo a Estratégia EDS, s o os seguintes: Albânia, B snia-Herzegovina,
Cro cia, Chipre, França, Grécia, Israel, It lia, Malta, M naco, Portugal, Espanha, Sérvia, Eslovénia e Turquia. A Estratégia
para EDS foi aprovada na Reuni o de Alto N vel dos Ministérios do Meio Ambiente e da Educaç o da UNECE
(Vilnius, 2005).
Usare questo materiale 13
B. Objectivos do material
O projecto educativo sobre a "Alimentaçã o
Mediterrânica" foi desenvolvido como uma ferramenta pa-
ra a Educaçã o para o Desenvolvimento Sustentá vel (EDS),
e, assim, os objectivos bá sicos da EDS adequam os objec-
tivos de aprendizagem do material, o seu conteú do e
abordagens. EDS enfrenta o desafio de mobilizar os povos
para uma sensibilizaçã o sobre questõ es ambientais e so-
cioeconó micas, encorajando-as a adoptar um estilo de vi-
cultura sustentá vel, reduçã o da pobreza e comércio justo, da sustentá vel e desenvolvendo a sua capacidade de cons-
etc. truir um futuro baseado em soluçõ es ecoló gicas, econó -
A EDS aborda a componente cultural da alimentaçã o pa- micas, sociais e culturais sustentá veis. EDS tenta inspirar
ra garantir a preservaçã o dos sistemas e prá ticas de pro- e promover o equilí brio entre bem-estar humano e eco-
duçã o alimentar tradicional e indí gena, os elementos nó mico, entre tradiçõ es culturais e respeito pelo meio
culturais relacionadas (costumes, etc.) e cozinhas tradicio- ambiente e pelos recursos naturais da Terra (UNECE, 2005).
nais. Visa desenvolver e promover as competências para o pen-
Estes aspectos bá sicos da alimentaçã o no âmbito da EDS samento crí tico e criativo e incentivando a gestã o e re-
derivam dos elementos gerais e "facetas" da EDS, que po- soluçã o de problemas que bloqueiam o desenvolvimento
dem ser representados graficamente numa pirâmide du- sustentá vel (UNESCO, 2005). Paralelamente, foi feita uma
pla (2004) em que a parte superior tem como facetas das tentativa para apresentar este material no sentido de pro-
componentes do desenvolvimento sustentá vel, a saber: mover a dimensã o cultural do tó pico (alimentaçã o), a fim
sociedade, economia o ambiente, enquanto a parte infe- de ser utilizado como um veí culo para o diá logo inter-
rior representa os pré-requisitos da sua aplicaçã o e as cultural. Assim, a comissã o aprovou os objectivos bá sicos
á reas que necessitam de "mudanças", para a realizaçã o da Educaçã o Intercultural que visam:
do desenvolvimento sustentá vel, a saber: governaçã o, A) Encontros e influências recí procas das diversas cultu-
tecnologia e cultura. Essa representaçã o mostra a inter- ras.
dependência e as inter-relaçõ es entre todos os pilares fun- B) Reduçã o dos obstá culos encontrados nesses diá logos
damentais do desenvolvimento sustentá vel, incluindo o C) "Preparaçã o" do enriquecimento e intercâmbio cultu-
fundamental Ambiente, Sociedade e Economia. Portanto, ral no futuro pró ximo.
a fim de aplicar a EDS, aprendizagens ambientais adequa- Apesar de este material nã o estar restringido apenas à
das devem ser criadas, de forma a serem ensinados vá rios Educaçã o Alimentar, teve-se em consideraçã o os seus ob-
tó picos de todas as perspectivas: ambientais, sociais e cul- jectivos gerais bá sicos (UNESCO, 1988), os temas, projec-
turais, econó micas, tecnoló gicas e institucionais. A posi- tos e materiais relacionados, de forma a incutir o valor de
çã o da faceta da pirâmide dupla é aleató ria, pois todas as uma alimentaçã o saudá vel e, em particular, o padrã o
interligaçõ es sã o possí veis, reais e importantes. Assim, Mediterrâneo motivando os alunos em conformidade.
"ensinar" sobre desenvolvimento sustentá vel deve ser fei- Ao "transferir-se" os referidos objectivos gerais da EDS pa-
to integrando todas as questõ es relacionadas provenien- ra objectivos de aprendizagem, a taxonomia mais comum
tes destes sectores. aplicada classifica os objectivos em (i) domí nio cognitivo:
Para além das dimensõ es ambientais, histó ricas e cultu- que envolve conhecimentos e aptidõ es intelectuais, a par-
rais da alimentaçã o exploradas no presente material que tir da simples aquisiçã o de informaçõ es até às compe-
visam estimular o diá logo intercultural, a alimentaçã o é tências e estratégias cognitivas de ní vel superior; (ii) do-
naturalmente utilizada para promover os princí pios da mí nio afectivo: incluindo mutaçã o, classificaçã o e adop-
dieta mediterrânica e da vida saudá vel. Além disso pre- çã o de comportamentos, atitudes e valores; (iii) compe-
tende-se que a investigaçã o seja uma forma de influenciar tências do domí nio psicomotor: incluindo competências
positivamente as dietas infantis, particularmente nas po- cinéticas, funçõ es fí sicas, etc. (Bloom, 1956). O domí -
pulaçõ es europeias que sofrem alteraçõ es significativas nio cognitivo (competências intelectuais) é acentuado de
nos seus há bitos alimentares tradicionais, tais como as da no âmbito dos tó picos relacionados com o EDS. O domí -
Europa Oriental e da regiã o mediterrânica (Majem, 2002). nio psicomotor abrange actividades que incluem diversas
Uma investigaçã o de uma escola primá ria demonstrou tarefas manuais e cinéticas ou seja, construçõ es, criaçã o
que as escolhas alimentares dos alunos dependem em pri- de posters e desenhos, apresentaçõ es, actuaçõ es, cozi-
meiro lugar dos factores pessoais e familiares, bem como nhar, etc. No entanto, no âmbito de EDS e Educaçã o
14 Cibo Mediterraneo
2 As inteligências m ltiplas totais e as respectivas competências, de acordo com Gardner s o os seguintes: (1) Inteligência
Lingu stica - utilizando competências lingu sticas (2) Inteligência L gico-Matem tica - tornando o racioc nio indutivo e
produtivo; usando n meros e conceitos abstractos (3) Inteligência Musical - reacç o e sensibilidade em ritmo, sons e me-
lodias (4) Inteligência Espacial visualizaç o dos objectos, espaço e dimens es (5) Inteligência cinestésica Corporal - controle
de express o corporal e movimento (6) Inteligência interpessoal - comunicaç o e relacionamento (7) Inteligência
Intrapessoal -auto-conhecimento e auto-reflex o (8) Inteligência Naturalista - discriminaç o e reconhecimento de ele-
mentos comuns num ambiente natural, assim como entre as pessoas e os grupos sociais (este tipo de inteligência foi adi-
cionado mais tarde)
Usare questo materiale 15
cia: a verbal/linguí stica e a ló gica/Matemá tica. Por con- A Ciências: Biologia, Antropologia (dieta) e Quí mica
seguinte, as actividades incluí das no material, nã o A Matemá tica (grá ficos, Estatí stica, Álgebra, etc.)
abrangem apenas inteligências linguí sticas e ló gicas, mas
A Lí ngua: leitura, escrita (cartas, relató rios, ensaios), de-
também intra-pessoais e interpessoais, espaciais e corpo-
bater e criar o diá logo, Lí nguas Estrangeiras (por exem-
rais, bem com as inteligências relacionadas com as artes e
plo, comunicaçã o e intercâmbios com escolas de outros
auto-expressã o.
paí ses mediterrânicos), etc.
O papel dos educadores na aplicaçã o do material junto
dos alunos, tendo em conta o acima referido quadro pe- A Economia doméstica (tó picos relacionados: cozinhar,
dagó gico na sua prá tica educativa, pode ser resumido da preparaçã o e conservaçã o de alimentos, escolhas dos
seguinte forma: consumidores, etc.)
A Os Educadores devem ver-se como parte integrante do A Artes: no desenho, fotografia, criaçã o de cartazes, ar-
grupo, como conselheiros e coordenadores, ajudando os tes do espectá culo, etc.
alunos nas suas actividades e tentando estimular as suas
ideias e iniciativas. Eles podem também ser abordados co- Além disso, o material integralmente pode ser utilizado
mo um guia de "recurso" fornecendo informaçõ es sobre num projecto de Educaçã o para o Desenvolvimento
onde e como os alunos poderã o recolher informaçõ es pa- Sustentá vel (EDS), enquanto muitas partes do mesmo po-
ra sua investigaçã o. de ser usado em cruzamentos curriculares com temas co-
mo Educaçã o de Saú de, Educaçã o Ambiental, etc.
A Os educadores devem ter em mente que o material nã o
apresenta um " rí gido conjunto de actividades” sobre ali- D. Descriçã o dos conteú dos
mentaçã o mediterrânica, mas tenta fazer sugestõ es e ofe-
recer ideias e estí mulos para a construçã o de um currí - Para o desenvolvimento dos conteú dos deste material foi
culo relevante, transmitindo conceitos importantes e ques- adoptada uma abordagem interdisciplinar envolvendo to-
tõ es sociais relacionadas com o tó pico. das as á reas relacionadas e as relaçõ es entre si (veja a fi-
A É muito importante que os educadores incentivar e gura na pró xima pá gina). Os Documentos de Apoio for-
apoiar a comunicaçã o com as escolas de outros paí ses do necem informaçõ es sobre a histó ria da produçã o de ali-
Mediterrâneo para estimular o diá logo intercultural. mentos e preferências alimentares na regiã o, sobre tó pi-
A Cada actividade pode ser implementada independen- cos contemporâneos e os padrõ es de produçã o e consu-
temente das outras, ou mesmo em combinaçã o com ou- mo. Os documentos podem ser utilizados como suple-
tras. mento de trabalho dos educadores de vá rias formas, de-
pendendo das actividades que estã o a trabalhar.
A Os Educadores deverã o escolher as actividades a serem
Paralelamente, esta informaçã o pode ser usada pelos
implementadas, de acordo com:
pró prios alunos como um primeiro conjunto de informa-
A O quadro em que o material é aplicado ou seja incluí - çõ es e recursos bibliográ ficos.
da nos disciplinas curriculares ou como um projecto inde- Os capí tulos incluí dos sã o os seguintes:
pendente de EDS; 1.Evoluçã o da alimentaçã o e nutriçã o no
A Os objectivos do projecto, por exemplo, devem ser cen- Mediterrâneo: uma visã o geral da Antiguidade aos
trados sobre os produtos alimentares locais, os há bitos nossos dias.
alimentares dos cidadã os ou as ligaçõ es entre os alimen- O primeiro capí tulo apresenta uma visã o geral da dieta
tos e os costumes, tradiçõ es, etc.; alimentar na regiã o, através dos tempos, a partir do
A Os grupos de interesses dos estudantes, as preferências Perí odo Pré-histó rico até aos tempos modernos.
e ní vel cognitivo; Apresenta também a famosa "trí ade" Mediterrânea da vi-
nha, oliveira e cereais, já existentes na Antiguidade e as
A Equipamentos Disponí veis e calendá rio.
diversas civilizaçõ es antigas que floresceram na regiã o e
a sua contribuiçã o para a formaçã o da alimentaçã o me-
Portanto, os educadores podem adaptar, rever, ampliar e
diterrânica.
modificar este material, a fim de usá -lo como uma ferra-
menta de aprendizagem flexí vel que pode ser utilizado,
2. Alimentos, biodiversidade e as paisagens mediter-
por exemplo, integrando-o em matérias escolares - mode-
rânicas.
lo de infusã o - ou cruzando com o projecto de EDS - mo-
Este capí tulo procura mostrar a interacçã o entre as ca-
delo interdisciplinar - por exemplo, explorando as ligaçõ es
racterí sticas da regiã o (recursos naturais, paisagem, cli-
entre diversidade cultural e bioló gica.
ma, etc.) e a produçã o de alimentos. Aspectos da geo-
Em particular, o presente material pode ser usado na pers-
morfologia, do clima mediterrânico, dos recursos hí dri-
pectiva de desenvolver conhecimentos e sensibilidades em
cos, da biodiversidade, da agricultura, da pecuá ria, da pes-
diversas disciplinas curriculares. As disciplinas escolares
ca, da urbanizaçã o e globalizaçã o econó mica sã o apre-
nas quais as partes do material poderiam ser integrado
sentadas de acordo com o seu impacto sobre a produçã o
sã o os seguintes:
alimentar e os há bitos alimentares.
A Estudos Sociais e Histó ria (tó picos relacionados: de-
mografia, economia, questõ es urbanas e rurais, etc.) 3. A dieta mediterrânica e os consumidores modernos.
A Ciências da Terra: Geografia, Geologia e Ecologia (pai- O terceiro capí tulo fornece uma visã o geral dos elemen-
sagem, biodiversidade e recursos naturais, etc.). tos bá sicos da dieta mediterrânica, bem como as tendên-
16 Cibo Mediterraneo
Ecologia
Economia
Alimentaçã o
Histó ria
Mediterrânica
Cultura Mitologia
Sociologia
18 Cibo Mediterraneo
CAPÍ TULO 1
A E V O L U Ç ÃO D O S A L I M E N T O S E A N U T R I Ç ÃO
N O M E D I T E R R ÂN E O
UMA VISÃO GERAL DESDE A ANTIGUIDADE ATÉ AOS NOSSOS DIAS
A. Introduçã o força e saú de. Quais os alimentos mais saudá veis e que
nos dã o energia e nutrientes suficientes?
A utilizaçã o de alimentos pelos povos mediterrânicos tem 3. A Comida tem de ter bom sabor ou as pessoas nã o que-
estado em processo de mudança desde há dez mil anos ou rerã o comê-la. Como podemos melhorar o sabor dos ali-
mais, mas ainda é possí vel traçar semelhanças entre as mentos e do prazer que nos dá ?
refeiçõ es modernas e as dos nossos antepassados pré-his- Hoje em dia, com as lojas e supermercados oferecendo
tó ricos. Isto significa a força da tradiçã o da forma como muitas possibilidades de escolha de produtos locais e im-
os seres humanos se comportam; é também prova da ri- portados, as pessoas podem pensar que estes problemas
queza da regiã o do Mediterrâneo e dos seus recursos. sã o fá ceis de resolver. No passado, era quase sempre mui-
Actualmente tanto as tradiçõ es e como os recursos natu- to difí cil. Uma má colheita significaria que esgotamen-
rais estã o ameaçados: a pesca mediterrânica, a agricultu- to de alimentos; desnutriçã o e fome causavam de facto
ra e a produçã o alimentar sofrem transformaçõ es repen- doenças e morte, tanto no Mediterrâneo como em outras
tinas e o seu futuro é incerto devido às pressõ es ambien- partes do mundo. Mesmo agora, pode ser muito fá cil pa-
tais, por um lado, e por outro , às novas condiçõ es socio- ra os indiví duos fazerem opçõ es erradas, o que é fre-
econó micas e novas tendências. quentemente causa das doenças ou obesidade.
Durante esta continuidade, os agricultores mediterrânicos
têm estado sempre prontos para testar novas ideias. Talvez
há 5.000 anos atrá s eles começaram a plantar uvas. Há B. Épocas Pré-histó ricas
2.500 anos atrá s começaram a criar frangos que eram ori-
ginalmente nativas da Í ndia ou do Sudeste Asiá tico. Há dez mil anos atrá s, antes de agricultura ter sido ini-
Pêssegos, pistachos, arroz, laranjas, beringelas, pimentõ es ciada, as pessoas ao redor do Mediterrâneo comiam se-
vermelhos, tomates e batatas, todos eles vieram original- mentes silvestres, ervas e frutos que pudessem colher e
mente de diferentes partes do mundo e enriqueceram as animais e peixes que podiam capturar. A sua alimentaçã o
terras do Mediterrâneo nos ú ltimos séculos. era muito variada, mas a carne era provavelmente uma ra-
ridade e a maior parte do seu tempo era gasto na recolha
Ao mesmo tempo, sempre foi verdade que a sociedade co-
dos seus ví veres. Animais selvagens, aves e peixes gran-
mo um todo é que faz as escolhas quanto aos alimentos
des eram um luxo; raro também era o maravilhoso e doce
que consome e quando a comê-los. Os paí ses mediterrâ-
sabor do mel. Na maioria das vezes, os "caçadores" prova-
nicos apresentam grandes diferenças nesse aspecto, mui-
velmente chegavam em casa com cigarras, gafanhotos, ca-
tas vezes por razõ es histó ricas e culturais. As uvas sã o
racó is e marisco. Gradualmente as pessoas aprenderam
cultivadas na maioria dos paí ses mediterrânicos, mas ao
que se podia prever alguns dos movimentos dos animais:
mesmo tempo todos comem uvas e passas, mas nem toda
havia um lote de atum na época migrató ria, e nas monta-
a gente bebe vinho. Alguns povos têm uma regra contra
nhas havia possibilidades de capturar cabras e ovelhas
comer porco; alguns nã o gostam de coelho, ou de cara-
quando se movimentavam das pastagens de Verã o para
có is, ou de determinados tipos de peixe ou marisco.
as de Inverno.
Durante este longo perí odo, as pessoas foram experi-
Uma forma de assegurar os mantimentos suficientes foi
mentando novos alimentos e também novas formas de
sempre salgar ou secar alimentos independentemente dos
prepará -los. Três exigências, por vezes conflituantes en-
que podem ser comidos frescos. Talvez o atum salgado, car-
tre si, têm de ser satisfeitas de alguma forma:
ne seca de cabra, estavam entre os primeiros desses pro-
1. Se os bens alimentares acabarem, nã o haverá nada pa- dutos que as pessoas do Mediterrâneo provaram. Há
ra comer. Como é que podemos ter a certeza que teremos quanto tempo as pessoas aprenderam a secar passas e fi-
comida suficiente para todo o ano? gos e a fatiar e cortar maçã s?
2. Os alimentos nã o saciam apenas a fome: eles garantem Há cerca de nove ou dez mil anos atrá s, na Sí ria e na
Capitolo 1: EVOLUZIONE DEL CIBO E DELLA ALIMENTAZIONE NEL MEDITERRANEO 19
Palestina, dois novos desenvolvimentos tiveram lugar. As Alguns frutos cultivados durante esse perí odo eram ori-
pessoas aprenderam que poderiam ter uma constante giná rios de á reas longí nquas da costa mediterrânica. A
oferta de carne, mantendo certos animais nas terras agrí - uva veio do Cá ucaso ou do ocidente do Irã o. Melõ es e
colas, sob controlo humano, matando um certo nú mero melancias vieram de África, figos e talvez tâmaras da
para ter carne e permitindo que outros sobrevivam usando Ará bia. Ninguém sabe exactamente quando ou como vie-
o seu leite. Isso funcionou melhor para o gado ovino dos ram; deve ter sido um processo lento e gradual como as se-
paí ses do leste do Mediterrâneo e para o gado caprino mentes foram transmitidas de um lugar para outro e de um
talvez do Sudeste Europeu. Entretanto, outras espécies in- agricultor para outro.
cluindo as vacas do Norte de África (de acordo com os cos-
tumes de alguns povos), camelos, cã es, e mais tarde cava-
los e bú falos, foram utilizados como animais de trabalho;
alguns destes também tornaram-se fonte de leite e carne. A HISTÓRIA DA CERÂMICA
O gado suí no - talvez originá rio de Anató lia - era outra O desenvolvimento da cerâmica, usada como reserva-
fonte fiá vel de carne para esses povos, que optaram por tó rios de alimentos, foi uma das grandes invençõ es
mantê-los. que permitiu á s pessoas transportar e guardar os ali-
Aproximadamente na mesma época, os agricultores na mentos por relativamente longos perí odos, longe das
Sí ria começaram a plantar sementes de plantas de ali- zonas de recolha de alimentos. A cerâmica permitiu
mentos e, desta forma, garantiam os alimentos do ano se- também a um maior nú mero de pessoas viver e comer
guinte. Isso funcionou bem com o trigo e a cevada, com as juntos e, por isso, os membros de grandes famí lias e
lentilhas, o grã o de bico, o feijã o e as ervilhas. tribos poderiam ser alimentados e viver juntos com
Provavelmente com essas sementes as pessoas fizeram pri- mais facilidade. Ao mesmo tempo algumas das primei-
meiro sopas e papas, mas seguidamente foram construí - ras formas de arte foram desenvolvidas com estilos e
dos os primeiros fornos e onde se cozeram pã es achata- variedade restritos.
dos feitos de trigo.
Estas grandes invençõ es - manutençã o e criaçã o de ani-
mais, plantio e colheita de alimentos vegetais - foram o A ARTE EGÍ PCIA DA APICULTURA E A SUA
iní cio da actividade agrí cola. Isso tornou a recolha de
alimentos muito mais eficiente e o seu fornecimento mui-
LONGA HISTÓRIA
to mais fiá vel. As colmeias foram utilizadas no Egipto por quase
Mas havia riscos. A alimentaçã o das pessoas já nã o era 5.000 anos. Este é um método antigo que influenciou
tã o variada, e uma má colheita, ou uma infestaçã o po- toda a regiã o mediterrânica, estendendo-se desde o
deria provocar um repentino esgotamento dos mantimen- Leste ao Médio Oriente e do Sul à África tropical. Os
tos. Esta é a razã o pela qual o mar, as florestas e as mon- métodos utilizados pelos antigos apicultores egí pcios
tanhas sempre serã o importantes para os povos mediter- foram adoptadas ao longo destas regiõ es e o mel era
rânicos, por serem fontes de alimentaçã o extra - animais considerado como uma mercadoria importante em to-
selvagens, peixes e crustá ceos, ervas e frutos silvestres - dos os paí ses islâmicos. O Profeta Maomé é citado por
que enriquecem a dieta em anos difí ceis, podem evitar a dizer: O Mel é um remédio para todas as doenças, as-
fome. sim como o Alcorã o é um remédio para todas as doen-
ças da mente.
Durante milhares de anos a ideia da agricultura e da cria-
çã o de gado propagou-se de uma ponta a outra do As colmeias eram feitas de barro cozido, ou, por vezes,
Mediterrâneo. Com essa expansã o, os agricultores foram de barro queimado. Costumavam ter um formato ci-
experimentando com novas espécies - algumas das que já lí ndrico, com uma abertura na extremidade da frente
tinham crescido de forma selvagem, nas montanhas ou nas que permitisse às abelhas entrar e sair. A secçã o des-
orlas dos terrenos cultivados. Legumes como alface e re- tacá vel localizada na parte de trá s da colmeia era uti-
polho, raí zes como alho e cebolas e, por ú ltimo, frutos lizada para a recolha dos favos de mel. Estas colmeias
como uvas, figos, peras e maçã s. Desta forma, a dieta tor- eram empilhadas horizontalmente.
nou-se mais variada novamente e havia menos necessida-
de de recolher alimentos selvagens. Seria possí vel ali- Registros pictó ricos antigos mostram um apicultor re-
mentar muitas mais pessoas na mesma terra e a popula- tirando mel da secçã o aberta do fundo da colmeia, en-
çã o do Mediterrâneo continuou a crescer.
quanto o assistente afasta as abelhas para a frente,
A ú ltima invençã o desse perí odo foi a apicultura. Até com baforadas de fumo. O mel recolhido através de pro-
entã o, o mel era retirado de abelhas selvagens; Talvez há cessos tradicionais pode ter um ligeiro sabor a fumo
cerca de 5.000 anos atrá s, no Egipto, os humanos come- devido a esse método. Um painel de parede egí pcio
çaram a criar abelhas em colmeias e aprenderam a ter uma colorido com imagens de abelhas e apicultores decora
parte do seu mel. Quando o á rduo trabalho fí sico signi- o tú mulo de Rekhmire em Luxor e data de cerca de
ficava elevado consumo de energia, o mel era o melhor 1800 dC. Uma ainda mais antiga gravura do templo do
edulcorante disponí vel tornando-se um alimento essen- sol do Faraó Ne-user-re, perto da pirâmide de Djoser
cial, para além de ter muito bom sabor. (que se encontra agora em exposiçã o no Museu
20 Cibo Mediterraneo
Egí pcio de Berlim) também mostra cenas de apicultu- vindima especí fica e o nome do produtor claramente
ra. Está gravura data de 2500 dC. O tamanho dessas an- mencionados, acompanhavam os mortos para a sua ú lti-
tigas colmeias é difí cil de estimar, mas escritores ro- ma viagem. Esta cultura é encontrada também na Grécia
manos antigos dizem-nos que as dimensõ es habituais antiga (1000 dC); os gregos e, mais tarde, os romanos fo-
eram cerca de 90 cm de comprimento e 30 cm de diâ- ram os povos que difundiram a viticultura e o vinho em to-
metro. do o Mediterrâneo através das suas civilizaçõ es.
Os tempos trouxeram muito poucas mudanças a estes
métodos tradicionais de apicultura. Os métodos eram
A oliveira na cultura mediterrânica
transmitidos de pai para filho. Desde que as abelhas e
as suas fontes de alimento nã o mudassem, os métodos A oliveira parece ser nativa do leste do Mediterrâneo, por-
de mantê-las nã o precisariam de ser alterados. Em vá - que foram encontrados fó sseis de folhas oliveira na cal-
rios paí ses mediterrânicos, incluindo no Egipto, os deira de Santorini com data de cerca de 50 ou 60 mil anos
apicultores usam os mesmos métodos e os mesmos gé- atrá s. Cedo o azeite teve um papel importante na ali-
neros de colmeias utilizados há milhares de anos mentaçã o mediterrânica e na vida. Contudo, é de notar
atrá s. que a oliveira, nã o cresce em toda a parte e, portanto, ou-
tros tipos de ó leos foram produzidos, como o ó leo de
Gergelim no Egipto e nalgumas partes do Oriente
C. A trí ade Mediterrânica "a Pró ximo, o petró leo argânia em Marrocos, etc. O Óleo era
vinhas, oliveira e cereais" e usado para muitas finalidades tais como, alimentaçã o, ilu-
minaçã o, combustí vel, cosmético. Um armazém cheio de
outros alimentos vinho e ó leo era um sinal de prosperidade na Odisseia,
um épico grego antigo, assim como teria sido noutro local
Os Cereais, a vinha e oliveira, a que o historiador Ferband qualquer do Mediterrâneo recente. Há milhares de anos
Braudel chamou de "eterna trindade", constituem a base atrá s, as pessoas encontraram formas de preparar e con-
do regime tradicional alimentar agrí cola. Como já foi servar as azeitonas para comerem, colhendo-as (verdes ou
mencionado, a alimentaçã o do Mediterrâneo nã o per- pretas) e conservando-as em sal, salmoura ou vinagre.
maneceu está tica, mas desde o antigo mundo mediterrâ- Existem muitas receitas para aromatizar azeitonas e adi-
nico, a dieta mediterrânica foi centrada em cereais, olivei- cionando qualidades nutricionais. Os gregos antigos gos-
ras e as vinhas, apesar das variaçõ es e influências locais tavam de azeitonas nã o maduras verdes, quebradas e ma-
turadas em sal, mas também gostavam delas pretas e en-
rugadas. O funcho foi uma das ervas usadas na salmoura.
A vinha Os romanos aprenderam a conservar azeitonas com os gre-
gos e com os fení cios: estes também utilizam funcho, bem
A primeira plantaçã o de vinhas, que teve lugar há cerca como coentro, cominhos, má stique, menta e arruda. No
de 5,000 anos atrá s, foi especialmente importante. Magreb o azeite foi bastante usado para acalmar irrita-
Proporcionava uvas, passas e vinho: uma suculenta fruta çõ es da pele. Os romanos mais antigos usavam azeite aro-
fresca, uma fonte fiá vel de açú car e uma bebida que, em má tico com adiçã o de aromas tais como mirra, para es-
tempos antigos foi usada em todas as terras do fregar no corpo como uma espécie de sabã o e como per-
Mediterrâneo. Era mais seguro beber vinho do que a be- fume. Também na Grécia os atletas preparavam o seu cor-
ber á gua nã o tratada, e era fá cil de conservar, ao con- po com azeite antes de uma competiçã o. Os romanos
trá rio do leite (até os dias da refrigeraçã o), que era im- acreditavam que o mí tico heró i Hércules trouxera azei-
possí vel de ser armazenado. O leite era uma boa bebida tonas para Itá lia: Chamam-lhe Hércules Olivarius o “pro-
para os agricultores, mas nesses tempos as pessoas das ci- dutor de azeitona”. Na Grécia, dizia-se que a primeira oli-
dades precisavam de vinho. A vinha é originá ria da Ásia veira foi plantada na Acró pole de Atenas pela deusa
Central, da regiã o do sul do Mar Negro e do Mar Cá spio Athena, para liquidar a sua desavença com o deus do mar
ao nordeste da zona do Afeganistã o. Numa regiã o entre Poseidon. Cresceu por lá durante séculos, por trá s do tem-
a Geó rgia e a Arménia existiu a viticultura, que de acordo plo de Erechtheon, como sí mbolo da paz, do progresso e
com os arqueó logos foi a primitiva forma de vinho a par- da riqueza. Na tradiçã o judaica e cristã a oliveira é um
tir da fermentaçã o de uvas descoberta. A este vinho “pri- sí mbolo de paz; era um ramo de oliveira que uma pomba
mitivo” foi atribuí do um cará cter sagrado pelo antigos trouxera a Noé como um sinal de que a inundaçã o termi-
Geó rgios (3000 DC), que costumavam pôr ao lado dos nara. Segundo a lenda, a cruz de Cristo foi feita de madei-
mortos um pequeno ramo de vinha com raí zes, dentro ra de oliveira e cedro. No Islã o, a oliveira é central, o "ei-
de uma bolsa prateada, para ser plantado no mundo dos xo do mundo" como um sí mbolo universal do homem e
mortos. Na longa jornada do vinho ao longo do do Profeta.
Mediterrâneo, a Palestina foi uma importante paragem.
Referências à vinha, ao vinho e aos seus sí mbolos sã o fre-
quentemente mencionados na Bí blia tais como, o casa- A proeminência dos cereais
mento de Cannas. No antigo Egipto, a presença de diversas
representaçõ es da viticultura e libaçã o eram muito co- Os cereais nã o foram o mesmo em todos os lugares: "ce-
muns nos tú mulos. Uma jarra cheia de vinho com data da reais" pode significar cevada, trigo, trigo-rijo ou pã o de
Capitolo 1: EVOLUZIONE DEL CIBO E DELLA ALIMENTAZIONE NEL MEDITERRANEO 21
trigo, dependendo do clima e da tradiçã o local. O Pã o é o Mas as comédias da antiguidade grega estã o repletas de
famoso produto feito de cereais que existiu e existe numa referências a feijõ es e os seus efeitos na digestã o ... Textos
ou noutra variedade, em todas as culturas e em todos os medievais sobre dieta e nutriçã o - á rabes, gregos, latinos,
continentes. espanhó is, italianos - deixam claro que todos, mesmo os
ricos, gostavam de feijã o e outras leguminosas. Eles fo-
O pã o fermentado em todas as variedades – desde o pã o
ram cultivados por pessoas comuns em jardins e foram
de centeio escuro ao estaladiço branco - pertence à tradi-
também um importante campo de culturas para os agri-
çã o egí pcia: o primeiro pã o do tipo moderno deve ter
cultores. No que se refere à carne e outros produtos de ori-
resultado de uma mistura de trigo com fermento ou de fa-
gem animal, no contexto da economia agrí cola da regiã o
rinha de centeio (tem que ser este por conter glú ten), que
do Mediterrâneo, foram relativamente ou pouco mencio-
era deixado a repousar para "crescer" ou fermentar; e a téc-
nados e, portanto, de menor importância na dieta da po-
nica com origem nos antigos egí pcios, que começaram a
pulaçã o massiva. Esta é uma questã o de geografia fí sica:
cozer este tipo de pã o 4500 anos atrá s, embora eles uti-
o perí odo de crescimentos da vida das plantas no
lizassem uma espécie mais primitiva de trigo e sua farinha
Mediterrâneo é curto. Depois da Primavera, a seca rapida-
nã o era tã o fina como hoje. Os antigos egí pcios foram
mente atinge as pastagens naturais nas regiõ es semi-á ri-
também os primeiros a construir fornos; antigos papiros e
das. A relva e feno nã o eram abundantes; as terras nã o
pinturas de parede mostram que produziam cerca de 50 ti-
eram férteis, especialmente onde a populaçã o era relati-
pos de pã es e bolos com vá rios ingredientes adicionados.
vamente densa e os terrenos escassos como, por exemplo,
Atenas, a maior cidade da Grécia antiga, era famosa pelos
em Itá lia, durante o perí odo clá ssico. Nestas circuns-
seus grandes fornos de pã o e muitos tipos de pã o fresco
tâncias só os maiores latifundiá rios poderiam contemplar
vendidos no Ágora (mercado). Independentemente do
a reduçã o das suas terras cultivá veis para criaçã o de ga-
tempo e lugar, no entanto, pã es e grã os sempre foram
do em pastagens. Além disso, a criaçã o de gado utiliza a
sí mbolos da vida e da prosperidade. Para as pessoas do
terra de forma nã o lucrativa; as plantas produzem mais
antigo Mediterrâneo o pã o era um alimento bá sico, um
alimentos por unidade de á rea do que os animais. Os ani-
elemento essencial; de facto "pã o" era o sinó nimo de "ali-
mais transformam as plantas em carne, mas uma grande
mentaçã o", como na oraçã o cristã : Dê-nos o pã o-nosso
quantidade de energia perde-se no processo. Faz mais sen-
de cada dia. As espécies de grã os utilizados pode variar, a
tido para serem os homens a comerem as plantas. Sob es-
forma como é cozido pode ser diversa; assim como pode
tas condiçõ es a criaçã o de gado em grande escala foi ex-
ser variada a hora e a forma em que escolhemos comê-lo,
cluí da. Havia gado bovino utilizado como animal de tra-
mas ao longo destes 10.000 anos as pessoas continuaram
balho, nã o utilizando a carne nem os produtos lá cteos.
a utilizar os cereais e a fazer pã o.
Ovinos e caprinos eram numerosos, mas eram criados prin-
cipalmente para obtençã o de lã ou pêlos, e em segundo
lugar para obtençã o de queijo e peles. Suí nos foram uti-
OS CEREAIS NA RELIGIÃO E MITOLOGIA lizados basicamente para obtençã o da carne por gregos e
romanos. As tribos nó madas no Norte de África criavam
A proeminência dos cereais na religiã o e na mitologia também camelos.
é outro indicador para o papel crucial que eles desem-
penham na nossa vida material e espiritual. Também a
cultura cristã , dá ao pã o um significado simbó lico. A D. As civilizaçõ es antigas do
Eucaristia (Comunhã o) é, a determinado ní vel, uma
refeiçã o de pã o e vinho, que a um ní vel mais profun-
Mediterrâneo
do envolve o espiritual consumo da carne e sangue de
Cristo. Os grã os de cereais - normalmente trigo ou ce- Cada uma das grandes civilizaçõ es do Mediterrâneo teve
vada - faziam parte da cerimó nia religiosa, sempre pre- influência na sua alimentaçã o. A Grécia antiga foi a pri-
sente em sacrifí cios, na antiga Grécia e Roma. A deu- meira regiã o em que se pode traçar uma tradiçã o da gas-
sa romana da colheita do grã o - Ceres - deu o seu nome tronomia – pela apreciaçã o da gastronomia e produtos lo-
à palavra para os cereais em Inglês e em algumas ou- cais de qualidade. O motivo deste facto deve estar na es-
tras lí nguas. tranha configuraçã o geográ fica da Grécia, com muitas
ilhas, vales isolados e numerosos microclimas. Assim, a co-
mida e os vinhos das cidades da Grécia antiga ganharam
uma reputaçã o especial; às vezes elas tinham protecçã o
Há fortes razõ es para alargar a trí ade para incluir as le- do Estado como as modernas denominaçõ es de origem
guminosas secas, que, como a " carne dos pobres " têm tra- controlada. A Grécia sempre apreciou o peixe – nos res-
dicionalmente desempenhado um papel considerá vel na taurantes grego o peixe fresco é caro mas de boa qualida-
dieta das pessoas do Mediterrâneo. As leguminosas mais de e os convivas escolhem-nos criteriosamente. Isso sem-
importantes para o consumo, desde a Antiguidade, eram pre foi assim, mesmo há 2500 anos atrá s quando a parte
as favas, grã o-de-bico, lentilhas e ervilhas que fornecem principal de um repasto era constituí da por dois pratos
os nutrientes que faltam nos cereais. Curiosamente, pouco de marisco, em primeiro lugar pequenos peixes e crustá -
se falou sobre as leguminosas nos registros antigos. Eram ceos, em seguida peixes maiores incluindo o atum. De
de facto a verdadeira "carne dos pobres" - e as vidas das acordo com o poema gastronó mico de Archestratos (cerca
pessoas mais pobres muitas vezes nã o eram registradas. de 350 dC), cada cidade tinha a sua pró pria especialidade
22 Cibo Mediterraneo
de peixe. O abastecimento de peixe fresco é imprevisí - vá rias outras espécies desde gansos aos caracó is, e acres-
vel. A salga prolonga a conservaçã o do peixe que é tam- centaram novas espécies, incluindo o rato-dos-pomares,
bém ú til durante a pausa na comercializaçã o do peixe na patos e lebres. Também criaram muitas espécies de peixes
Grécia. Os gregos gostam de atum salgado e com pickles, em piscinas interiores e marinas fechadas. Importaram es-
mas também inventaram uma outra forma de armazenar o pécies de outras regiõ es longí nquas, como pimenta, ca-
valor nutritivo dos alimentos pescados. Essa forma era nela, gengibre, noz-moscada e cravos-da-í ndia do Sul da
através do molho de peixe chamado garos em grego, que Ásia e da Indonésia. Outra importante contribuiçã o dos
foi criado nas coló nias gregas situadas no Mar Negro e nas romanos na alimentaçã o foi o livro de receitas. Foram es-
povoaçõ es gregas e cartagineses da extremidade ociden- critas receitas em grego antigo e possivelmente também
tal do Mediterrâneo, no sul da Espanha; no perí odo ro- em Egí pcio e Sí rio, mas o texto em latim, chamado
mano o os produtos de peixe fermentados e salgados eram Apicius, do Império Romano do século 4 dC, é a ú nica co-
preparados em quantidade e extensivamente transporta- lecçã o de receitas da Antiguidade que perdurou.
dos e comercializados especialmente para consumidores
urbanos. O peixe era salgado e deixado no sol para fer-
mentar, geralmente durante vá rias semanas. O “garos”
um produto salgado de cheiro e sabor forte como o mo- AS RAÍ ZES DA GASTRONOMIA ÁRABE
derno molho de soja, era muito popular na cozinha grega Originalmente a comida á rabe era o alimento dos nó -
e romana; isso deu origem a um molho semelhante, mu- madas do deserto e, portanto, era simples e portá til.
riyes, que mais tarde foi criado no Egipto e Sí ria com adi- Tribos nó madas poderiam usar apenas alimentos trans-
çã o da cevada fermentada. portá veis como arroz e tâmaras, ou reservas ambulan-
Entretanto, alguns dos principais novos alimentos foram tes como ovelhas e camelos. Os principais alimentos
alcançando o Mediterrâneo desde o Império Persa e que os á rabes nó madas consumiam eram:
Oriente mais distante: Talvez a galinha fosse a mais im- A O pã o achatado. Era feito durante as rotas das ca-
portante de todos, mas entre outros foram também os pês- ravanas e nos acampamentos nó madas. É feita de fari-
segos, alperces, limõ es e pistá cios. O movimento nã o era nha de trigo, á gua e um pouco de sal. A massa pode ser
apenas num sentido: o coentro, originalmente uma erva achatado e moldada com as mã os como uma tortilha e
Mediterrânica, foi desenvolvido na Í ndia por volta de 400 colocada ao lume sobre um forno pã o de superfí cie
aC, enquanto que a uva chegou à China depois através do plana.
percurso da Seda, por volta de 120 aC. A As Tâmaras vêm das Tamareiras (uma espécie de pal-
meira) que crescem nos desertos quentes pró ximo do
Enquanto as coló nias gregas disseminaram ao longo da oá sis. Os nó madas do deserto sul de Marrocos (regiã o
costa norte do Mediterrâneo, os fení cios desde a costa do El M'sid) costumavam comer uma determinada varie-
Lí bano e da Sí ria moderna, colonizaram e cultivaram dade de tâmaras (tâmaras Mfasssas) em pequenos pe-
grande parte do Norte de África, a partir das suas famosas daços, com "smen", que é uma manteiga fabricada a
povoaçõ es no Cartago perto da moderna Tuní sia. Os seus partir de leite de cabra ou de cordeiro e "tazouknnit",
escritos desapareceram, mas a sua agricultura é conhecida uma erva doce como o tomilho; e acompanham essa re-
da arqueologia e dos textos em latim, porque os romanos feiçã o com chá de menta.
aprenderem muitas habilidades de agricultura com estes. A As ovelhas eram a mais importante fonte de leite e
Os fení cios também introduziram a oliveira no Norte de carne para os nó madas e o cordeiro é talvez a carne
África. Caracteristicamente, a histó ria menciona que o car- mais popular da gastronomia á rabe. A carne era gre-
taginês General Hannibal foi chamado novamente de lhada num buraco na areia. As cabras eram também
Roma depois da segunda Guerra Pú nica, por volta do ano criadas para o consumo de carne e leite, bem como os
203 aC e instalou-se com o seu exército na costa, na regiã o camelos.
Sahel e ordenou aos seus soldados para cultivarem olivei- A Grã o-de-bico, favas e lentilhas eram secas e levadas
ras de forma a evitar as doenças. nas viagens nó madas. Os nó madas negociavam isso
por feijõ es e outros grã os que adicionavam à sua ali-
Roma começou como uma cidade capital e tornou-se nu- mentaçã o.
ma cidade metró pole de um império que governou todas Frutos secos como passas, damascos, figos, etc. e no-
as terras do Mediterrâneo durante quatrocentos anos. As zes/amêndoas eram também levadas em viagens, assim
viagens e comércio eram tã o livres como nos tempos mo- como azeitonas
dernos – e mais ainda, uma vez que nã o havia fronteiras
A Queijos fabricados a partir de leite de cabra. Os nó -
nacionais. Mas fazer uma viagem levava tempo: Uma via- madas também retiravam leite dos camelos e faziam
gem dos Pilares de Hércules (Estreito de Gibraltar) até queijo de camelo. Quando paravam no oá sis e nas po-
Antioquia na Sí ria durava 5 meses. Apenas alimentos se- voaçõ es agrí colas os nó madas trocavam alguns dos
cos, salgados ou em pickles e vinhos especiais resistiriam a seus produtos alimentares por farinha para pã o, fru-
uma viagem dessas. Entretanto, aproveitando o que apren- tas, hortaliças e especiarias.
deram com os gregos e cartagineses, os agricultores roma- A Chá de menta; Os nó madas costumam beber chá
nos desenvolveram mú ltiplas variedades de frutos e pro- durante todo o dia para refrescarem-se do clima quen-
dutos hortí colas, nomeadamente maçã s, peras e uvas. te e seco deserto. Tradicionalmente servido em copos
Ao lado dos animais de criaçã o – gado bovino, ovino, ca- pequenos, preferiam o seu chá muito doce e forte (cas-
prino, e galinhas – os romanos tiveram dificuldades com tanho). A pessoa que serve o chá derrama-o de uma
Capitolo 1: EVOLUZIONE DEL CIBO E DELLA ALIMENTAZIONE NEL MEDITERRANEO 23
distância alta para os copos, e de copo para copo, de dimentos, que aprenderam com a cultura islâmica.
modo a ficar fresco, sem parar e criar espuma em cada Cristã os, muçulmanos e judeus, todos têm regras diferen-
copo; esta era a forma tradicional de servir chá . tes no que diz respeito à alimentaçã o.
Como as caravanas percorrem o Médio Oriente, novos
Nalgumas festas, mesmos os mais pobres tinham a opor-
condimentos e legumes foram descobertos e acrescen-
tunidade de apreciar alimentos de qualidade. No que diz
tados ao “repertó rio” existente. Cada novo alimento
respeito ao jejum, os pobres tinham mais dificuldades do
era integrado na alimentaçã o das tribos de vá rias for- que os ricos, uma vez que os ricos poderiam ter mais facil-
mas, dependendo das preferências e necessidades das mente acesso a determinados alimentos especiais permi-
tribos, etc. A gastronomia dos nó madas beduí nos foi tidos pelas restritas regras. A maioria das pessoas no
enriquecida com elementos de outras cozinhas do mun- Império bizantino eram pobres agricultores e a sua ali-
do á rabe, nomeadamente da Sí ria, Lí bano, Palestina mentaçã o era baseada em pã o de cevada, vegetais e le-
e Egipto, o que resultou numa altamente diversificada gumes, frutas, queijo, pequenos peixes salgados e á gua,
gastronomia. a qual era adicionada vinho, como desinfectante. Na
Bibliografia é mencionado que nos perí odos de fome as
pessoas partilhavam a comida (grã os de trigo e farelos)
com os seus animais. Para os aristocratas e para os donos
E. Alimentaçã o na Idade Média das terras a situaçã o era completamente diferente: ti-
nham refeiçõ es ricas baseadas em peixe, carne de porco,
A guerra, a instabilidade e as alteraçõ es climá ticas tive- pã o, leguminosas e frutos secos, azeitonas, etc. os bizan-
ram um efeito sobre a dieta e também houve fome. O tinos descobriram também o molho de peixe “garos” cujos
gregos e romanos gostavam.
Império Bizantino perdeu seus territó rios orientais nos
anos 600 e o azeite começou a escassear. Mas a desloca- Os manuscritos da culiná ria espanhola e italiana do sécu-
çã o das pessoas teve alguns efeitos positivos na alimen- lo 13 e 14 dC mostram que a gastronomia medieval medi-
taçã o. As pessoas do Europa Ocidental que foram para a terrânica nã o era assim tã o diferente da gastronomia dos
Sí ria e Palestina durante as cruzadas regressaram com no- antigos romanos. Havia receitas de porco com mel, pato
vas ideias sobre culiná ria e com novos sabores para os con- com marmelada, miudezas de aves com calda de uvas e vi-
Vendedor de hortaliças turco Mulher Grega da Macedónia segurando uma fatia de pão
"Le Navigationi et Viaggi factos nella Tvrchia", de Nicolo di 'Nicolai (1580)
24 Cibo Mediterraneo
nagre. Sopa de cebola e refogados de vegetais, feijõ es e em que a pimenta, o gengibre, a canela e a noz-moscada
pã o castanho, continuavam a ser os géneros alimentares foram de usadas nã o só como aromas, mas como um ele-
dos pobres. mento essencial para a saú de - foi uma das razõ es pelas
quais Colombo enunciou uma viagem para o outro lado do
Graças às rotas comerciais, novos alimentos foram intro-
Atlântico. Ele esperava encontrar novas rotas para as fon-
duzidos no Mediterrâneo durante a Idade Média. Sã o
exemplo os espinafres, beringelas, limõ es, laranjas amar- tes dessas especiarias. Em vez disso, ele encontrou a
gas e açú car de cana. Todos estes produtos sã o originá - América, com seus pimentõ es picantes, pimenta da
rios da Ásia e foram difundidos através da expansã o islâ- Jamaica, baunilha e chocolate, tomates, feijã o, abó boras,
mica durante o iní cio da Idade Média (século 7 dC e de- batatas, milho e girassol. Todos estes produtos têm in-
pois), desde o oriente ao ocidente, ao longo da Costa do fluenciado a gastronomia do Mediterrâneo. Alguns deles,
Norte de África e em Espanha. Foi durante este perí odo quando as pessoas aprenderam a utilizá -los plenamente,
que os limõ es, as laranjas amargas, os espinafres e berin- foram revolucioná rios: o tomate por seu sabor e qualida-
gelas foram introduzidos do leste para os pomares e jar- des nutricionais, os pimentõ es como um produto aromá -
dins do Mediterrâneo. O açú car e o arroz, anteriormente tico de fá cil crescimento para competir com a pimenta
caros raridades, tornaram-se gradualmente mais baratos preta, as batatas e milho como géneros alimentí cios ba-
e comuns. A importaçã o do açú car, um ingrediente muito ratos, o girassol pelo seu ó leo como uma alternativa ba-
mais versá til do que o mel, permitiu a produçã o de do- rata para azeite.
ces, geleias e compotas, doces de colher e doçaria. As es- Entretanto, os animais de criaçã o e as plantas que costu-
peciarias do Oriente eram difí ceis de encontrar no mavam ser tí picos do Mediterrâneo sã o agora cultivados
Ocidente medieval, mas as terras á rabes estavam pró xi- em muitas partes da América. Assim, a partir de 1492 hou-
mas das fontes de comércio de especiarias e os orientais ve uma revoluçã o nos há bitos alimentares. Os géneros
que provavam as iguarias á rabes ficavam muitas vezes do- alimentí cios e o seu comércio têm gradualmente se tor-
minados pelos sabores que descobriam. nado globais. Novas culturas têm continuado a chegar, in-
In 1500 AD the Mediterranean diet was rather meager, es- cluindo laranjas doces, tangerinas, uvas, milho e kiwis. A
pecially for poor country people and islanders. A peasant transportaçã o internacional barata significa que frutos
meal might be a small piece of bread with onion, some oli- que nã o estã o na sua época no Mediterrâneo podem ser
ves or a bit of cheese or salted meat; fresh meat was for levadas a partir do hemisfério sul, e frutos que nã o podem
feast days. The preservation of food enabled people to ha- desenvolver-se em á reas do norte (como a banana) podem
ve good food year round including pickled vegetables, ser importadas em grandes quantidades.
smoked meat, dried pulses and sweets. It was at that time
that Turkish (Ottoman Empire) and Arabic influences be-
gan to strongly be felt in the Northern shores of the
Mediterranean. Fresh fish and seafood was available in the AS ESPECIARIAS, A GASTRONOMIA E O
islands and along the coasts, but it wasn't cheap. NASCIMENTO DA “NOUVELLE CUISINE”
Household ovens were rare, and many families baked
Na Europa, no perí odo medieval e do Renascimento, a
“ash-bread” in the embers of the fireplace. But in the Near
East and the eastern end of the Mediterranean there was culiná ria com especiarias desempenhou um papel fun-
a more complex culinary tradition. damental na marcaçã o da diferença social. Quando, no
final do século 16, a seguir à descoberta do Novo
Mundo, a burguesia começou a fazer um uso ostensivo
F. Mediterrâneo global das especiarias, tornando-as muito baratas e vulgares,
o que levou a cozinha da aristocracia a deixar o seu uso.
Em 1500 dC a dieta mediterrânica era bastante parca, es- Abandonando a utilizaçã o de especiarias, como um si-
pecialmente para os paí ses pobres e as para os insulares. nal de desprezo por essas necessidades, a sofisticada
Uma refeiçã o de um camponês poderia ser um pequeno gastronomia francesa desviou-se no sentido de apre-
pedaço de pã o com cebola, algumas azeitonas ou um pe- ciar o sabor dos alimentos. Em 1654 num trabalho fun-
daço de queijo ou carne salgada; a carne fresca era para os damental "Les délices de la campagne", Nicolas de
dias de festa. A conservaçã o dos alimentos permitiu que Bonnefons criou um conceito revolucioná rio: "sopa de
as pessoas tivessem uma melhor alimentaçã o durante o repolho deve ter sabor a repolho, sopa de alho francês
ano, incluindo vegetais em pickles, carnes fumadas, legu- a alho francês, e assim por diante… E quando falo de
minosas secas e doces. Foi nesse perí odo que as influên- sopa quero dizer que é uma percepçã o comum aplicá -
cias turcas (Império Otomano) e á rabes começaram a ser vel a todos os géneros alimentí cios". Esta frase prevê
fortemente sentidas na costa do Norte do Mediterrâneo. o princí pio bá sico do que se estava a tornar a gastro-
Peixe fresco e marisco encontravam-se disponí veis nas nomia francesa: Uma gastronomia onde o sabor dos ali-
ilhas e ao longo da costa, mas nã o era barato. Fornos do- mentos era mascarada por elementos fortemente aro-
mésticos eram raros, e muitas famí lias faziam "pã o-de- matizados e secundá rios foi substituí da por uma gas-
lenha" nas cinzas da lareira. Mas, no Novo e no extremo tronomia onde a combinaçã o de ingredientes tornou-
Oriente do Mediterrâneo havia uma tradiçã o culiná ria se uma arte regida por regras muito semelhantes ao da
mais complexa. harmonia musical ou equilí brio pictó rico.
O preço elevado das especiarias na Europa - num perí odo
Capitolo 1: EVOLUZIONE DEL CIBO E DELLA ALIMENTAZIONE NEL MEDITERRANEO 25
Mapa da região do Mediterrâneo, durante a Idade Média por Felix Delamarche, publicado em 1829
CAPÍ TULO 2
A A L I M E N T A Ç ÃO , A B I O D I V E R S I D A D E E A S
P A I S A G E N S D O M E D I T E R R ÂN E O
a 100 mm de chuva anual. A temperatura média no inver- faz um grande delta no nordeste do Egipto. O rio Ró dano
no é de 4º a 7º C, mas em algumas á reas do Norte, pode também cria um aná logo delta no litoral sul da França.
ser significativamente mais baixa. Devido a haver muitas barragens nos rios que desaguam
no Mediterrâneo, este tem sofrido uma significativa redu-
É obvio que o supracitado é inerente às dificuldades para
çã o do fluxo de á gua e os sedimentos tem tido grande im-
definir com precisã o o clima mediterrânico. Pode ser con-
pacto sobre os ecossistemas costeiros e sobre a produçã o
siderado como uma transiçã o climá tica entre o clima
global de peixes, por exemplo, apó s a construçã o da bar-
temperado continental, que prevalece no norte e o clima
ragem Aswan a captura de sardinhas foi reduzida signifi-
quente e seco predominante na zona sul. O clima tí pico
cativamente perto do Delta do Nilo.
do mediterrâneo é encontrado entre 30º e 45º de latitu-
de e a 600 m acima do ní vel do mar, na verdade, é a zona A intensificaçã o da actividade humana ao longo das costas
da oliveira. aplica uma grande pressã o sobre os recursos hí dricos e
afecta a quantidade e qualidade da á gua. Em muitos paí -
ses como o Egipto a captaçã o da á gua d fundo do mar tem
excedido o limite sustentá vel de 50%; O Israel atinge os
ALTERAÇ ES NA PAISAGEM 90%; A Lí bia ultrapassa os 400%, incluindo a captaçã o dos
Como a desflorestaç o espalhou-se pelo Mediterrâneo fó sseis aquí feros através do chamado: "o grande rio artifi-
cial". O excesso de captaçã o de á guas do fundo do mar tem
o microclima começou a ser afectado. A chuva que seria
provocado, em algumas á reas, a entrada de á gua do mar na
armazenada pelas florestas cai fora delas, removendo o camada do fundo e perturbaçõ es no í ndice da á gua doce e
solo. Riachos, lagos e lagoas encheram com sedimentos salgada, que é, na maioria dos casos, irreversí vel.
e, de seguida secam. Muitos campos foram lavados. As
A agricultura irrigada é o principal consumidor de á gua
Cidades que anteriormente eram cercadas pelos campos
em quase todos os paí ses do Mediterrâneo; uma média
férteis e florestas est o hoje cercadas por deserto ou de 80% da á gua doce disponí vel é consumida na agricul-
montanhas ou corro das. Em muitos lugares (por exem- tura e esta proporçã o atinge 90% em algumas partes. Em
plo no norte da S ria) evidências arqueol gicas indicam geral, a procura de á gua aumenta durante o verã o, quan-
que até dois metros do topo o solo foi removido, en- do a disponibilidade da á gua é limitada, devido também
quanto na L bia o deserto tem "comido" as zonas cos- ao turismo.
teiras férteis da e atingido o mar. Ao longo da costa sul O efeito estufa e o consequente aumento da temperatura
do Mediterrâneo as terras férteis que outrora existiram média prevê graves impactos sobre a disponibilidade de
foram substitu das pelo deserto. Acredita-se que a de- á gua na regiã o através da reduçã o da precipitaçã o e au-
gradaç o da paisagem e geral a dissecaç o da regi o do mentando a sua instabilidade, estendendo os perí odos
Mediterrâneo e do subsequente impacto sobre a pro- de seca e agravando o risco de desertificaçã o.
duç o alimentar n o é uma consequência das condiç es
clim ticas adversas isoladamente, mas um resultado das
actividades humanas insustent veis. A GEST O SUSTENT VEL DA GUA
A principal soluç o sustent vel para a gua na regi o do
Mediterrâneo pode ser encontrada na abordagem dos
C. Recursos H dricos princ pios e conceitos da Gest o Integrada dos
Recursos H dricos (GIRH). O GIRH visa assegurar a ges-
O Mediterrâneo é uma das mais escassas á reas de á gua t o coordenada da gua, terra e recursos relacionados,
na Terra. A disponibilidade de á gua natural é desigual- maximizando o bem-estar econ mico e social, sem com-
mente distribuí da geograficamente entre o Norte (72%), prometer a sustentabilidade dos ecossistemas am-
Este (23%) e Sul (5%). Também é desigualmente distri- bientais vitais. Neste âmbito as directrizes b sicas s o:
buí da geograficamente e sazonalmente, entre os paí ses
A Empregar novos e tradicionais métodos de irrigaç o
e as populaçõ es. As curtas e intensas chuvas muitas vezes
adaptados condiç es prevalecentes do clima e da pai-
acabem em inundaçõ es, causam sérios problemas nas ci-
sagem.
dades, devido à falta de planeamento urbaní stico e tam-
bém provocam a erosã o e a degradaçã o dos solos. A dis- A Usar e reutilizaç o de guas residuais tratadas ade-
ponibilidade da á gua flutuante é muito influenciada pelas quadamente (j em curso em alguns pa ses como Israel,
secas perió dicas; a cada 10 anos um elevado perí odo de Chipre, etc.)
seca é observado e a disponibilidade natural de á gua po- A A gest o da gua com base numa abordagem partici-
de ser reduzida par 1/3 do normal. pativa envolvendo os usu rios, planeadores e deciso-
Mais de 500 rios afluem para o Mediterrâneo, dos quais res pol ticos a todos os n veis.
cerca de 30 podem ser considerados como grandes rios co- O consumo da gua pode ser reduzido significativa-
mo o Ebro, em Espanha, o Ró dano na França, o Po na mente nos pr ximos 25 anos através da gest o da pro-
Itá lia, o Nilo no Egipto e outros. O Nilo é o rio mais longo cura da gua e racionalizaç o do consumo da gua na
que corre das montanhas da África Central para muitos agricultura, especialmente durante os longos e secos
paí ses e, finalmente, do Egipto para o Mediterrâneo. Ele Ver es.
Capitolo 2: CIBO, BIODIVERSITA’ & PAESAGGI MEDITERRANEI 29
melhoravam a sua fertilidade; a á gua irrigava o solo. sados pela desertificaç o da Europa mediterrânica
Quando a á gua era absorvida, os agricultores poderiam (Espanha, It lia e Grécia) correspondem a 63%. A eros o
continuar com a plantaçã o ou sementeira suas culturas. do solo causada pela gua e pelo vento s o os riscos
mais graves. As principais causas deste tipo de degra-
daç o do solo s o: desflorestaç o, crescimento desen-
Os agricultores correspondem a 45% da populaçã o mun-
freado de vegetaç o, cultura extensiva, a agricultura
dial, 60% da populaçã o activa do Sudeste Asiá tico e 64%
da África. industrializada e as obras p blicas.
As reas rurais mediterrânicas s o paisagens fr geis vul-
ner veis a muitas press es e riscos. Tais riscos incluem:
eros o causada pela gua na superf cie do solo das en-
PRODUÇ O DE AZEITE costas ngremes; eros o causada pelo vento em zonas
Os Olivais s o um elemento fundamental da identida- ridas e semi- ridas; secas graves devidas instabilida-
de, da paisagem e da biodiversidade da regi o do de inter-anual do clima; inundaç es (chuvas torren-
Mediterrâneo e contribu ram substancialmente para a ciais); salinizaç o dos solos irrigados quando s o incor-
hist ria da regi o. rectamente drenados e misturados com gua salgada;
O cultivo das oliveiras tem também uma forte compo- e incêndios florestais.
nente socioecon mica uma vez que os custos do traba-
lho representam cerca de 80% dos custos de produç o
do azeite. Em 2003, 95% da produç o mundial de azei- F. A pesca e a aquacultura no
te (mais de 2.5 milh es de toneladas) era origin ria do
Mediterrâneo. Contudo, o cont nuo aumento da pro-
Mediterrâneo
duç o pode ter graves impactos sobre o meio ambiente:
eros o do solo dos olivais, o excesso de consumo de A pesca no Mediterrâneo fornece alimentos desde os tem-
pos Paleolí ticos. O Mar Mediterrâneo é pobre em nu-
gua em regadio de olivais, a continuaç o da utilizaç o
trientes e, por isso, os depó sitos de peixe sã o relativa-
de fertilizantes e pesticidas que alteram a qualidade mente limitados.
da gua e dos solos e deterioraç o da qualidade da gua
do rio devida às guas residuais resultantes do proces- Existem apenas algumas á reas onde a captura de peixe é
significativa, como o estreito Bó sforo, que liga o
so de produç o de azeite. A promoç o da tecnologia de
Mediterrâneo ao Mar Negro. O empobrecimento bioló gi-
tratamento dessas guas residuais é necess ria para re- co do mediterrâneo deve-se, por um lado, à ausência de
duzir o seu impacto negativo sobre os rios e seus de- tanques e outros locais apropriados para a reproduçã o em
mais utilizadores. Por exemplo, a criaç o dos lagos grande escala da fauna submarina, e por outro à pesca ex-
Sebou wadi em Fez (Marrocos) tornou poss vel melho- cessiva. A média de produçã o de peixe atinge 1.4 tonela-
rar consideravelmente a qualidade da gua polu da. das por km2, o que corresponde a quase 1/3 do produçã o
Est o em curso projectos de investigaç o em v rios pa - do Mar do Norte e 1/2 do mar Bá ltico.
ses, para aperfeiçoar novas técnicas de tratamento bio- Até meados do século 18 a pesca era realizada exclusiva-
l gico, electro-coagulaç o, processamento bio-metano, mente perto da costa. Os barcos de pesca foram utilizados
etc., que tornam poss vel recuperar o g s metano e de- por milénios, movidos pela força do homem (barco a re-
senvolvimento das lamas para compostagem ou pasto mos) e dos ventos (barco à vela). A invençã o e uso de mo-
tores a vapor e, mais tarde, os motores a gasó leo/crude,
para o gado. Dever o ser incentivadas a investigaç o e
permitiram a construçã o de barcos maiores e mais seguros
promoç o do processo de extracç o de azeite, baseada que pudessem fazer viagens longe da costa, em mar alto,
em duas etapas, em vez de três. Isto tornar poss vel sob diferentes condiçõ es climá ticas, usando má quinas
reduzir a produç o de guas residuais pela metade e li- de pesca melhores e mais sofisticadas e refrigeraçã o. Isso
mitar significativamente a quantidade de gua utiliza- permitiu uma maior captura e armazenamento de peixes.
da. Para além disso, a evoluçã o da tecnologia de telecomuni-
caçõ es e navegaçã o e o uso de dispositivos electró nicos
(radares, sondas, etc.) aumentou fortemente a eficiência
de identificar os tipos de peixes. No iní cio da década de
AS TERRAS MEDITERR NICAS AFECTADAS 1900, a captura anual era de cerca de 8-10 milhõ es de to-
neladas de peixes na regiã o do Mediterrâneo.
A eros o e a desertificaç o das terras s o uma grave Rapidamente na mesma década esses valores aumentaram
ameaça na no Mediterrâneo. De acordo com as estima- para 100 milhõ es de toneladas. Este aumento assustador
tivas do in cio da década de 1990, 80% das zonas ridas reflecte a grande pressã o exercida sobre os limitados re-
e semi- ridas do sudeste do pa ses mediterrânicos s o cursos do Mediterrâneo, que, além disso, sofrem de polui-
afectados. Nessas reas, as pastagens (84%) e as terras çã o marinha e de reduçã o generalizada dos habitats ade-
ar veis (74%) s o as mais afectadas, mas também a cul- quados para a reproduçã o.
tura de regadio e devido à salinizaç o. Os preju zos cau- A aquacultura ou piscicultura é a produçã o natural de
32 Cibo Mediterraneo
á gua para criaçã o de peixes ou crustá ceos e outros or- tos eram cruciais para a economia, mas também para inte-
ganismos aquá ticos. A técnica de captura de peixe, en- racçõ es culturais; eram também locais de acolhimento de
curralando-os em partes de lagoas superficiais (viveiros), viajantes, refugiados, imigrantes e, assim, as portas para
eventualmente alimentando-os e mantendo-os em cati- produtos alimentares e iguarias de outras culturas. A glo-
veiro para depois usá -los, é conhecida desde a antiguida- balizaçã o da economia desencadeou mudanças socioeco-
de. Os gregos e os romanos utilizaram esta técnica, a fim nó micas radicais e tornou o transporte de mercadorias e a
de ter peixe fresco para os seus ricos banquetes. A técnica comunicaçã o mais rá pida, mais baratos e mais eficazes. É
ainda hoje é aplicada em regiõ es do Mediterrâneo. O cres- sinergético de urbanizaçã o e litoralizaçã o mas aumenta a
cimento da populaçã o, a popularidade dos pratos de pei- distância entre os ricos e os pobres. Prevê-se que em 2025
xe e as restriçõ es dos recursos marinhos estimulou o de- as costas mediterrânicas terã o uma populaçã o de 300 mi-
senvolvimento da aquicultura em todo o Mediterrâneo, lhõ es de pessoas desde os 150 milhõ es registados na dé-
que se tornou uma das mais importantes actividades eco- cada de 1990.
nó micas em alguns paí ses como a Grécia, Turquia, Itá lia,
Conforme aumenta a urbanizaçã o, as mudanças aconte-
Espanha, etc., até aos nossos dias. A piscicultura é o sector
cem mais rapidamente dando lugar ao aumento dos fluxos
de produçã o de alimentos que mais rapidamente cresceu
de bens e serviços. A velocidade da mudança varia com o
no mundo; em 1995, produziu cerca de 1/3 da produçã o
impacto diversificado nas cadeias alimentares, no estado
de peixes e crustá ceos no mundo em termos de valor.
de saú de e nutriçã o das populaçõ es de diferentes grupos
No ano 2000, a aquacultura mediterrânica e europeia de socioeconó micos, nã o só entre os diferentes paí ses,
robalos, douradas, pargos, etc. produziu 130.000 tonela- mas, mesmo em regiõ es diferentes dentro do mesmo
das, das quais 70.000 toneladas (mais de 50%) foram pro- paí s. Consequentemente escolhas alimentares multipli-
duzidas na Grécia. Foi significativa a produçã o na Turquia, cam-se e particularmente nas sociedades ricas do
com 20% (28.500 toneladas), na Itá lia com 12% (17.000 Mediterrâneo que podem pagar mais alimentos "exó ticos"
toneladas) e na Espanha com 10% (14.140 toneladas). e de luxo, vinhos e bebidas, do que no passado. Embora
Menores produçõ es foram as do Chipre (1.681 toneladas) uma maior variedade de alimentos é acessí vel nas gran-
e de alguns paí ses do Médio Oriente e Norte da África, co- des cidades, o consumo alimentar nestas zonas nã o é ne-
mo Israel (1.673 toneladas), Egipto (810 toneladas) e cessariamente de superior qualidade nutricional e a segu-
Marrocos (724 toneladas. rança alimentar é uma preocupaçã o crescente em muitos
ambientes urbanos (ver também Capí tulo 3).
Mesmo na Antiguidade no Mediterrâneo foram produzi-
das delicadas "ovas de peixe", a partir de robalo encurra- Contrariamente ao que se esperava, a urbanizaçã o e a li-
lado e alimentado naturalmente por algum tempo em ca- toralizaçã o reduziram o tempo de lazer das pessoas.
tiveiro, em zonas hú midas, lagoas e deltas de rios. Ainda Frigorí ficos em super mercados, mercearias, em lojas e em
hoje é produzida da mesma forma, salgadas, secas (por ve- todos os lares permitiram o armazenamento dos alimen-
zes ligeiramente fumadas) e cobertas de cera de abelhas tos, o que nã o acontecia no passado. Ao mesmo tempo as
para ser conservada por muito tempo. Aquacultura de condiçõ es de trabalho dos homens e mulheres reduziram
á gua doce também existiu e continua a existir no drasticamente o tempo disponí vel para cozinhar de mui-
Mediterrâneo principalmente da truta para ser consumida tos mediterrânicos, que confiam nos alimentos congela-
fresca ou fumada. dos pré-cozinhados ou nos alimentos preparados fora de
casa, como a entrega de alimentos ao domicí lio, comida
O aquacultura proporciona uma relativamente barata fon-
rá pida (fast food), etc. As mudanças sociais no
te de proteí nas de peixes frescos de qualidade muito im-
portantes para os grandes grupos de consumidores, mas Mediterrâneo, seguidas pelas mudanças na alimentaçã o
nã o é ambientalmente neutral. Ela exerce uma pressã o e nas tendências da disponibilidade de alimentos compa-
considerá vel sobre os ecossistemas através do aumento rativamente muito mais baratos do que no passado (fres-
da carga orgânica (carbono) descarregada na á gua e sedi- cos e ultracongelados), de todos os tipos, já resultou numa
mentos da á rea circundante. A aquacultura consome oxi- mudança gradual da tradicional dieta mediterrânica.
génio e aumenta até um certo ponto a carga de nutrientes O crescimento econó mico do Norte (europeu) dos paí ses
derivados da decomposiçã o da matéria orgânica de pí - mediterrânicos reforça as diferenças com os paí ses do sul.
lulas de peixe e de alimentos de peixe acumulados no fun- 90% do Produto Nacional Bruto (PNB) é produzido em cin-
do do mar. Os vá rios antibió ticos e outros produtos quí - co paí ses do norte do Mediterrâneo (por exemplo, o ren-
micos utilizados podem chegar até à mesa do consumidor dimento per capita na França é 30 vezes superior ao do
se nã o forem cuidadosamente controlados. Egipto). As rá pidas mudanças econó micas e iniciativas re-
gionais como a Área Euro de Comércio Livre (a ser posto
em prá tica na pró xima década) irá sem dú vida afectar
G. Globalizaç o, urbanizaç o e os nã o apenas o método de comércio, mas também padrõ es
produçã o e consumo e, por sua vez, a agricultura e os pro-
impactos sobre os h bitos dutos prevalecentes dos paí ses. Estas mudanças prevêem
alimentares um impacto sobre os alimentos numa direcçã o ainda des-
conhecida.
A riqueza do Mediterrâneo foi baseada durante séculos Nos remotos perí odos medievais o Mediterrâneo era usa-
nas actividades comerciais extensas e fortes de todos os ti- do como uma via principal de transporte de comércio e in-
pos de mercadorias em toda a sua costa. Os principais por- tercâmbio cultural entre os mesopotâmicos, egí pcios,
Capitolo 2: CIBO, BIODIVERSITA’ & PAESAGGI MEDITERRANEI 33
persas, gregos, fení cios, romanos, bem como á rabes, es- ragens, dessalinizaçã o e reutilizaçã o de á guas residuais
lavos, otomanos e ibéricos. Nos tempos modernos, a mi- podem ser soluçõ es para enfrentar a grande procura de
graçã o para o norte do litoral europeu a partir de paí ses á gua devido ao turismo. Finalmente o turismo oferece a
densamente povoados (por exemplo, o Egipto, Turquia, oportunidade de introduzir as pessoas às gastronomias lo-
Marrocos, etc.) continua. Esta migraçã o pode afectar os cais.
há bitos alimentares dos imigrantes e dos paí ses de aco-
A ligaçã o entre o turismo e os há bitos alimentares medi-
lhimento.
terrânicos tem dois aspectos: por um lado, as pessoas sã o
A fim de produzir uma maior quantidade de comida para atraí das para a regiã o, a fim de experimentar a forma de
alimentar a crescente populaçã o urbana, o uso da agri- vida do Mediterrâneo e provar os sabores alimentares no
cultura mecanizada espalhou-se, seguida pelo uso exces- autêntico ambiente mediterrânico. Por outro lado, os tu-
sivo de quí micos agrí colas, com graves efeitos sobre o ristas podem trazer com eles os seus pró prios há bitos ali-
solo, qualidade dos alimentos e sobre a saú de dos consu- mentares. Em muitos casos, empresas turí sticas oferecem
midores. Hoje, duas tendências ocorrem (i)O comércio, a refeiçõ es como as que seus clientes têm nos seus paí ses
procura de trabalho, mas também as guerras, resultaram de origem. Um outro fenó meno relacionado com o turis-
em considerá veis movimentos da populaçã o e migraçã o, mo de massas é a rá pida expansã o dos locais de comida
(ii) Produtos de qualidade e luxo estã o disponí veis em rá pida (fast food) de baixo preço na maioria dos principais
grande variedade por preços muito elevados, enquanto destinos turí sticos, uma caracterí stica comum em todo o
que a variedade de produtos baratos é limitada dominan- mundo, mesmo na ausência de turismo.
do o mercado e reduzindo as opçõ es culiná rias.
H. Turismo no Mediterrâneo
Desde a década de 1960 o Mediterrâneo tornou-se o prin-
cipal destino turí stico no mundo, preferido por quase um
terço do volume global de turistas. Este nú mero está es-
tá vel ou ligeiramente aumentando anualmente. O turis-
mo é uma das principais actividades econó micas para a
maioria dos paí ses do Mediterrâneo, como Chipre (22%
do produto nacional bruto) e Malta (24%). Em 2000 turis-
tas da zona costeira foram cerca de 200 milhõ es e esse
nú mero poderá duplicar até 2025. As actividades de tu-
rismo nos picos do verã o coincidem com o momento em
que é natural a disponibilidade hí drica estar no seu ní -
vel mais baixo. A densidade populacional em alguns pon-
tos turí sticos é de cerca de 2000 pessoas por hectare e o
consumo de á gua varia entre 300 e 2000 litros por pessoa
por dia.
Em muitos casos, pressõ es de turismo incluem degrada-
çã o e destruiçã o dos ecossistemas, a poluiçã o e reduçã o
dos ní veis de á guas subterrâneas e a secagem de zonas
hú midas.
O alojamento, alimentaçã o e o entretenimento do cres-
cente nú mero de turistas ao longo do espaço limitado da
costa mediterrânica, se feito sem planeamento adequado,
pode, por um lado, empurrar as fronteiras urbanas para o
mar, originando extensos programas de saneamento e, por
outro lado, leva as terras mais ao interior a exercer pres-
sõ es sobre a biodiversidade terrestre dos restantes ecos-
sistemas preciosos. Este ú ltimo, aliá s, está entre as prin-
cipais atracçõ es que as pessoas vêm para ver na regiã o do
Mediterrâneo.
Contudo, o turismo é também uma importante fonte de
rendimento e um impulsor de uma série de outras activi-
dades produtivas. É menos prejudicial do que as outras "in-
dú strias", e tem o potencial de se tornar "verde", uma fon-
te de receitas para a protecçã o das paisagens, parques na-
turais e monumentos integrados no seu " ciclo de mercado
". Além disso, armazenar á gua em pequena escala nas bar-
34 Cibo Mediterraneo
CAPÍ TULO 3
A D I E T A M E D I T E R R ÂN E A E O S
CONSUMIDORES MODERNOS
A. Uma dieta para uma gorduras mono-insaturadas e poli-insaturadas encontra-
das no azeite, peixes gordos (sardinha, sarda, etc.), nozes,
vida saud vel grã os inteiros, etc. A substituiçã o de hidratos de carbo-
no refinados (arroz branco, pã o branco e frequente inges-
Uma estratégia nutricional saudá vel, tal como é apresen- tã o de batatas cozidas), pelos hidratos de carbono sem re-
tada pela Harvard Medical School (2001) deve incluir os se- finaçã o (integrais). Os Hidratos de carbono integrais do
guintes elementos principais: trigo, massas, pã o ou arroz precisam de mais tempo para
serem digeridos pelo corpo humano e têm um efeito lento
Manter um peso saudá vel e está vel e fazer exercí cios e está vel sobre o açú car no sangue e os ní veis de insuli-
com frequência. na que protegem contra doenças cardiovasculares e dia-
Trocar os saturados -leite e carne vermelha - e as gorduras betes. Oferecem também importantes fibras, vitaminas e
transformadas encontradas em algumas margarinas, pelas minerais.
Escolher saudá veis fontes de proteí nas trocando a carne
vermelha por nozes, feijã o, frango, peixe, os quais têm
vantagens sobre as fontes de proteí nas animais, por for-
Il corpo umano necessita giornalmente le seguenti necerem fibras, vitaminas, minerais e gorduras saudá veis
sostanze che si trovano nei cibi nelle seguenti percentu- insaturadas. A carne vermelha é o "pior" pacote de pro-
teí nas devido ao colesterol e às gorduras saturadas.
ali:
― 60% di carboidrati Comer bastantes legumes e frutas; estes baixam a pressã o
― 20-25% di grassi arterial, diminuem as hipó teses doenças graves (ataques
― 10- 15% di proteine e de coraçã o, cancro, etc.), bem como proporcionam abun-
vitamine, tracce di metalli e molta acqua. dância de vitaminas e minerais.
Molti dietologi suggeriscono che le quantità minime Tomar diariamente um multi-vitamí nico: para grupos es-
giornaliere di cibo – che non devono diminuire – per un pecí ficos da populaçã o ou seja, as grá vidas, idosos, atle-
organismo umano sono: tas, etc.·
A tre porzioni di verdure e due di frutta
A un quarto di litro (250 ml) di latte o uno yogurt
A 70-80g di pane, pasta o riso (cereali)
B. A Alimentaç o mediterrânica
A 150-170g di carne, prosciutto, pesce, o legumi
A 3-4 cucchiai di olio Na década de 1950 e 60 a pesquisadora de utriçã o Ancel
A 1,5 –2 litri di acqua Keys e sua equipa analisaram os padrõ es alimentares de
A e inoltre sono raccomandate anche 3-4 uova per set- dezasseis diferentes populaçõ es em sete paí ses. Este
marco de trabalho, conhecido como o "Estudo dos Sete
timana Paí ses" foi a primeira grande investigaçã o da relaçã o en-
una porzione di frutta corrisponde ad un bicchiere di tre dieta e doenças cardí acas, um dos mais intrigantes
succo di frutta, un frutto intero, un quarto di una ciotola constataçõ es foi a de que as pessoas que vivem em Creta
piccola di frutta secca o ad una metà di una ciotola di e outras partes do sul da Itá lia e Grécia tinham taxas de
frutta fresca. expectativas de vida adulta muito altas e ní veis baixos de
Una porzione di verdure corrisponde almeno alla metà di doenças cardí acas e alguns cancros, contrariando os sis-
una piccola ciotola (250 ml) di verdure crude/cotte op- temas médicos relativamente limitados. Keys concluiu que
pure a una piccola ciotola di insalata. a dieta mediterrânica era uma importante razã o para a
Così il corpo umano prende tutte le sostanze fonda- conclusã o da investigaçã o. Nessa altura, as pessoas que
mentali che non è in grado di produrre come vitamine, seguiam a dieta mediterrânica tradicional que caracteri-
zava-se por:
amminoacidi essenziali, acidi grassi, oligoelementi ecc.
A Uso de azeite como a principal fonte de gordura ali-
mentar.
Capitolo 3: LA DIETA MEDITERRANEA E I MODERNI CONSUMATORI 35
A Um elevado consumo de muito variados produtos ve- vida mais longa. No entanto, existem duas questõ es a
getais ou seja, cereais e pã es, leguminosas, hortaliças e abordar:
frutas (frescas e secas); A alimentaçã o mediterrânica é uma entidade integral ou
A Baixo e regular consumo de produtos lá cteos, princi- a soma das componentes identificá veis que podem e de-
palmente leite, iogurte e queijo fresco; vem ser considerados separadamente no desenvolvimento
A Consumo de peixes, aves e carne vermelha (especial- de directrizes alimentares? A alimentaçã o mediterrânica
mente de carne de bovino, caprino e ovino), em ocasiõ es e os seus principais componentes sã o transferí veis para
especiais, e nã o como parte da taxa diá ria. as populaçõ es que vivem longe da regiã o?
A Ampla utilizaçã o de ervas aromá ticas, especiarias, li-
Embora a alimentaçã o mediterrânica tenha evoluí do
mã o e vinagre;
principalmente fora das necessidades agrí colas impostas
A Moderado consumo de vinho durante as refeiçõ es.
por um clima quente e semi-seco e moldado pela paisa-
Evidentemente, os benefí cios gem, a cultura e o desenvolvimento econó mico das dife-
da dieta mediterrânica é refor- rentes regiõ es do Mediterrâneo, provas de diferentes ti-
çada quando combinada com pos de estudos em muitos paí ses, mostra que as compo-
um estilo de vida activo fisi- nentes da alimentaçã o mediterrânica oferecem grandes
camente e peso controla- Carnes, benefí cios, mesmo para as pessoas que vivem estilos de
ho
vermelhas,
do. A alimentaçã o é vida modernos "ocidentais". Aproveitar as vantagens da
Vin
manteiga
ilustrada na chamada alimentaçã o mediterrânica nã o é uma sentença de "tudo
te
"pirâmide da alimen-
Lei
ca", que reú ne profí cua dentro dos padrõ es de outras culturas e
Log
e amêndoas, nozaes
fru
elementos.
Su
Frutas
sentido de uma "gastronomia global".
sd
Cha
mentos e prá ticas estranhas na cultura do Mediterrâneo. "Eurobaró metro especial 186" sobre o tema da "Saú de,
Ao mesmo tempo os estilos de vida têm mudado notavel- Alimentaçã o, Álcool e Segurança" (EC, 2003) que especifi-
mente com a urbanizaçã o acelerada. O acima mencionado ca o perfil das mudanças alimentares da populaçã o da UE,
poderia explicar a razã o pela qual a diferença está gra- que revelou que cerca de um terço (29%) dos cidadã os da
dualmente desaparecendo entre as originalmente taxas de UE mudaram o que comem ou bebem durante nos ú ltimos
mortalidade baixas, no que se refere às doenças cardí a- três anos. No que respeita a este um terço da populaçã o
cas e cancro, taxas de obesidade e esperanças de vida lon- foi registrado o seguinte:
gas, dos residentes da França Lí ngua doc - regiã o de 1. As principais mudanças foram a adiçã o de mais frutas e
Roussillon comparativamente com as taxas mais elevadas produtos hortí colas (61,1%), diminuiçã o das gorduras
no resto da França. (61,0%), ingestã o de mais á gua (50,0%) e consumo de
Nos paí ses da costa sudeste, melhorias apoiadas pela menos calorias (42,8%). Outras alteraçõ es significativas
saú de pró -activa e polí ticas alimentares, tornaram pos- foram ingestã o de menos açú car (41,0%), menos sal
sí vel atingir alguns dos défices alimentares dos anos (32,2%), menos carne (37,4%) e menos á lcool (34,1%).
1960. No entanto, apesar dos progressos, ingestã o ali- 2. As quatro maiores alteraçõ es foram feitas maioritaria-
mentar continua longe dos padrõ es aceites como defini- mente pelas mulheres, por aqueles que sã o mais velhos e
dos por normas internacionais dietéticas. Mesmo na au- pelas pessoas com mais educaçã o.
sência de pesquisas recentes, a deterioraçã o da
3. As razõ es para fazer essas alteraçõ es dietéticas foram
situaçã o alimentar nã o pode ser excluí da apó s os ajus- "para se manter saudá vel" (33,9%), "para perder peso"
tamentos estruturais e de privatizaçõ es da década de 1990 (30,1%) e "por causa de um problema de saú de".
que levou a algumas desarranjos pelos estados e uma mar-
ginalizaçã o de partes da populaçã o. Por outro lado, esti- 4. Espanha (21,2%) e Portugal (21,3%) foram os que modi-
los de vida e padrõ es de consumo que sã o estrangeiros ficaram menos os seus há bitos alimentares e relaçã o aos
para a regiã o sã o, em certa medida imitados. Isso está restantes europeus.
expresso na Tuní sia, por exemplo, a acentuada diminui- Embora a maioria das crianças euro-mediterrânicas pare-
çã o no consumo de trigo rijo em favor de trigo integral çam estar bem nutridas, o risco de insuficiência nutricio-
(duplicou em 1968-1995), bem como o grande aumento do nal, em especial para certas vitaminas, é significativo. Um
nú mero de pessoas obesas. regime alimentar variado e equilibrado deve fornecer
quantidades adequadas de todos os nutrientes.
A ingestã o de nutrientes entre os grupos populacionais
De acordo com uma pesquisa recente na Grécia (KEPKA, normalmente varia muito entre consumo "baixo e inade-
2006) sobre os h bitos alimentares gregos, verificou-se quado", "suficiente ou ó ptimo" e "alto e possivelmente
que um importante desvio dos padr es da alimentaç o excessivo" (o que nã o significa necessariamente toxicida-
mediterrânea tenha tido lugar e, em particular, os gre- de). Os resultados de algumas pesquisas dietéticos reali-
gos consumem em uma semana: zadas na Europa sugerem que os adolescentes sã o prova-
A legumes, p o e fruta: Diariamente velmente um dos grupos populacionais em maior risco de
A doces: Muito frequentemente deficiências nutricionais, e apesar da sua ingestã o caló -
A leite: V rias vezes rica alta, em comparaçã o com os adultos, os adolescentes
A carnes: Frequentemente estã o mais expostos ao risco de sofrer insuficiências na in-
A peixe, legumes e ovos: Algumas vezes por mês. No gestã o de ferro, vitamina C, E, D, fó lico Ácido e B6. Por
entanto, 51,8% afirmou que eles modificaram os seus outro lado, pode ser dito que a fortificaçã o da alimenta-
h bitos alimentares, devido, por exemplo, a raz es da çã o reduziu a gravidade dos problemas nutricionais numa
sa de (41,7%), calend rios de trabalho (15,2%), etc. perspectiva de saú de pú blica, contribuindo positivamen-
Eles têm mantido a tradiç o de almoçar em casa, ape- te para o aumento da ingestã o do á cido fó lico, ferro e
outras vitaminas nos estados nutricionais de crianças e
sar de frequentemente n o fazerem outras refeiç es
adolescentes das populaçõ es em França e em Espanha.
do dia.
te orientadas para o mercado e paí ses em vias de desen- consumo de muito baixas quantidades) reduz em mais
volvimento a braços com situaçõ es de fome porque seus de 4.000 m2 a destruiç o de rvores num ano.
agricultores produzem mais para exportaçã o do que para A Para produzir 1kg de peixe de viveiro, entre 4 a 6 kg
fazer face às suas necessidades. Por outro lado, “ Reduzir de pescado s o utilizados como alimento.
para metade o nú mero de pessoas em situaçã o de fome” A 20% da produç o mundial de trigo é usado como ali-
é um dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio” que mento para a criaç o de gado, 25-35 kg de cereais s o
as Naçõ es Unidas se comprometeram a atingir em 2015. necess rios para produzir 1 kg de carne vermelha.
Confrontadas com necessidades tã o acentuadamente em A Em 1995, 16.500 toneladas de pesticidas indesej veis
expansã o, a agricultura, a criaçã o de gado e a pesca con- ou proibidos foram inventariados em 49 pa ses de fri-
tinuam infelizmente voltadas para métodos mais intensi- ca e do Médio Oriente
vos. Uma consequência ó bvia desta “corrida á produtivi- A Em cada ano, a Terra perde uma quantidade de solo
dade” é a exploraçã o excessiva dos recursos naturais. fértil equivalente ao territ rio da Irlanda
Tanto a ciência como a tecnologia estã o a trabalhar para A Se toda a populaç o do mundo adoptasse uma dieta
desenvolver novas técnicas e para aumentar a produçã o e alimentar de tipo Ocidental, seria necess rio mais 75%
o rendimento. Fertilizantes, pesticidas e manipulaçõ es ge- de gua do que a utilizada actualmente na produç o de
néticas estã o a tornar-se ferramentas diá rias da agricul- alimentos.
tura. O negó cio agro-alimentar é uma verdadeira indú s-
tria, que produz, transforma e promove no mercado 70%
dos produtos alimentares e tem uma larga parcela de res-
ponsabilidade dos danos ambientais que enfrentamos ac- No entanto, nos ú ltimos anos, paralelamente à ló gica in-
tualmente. Além disso, tanto no processo de transforma- dustrializada de produçã o massiva de alimentos, têm sur-
çã o e distribuiçã o/transportaçã o desses produtos, o ne- gido iniciativas como:
gó cio agro-alimentar consome quase 15% de toda a ener- A Agricultura “bioló gica e orgânica”, respeitando o equi-
gia produzida nos paí ses industrializados. lí brio ecoló gico e a autonomia dos agricultores. É um ti-
po de agricultura que implica a ausência de produtos
Além do enorme impacto sobre a fertilidade e erosã o dos
quí micos sintéticos, a reciclagem de substâncias orgâni-
solos, provocados pela utilizaçã o excessiva de fertilizantes
cas, a rotatividade das culturas cerealí feras e o controle
e pesticidas, recurso a maquinaria inadequada, explora-
çã o excessiva dos recursos aquí feros e do abandono da bioló gico de epidemias ou doenças.
cultura de cereais, outro impacto significativo da “agricul- A Produçã o gado mais extensiva do que intensiva, com
tura moderna” é a ameaça que ela constitui para a biodi- recurso a tratamentos veteriná rios alternativos e respei-
versidade. O aumento das á reas de terra de cultivo em de- tando o bem-estar dos animais
trimento das á reas verdes, as florestas e pastagens redu- A Respeito e protecçã o da biodiversidade
ziram drasticamente os í ndices de biodiversidade. A Regresso á utilizaçã o de tecnologias ancestrais
Segundo a organizaçã o independente A Consumo sustentá vel de alimentos, orientado para os
elementos essenciais da dieta mediterrânica
Birdlife International, uma em cada oito espécies de aves
do mundo está ameaçada de extinçã o em resultado da A Agricultura apoiada pela comunidade: grupos organi-
expansã o agrí cola e da desflorestaçã o incontroladas. zados de consumo, organismos e associaçõ es de agricul-
Por outro lado, tores, grupos ambientalistas e representantes eleitos das
populaçõ es trabalhando conjuntamente para promover
a poluiçã o resultante da actividade agrí cola e o uso de produtos de qualidade e para o desenvolvimento de uma
diversos pesticidas têm resultado em repercussõ es na agricultura amiga do ambiente.
saú de, nomeadamente intoxicaçõ es alimentares, outros
A Muitas vezes, estes esquemas de acçã o incluem tam-
efeitos tó xicos e alergias, entre outras
bém projectos de ajuda a pessoas em dificuldades, visando
Todos os anos, mais de 4 milhõ es de produtos quí micos trazê-las de volta á comunidade de forma plena. Por
sã o despejados na natureza, e enquanto alguns paí ses exemplo, uma iniciativa digna de nota é o convite a agri-
regulam a sua utilizaçã o, outros continuam a permitir o cultores para divulgarem e encorajarem encomendas pré-
uso de fertilizantes e pesticidas de forma incontrolada. vias de produtos, evitando assim o risco de produzirem
Muito frequentemente, os vegetais contêm as mais altas mais do que o necessá rio.
concentraçõ es de produtos quí micos (nitratos, por exem- A Comércio justo de produtos alimentares (veja também o
plo). pará grafo G)
A Implementaçã o de avaliaçõ es de ciclo de vida também
na indú stria agro-alimentar.
A S o necess rios cerca de 1000 L de gua para produzir
1 kg de trigo, mais duas vezes e meia para produzir 1 kg
de ovos e umas impressionantes 13 vezes e meia mais E. Pr ticas sustent veis de
para produzir 1 kg de carne. Para produzir 300.000 L de
soda s o necess rios 1,5 milh es de litros de gua.
transformaç o e produç o de
A Uma pessoa que siga uma dieta sem carne (ou com alimentos
38 Cibo Mediterraneo
A indú stria alimentar exerce uma pressã o substancial so- apenas um tipo de material (assim, a sua reciclagem apó s
bre os recursos naturais da Terra porque envolve processos o uso é maior)
cada vez mais complexos. O consumo excessivo de agro- A Produçã o: A manufactura tende a consumir largas
quí micos, energia e á gua, o desenvolvimento de proces- quantidades de energia e de á gua. Por isso, sã o reco-
sos de conservaçã o dos alimentos e os mú ltiplos está - mendá veis neste ponto a optimizaçã o dos processos pro-
gios da transformaçã o dos alimentos configuram um rude dutivos e a junçã o dos produtos de forma a poder sepa-
golpe no meio ambiente. Tais factos levaram a comunida- rá -los de acordo com os diferentes componentes, para re-
de internacional a adoptar e promover na Cimeira da Terra paraçã o ou reciclagem
do Rio de Janeiro (1992) o conceito de “eco-design” en- A Embalagem: garrafas, caixas, latas, pacotes e outros ti-
quanto conceito internacional de expressã o do culminar pos de embalagens constituem hoje mais de 50% o lixo do-
de uma perspectiva holí stica, consciente e pró -activa no méstico nos paí ses desenvolvidos. Concentrar os produ-
processo de criaçã o de um produto ou serviço de forma a
tos e reduzir a quantidade e o volume de embalagens po-
minimizar o seu impacto ambiental, utilizando nessa pro-
de diminuir isso ao longo de toda a cadeia produtiva, des-
duçã o o mí nimo de recursos naturais possí veis e geran-
de a manufactura até ao depó sito dos lixos.
do os mais baixos í ndices de resí duos. O eco-design po-
de ser aplicado em todas as fases da vida de um produto. A A Transporte / Distribuiçã o; habitualmente, os produtos
avaliaçã o de Ciclo de Vida (Life-Cyle Assessment, ou LCA) viajam milhares de kms antes de serem usados. Escolher
é um processo que põ e em prá tica e avalia os conceitos locais de fabrico de acordo com o destino final dos produ-
de eco-design. Examina os sinais internos (extracçã o de tos, usar transportes integrados e combustí veis alterna-
materiais, consumo de energia e de recursos naturais) e ex- tivos e optimizar cargas pode minimizar o impacto am-
ternos (emissõ es na á gua e na atmosfera, resí duos) du- biental do transporte.
rante todos os está gios do ciclo de vida de um produto, A Uso e disposiçã o: 25% dos alimentos em todo o mundo
afim de quantificar os seus impactos ambientais. As LCAs vã o para o lixo sem terem sido consumidos. Em muitos
procuram conservar os recursos nã o-renová veis, incluin- paí ses mediterrânicos, essa percentagem é ainda maior.
do a energia; assegurar que sã o feitos todos os esforços Essas quantidades necessitam de ser reduzidas através de
para proteger os ecossistemas, especialmente as á reas que sensibilizaçã o, e os alimentos poderiam ser usados para
estã o sujeitas a frá geis equilí brios em termos de provi- compostagem.
sõ es; desenvolver alternativas para maximizar a recicla- A Recolha e Reciclagem: Pode ser difí cil reciclar produtos
gem e a reutilizaçã o de materiais e de resí duos; Aplicar inutilizados ou danificados. Os componentes mú ltiplos,
as mais apropriadas técnicas de prevençã o ou reduçã o de as ligas de metais ou outras combinaçõ es de materiais de
poluiçã o. Ao examinarmos as formas de aplicar os concei- que sã o feitos tornam a separaçã o e a transformaçã o um
tos e princí pios de eco-design no ciclo de vida dos produ- processo complexo e caro. Desenvolver produtos e com-
tos para minimizar os impactos ambientais durante todos ponentes reutilizá veis ou reciclá veis pode constituir al-
os passos essenciais do processo de produçã o, concluí - ternativas sustentá veis.
mos o seguinte:
A Extracçã o de matérias-primas: a extracçã o e transfor- No quadro acima mencionado, o “Sistema de Informaçã o
maçã o de matérias-primas consome recursos naturais, uti- Geográ fica” (SIG) constitui uma abordagem sustentá vel
liza energia e é uma fonte de poluiçã o. Prá ticas susten- á produçã o agro-alimentar. O SIG é um termo usado pa-
tá veis neste ponto poderiam ser a escolha dos materiais ra descrever um produto agro-alimentar resultante da in-
mais apropriados, a reduçã o de quantidades, a “transfor- teracçã o entre as caracterí sticas agro ecoló gicas de uma
regiã o, as suas gentes e a sua cultura. Por outras palavras,
maçã o dos desperdí cios em matérias-primas (através da
é um produto com uma especificidade relacionada com a
reciclagem); materiais renová veis e produtos que usem
sua origem, o que o diferencia de outros produtos simila-
res. O valor acrescentado de produtos feitos de acordo com
prá ticas tradicionais promove o patrimó nio agrí cola de
um paí s e a preservaçã o das tradiçõ es culturais, e vitali-
za a biodiversidade. O SIG promove significativamente os
I CONSUMATORI POTREBBERO: produtos, funciona como um “passaporte” de verificaçã o
A Preferire i circuiti di distribuzione più corti e i prodot- para a exportaçã o elevando o perfil de mercado de bens
de alta qualidade, sublinhando a imagem de autenticida-
ti locali
de de uma determinada regiã o ou localidade de origem.
A Sostenere iniziative di commercio equo
Para além disso, o SIG protege o produtor da falsificaçã o
A Comprare prodotti di stagione e o consumidor da fraude, porque fornece ao consumidor
A Scegliere prodotti con il minor imballaggio informaçã o mais detalhada sobre a origem e as qualida-
A Comprare non più di quello che serve des do produto, do processo de fabrico e das verificaçõ es
A Studiare etichette e controllare le origini del prodotto. feitas, garantindo que o produto seja identificá vel e reco-
A Adottare una dieta salutare basata sul modello di nhecí vel. É um instrumento de justiça econó mica, ao es-
quella mediterranea. palhar o bem-estar de forma equitativa, entre norte e sul,
entre grandes firmas internacionais e agricultores pobres,
Eis alguns produtos mediterrânicos baseados numa abor-
Capitolo 3: LA DIETA MEDITERRANEA E I MODERNI CONSUMATORI 39
dagem SIG: ó leo de Argã o de Marrocos; azeite de Sfax e A Gestã o de nutrientes: aumentar a utilizaçã o de um ti-
carne da Sidi Bouzid na Tunisia; Presunto de Teruel e po de nutrientes como o estrume, cobertura das culturas
Torrã o de Jijona de Espanha; Queijo Feta, da Grécia; leguminosas e reduçã o do uso de fertilizantes quí micos.
Ameixas d'Agen, de França; queijo Parmiggiano Reggiano A Agro-florestais cobrem uma variedade de usos de á rvo-
e Presunto de Parma de Itá lia; Tâmaras Medjool da res em terras agrí colas incluindo plantio de á rvores de
Jordânia, etc. épocas diferentes com pastagens, melhor gestã o dos ter-
renos de cultivo de á rvores para madeira e uso de á rvores
a arbustos ao longo das ribeiras servindo de ribeirinho
F. Padr es sustent veis pá ra-choques das faixas.
de agricultura A Promoçã o/Marketing: a promoçã o directa dos bens
agrí colas para os consumidores como os mercados agrí -
Segundo o PNUMA (2004) “agricultura sustentá vel é um colas, bancas de vendas à beira da estrada e agricultura co-
modo produtivo, competitivo e eficiente de criar produtos munitá ria está a tornar-se muito mais comum.
agrí colas, simultaneamente protegendo e melhorando o
meio ambiente e as condiçõ es socioeconó micas das co-
AGRICULTURA BIOLÓGICA
munidades locais”. Por outras palavras, a agricultura é sus-
tentá vel quando conduz a: A agricultura biol gica é uma forma de agricultura que
A Rentabilidade de cultivo evita ou exclui amplamente o uso de fertilizantes sin-
A Melhorias na qualidade de vida das famí lias rurais téticos e pesticidas, reguladores de crescimento de
A Vitalidade das comunidades rurais, aldeias ou cidades plantas, aditivos nos alimentos para criaç o de gado.
pequenas Na medida do poss vel os agricultores biol gicos recor-
A Protecçã o e conservaçã o do ambiente e dos seus re- rem à rotaç o das culturas, res duos vegetais, adubos
cursos animais e cultivo mecânico para manter a produtivida-
A Consideraçõ es e perspectivas de futuro que incluam os de e fertilidade do solo, para fornecer nutrientes de
saberes do passado plantas, e para controlar ervas daninhas, insectos e ou-
Uma perspectiva holí stica da agricultura reconhece as li- tras pragas.
gaçõ es entre o solo, a vegetaçã o, o ar e a á gua, e as for- A agricultura biol gica implica promover processos na-
mas como esses elementos se influenciam uns aos outros e turais, muitas vezes durante longos per odos de tempo
sã o também influenciados pelas crenças dos agricultores, e, o que os advogados descrevem como uma aborda-
pelas suas percepçõ es, ambiçõ es e competências, pelos gem hol stica, o reforço da sa de do solo, é a pedra an-
seus conhecimentos ou ainda pelos sistemas socioeconó - gular da agricultura biol gica. Este é um processo bio-
micos, polí ticos e culturais em que o cultivo ocorre (UNES- l gico, impulsionado por microrganismos, que permite
CO, 2002). Na prá tica, uma perspectiva holí stica inte- a produç o natural de nutrientes no solo durante toda
grada em agricultura inclui: a época de cultivo, e tem sido referido como “alimentar
A Agricultura orgânica que respeite o equilí brio ecoló -
do solo para alimentar a planta”. Uma variedade de
gico e a autonomia do agricultor. Isso implica a ausência
métodos é utilizada, incluindo a rotaç o das culturas,
de produtos quí micos sintéticos, a reciclagem de subs-
adubaç o biol gica, cobertura das plantaç es, a aplica-
tâncias orgânicas, cultivo rotativo e controlo bioló gico das
ç o de composto e cobertura com palha.
pestes e doenças.
Os agricultores biol gicos também utilizam fertilizan-
A Uso e gestã o de pesticidas de forma a minimizar riscos
tes transformados naturalmente, como sementes de
econó micos, ambientais e de saú de.
alimentos e v rios minerais em p , como fosfato de pe-
A Levar os animais para as pastagens é uma forma de for-
necer-lhes forragens de grande qualidade e reduzir os cus- dra e areia esverdeada que contem glauconita, um tipo
tos alimentares, enquanto evita a criaçã o de estrume nos natural de cloreto de pot ssio.
está bulos. Diferentes abordagens para controlar pragas s o igual-
A Métodos de conservaçã o do solo, como: cultivos em fai- mente not veis. Na agricultura convencional, um in-
xas, reduçã o e evitaçã o, se possí vel, de lavoura com ma- secticida espec fico pode ser utilizado contra uma de-
quinaria pesada, uso de terraços. terminada praga de insectos. O controlo qu mico pode
A Métodos de conservaçã o da á gua sã o de maior im- reduzir drasticamente as pragas a curto prazo, mas po-
portância; a irrigaçã o através de gotejamento é recomen- rém matando inevitavelmente os insectos e animais
dada. predadores naturais, o que pode causar um aumento da
A Cobertura das plantaçõ es: cultivo de plantas como o ltima praga. O repetido uso de insecticidas, herbicidas
centeio ou o trevo na temporadas apó s as colheitas dos e outros pesticidas podem incentivar selecç o natural
grã os ou vegetais fornece benefí cios que incluem o con- de insectos resistentes, plantas e outros organismos.
trolo de ervas daninhas, o controlo da erosã o e a melhoria O controle das pragas tem como alvo pragas de animais
dos nutrientes e da qualidade do solo. (incluindo insectos), ervas daninhas e doenças. O con-
A Diversidade de conservaçã o das plantaçõ es e paisa- trolo orgânico de pragas envolve o efeito cumulativo
gens. das diversas técnicas, incluindo permitir até um n vel
40 Cibo Mediterraneo
G. Comércio Justo
O comércio justo incentiva as pessoas a comprarem ali-
mentos (e outros bens) a cujos produtores tenha sido dado
um preço justo. Esse preço cobre os custos de produçã o,
um prémio para os grupos de produtores sociais para in-
vestir em negó cios ou de desenvolvimento da comunida-
de, as relaçõ es de longo prazo e adiantamentos.
O conceito do comércio justo tem vindo a desenvolver-se
nas naçõ es ocidentais ao longo dos ú ltimos 30 anos, em
resposta a um crescente reconhecimento das desigualda-
des existentes nas relaçõ es comerciais entre paí ses de-
senvolvidos e paí ses em desenvolvimento, e sob o impul-
so das ONGs. O objectivo do comércio justo é assegurar que
os produtores recebam um preço "justo", um preço que re-
flicta um retorno adequado sobre o seu contributo da ha-
bilidade, do trabalho e dos recursos e uma parcela do lucro
total proporcional à sua contribuiçã o. O comércio justo re-
conhece que os sistemas de produçã o que satisfaçam as
“ A refeição da segunda-feira pura”, Vassiliou S., pintura a óleo.
normas sociais e ambientais especificas, e, por conseguinte,
proporcionam melhores condiçõ es para os agricultores e
aceit vel danos de pragas, ou mesmo incentivar a in- para os trabalhadores, sã o susceptí veis de ter custos mais
troduç o de organismos benéficos, cuidadosa selecç o e elevados, por exemplo em termos de salá rios, encargos so-
rotaç o das culturas, bem como controlo mecânico com ciais e na protecçã o do ambiente. Ela fornece um retorno
cobertura das faixas e armadilhas. Estas técnicas ge- financeiro para o produtor que contribui para cobrir o cus-
ralmente proporcionam benef cios em conjunto com o to dessas normas melhoradas. Visa também restabelece o
controlo de pragas do solo, protecç o e melhoria do so- equilí brio entre o Norte e o Sul, a longo prazo.
lo, fertilizaç o, polinizaç o, conservaç o da gua, ex- Os ró tulos do comércio justo sã o concedidos às mercado-
tens o temporada, etc. - e estes benef cios s o comple- rias importadas de paí ses em desenvolvimento que te-
mentares e cumulativos no seu efeito global sobre a nham sido produzidos de acordo com os critérios sociais e
sa de dos terrenos agr colas. O controlo orgânico de ambientais com base em instrumentos internacionais, co-
pragas eficaz requer uma profunda compreens o dos ci- mo a Organizaçã o Internacional do Trabalho (OIT) e as re-
clos de vida das pragas e das interacç es. comendaçõ es da Agenda 21 das Naçõ es Unidas. Os crité-
rios abrangem as condiçõ es relativas ao emprego, contro-
los para prevenir que os pesticidas contaminem rios e a
A AGRICULTURA BIOL GICA NO EGIPTO á gua potá vel e a protecçã o dos ecossistemas naturais.
Existem critérios estabelecidos adequados para cada pro-
O Egipto oferece uma hist ria de sucesso na agricultu- duto, por organizaçõ es internacionais, como a
ra orgânica: o grupo "Sekem ". O Grupo Sekem foi fun- Organizaçã o Internacional de Certificaçã o do comércio
dado em 1977 Numa rea do deserto de 70 hectares per- Justo (FLO - FairTrade Labelling Organization Inter-
to do Cairo. É especializada na agricultura de biodinâ- national), que também sã o responsá veis pelo acompa-
micas (agro-medicamentos derivados de plantas, fru- nhamento e controlo dos produtores e comerciantes apli-
tos e legumes e algod o), é um exemplo de um projec- cando a utilizaçã o de ró tulos de comércio justo, para as-
to social e ambiental baseado no conhecimento e par- segurar que as condiçõ es sejam estritamente respeitados.
cerias norte/sul (investimento, certificaç o e comércio
justo). Hoje, é uma rede de fortes empresas com 2000
42 Alimentazione Mediterranea tipica
planí cie Macedó nica, no Chalcidice e no sul de Thrace O tratamento final, Transportar para a prensa de azeite, peso
na Grécia. Em Itá lia a oliveira cresce no sopé dos
Apeninos Centrais mas nã o mais ao alto ou mais ao Alternadamente, você pode organizar duas visitas: a uma
norte, excepto em Veneza no topo do Adriá tico. Em fá brica de azeite moderna e a um moinho tradicional de
azeite, se existir algum na sua á rea, para conhecer as eta-
Espanha alcança a borda sul da Cordilheira Central e
pas da produçã o de azeite no presente e no passado.
penetra o vale de Ebro.
Observe e grave as finalidades e os impactos ambientais
Em suma, longe da costa, dos vales dos rios ou das re-
de cada uma das etapas.
giõ es montanhosas, o azeite de oliveira era um pro-
A Qual a quantidade de produçã o da planta?
duto de importaçã o que teria de ser pago ou trocado
por outros desde que nã o fosse por produtos de ori- A Quais os efeitos da planta especí fica na economia local?
gem animal que tinham as mesmas funçõ es e eram A Que tipos de azeite sã o produzidos? Quais as suas ca-
mais fá ceis de encontrar. racterí sticas ex: cor, cheiro, sabor?
1.1 O Precioso Azeite de Oliveira 43
Tente descobrir e apresentar costumes e tradiçõ es da sua oliveira contém vitaminas E e C, provitamina A assim como
regiã o relacionados com a apanha da azeitona e produ- algumas enzimas.
çã o do azeite. O azeite mais saudá vel é o azeite extra-virgem obtido da
Crie pequenos grupos e visite os diferentes mu- primeira extracçã o. Quando o azeite nã o é filtrado só de-
seus da cidade ex.: Museu Arqueoló gico, Museu ve ser consumido dentro de 3 meses ou pode ser conser-
da Idade Média, Museu do folclore e a arte tra- vado no perí odo má ximo de um ano.
dicional, etc. Procure os objectos de O valor de acidez do azeite nã o deve exceder 1% (consi-
arte e as suas representaçõ es (imagens) re- derando que 100g de azeite contém 1g de á cido
lacionadas à azeitona e à oliveira. Tome oleico).
notas e /ou faça esboços simples delas
ou tire fotografias (se for permitido).
OUTROS ÓLEOS MEDITERR NEOS
A A que perí odo pertencem? PARA ALÉM DO AZEITE DE OLIVEIRA
A A que perí odo fazem referência? : O ÓLEO DE ARGÃO
A Qual a sua origem?
A á rvore do argã o (Argania Spinosa) é na-
Há algum objecto similar ao antigo
tiva de Marrocos. Vive cerca de 150-200
que você encontrou, é usado hoje para anos e tem um papel notá vel no equilí brio
as mesmas finalidades? do ecossistema e da economia em Marrocos.
Faça um pequena exposiçã o na sua esco- Todas as partes da á rvore podem ser usadas:
la com as fotos, textos e esboços tentando a madeira serve como combustí vel; as folhas e
mostrar o papel da oliveira e da produçã o frutos servem de alimento para o gado; o ó leo
de azeite na vida socioeconó mica do passado extraí do da semente é usado na culiná ria, na
e compará -la ao presente. medicina tradicional e na cosmética. Dessa forma,
o argã o assegura a subsistência de cerca de 3 mi-
Pote antigo grego ilustrando a recolha do azeite
lhõ es de pessoas e o seu cultivo oferece perto de
20 milhõ es de dias de trabalho. O ó leo é o produto
mais valioso desta á rvore. O noz do fruto tem uma a
Nã o se sabe quando foi produzido o primeiro sabã o. três sementes que contém mais de 50 % de ó leo. A ex-
Contudo, foi conhecido antes da era romana. Um ma- tracçã o do ó leo é uma actividade tradicionalmente da
terial assemelhando-se a sabã o foi encontrado num responsabilidade das mulheres berberes, que têm uma
vaso de barro durante escavaçõ es na Babiló nia anti- relaçã o de amor-ó dio com a á rvore. O processo é en-
ga; esta é a prova que a produçã o de sabã o foi feita tediante: a polpa seca é separada da noz, as sementes
em 2.500 A.C. Algumas décadas antes, em algumas ca- levemente torradas, sã o moí das e misturadas com
sas de famí lia de paí ses Mediterrânicos que produ- á gua quente. O enxaguamento seguinte separa o ó leo
ziam o seu pró prio azeite, também produziam sabã o a que flutua. Aproximadamente 100 kg de sementes ren-
partir dos resí duos provenientes da extracçã o do de: 1-2 Kg de ó leo, 2 Kg de pasta (uma manteiga co-
azeite. Esses resí duos eram cozidos com soda ou cin- mercializada ), mais 25 kg de casca seca. O bolo casta-
zas. O produto era secado e depois cortado em peda- nho com sabor a manteiga de amendoim chamado
ços. "amlu" é frequentemente adocicado e servido ao pe-
Procure outros usos do azeite por ex.: nas artes, na me- queno almoço. Recentemente foi introduzido um sis-
tema de extracçã o mecânica, para extrair maiores per-
dicina e nos cosméticos, etc.
centagens de ó leo de argã o. A utilizaçã o desta téc-
nica de mexer a massa com á gua é desnecessá ria por-
que a massa pode ser directamente premida. Todos os
O valor nutricional restantes passos mantêm-se sem alteraçã o, obtendo-
se 43% de proveito do ó leo (calculado através das se-
d o a z e i t e d e o l i ve i ra mentes) e apenas serã o necessá rias para obter um li-
tro de ó leo. O ó leo é conservado.
O azeite de oliveira contém á cidos importantes cujo cor- Sabia que no antigo Egipto em algumas partes do
po humano nã o consegue produzir. Esses á cidos gordos Pró ximo Oriente o ó leo de sésamo era tã o usado como
(linoleico, a-linolénico e oleico) sã o extremamente im- o azeite de oliveira?
portantes para a estrutura da membrana celular e contri-
buem também para a produçã o equilibrada de um deter-
minado tipo de hormonas. O á cido oleico (que liberta ra-
dicais livres provocando causas vá rias em risco perma- E no seu paí s ou regiã o? Há algum outro tipo de ó leo
nente a altos ní veis de contaminaçã o) contribui para o usado, para além do azeite de oliveira? Se a resposta é afir-
desenvolvimento dos ossos. Para além disso, o azeite de mativa, qual a dimensã o ou finalidades?
44 Alimentazione Mediterranea tipica
Q Saber qual o desempenho do pã o e dos cereais nos Coloque a massa num alguidar untado com gordura (banha
há bitos e tradiçõ es das pessoas ou ó leo). Cubra com uma toalha de cozinha limpa e deixe
num local ameno e seco para a massa crescer. Deixe que a
massa cresça até adquirir o dobro do tamanho, o que dura
Q Expressar-se a si pró prio através da arte normalmente cerca de 1-2 horas, dependendo do tipo de
pã o que estiver a fazer.
1.2 O pã o nosso de cada dia 45
Soque a massa e depois de ela se levantar introduza o As indicaçõ es para fazer pã o indicadas em ci-
punho no centro da massa. Puxe as bordas para o centro, ma sã o de cará cter geral. Deverá também pro-
polvilhe a superfí cie com um pouco de farinha e amasse curar na sua cidade ou vila outras receitas. Saiba
algumas vezes a fim de remover as bolhas de ar. mais sobre isso perguntando aos padeiros, aos
Molde a massa com a forma que desejar. Se quiser fazer moradores e aos mais velhos e recolha essa informaçã o
formas simples, divida a massa nas quantidades desejadas com base nas seguintes questõ es:
e molde-as sobre um tabuleiro untado. Se quiser usar for- A Qual é o ingrediente bá sico do seu pã o?
mas de pã o, certifique que elas fiquem bem untadas a A É feito apenas com trigo ou com outros cereais (ex: ce-
molde a massa dentro da forma. Quando a massa tiver os vada, centeio, ou milho)?
moldes desejados, cubra-os com uma toalha de cozinha A É feito com ou sem fermento?
limpa e deixe repousar num local ameno e seco até que a A Sã o usados outros ingredientes diferentes ? Quais?
massa cresça atingindo novamente o dobro do tamanho. Para quê?
Quanto mais amassada mais depressa crescerá a massa. A Segue os mesmos passos? Se nã o, quais e como sã o
esses passos diferentes?
Pincelar o pã o ou “envernizá -lo” é opcional. Algumas re- A Quais sã o as caracterí sticas do seu pã o local, quanto
ceitas de pã o merecem um verniz para ficarem com um re- ao sabor, cheiro e textura.
vestimento especial. O verniz é preparado com ovos bati- A Qual é a histó ria do seu pã o local? A sua famí lia faz
dos (inteiros, claras ou gemas), á gua e natas ou leite. A sua pã o?
receita indicará se será necessá rio usar verniz. A As padarias locais da sua cidade ainda fazem pã o de
Na confecção do pão tradicional é usada uma ferramenta particular chamada “saj”. No Líbano o pão produzido é chamado de “markoul”.
46 Alimentazione Mediterranea tipica
acordo com o método tradicional? A Com que frequência consome cereais?
A Descubra os costumes, provérbios e tradiçõ es da sua A Que tipo de cereais?
regiã o relacionadas com fazer pã o. A Prefere produtos de trigo integral ou refinado (os bran-
cos)?
Compare as etiquetas de pacotes de diferentes tipos de A Sabe quais as diferenças entre pã o de trigo branco e
pã o. pã o de trigo integral e outros cereais, no que diz respeito
A Existem aditivos que nã o sã o usados no pã o tradicio- às calorias e valor nutricional?
nal? A Considera os cereais como um elemento importante da
A Que tipo de aditivos? Descubra as finalidades de uso sua dieta? Porquê?
desses aditivos.
A Quais os potenciais impactos para a saú de dos aditivos
usados no fabrico do pã o
Em alguns pa ses o p o e os cereais constituem metade
do consumo di rio por pessoa!
O Trigo, o arroz e o milho assim como as batatas ali-
mentam 80% da populaç o mundial.
1 fatia de… Pã o Pã o
contém … branco castanho
Amido (g) 81 73 Cereal Origem
Proteí nas (g/100cal) 3 4 Arroz Sudeste Asiá tico
Hidratos de carbono (g/100cal) 15 13
Trigo Ásia Menor a Médio Oriente
Amido (g) 13 10
Milho América do Norte, assim como México
Fibras (g) 0.8 2.4 e Guatemala
Centeio Leste da Turquia e Arménia
Cevada Médio Oriente
Olhe para o quadro em baixo. Os Cerais sã o
fontes da maior parte dos nutrientes vitais, in-
cluindo os hidratos de carbono, as proteí nas, Para a populaç o mediterrânica o p o tem um lugar de
vitaminas B: tiaminas, niacinas e vitaminas E; destaque; é sin nimo de vida e bem estar. Os gregos de-
Contém quantidades adequadas de cá lcio e ferro e sã o finem a pobreza com a express o “n o ter p o para co-
boas fontes de fibras. As vitaminas B e as fibras sã o en- mer”. Na tradiç o Grega o p o est intimamente ligado
contradas na maioria na côdea. 100g da parte comestí vel às manifestaç es t picas e festas sociais em especial aos
do trigo integral contém: 36mg de cá lcio (72-90% da ener- casamentos e funerais, para os quais s o confeccionados
gia necessá ria ao homem) e 4mg de ferro. p es tradicionais variados dependendo da regi o do pa s.
A criação de gado nas regiões montanhosas do Leste da Turquia: O tradicional sector da Pecuária contribui significativamente para o desenvolvimento económico da Turquia.
ver a sua pesquisa sobre um determinado paí s ou sub-re- pa ses a t pica ementa de inverno (incluindo as de
giã o do Mediterrâneo. Desenvolva os seguintes tó picos: Natal) é baseada em carne de porco. Essa tradiç o vem
A Que tipo de carne é consumida? desde a Idade Média, ao Renascentismo, até aos dias
de hoje. Lorna Saas no seu livro “Festas de Natal” refe-
A Em que ocasiõ es? re que este h bito dietético vem desde o per odo
A Existe alguma receita tradicional de carne ligada a even- Romano.
tos sociais ou religiosos?
A Existe algum tipo de carne proibida? Porque razã o?
Pasta de f gado ou “Foie gras”, uma das mais conheci-
A E os há bitos dietéticos no seu paí s ou cidade relativos das charcutarias francesas, que é na verdade f gado de
à carne. Qual o papel da carne na dieta? Quais os tipos de ganso, tem uma hist ria de mais de 4500 anos, come-
carne preferidos? Volte no tempo para conhecer as raí zes çando desde os antigos eg pcios, gregos e romanos.
dos há bitos alimentares.
Materiais
etc. Apresente o seu cartaz à sua turma. Pode também
Frasco de vidro, cartã o, lenços de papel, grã os de legu- trabalhar em pequenos grupos (3-4 estudantes) no caso
minosas, adubo médio, á gua de ter escolhido receitas comuns.
Devido a gravidade, as
raí zes crescem para
baixo.
A seguir cubra
o frasco com
uma caixa de
cartã o suficien-
temente grande deixando
apenas uma ranhura numa
das extremidades.
UNESCO, 1992
Assegura que a caixa este-
ja bem selada de forma a
que a luz entre apenas por As lentilhas têm um valor nutritivo muito elevado de-
esta ranhura. Acompanhe o crescimento das raí zes e da vido ao ndice de prote na contida na soja. Pode-se fa-
planta. zer um ptima sopa apenas com as lentilhas e também
podem ser mo das para fazer pastas sem carne.
A maioria das plantas pode crescer sem luz ou com pou-
As lentilhas desenvolvidas em dois dias, sendo crocan-
ca luz uma vez que as sementes contem energia. A luz
tes de doces, podem servir para colocar nas saladas.
para a fotossí ntese é necessá ria depois da germi-
O gr o-de-bico foi t o valorizado na antiga Roma que
naçã o!
um l der (Cicero) deu-lhe orgulhosamente o seu nome
Adicione desta vez ao frasco o adubo médio e de fam lia, o termo Latino da lentilha Cicer arietinum
certifique-se que o cartã o tem uma porta. . O gr o-de-bico, que vem de uma planta nativa do
Coloque as sementes e deixe-as crescer. Tenha Médio Oriente, é popular por toda a ndia, Norte de
cuidado para nã o colocar demasiada á gua frica, Espanha e sul de França. S o excelentes fontes de
porque nã o pode ser filtrada. Observe o crescimento. ferro, de vitamina B6 e C, de zinco e de fibras. O gr o-
de-bico cozinhado é um ingrediente principal, junto
Compare a taxa de crescimento e o tamanho da nova com a pasta de sésamo, na confecç o do hummus, a po-
planta nos três casos. pular pasta Médio Oriente.
O que observou?
Quais os diferentes factores nos três casos?
Tomate
pepino
batata
cebola
ameixa
maçã
cenoura
melã o
côco
avelã
feijã o de corredor
milho doce
couve-flor
Procure informaçã o sobre substâncias quí micas usadas sumo. Para além disso, absorvem o CO2 e produzem o O2
na agricultura (agro quí micos) e sobre testes relevantes que contribui em de forma essencial ao contrapeso da
para analisar a presença dessas substâncias nas plantas e composiçã o da atmosfera.
nas frutas assim como legislaçã o relacionada com isso.
Pode dirigir-se a autoridades locais, ao laborató rio do
estado, a associaçõ es de consumidores, a uniõ es de pro- A. A preparaç o (para o educador)
dutores, a agricultores e a outros interessadas relevantes. A Faça cartõ es para cada membro do grupo.
A Escreva numa parte dos cartõ es "dió xido carbono" ou
use o sí mbolo quí mico (CO2) caso que os estudantes
O jogo da fotoss ntese estejam familiarizados com o termo. Na outra parte dos
cartõ es escreva "á gua" ou use outra vez o tipo quí mico
(H2O).
A fotossí ntese é um dos processos naturais
A Faça algumas etiquetas coloridas de verde (suficiente-
mais importantes. É uma reacçã o do sol
mente grandes para duas pessoas levantá -las) e disper-
que permita às folhas das plantas ou outras
se-os no soalho - para representar a clorofila na folha.
partes verdes das plantas de produzir o alimento (maté- Escureça o quarto. Coloque num canto uma luz clara, por
ria orgânica - hidratos de carbono) combinando os mate- exemplo uma lâmpada que represente o sol.
riais inorgânicos simples do dió xido de carbono (CO2) e
da á gua. No entanto, trata-se de um processo bioquí mi- Ate bocados de corda as suas etiquetas e amarre a corda a
co muito complexo e "delicado". A fotossí ntese é a base ú ltima mais longa.
da redes das plantas desde que criem os nutrientes essen-
ciais (hidratos de carbono) e ó leos. As plantas sã o o ali-
mento valioso para o crescimento das células e por sua vez, B. O cen rio e o parque de divers es
fornecem energia nutritiva para animais que sã o para con-
Quando o sol se põ e (e a lâmpada apaga-se) tem lugar a A Quando as moléculas do açú car estiverem formadas
fotossí ntese. De seguida a “fá brica” fica capaz para com- elas poderã o mover-se para a saí da, para o canto floe-
binar á gua e dió xido de carbono para criar o açú car (ali- ma
mento) e o oxigénio. Uma determinado parte da folha, um A É escuridã o e de seguida … o professor acende a luz!
canto do quarto é a “saí da” para onde vã o as moléculas A Fotossí ntese começa!
do açú car. Este canto representa o floema - floema é o si- A O professor continua a acender e apagar as luzes.
stema de tubos nas linhas das plantas que ajudam a distri-
* As abelhas e outros insectos relacionados contribuí ram para aproximadamente um terço da produçã o agrí cola anual
total dos E.U. (1984); o valor dos produtos colhidos na consequência da polinizaçã o da colheita eram de 140 volumes a
mais do que a quantidade feita pelos apicultores nas vendas de mel e de cera de abelha. As cifras do Canadá e da Europa
eram similares: as abelhas contribuí ram para 2 bilhõ es e 4.7 bilhõ es respectivamente, para a economia agrí cola, si-
gnificando 12 vezes o valor do produto do mel.
56 Alimentazione Mediterranea tipica
O b j e c t i v o s O SAL NA HISTORIA
O sal foi necessá rio ao homem muito antes que histo-
Q Explorar o valor bioló gico, econó mico e cultural ria começasse a ser registada. A tecnologia de extrair
do sal
sal através de salinas já aparece na arte egí pcia des-
de 1450 AC. Os gregos antigos consideravam bá rbaros
Q Praticar o trabalho de grupo os povos que nã o usavam sal. Os Romanos, seguindo o
exemplo, desenvolveram salinas e salí feras (???) em
Q Desenvolver as aptidõ es de recolha, elaboraçã o e muitas partes do Império Romano ao longo das mar-
apresentaçã o de informaçã o
gens do porque o sal era carregado para o povo da
Itá lia central , que viviam longe do mar e das salinas,
Q Praticar a realizaçã o de experiências simples através dessa Via. Em tempos, os soldados romanos
eram parcialmente pagos em fermento para fazer pã o
Q Adoptar atitudes positivas face á conservaçã o e parcialmente em dinheiro, para que pudessem com-
das salinas mediterrânicas prar sal e outros alimentos saborosos. Esse dinheiro era
chamado sal - salarium “para sal” (um outra teoria de-
fende que em tempos os soldados teriam mesmo sido
pagos em sal). Essa mesma palavra aparece nas lí n-
guas modernas – salaire francês, salá rio italiano, e
Plano de Actividades muitas outras – mas nos nossos dias ela significa ape-
nas “salá rio” no sentido de pagamento, honorá rio, e
Consegue pensar num só processo aná logo ao as pessoas esqueceram a sua histó ria e a relaçã o com
da formaçã o do sal nas salinas? Em caso nega- o sal. Os Otomanos costumavam cobrar a “taxa de sal”
tivo, a experiência que se segue pode ajuda-lo. aos produtores de sal. Os Venezianos costumavam pu-
Encha um copo grande até ao meio com agua e nir de forma exemplar o trá fico ilegal de sal o “con-
deixe-o num lugar onde apanhe muito sol. Espere até que trabando”
a agua evapore. Ou, em alternativa, pode aquecer o copo
usando o gá s. Depois que a agua evapore, o que você ob- Questõ es
serva no fundo e/ou nas paredes interiores do copo ? A – Pensa que o sal era importante nos campos de activi-
Crie 4 grupos. Cada grupo receberá um dos se- dade do homem do passado? Como justifica a sua respos-
guintes cartõ es: amarelo, laranja, verde e rosa. ta usando as informaçõ es contidas no texto?
B – De que forma a importância do sal na lí ngua e na his-
Leia o texto e discuta as questõ es que nele
toria do seu pais é similar e / ou diferente da informaçã o
estã o contidas. Deve preparar as respostas do
apresentada no texto?
seu grupo e apresentar a posiçã o do grupo face aos re-
Uma pequena investigaçã o sobre o sal na historia do seu
stantes.
paí s poderia ajudar nesta questã o
Todos os grupos devem trabalhar as respostas que estã o C – Existem algumas frases caracterí sticas, provérbios,
em todos os cartõ es. etc. na sua lí ngua nacional, que refiram o sal?
1.7 Todo o sal da terra 57
Questõ es Questõ es
a - Existem algumas profissõ es no seu paí s relativas ao a - Quais as semelhanças e diferenças entre as formas de
sal? Descreva-as. utilizaçã o do sal na gastronomia tradicional local e nas
b - Qual delas deixou de existir e porquê? Quais sã o as que prá ticas habituais de cozinha, e as que sã o referidas no
se mantêm até hoje? texto? Conhece mais algumas formas de utilizaçã o?
c - Qual a diferença entre o valor econó mico do sal hoje e b - Tente encontrar receitas tradicionais locais ou nacio-
no passado? Na sua opiniã o, o que mudou? nais nas quais o sal tenhau m papel “central”.
Organize uma visita de estudo á salina mais perto e tente inquirir sobre a sua situaçã o actual e passada.
Observe a á rea e faça fotografias, tire notas, sobre a biodiversidade (flora e fauna), a geomorfologia e outras
caracterí sticas especiais da á rea.
Tente saber que tipo de intervençã o humana é feita nas salinas actualmente, e - se houver alguma - qual o seu
impacto na salina?
Faça entrevistas e procure informaçã o sobre o estado da salina algumas décadas antes em termos de ecossistema, numero
e tipo de pessoas trabalhando na zona, as povoaçõ es ou comunidades mais perto, etc.
Tente encontrar literatura ou evidências histó ricas (referencias bibliográ ficas, monumentos, etc) relacionadas com a sa-
lina.
No regresso, sintetize o que encontrou e edite uma brochura ou um cartaz com a histó ria, o estado actual, problemas que
eventualmente tenha detectado. Tente incluir propostas de soluçõ es para a salina.
1.8 Peixe na `agua 59
cores)?
plos: uvas, resinas folhas de videira, vinho, li- Q Estar consciente do impacto do á lcool na saúde
do homem
As vinhas sã o importantes para o desenvolvimento eco-
nó mico da sua regiã o? Porquê?
De acordo com os seus interesses, escolha um
ou mais tó picos relacionados com vinhas.
Pode optar por um dos que estã o representa- do nosso corpo.
dos no quadro em baixo ou por qualquer ou-
O consumo moderado de vinho por pessoas adultas (ou
tro que lhe ocorra. Inicie a sua “investigaçã o”
seja menos de 15/40 g/dia, para os homens e de 15/30
recolhendo informaçã o sobre o tó pico que escolheu, local
g/dia, para as mulheres) contribui para um melhor fun-
(na sua cidade) ou nacionalmente.
cionamento do coraçã o porque reduz as gorduras acu-
Quando tiver terminado, exponha as suas muladas nas artérias. No entanto, O consumo excessivo
“descobertas”de forma combinada numa car- e de á lcool provoca problemas de saú de, independen-
tolina, de forma a criar um cartaz. Pode incluir temente do tipo de bebida que se consuma. Enfraquece
pequenos textos, fotografias, histó rias, etc. a memó ria e reduz a capacidade de atençã o e de con-
Tudo criado por si! centraçã o, o que pode causar acidentes. Também con-
- Pense numa boa forma ou num bom momento para apre- tribui para o aumento de peso e, no caso de consumo
sentar o seu trabalho: por exemplo, durante uma festa da prolongado pode levar a doenças de fí gado e ao al-
escola, ou num local pú blico, apó s ter comunicado com coolismo.
as autoridades locais.
Enquanto os grupos estiverem a trabalhar nos vá rios tó -
picos, devem estar em contacto permanente uns com os Espécies lo-
outros, afim de articularem as suas descobertas, cais, variedades, cultivo
quando tiverem chegado a conclusõ es sobre as-
pectos relevantes ou para trocarem informaçõ es. O papel da vinha O papel dos solos
em diferentes civiliza- na viticultura e na pro-
O professor deverá ajudar a coordenar esse tra- duçã o de vinho
balho. çõ es mediterrânicas
O
O ÁLCOOL E A SAÚDE
Impactos do vinho na PROJECTO Produtos obtidos a
saú de do homem partir das uvas
DE VINHA
Quer o vinho quer as bebidas espirituosas
contêm á lcool etí lico, vulgarmente conhecido
por á lcool. Quando alguém bebe vinho ou bebi- As vinhas na mi- O papel da vinha na
das espirituosas, o á lcool é absorvido pelo es- tologia e literatura economia
tômago mas sobretudo pelo intestino delgado,
Costumes e
o que faz com que se infiltre no sangue, através
tradiçõ es relacionadas
da circulaçã o sanguí nea, e chegue a todos os ó rgã os
62 Alimentazione Mediterranea tipica
TABLE 2
Azenhas, a forma tradicional de aproveitar a energia da água para a moagem dos cereais em grão depois de colhidos, etc. (Kroussia, Norte da Grécia)
64 Alimentazione Mediterranea tipica
Dividirem-se em pequenos grupos e encontrar informa- A investigaçã o deve incluir recursos bibliográ ficos e de
çõ es sobre os recursos alimentares da proví ncia ou re- Internet, dados do Serviço de Estatí stica e outras insti-
giã o em que a sua cidade ou aldeia pertence. As investi- tuiçõ es relevantes pú blicas ou privadas. Navegaçã o em
gaçõ es deverã o centrar-se sobre a capacidade da regiã o sites de produçã o alimentar locais: exploraçõ es hortí -
1.11 Recursos alimentares 65
colas, exploraçõ es de aves e animais, fá bricas de produ- seus pr prios pratos, tradiç es e produtos locais, bem
çã o de ó leos vegetais, fá bricas de peixe, unidades de como os produtos importados com ra zes no pa s.
transformaçã o de alimentos, fá bricas de conservas, etc. A localizaç o estratégica da Pen nsula Ibérica tem pro-
e registo de dados através de entrevistas aos produtores porcionado a Espanha e a Portugal serem visitados por
para enriquecer o inquérito. in meros povos e culturas. Ibéricos e celtas foram jun-
Apresente as suas conclusõ es num mapa de "produçã o tados pelos fen cios, gregos, romanos, cartagineses, v -
agrí cola" da sua regiã o (veja também o mapa de rias tribos g ticas, v rios contingentes de muçulmanos,
produçã o agrí cola do Mediterrâneo no nº 2 de judeus e os peregrinos que seguiam o caminho pere-
Documento de Apoio para ter algumas ideias). O mapa po- grino de Santiago de Compostela.
de ser bidimensional ou tridimensional! Existe liberdade Da Pérsia os rabes trouxeram laranjas Valência que s o
para usar qualquer material que deseje: cartã o ou cartoli- agora famosas, assim como trouxeram damascos e ou-
tras frutas que fazem-nos lembrar as pessoas de sua ori-
nas (para a base,) papel, artigos de plá stico, argila, cores,
gem pelos seus nomes (as palavras Espanholas para
tecidos, …
identificar muitos frutos começam com o artigo rabe
"al"). Outra contribuiç o culin ria dos rabes é o aç car,
licores e pastelaria de amêndoa. Da direcç o oposta
RECURSOS ALIMENTARES, PAISAGEM E (América) vieram outros géneros aliment cios que se
tornaram pilares da gastronomia espanhola como o to-
INFLU NCIAS DE OUTRAS CULTURAS EM ESPANHA mate e a batata, que eram disseminados pela Europa a
A Espanha tem uma diversidade geogr fica e riqueza partir de Espanha. Todos esses factores têm contribu -
grande, que contém o maior n mero de espécies ani- do para a grande variedade gastron mica de Espanha.
mais da Europa. A diversidade de montanhas e plan - Portanto, é verdadeira a afirmaç o de que a produç o
cies do pa s proporcionam a criaç o de microclimas que de alimentos e pr ticas culin rias n o s o apenas mol-
propiciam excelentes condiç es de cultivo e formas es- dadas pela identificaç o natural de um lugar (paisa-
peciais de preparaç o dos alimentos, como os enchidos gem, recursos, clima, geomorfologia, etc), mas também
de porco ou os embutidos t picos das reas muito secas. pelas pessoas que por l passavam e viviam por algum
Entretanto o patrim nio mar timo da Espanha fez do tempo, trazendo os seus h bitos alimentares e estilos
peixe um elemento regular da dieta. Cada regi o possui culin rios pr prios, juntamente com outros costumes.
solos pouco férteis, etc. Estima-se que a colheita do tri- CORPORAÇ ES RELACIONADAS COM A
go na Grécia falhava um ano em cada quatro. Portanto, PRODUÇ O DE ALIMENTOS E GASTRONOMIA
desde o in cio do século 6 aC os l deres governamen-
NO IMPÉRIO OTOMANO
tais davam muita importância ao cultivo da terra. Eles
recompensavam os camponeses que plantavam novas As corporaç es desempenhavam um papel importante no
oliveiras. Contudo, os cidad os das reas urbanas n o desenvolvimento e conservaç o da gastronomia turca.
tratavam os camponeses com respeito e referiam-se a As corporaç es inclu am caçadores, aguadeiros, jardi-
neiros, pescadores, cozinheiros, açougueiros, queijeiros,
elas com ironia. Atenas, na Grécia Antiga, era uma das
comerciantes de iogurte, etc. Acreditava-se que todas
cidades que recompensava os camponeses por planta-
os comércios principais eram sagrados e a corporaç o res-
rem oliveiras, por produzirem azeitonas e azeite para
pectiva o santo padroeiro. As corporaç es definiam os
as geraç es futuras, mesmo que os pr prios camponeses
preços e controle de qualidade. Em ocasi es especiais co-
n o vivessem tempo suficiente para ter os benef cios mo as festividades de purificaç o para a coroaç o do pr n-
totais. cipe ou feriados religiosos, dispunham os seus produtos
e talentos em desfiles pelas ruas de Istambul.
Lavra da terra com animais: uma prática agrícola primitiva que ainda está em uso nas áreas da periferia urbana do sul do Líbano.
Plano de actividades
A Estude os mapas geofí sicos e produtivos da regiã o me-
diterrânea nº 2 dos Documentos de Apoio.
A Escolha uma parte do mapa mediterrâneo, por exemplo
o seu paí s ou outro, ou uma sub-regiã o, por exemplo
Leste do Mediterrâneo (Médio Oriente).
A Pesquise sobre os produtos alimentares e dietas princi-
pais desta á rea do mediterrâneo ao longo do tempo, ex-
plorando as principais épocas: Épocas antigas, Idades
Médias e Épocas modernas. Deve procurar informaçã o nas
enciclopédias, nos livros do histó ria, nos jornais, na
Internet, nos museus, etc.. Deve também usar a informa-
çã o que encontrar neste livro.
(!) Durante a sua pesquisa, tente incluir todas as civi-
lizaç es que surgiram na regi o focada pelo seu traba-
lho, e suas influências na produç o alimentar e nas die-
tas locais
depen-
vos bizantinos
Uma dieta A dieta dos po e per-
Introduçã o
do tomate,
moderada, asse social a qu
Banquete, o dia muito da cl viam;
batata, beri
ngela, etc.
valor de co- ; a regiã o do império onde vi meados do sé
mer em com tenciam c. 19 AC
panhia
e a religiã o.
Pré-histó rico Perí odo Clá ssico e Helénico, Romano Medieval, Grego e Romano Do Renascimento ao mundo moderno
es sul e do
ais, pã o e tart ncias da costa Este teste
A Muitos cere As fortes influê õ es ti- padrã o c
te do M ed iterrâneo. As refeiç apó s o sé ontinuou
e favorita es portância e
c. 15 DC a
té
A Peixe, a carn pro- uma grande im
do séc. 20
DC. meados
incipal fonte de veram sempre todas as
A Legumes, a pr social Quase
forte cará cter
teí na especia- m pã o e azeite
o, sal marinho, refeiçã o inclue
A Vinagre, ó le
ho
rias, cebola e al as
en as durante as fest
A Carne: ap sobr em esas
nos doces e
A Mel e figos: seiros
o diá rio A Muita carn A Fornos ca azeites
A Vinho: consum e e caça o, cebolas e
A Grã os, pã A Muito pã
o, diariamen
te nte as festas as
A Ovos e pei
xes A Carne dura e á reas cost
eiras basead
a das ilh as
A Azeite: uso
restrito A Cozinh
arisco
em peixe e m
2.1 A dieta Mediterrânea através do tempo
73
74 Il rituale nella cuccina Mediterranea
Nos casamentos de camponeses gregos é tradicionalmente servido o “gamopilafo", um prato que incluí uma matança de galinha, cabra ou cabrito ou os três, que
depois é preparado e cozido com arroz, como um símbolo para abençoar com sangue o casamento.
“souvla”, nacos de carne de cordeiro no espeto grelha- podem apenas comer e beber no per odo da noite.
dos e servidos batatas e salada. M sicas, danças tradi- Porém, h alguns muçulmanos a quem n o quem n o é
cionais, atirar ovos e virar o cordeiro de P scoa no es- obrigat rio fazer jejum: mulheres gr vidas, parteiras,
peto fazem parte da celebraç o. viajantes, crianças pequenas e outros s o exclu dos do
A época da colheita começa no final de Agosto com jejum.
amêndoas, uvas para vinho e azeitonas. Os cipriotas Existem 2 dias festivos importantes para os muçulma-
celebram a época da colheita com festivais da uva, pre- nos. Um deles é o "Eid Al-Fitr", celebrado ap s o longo
parando “souzoukos” (doces) e “palouzzes” (pudim de jejum do Ramad o e o "Eid Al-Adha", uma celebraç o de
uvas fermentadas). Depois da colheita da alfarroba as 4 dias quando os muçulmanos de todo o mundo aba-
pessoas deliciam-se com o “pastelli”, um doce de mel tem uma ovelha, vaca, ou cabra e oferecem como sa-
com sementes de sésamo ou amêndoas e calda de va- crif cio, de acordo com os costumes tradicionais islâ-
gem de alfarroba cozida que é barrada em fatias de p o micos. Esta festividade é também chamada de "Festa
fresco. Faz-se o vinho novo; a “koumantaria” é um dos
do Sacrif cio". Comemora a obediência de Abra o quan-
vinhos mais antigos conhecidos no mundo.
do se dispôs a sacrificar o seu filho Ismael em nome de
Deus. O acto de sacrificar um animal, quase sempre
AS FESTAS E JEJUNS ISL MICOS uma ovelha, representa o arrependimento e uma sole-
Um dos pilares do islamismo é o jejum durante o mês ne promessa de fazer o bem sobre a terra. A carne é par-
do Ramad o. Durante todo esse mês é proibido comer tilhada com os vizinhos e distribu da pelos necessita-
ou beber desde o nascer até ao pôr-do-sol. As pessoas dos.
2.3 Os recipientes Mediterrânicos para comida 77
2.3 Os recipientes
Mediterrânicos para comida
Materiais Recursos energéticos utilizados na culiná ria, no passado;
Plano de actividade O b j e c t i v o s
A Considera importante os "rituais" diá -
Q Explorar a variedade e a arte dos recipientes
Mediterrâneos para comida
rios relacionados com a alimentaçã o, como
a preparaçã o e partilha das refeiçõ es?
A Cozinhar é para si uma forma de se ex-
Q Descobrir os usos diá rios dos recipientes no pas-
sado e no presente
pressar?
A É uma forma de aprender sobre a sua cultura e, even- Q Reconhecer os recipientes para comida como com-
tualmente, sobre outras culturas? ponentes do patrimó nio cultural e tradicional em
A Existe algum prato tradicional que você gostaria de ter, todos os paí ses mediterrâneos
de tempos a tempos?
A Você tem na sua casa ou na sua cidade uma forma par- Q Adoptar uma atitude positiva contra o comércio ile-
ticular de comer? É um costume relacionado com religiã o
gal de objectos antigos
ou outro? Por exemplo, uma forma tradicional de alimen-
taçã o para os muçulmanos é usar sua mã o direita, senta- Q Ter prá tica na recolha de informaçã o histó rica
dos em torno de um grande recipiente contendo alimen-
tos. Q Adquirir experiência na observaçã o de exposiçõ es
Q Valorizar o lugar de cozinha e da cerâmica no
patrimó nio cultural mediterrânico
TAGINES MARROQUINAS
Tagines s o os recipientes de barro utilizados na culi-
n ria marroquina. Tradicionalmente eram utilizados
para cozinhar os alimentos sobre o carv o. Podem ser
também usadas sobre chamas de g s. H também tagi-
nes comum visual moderno, que tem um acabamento As formas de conservaçã o e armazenamento dos alimen-
mais limpo e algumas simples decoraç es. Ambos os ti- tos no passado;
pos est o dispon veis em v rios tamanhos, a partir de As utilizaçõ es dos utensí lios através do tempo, na sua re-
20 cent metros para ser servido individualmente, até giã o, por exemplo: que tipo de utensí lios eram usados
40 cent metros para os grandes encontros. nos tempos antigos? Quando apareceu a colher, a faca e o
garfo? Porquê? Foi, Por exemplo, por causa de outra civili-
zaçã o?
Encontre informaçõ es, imagens, fotogra- Pode encontrar informaçõ es através de referências e da
fias, etc. sobre prá ticas tradicionais de cu- Internet, bem como a partir de: Museus de Arte
liná ria da sua cidade ou aldeia concentran- Tradicional; Seus avó s e outros mais velhos da casa;
do-se em: Entrevistas aos mais velhos para saber por exemplo: Sobre
as formas de conservaçã o e armazenamento dos alimen-
Aparelhos de cozinha, equipamentos, tigelas, copos ou ca-
tos, recursos energéticos que usavam para cozinhar, for-
necas, panelas, tachos e frigideiras, outros utensí lios;
mas de decorar a mesa, utensí lios utilizados, etc.
78 Il rituale nella cuccina Mediterranea
Apresente os seus resultados num cartaz. Compare as suas promoçã o da histó ria regional baseada na alta qualida-
conclusõ es sobre o passado e o presente. O que permane- de de reproduçõ es de descobertas arqueoló gicas locais.
ceu semelhante e o que mudou? Porquê?
Descubra mais informaçã o
Procure antigos potes para armazenamento sobre comércio ilegal de po-
e transporte de alimentos em vá rios luga- tes e vasos.
res da sua casa, bem como nas casas mais
Isso é um grande problema no
antigas. Tente entrevistar os seus pro-
seu paí s?
prietá rios sobre os seguintes pontos:
A Desde quando têm o pote? Tente despertar a con-
sciência da sociedade
A Tem alguma forma, tamanho ou cor especial? Descreva-o.
local sobre essa
A Será que tem um nome local particular? matéria, começan-
A Como foi feito e com que materiais? do com as
A Qual é a sua origem? visitas
á sua
A Qual a sua utilizaçã o original?
expo-
A Como deixou de ser usado? siçã o.
A Quais sã o as suas actuais utilizaçõ es?
A É caro? Como é comparado em relaçã o com ao seu
preço original?
A Como é comparado com semelhante potes antigos?
IGUARIAS ÁRABES
AS iguarias rabes têm influências das experiências do
Mediterrâneo e do “deserto” dos povos do Norte de
frica e do Médio Oriente. Elas s o preparadas basica-
mente com pouca gua, de forma a que a carne e os le-
gumes fervem no seu pr prio molho; poucas outras es-
peciarias s o adicionadas. A dieta consiste principal-
mente em vegetais, como espinafres, eggplants, cour-
getes, tomates, pimentos, leguminosas (gr o) e arroz.
Também é rica em produtos l cteos – queijo fresco, na-
tas, leite e iogurte. Os pratos frequentemente contêm
cebola, legumes, manteiga e tomates cozidos. Os cal-
dos contêm um ou mais tipos de produtos hort colas,
juntamente com leguminosas ou gr os, carnes e salsa
s o caracter sticos e podem constituir uma refeiç o
completa. A carne é assada, e geralmente é recheada
com legumes, ou grelhada. H também v rios tipos de
tartes. Por considerar-se que todos as iguarias devem
ser suculentas e macias, o leite, manteiga ou as natas
s o produtos frequentemente utilizados na sua confec-
ç o. Um grupo especial de pratos chama-se "meze", uma
iguaria servida com bebidas (n o alco licas) mais fre-
quentemente durante o Ramad o. Alguns destes pratos
consistem em simples alimentos crus, sopas ou pratos
mais complicados. O prato servido com mais frequên-
cia chama-se "halva", é feito com farinha frita sobre a
qual o "sherbet" ( gua e aç car caramelizado) é derra- Servindo comida tradicional egípcia.
mado. Os doces orientais mais tradicionais s o o "back-
lava", tulumba, kadaif, e tufahija, e s o encontrados feita de uma maneira diferente. Consiste em min sculos
por toda a frica do Norte, Médio Oriente, Turquia, gr os de massas (em v rios tamanhos e com nomes di-
Grécia e nos Balc s. A sua origem perdeu-se na hist ria; ferentes), cozidos em vapor e servidos, como o arroz,
alguns s o semelhantes às receitas dos bizantinos, ro- como acompanhamento para carne ou frango, bem co-
manos ou mesmo da antiga Grécia, Egipto e mo legumes e batatas. Pode até ser preparado para so-
Mesopotâmia. bremesas, com calda, canela, tâmaras e passas. O
Coscous conserva-se durante meses ou mesmo anos
PRATOS JORDANOS sem se estragar, que é uma grande vantagem em pa -
ses onde a colheita pode por vezes falhar devido aos
O prato nacional chama-se mansaf, um ensopado de frequentes per odos de chuvas inadequadas e baixas
borrego cozidos num molho de iogurte e servido numa temperaturas.
cama de arroz. Maglouba é um guisado de carne, pei-
xe ou legumes servido com arroz, e musakhan é um pra-
COZINHA MARROQUINA
to de frango, cozinhado com cebola, azeite e sementes
de pinheiro. Esta é assada no forno em p o rabe. A cozinha marroquina é marcada pela mistura de espe-
Também popular é o famoso sheish kebab do Médio ciarias encontradas nas iguarias: cominhos, pimenta
Oriente, espetadas de pedaços de borrego ou frango preta, paprika, açafr o, canela, gengibre, sésamo, etc.
marinado com tomates e cebolas, grelhadas no carv o. Entre os pratos mais famosos encontram-se: Couscous,
Bastilla, Tajine, Mechoui, Kabab e soupa de Harira. A
COUSCOUS refeiç o geralmente começa com saladas quentes e
frias, que s o seguidos por uma tagine ou guisado. O
Couscous é a base dos pratos t picos do Magrebe, os prato principal, muitas vezes cordeiro ou frango é se-
pa ses do Mediterrâneo do Norte de frica Ocidental. guido por um prato de couscous com carne e legumes
Noutros s pa ses de l ngua rabe, pode ser chamado de em cima. É comum para ps marroquinos comer com as
Mughrabiyyah, “o prato Magrebe". Geralmente é feito m os e usar o p o como utens lio.
de farinha de trigo, mas em determinadas regi es pode A bebida mais popular é ch hortel , um dos rituais im-
ser feito com cevada, milho, bolotas e farinha de mi- portantes do dia, sempre acompanhado com frutos se-
lho-mi do. Cuscuz é um produto similar a massa, mas cos, bolos, e um bolo feito de amêndoas e aç car.
84 Dieta Mediterranea e consumatori moderni
Carne
Peixe
Aves
Ovos
Legumes / leguminosas
Leite
Queijo
Iogurte
Pã o & cereais diversos
(massas, arroz, etc.)
Raí zes (batatas, etc.)
Água
Bebidas quentes (chá , etc.)
Acqua
Bevande calde (the, ecc)
Azeite
Banha
Doces
Pirâmide alimentar mediterrânica feita por estudantes do ensino secundário em Istambul (Projecto SEMEP)
86 Dieta Mediterranea e consumatori moderni
Perguntas modelo*
Crie dois grupos. O primeiro trará de casa co- e comentá rios sobre os há bitos alimentares da popu-
mida tradicional caseira e o segundo trará fast- laçã o de hoje.
food. Compare-os em termos de sabor, preço
(custo), valor nutritivo, calorias, etc. Numere cada item ali-
mentar, de acordo com uma escala de 0 a 10.
*
Nota: "mai" in questo contesto significa anche "raramente"
88 Dieta Mediterranea e consumatori moderni
Famí lia
Amigos
Moda
Religiã o
Tradiçã o
Situaçã o Econó mica / preços
Estaçã o do ano
Publicidade. Favor especificar os meios:
imprensa, rá dio, televisã o, Internet, etc.
Outra…
3.3 Pesquisar sobre a alimentação 89
Q Identificar as vantagens da adubo composto de Resí duos dos materiais a serem utilizados para o adubo
restos de alimentos composto:
A Alimentos Crus e cozidos (verduras, legumes, frutas)
Q Adquirir prá tica em fazer adubo composto A Cascas de vegetais
A cascas de ovos esmagadas
Q Estar envolvido em actividades ambientais A saquetas de chá e de café papel, borra de café
amigá veis A papel de cozinha
A Cinzas (da lareira)
Q Apreciar o valor dos desperdí cios, se gerido de A Pequenas folhas e flores
forma sustentá vel A terra, estrume
A Os resí duos nã o devem conter:
A Carne e produtos animais
A Plá stico, metais, vidro: podem ser reciclados!
Materiais
Resí duos orgânicos: restos cozinha e jardim (ver abaixo). Plano de Actividade*
Caixa ou depó sito: caixas de madeira ou de plá stico com
muitas aberturas nas laterais, de modo a permitir a entra- 1. Coloque a caixa num canto plano do seu jardim, quintal
da do ar suficiente para o seu conteú do. ou varanda, protegido da chuva. Coloque-o numa grade
ou uma base só lida com aberturas para filtrar.
2. Cortar os resí duos recolhidos em pedaços pequenos - o 12. O composto produzido nã o deve ser utilizado de ime-
mais pequeno possí vel - e molhá -los com á gua. diato: espere algumas semanas ou até três meses.
3. Revista a caixa com jornal; desta forma poderá infiltrar 13. Use o adubo composto produzido no jardim da sua ca-
melhor a humidade e tornar mais fá cil esvaziar a caixa. sa ou da sua escola.
4. Aplique uma camada de resí duos dentro da caixa.
5. Cubra a primeira camada de resí duos com uma cama-
da fina de terra ou estrume.
ALGUMAS SUGESTÕES IMPORTANTES:
6. Continue a aplicar alternadamente camadas de resí -
duos e de estrume até acabar e cubra a caixa. Q A fim de acelerar o processo pode-se usar uma mis-
7. Meça a temperatura da mistura todos os dias: tura especial que facilita a fermentaçã o. Essa
Vai descobrir que, durante os primeiros dias a temperatu- mistura encontra-se essa mistura em viveiros de
ra subirá rapidamente e mais tarde, ela permanecerá es- plantas (sementeiras).
tá vel durante um curto perí odo de tempo. Pode explicar
por quê? Q Certifique-se que a sua mistura é fornecida com o
adequado abastecimento regular de ar e á gua.
8. Humidifique regularmente a mistura colocando uma
quantidade relativamente pequena de á gua. Q Os primeiros resí duos devem ser cortados em
9. Quando a temperatura começa a diminuir retire o ma- pedaços muito pequenos.
terial para fora da caixa, molhe-o com á gua e mexa-o com
uma pá de lixo de forma a permitir entrar o ar. Q Se a sua caixa de adubo tiver maus cheiros adicione
papelã o e papel amassado; isto reduz a humidade
10. Coloque o material na caixa e meça a temperatura.
e permite uma decomposiçã o mais arejada; o con-
Nos dias seguintes a temperatura irá aumentar novamen- trá rio produz gases mal cheirosos.
te e, de seguida, ficará estabilizada.
11. Repita os passos (9) e (10), quando a temperatura co-
meçar a diminuir novamente.
Geralmente o adubo composto fica pronto em cerca de 7-
8 meses. O aspecto final do adubo composto será pareci- Tente entrar em contacto com as organizaçõ es ambienta-
do com farelos de terra mas sem o seu conteú do original. listas que implementaram actividades de compostagem e
Se ficarem pequenos pedaços de resí duos no adubo pe- campanhas relevantes, para saber sobre as suas experiên-
neire-o para parte melhorar a sua aparência. cias (resultados, obstá culos, etc.). Em colaboraçã o com
eles, explore formas para iniciar uma campanha similar en-
volvendo a sua escola e a comunidade local.
Compostiera tipica
92 Dieta Mediterranea e consumatori moderni
A. Quando descasco uma banana ou como uma barra de chocolate ou bebo uma
chá vena de chá nã o penso sobre a pessoa que a desenvolveu.
B. A vida é dura para todos nó s, nã o creio que os problemas dos produtores
tenha algo a ver comigo.
C. O que eu escolho comprar tem um impacto na minha vida, bem como
na vida de outras pessoas.
D. Sejamos realistas: se eu pagar mais por um produto rotulado de comércio
justo nã o irei salvar os pobres do mundo.
E. As minhas escolhas enquanto consumidor podem fazer a diferença,
por exemplo: Na melhoria da qualidade de vida dos produtores pobres.
F. As nossas escolhas colectivas enquanto consumidores podem fazer a diferença,
por exemplo: Na melhoria de vida dos produtores pobres.
3.5 Comércio de alimentos: é ou não é justo? 93
Histó rias de produtores* tora de chá na Í ndia. É um trabalho á rduo, mas nos
ú ltimos anos a vida tem melhorado. O proprietá rio
PRODUTOR BANANA A agora vende chá s através do Comércio justo. Usamos
algum dinheiro extra do Comércio justo para comprar
Eu planto bananas numa plantaçã o de grande escala na uma ambulância. A maior diferença é o dinheiro estar a
América Central. O nosso salá rio é muito baixo. Os pes- ser usado para fornecimento de electricidade para as
ticidas pulverizados sobre as bananas podem ter terrí - casas dos trabalhadores. Isto significa que as mulheres
veis efeitos colaterais, que podem tornar os homens es- têm agora mais tempo - nã o têm de recolher lenha, e as
téreis. As mulheres que trabalham no sector de emba- casas sã o livres de fumo - que é saudá vel para todos
lagem de bananas sofrem o dobro da taxa normal de nó s. Antes de haver electricidade muitas pessoas ti-
leucemia. Os bebés nascem deformados. Nó s nã o so- nham problemas respirató rios, muitas mulheres ti-
mos donos de nenhumas terras, de mo- nham abortos espontâneos e complicaçõ es
do que trabalhar nas plantaçõ es é a nos nascimentos. Outra vantagem é
nossa ú nica maneira de ganhar a vida. que as crianças têm luz para estudar
O Comércio à noite.
PRODUTOR BANANA B Justo encoraja as
Eu planto bananas numa pessoas a comprar alimen- CULTIVADOR DE CACAU A
plantaçã o na Costa Rica. Desde tos que tenham permitido aos produtores co-
Quando o preço do cacau baixa,
que aderimos ao Comércio Justo
brar preços justos. Esses preços cobrem os cu-
stos de produçã o, uma recompensa social pa- temos de tomar decisõ es difí -
o nosso salá rio aumentou. Isto ceis. Poderemos ter de deixar de
ra os grupos de produtores que invistam em
significa que a vida melhorou mandar as nossas crianças para a
negó cios ou no desenvolvimento da co-
bastante para nó s; que podemos escola, e só nos podemos dar ao
munidade, amizades duradouras e
arcarcom as despesas relativas á pagamentos adiantados. luxo de comprar medicamentos pa-
á gua canalizada e electricidade. ra os membros da famí lia que têm
O meio ambiente também melhorou. trabalho remunerado. Nã o sã o apenas
Resí duos plá sticos sã o reciclados e pode- as pessoas que adoecem – insectos como o
se caminhar ao redor das plantaçõ es de banana da farinha podem destruir grande parte da colheita
sem cheirar produtos quí micos. Isto significa que a de cacau por ano, se nã o estivermos aptos a cuidar das
nossa saú de tem melhorado. As ervas daninhas sã o ex- plantas adequadamente.
traí das manualmente ao invés de usar herbicidas no- Outro problema sã o os comerciantes que nos ludi-
civos, e os trabalhadores foram enviados para cursos briam, nem sempre pesam o nosso cacau de forma jus-
de formaçã o. O Comércio Justo deu-nos a oportunida- ta ou pagam em dinheiro. Nã o conseguimos crescer ,
de de nos ajudarmos a nó s pró prios - podemos olhar nem somos capazes de competir no mercado deles.
em frente para o futuro, em vez de nos perguntarmos
como é que iremos sobreviver.
CULTIVADOR DE CACAU B
* Resource: "Fairtrade in your school ED1, April 2005, The Fairtrade Foundation.
94 Dieta Mediterranea e consumatori moderni
PARTES MATÉRIA-PRIMA
ITEM
DO ITEM DOS INGREDIENTES TRANSFORMAÇÃO
Trigo transformado
Pã o enrolado Pã o Cultivo de em farinha no Trigo da quinta De casa para Restos do pã o
com queijo enrolado trigo numa moinho. para o moinho, o mercado de queijo
quinta Farinha para a fá brica e do mercado enrolado
transformada de pã o, para casa (se houver),
em pã o na para vender embalagem
fá brica de pã o
causadas por alimentos inadequados, desnutriçã o e má que dependem. É uma visã o limitada a exploraçã o co-
nutriçã o, obesidade, etc. Foque-se na regiã o mediterrâ- mercial por um pequeno nú mero de empresas que estã o
nica. nivelando as florestas no mundo para produtos comerciais,
como a madeira para mó veis e papel, ou a reconversã o
Q Leia atentamente as declaraçõ es da pá gina anterior. das terras para plantaçã o de produtos primá rios ou para
Indique o nú mero de acordo com a sua opiniã o.
criaçã o de gado. Tais prá ticas fornecem aos paí ses do
Norte o consumo de mercadorias, deixando todos os cus-
tos sociais e ambientais para o sul. Para preservar um fu-
A Discuta as suas respostas com outros membros de seu
turo comum, o ambiente deve ter prioridade. Cada um de
grupo. Qual as diferenças entre elas?
nó s pode ajudar, incentivando a produçã o sustentá vel e
A Tente entender o que está por trá s de cada resposta. questionando o nosso pró prio consumo.
Nã o se apresse a tirar conclusõ es precipitadas e nã o se
esqueça que nã o há respostas certas ou erradas.
AGRICULTURA ADEQUADA
A Com a ajuda de seu professor elabore e classifique as
suas respostas num diagrama, que apresenta as principais Nã o há uma rá pida soluçã o para á reas com escassez ali-
causas da desnutriçã o e subnutriçã o. mentar – cada regiã o tem as suas soluçõ es especí ficas. A
Revoluçã o Verde foi frequentemente atacada pelas elites
A Debata com o seu grupo possí veis formas de combater
ricas que afastam os pequenos agricultores fora do merca-
as questõ es de segurança alimentar, incluindo questõ es
do. Em muitos paí ses a agricultura comercial incentivada
como: subnutriçã o, alimentaçã o inadequada e doenças
com subsí dios, continua a avançar rapidamente com o
de origem alimentar.
seu arsenal de poluentes quí micos e pesticidas resistentes
De que forma os cidadã os, individualmente ou em comu- às pragas e declinando rendimentos. As verdadeiras res-
nidade, podem contribuir para esses objectivos? postas sã o outras, com os agricultores que fazem o me-
Leia o texto seguinte, que apresenta as principais estraté- lhor uso das suas terras, combatendo as pragas com méto-
gias da FAO para melhorar a segurança alimentar. dos de controlo bioló gico natural, cultivando uma varie-
dade de culturas para manter o solo fértil, e guardando as
melhores sementes para futuras safras. Para que os seus
ESTRATÉGIAS DA FAO PARA MELHORAR A esforços tenham sucesso têm de ser capazes de tomar as
SEGURANÇA ALIMENTAR suas pró prias decisõ es. Demasiadas vezes os governos, as
COMÉRCIO JUSTO empresas agrí colas e os decisores polí ticos, do outro la-
do do globo, controlam a agenda da agricultura.
Os termos do comércio internacional favorecem o Norte. O
mundo rico mantém o Sul ligado a mercadoria produçã o
primá ria, colocando barreiras alfandegá rias para os pro- IGUALDADES DE DIREITOS PARA AS MULHERES
dutos manufacturados.
As mulheres herdam todas as desvantagens e nenhum po-
As barreiras para o sector têxtil e vestuá rio sozinhas cus- der. No entanto, elas fazem a maior parte do trabalho
tam ao paí ses pobres $53 biliõ es por ano em perdas co- agrí cola em muitas partes do mundo. Eles trabalham mais
merciais - isto equivale ao total de todos os auxí lios oci- horas do que os homens - ainda que 70% dos adultos do
dentais para o sul. Ironicamente, a manutençã o da po- mundo sejam mulheres pobres. Quatrocentos milhõ es de
breza no Sul significa que os paí ses pobres podem com- mulheres em idade fértil pesam menos de 45 kg – a sua
prar menos bens manufacturados do que os ricos Nã o exis- saú de deficiente é um importante factor contribuinte pa-
te nada como o mercado "livre"; o que temos de lutar é por ra problemas de saú de sofridos pelos seus filhos. A melhor
um comércio justo. O primeiro passo é estar informado e maneira de combater a fome das mulheres é por melhorar
tomar decisõ es sá bias como consumidores e investidores. o acesso ao trabalho remunerado justo e à terra. Nos paí -
Como cidadã os, podemos opor-nos ao comércio desleal e ses “desenvolvidos” muita mulheres ganham metade do
transmitir essa oposiçã o aos nossos dirigentes polí ticos. que os homens. Muitas vezes, os seus trabalhos nã o sã o
considerados como trabalho. As mulheres produzem me-
tade dos produtos alimentares do mundo, mas ganham
PROTECÇÃO AMBIENTAL apenas 1% das terras cultivadas. A educaçã o também me-
lhora o controlo da mulher sobre a sua fertilidade, saú de
O excesso de populaçã o no Sul tem sido frequentemente
e padrõ es de qualidade de vida.
culpabilizado pela catá strofe ecoló gica. De facto, os po-
bres têm mais vantagens na preservaçã o dos recursos de
98 Dieta Mediterranea e consumatori moderni
REFORMA AGRÁRIA CONSTRUÇÃO DA COMUNIDADE
Ricette Mediterranee
PASTA ALLA SORRENTINA nas receitas da antiguidade romana.
Existem muitos cozinheiros que afirmam que "paella" é o Ao caldo de peixe podem ser eventualmente acrescenta-
prato mais "usurpados” da cozinha mediterrânica ". A prin- das batatas e legumes diversos, tais como: aipo, cebola, e
cipal razã o é que o arroz normalmente utilizado é um tipo às vezes tomate. Antes de servir o boulliabaisse deve-se
de arroz americano em vez do arroz calaspara espanhol. adicionar uma fatia de pã o frito em ó leo polvilhado com
Na verdade, paella é muito semelhante a um bom “risoto” alho. Finalmente, a sopa é servida juntamente com peixes
tí pico Italiano. Assim como o risoto, a paella tem que ser e um molho picante chamado "roille" contendo alho e pi-
preparada e servida imediatamente. Em Valência, é um mentõ es picantes vermelhos.
há bito os homens cozinharem paella no jardim, todos os
domingos. O nome Paella tem origem no
nome da sertã de duas pegas utilizada pa-
ra a confeccionar, que se encontra em todos
as casas espanholas. Há no entanto uma
teoria que diz que o seu nome vem da ex-
pressã o á rabe que significa restos de ali-
mentos que podem ser reutilizados para
um novo prato.
Normalmente, as carnes ou o peixe incluí -
dos na paella sã o semi-cozidos previamen-
te, e o caldo da sua cozedura é utilizado pa-
ra cozinhar o arroz. O arroz deve ser cozido
na sertã tentando preencher até 1,5 a 2 cm
e nã o mais; se os convidados forem mais,
pode haver necessidade de preparar duas
Paellas diferentes. A tí pica paella nã o
contem necessariamente marisco. A recei-
ta tradicional é feita com coelho, frango,
caracó is e legumes sazonais. Paella com
peixe é chamada "caldero" e servida com
"alioli", um molho picante contendo: alho,
sal e ó leo. A Paella é servida quente na ser-
tã em que foi cozinhada.
O "BOUILLABAISSE"
vimento. No entanto, muitos comerciantes do Comércio jus- justo serã o bons parceiros para os seus esforços de desen-
to aceitam plenamente as realidades do mercado e opõ em- volvimento.
se a todas as formas do proteccionismo disfarçado. Contudo, é bastante admitido o seguinte:
A Os lucros do Mercado sã o demasiado pequenos para te-
COMO FUNCIONA O COMÉRCIO JUSTO rem um maior impacto nos padrõ es gerais de vida no que
diz respeito ao desenvolvimento dos paí ses. Mesmo que
As organizaçõ es de Comércio justo usam cinco ferramen- seja expandido significativamente, apenas no má ximo 20%
tas para contribuir para o desenvolvimento: dos consumidores estarã o dispostos a pagar mais pelos pro-
dutos do Comércio justo. Isto limita possí veis expansõ es.
(I) Prémios dos Preço. Os produtos do Comércio justo têm, A Produzir mais produtos de baixos preços para abastecer
por vezes, preços mais elevados do que outros. Parte da di- em excesso os mercados adia o que realmente é necessá rio
ferença reverte a favor para das comunidades dos produto- para o desenvolvimento: diversificaçã o das exportaçõ es e
res, no sentido de melhorar as condiçõ es de trabalho. valores acrescentados em vez de depender de mercadorias e
(II) Certificaçã o e rotulagem. As normas visam melhorar a artesanato. A descoberta de uma nova soluçã o para desen-
qualidade dos produtos, as condiçõ es de trabalho, a sus- volver comunidades com viabilidade social permanece em
tentabilidade ambiental, o desenvolvimento empresarial e dú vida.
a formaçã o. Os ró tulos da Europa (Max Havelaar, TransFair, A Mercados ricos podem fazer mais para os paí ses pobres,
Fairtrade Mark e Rättvisemärkt) sã o coordenados pela FLO. permitindo maiores quantidades de produtos normalmen-
te quotados em seus mercados.
(III) O Micro-crédito ajuda a pequenos produtores iniciarem A Organizaçõ es de certificaçã o podem eliminar os inter-
projectos de Comércio justo.
mediá rios, mas nã o podem devolver os lucros totais aos
(IV) O apoio técnico inclui o desenvolvimento empresarial, agricultores. Comércio justo é um nicho de mercado caro pa-
informaçã o sobre comércio, aconselhamento sobre as nor- ra manter, porque precisa de constante promoçã o e exige
mas de qualidade, a formaçã o em novas técnicas, etc. consumidores educados. Os custos do grande marketing
sã o uma das razõ es pelas quais as compensaçõ es do
(V) A Advocacia é um elemento importante para o marke-
Comércio justo nã o revertem na totalidade aos produtores.
ting do comércio justo, com a imagem corporativa e mensa-
A Existem muitas diferentes nas normas e critérios, e pouca
gem sobre comércio justo encontrada virtualmente em cada
discussã o fora das pró prias organizaçõ es. Portanto, os con-
embalagem. Mas as organizaçõ es de comércio justo nã o
sumidores nã o podem decidir de qualquer modo se o co-
sã o as ú nicas beneficiá rias. Por exemplo, os
mércio é realmente justo.
Supermercados consideram os ró tulos do comércio justo
ú teis para o marketing do nicho de consumidores que es- Nem todos os produtores do Comércio Justo sã o membros
tã o dispostos a pagar mais pelo preço do café que garante da FLO, por exemplo, a Rugmark e a Clean Clothes
aos produtores um preço justo. Campaign. As pró prias normas podem cobrir as condiçõ es
O apelo nã o é apenas á caridade. Alguns advogados do co- de trabalho e as medidas ambientais (ou nã o), bem como
mércio justo defendem fortemente o comércio justo como os preços está veis.
sendo um modelo de negó cios, que utiliza a qualidade am-
biental como ponto referencial de venda, muitas vezes, ao DESAFIOS PARA OS PRODUTORES DO COMÉRCIO JUSTO
mesmo preço que os produtos convencionalmente comer-
cializados. Como alternativa para os pró prios produtores, eles vêm um
futuro mais prometedor, mas também concordam que exis-
tem inú meras melhorias a
PRÓS E CONTRAS Fazer. As organizaçõ es de Comércio Justo precisam de iden-
tificar novas
O Comércio justo aponta para as seguintes vantagens no fontes de desenvolvimento, ganhar credibilidade com os
desenvolvimento: consumidores através de um melhor controlo da qualidade
A Os produtores obtêm um ní vel de vida decente; ganhar e encontrar o equilí brio entre as operaçõ es empresariais e
competências e conhecimentos necessá rios; obtêm acesso advocacia.
ao crédito; encontram informaçã o sobre assistência técni- As organizaçõ es de importaçã o necessitam de construir
ca e mercado; aprendem sobre comércio e adquirem expe- uma marca maior de fidelidade face à concorrência, identi-
riência em exportaçã o. ficar novas fontes de desenvolvimento fora dos supermer-
A Melhores preços para os agricultores nã o aumenta os cados e cooperar mais uns com os outros.
custos dos consumidores, ma vez que as organizaçõ es de Organizaçõ es de certificaçã o e rotulagem necessitam de
comércio justo eliminam os intermediá rios através da ges- gerir o seu rá pido crescimento, uma vez que é prová vel a
tã o de todas as operaçõ es entre a produçã o e a venda. sua continuaçã o. Precisam de encontrar formas inovadoras
A Consumidores fazem parte da promoçã o do consumis- de cooperar com empresas multinacionais, por estas terem
mo consciente.
um grande interesse na rotulagem no comércio justo, em-
Os crí ticos á s vezes tratam o comércio justo como se este bora permanecendo crí ticas nas prá ticas comerciais.
fosse oferecer uma soluçã o abrangente para os problemas Também precisam de encontrar um equilí brio entre a re-
do desenvolvimento. Isso pode iludir os estrategas que con- gulamentaçã o e o excesso de regulamentaçã o do comér-
siderem que de qualquer modo os comerciantes de comércio cio justo por organismos oficiais.
104 Cibo Mediterraneo
A participação do Teatro
O teatro, sendo uma forma de Arte que alia o conheci- Se se queixa tem raz o
mento ao l dico e a investigaç o ao prazer, pode desempe- Quando lhe colhem a baga,
nhar um papel importante na acç o pedag gica que se pro- Deitam – lhe a rama ao ch o
jecta.
Prop e – se: Oliveiras, oliveiras,
Escrita de textos referentes a cada um dos produtos em es- Oliveiras, olivais,
tudo e divulgaç o: azeite, p o, vinho, carne, legumes, pei- S o mais as penas que tenho
xe, frutas, agua, sumos… Que as azeitonas que dais
Os textos devem conter aspectos hist ricos de cada produ-
to – descoberta, utilizaç o através dos tempos, relaç o m Oliveira pequenina
e boa com a sa de, etc. Que azeitona pode dar ?
Os professores / monitores montam a peça com os alunos, Uma cesta até duas
que deve ter a duraç o m xima de 30 minutos e deve ser J é muito carregar
seguida de debate.
Na montagem da peça n o esquecer que ela ser sempre Os amores da azeitona
mais eficaz se tiver em conta a cultura e tradiç es popula- S o como o milho mi do;
res de cada pa s ou regi o. Por isso, é evidente que deve ha- Em se acabando a azeitona
ver recolha de canç es, danças, provérbios e pequenas his- L v o amores, l vai tudo!
t rias sobre o produto em estudo.
A t tulo de exemplo, envio um texto sobre O AZEITE que
talvez constitua uma base de trabalho poss vel para este 2. DOENTE ENTRAPADO
projecto.
Criança com braço partido, Mulher com v mitos, coxos,
tristes, loucos, apaixonados.
O AZEITE Benzeduras com bruxas e azeite num pires com àgua ( des-
cobrir o mau olhado, dar felicidade… )
Canç o – a aparecer pontualmente durante o espect culo e Três to deram, três to tiraram
no final Foi S. Miguel, S. Jo o e Nossa Senhora
Gl ria à P tria, ao Esp rito Santo, men.
A oliveira pequena Se to botaram pela frente te cure S. Vicente
Que azeite pode dar ? Se foi por tr s te cure S. Br s
Sou filho dum homem pobre Se foi de lado te cure S. Bernardo
Que amores posso tomar ? Se foi em pensamento te cure S. Bento
3. ADIVINHAS
Jogo e relaç o com o p blico
Do tamanho duma abelha
Enche a casa até à telha
Lâmpada de azeite
Verde foi meu nascimento
De luto me vesti
Para dar a luz ao mundo
Mil tormentos padeci
Azeitona
Qual é coisa
Qual é ela
Que é doce como o mel
E amarga como o fel ?
Azeitona
Qual é coisa Qual é ela
Que por cima do prato
Rodeia devagarinho
Untando um bom almocinho ?
Azeite
Qual é coisa qual é ela
Do tamanho duma bolota
Que enche a casa até à porta ?
Lâmpada de azeite
4. CANÇ ES
( Desgarradas/ de ceguinhos)
5.MOFINA MENDES
Texto cl ssico de Gil Vicente
106
G L O S SG RIO
ALO SSA I AT
D ERIYP O F T I E P R O D O T T I A L I M E N TA R I T I P I C I D E L M E D I T E R R A N E O
Albanês Árabe Croata Francês Grego Hebreu/Judeu Italiano Maltês Português Sérvio Esloveno Espanhol Turco Inglês
Geral
ushqim ta’am hrana nourriture τροφή ohel cibo ikel alimento hrana hrana alimento yiyecek food
φαγητό alimento comida comida
Cibo Mediterraneo
uji maun voda eau νερό mayim acqua ilma água voda voda agua su water
vakt wajba obrok repas γεύμα aruhah pasto ikla refeição obrok obrok comida yemek meal
jelo jelo
mëngjes futur doručak petit πρόγευμα aruhat prima fatra pequeno- doručak zajtrk desayuno kahvaltı breakfast
déjeuner boqer colazione almoço
dreka ghidaun ručak déjeuner γεύμα aruhat seconda almoço ručak kosilo almuerzo öğle yemeği lunch
çaj čaj tzohorayim, colazione merienda tea
aruhat arba
ha drake ishaun glavni dîner δείπνο aruhat pranzo ikla jantar večera večerja cena akşam dinner
ha darkë obrok souper erev cena ceia yemeği supper
večera
Meze wajba saria zalogaj casse- κολατσιό nishnush, spuntino ikla żgħira petisco užina prigrizek bocado atıştırmalık snack
e lehtë nešto croûte aruhah mata-bicho tentempié
prigristi qalah piscolabis
pojesti
laki obrok
marenda
sanduiç shatira sendvič sandwich σάντουιτς qarikh tramezzino sanduíche sendvič sendvič sándwich sandviç sandwich
sandwich sandes
sheqerkë halwa slastica bonbon γλυκό suqariyah caramella ħelu caramelo bombona sladica caramelo tatli sweet
e ëmbël bombon bonbon bombom bonbon şekerleme candy
Pratos
meze muqabilat meze ορεκτικά manah antipasto antipast acepipe predjelo predjed tapas meze hors
predjelo μεζές rishonah aperitivo meze d’oeuvres
supë shurba juha soupe σούπα maraq zuppa soppa sopa supa juha sopa çorba Soup
potage brodo
minestra
mish mazij varivo ragoût μαγειρευτό tavshil, stufato stuffat guisado gulaš dušena jed estofado güveç Stew
i shterur gulaš civet hamin, umido estufado obara guisado
žgvacet nezid,
buzara cholent,
(scamp) tfina
žgvacet goolash
salcë salsa šalša sauce σάλτσα rotev salsa zalza salsa sos omaka salsa sos sauce
me lëng sos sugo refogado gravy
mishi umok ragù
šug
Albanês Árabe Croata Francês Grego Hebreu/Judeu Italiano Maltês Português Sérvio Esloveno Espanhol Turco Inglês
sallatë salata salata salade σαλάτα salat insalata salada salata solata ensalada salata salad
ëmbëlsirë halawiyat desert dessert επιδόρπιο qinu’ah dolce deżerta sobremesa desert desert postre tatlı dessert
buding puding dessert poslastica puding puding pudding
lugë murabba džem confiture μαρμελάδα ribah, marmellata compota slatko marmelada mermelada reçel jam
me reçel kompot gelée γλυκό qonfiturah confettura geleia džem žele spoon sweet
e ëmbël slatko κουταλιού, marmelada pekmez jelly
pelte žele ζελέ marmelada marmalade
marmalatë marmelada kompot
Alimentos
de cereais
drithë hubub žitarice céréale δημητριακό daiyssah cereale ċereali cereal žitarice žitarice cereal tahıl cereal
žitne
pahuljice
grurë qamh pšenica blé σιτάρι hitah grano qamħ trigo pšenica pšenica trigo buğday wheat
frumento fermento
milingonë blé farro trigo žito dvozrnica farro gernik emmer
amidonnie amido
r
elb sha’ir ječam orge κριθάρι se‘orah orzo xgħir cevada ječam ječmen cebada arpa barley
oriz orz riža riz ρύζι orez riso ross arroz pirinač riž arroz pirinç rice
miser sha’ir kukuruz maïs καλαμπόκι tiras mais qamħirrun milho kukuruz koruza maíz mısır maize
drithëra dura zrno granturco tatlı mısır corn
drithëra dura halwa slatki frumentone sladka sweetcorn
të ëmbla dura hindi kukuruz ko-ruza Indian corn
drithëra palenta
indiane pura
thekër khurdal raž seigle σίκαλη shiffon segale centeio raž rž centeno cavdar rye
miell daqiq brašno farine αλέυρι qemah farina dqiq farinha brašno moka harina un flour
brumë ’ajin tijesto pâte ζύμη batzeq pasta għaġina massa testo testo masa hamur dough
valjušak
bukë khubz kruh pain ψωμί lehem pane ħobż pão hleb kruh pan ekmek bread
pite khubz lepinja πίτα pita focaccia ftira pão-pita pogača pita, pide pita
bukë bila soman fooqatziah lepinja lepinja flat bread
petashuqe khamira pogača somun
pita pita
pizza pica
bukë khubz bijeli kruh άσπρο ψωμί lehem pane bianco ħobż abjad pão branco beli hleb beli kruh pan blanco beyaz ekmek white bread
e bardhë abiyad lavan
kek ka’aka kolač gâteau κέικ, oogah, torta kejk bolo kolač torta tarta kek cake
majhosh voćni kolač τάρτα tort dolce torta torta turta tart
pashteda
Glossary of typical Mediterranean food products and meals
107
108
Albanês Árabe Croata Francês Grego Hebreu/Judeu Italiano Maltês Português Sérvio Esloveno Espanhol Turco Inglês
biskota biskuit keks galette μπισκότο oogiyah, biscotto gallettina bolacha keks piškot bizcocho bisküvi biscuit
ëmbëlsira muhala čajni biscuit vaffel, galletta biscoito čajni kolačić keks galleta kurabiye cookie
kolačićbisk bisqvit biskvit
vit piškota
baškot
mornarski
Cibo Mediterraneo
dvopek
kek fatair halwa torta gâteau κέικ, oogah, pasta għaġina tal- doces torta torta, pastel kek cake
paste makhbuzat kolači pâtisserie πάστα, ma’afeh pasticcino ħelu pastelaria kolač slaščica pasta pastry
fritule γλύκισμα poslastica
makarona ’ajain tjestenina pâtes ζυμαρικό pasta, pasta għaġin testenina testenine pastas makarna pasta
itriyot
Carne
mish lahm meso viande κρέας basar carne laħam carne meso meso carne et meat
dhjamë shahm mast graisse λίπος shooman grasso xaħam gordura mast maščoba grasa yağ fat
dihn banha gordo
llukanik naqaniq kobase saucisse λουκάνικο, naqniq, salsiccia zalzett salsicha kobasica klobasa, salchicha sosis sausage
sallam salame saucisson σαλάμι salami, salame enchido salama salama salchichón salam salami
pršut boudin pastrami, embutido
auffschnit
mish lope lahm govedina boeuf βοδινό baqar manzo ċanga carne de junetina govedina carne de sigir eti beef
baqari carne di bue vaca govedina vaca
teletina
mish hamal janjetina agneau αρνί qeves agnello ħaruf cordeiro jagnjetina ovčetina cordero kuzu eti lamb
qengji da’in borrego
mish keci jadiun jaretina chevreau κατσίκι basar eizim capretto cabrito jaretina kozletina cabrito keçi kid
oglak
mish derri khanzir svinjetina porc χοιρινό hazir, maiale majjal carne de svinjetina svinjina cerdo domuz eti pork
basar lavan porco porco prasetina
mish pule dajaj kokoš poulet κοτόπουλο off, pollo tigieg carne de piletina piščanec pollo tavuk chicken
pile tarnegolet, frango pile
piletina pargit
Marisco
peshku samak riba poisson ψάρι dag pesce ħut peixe riba riba pez balık fish
pescado
ton tun tunj thon τόννος, toona tonno tonn atum tunjevina tuna atún orkinos tunny
tuna tuna bonite παλαμίδα palamita palamida bonito torik tuna
trup palamut bonito
prugavac
peshku samak jaglun espadon ξιφίας pesce spada pixxispad espadarte sabljarka mečarica pez espada kılıç balığı swordfish
shpatë abu sif peixe-espada
skumbri samak plavica maquereau σκουμπρί, qolias scombro kavall cavala skuša skuša caballa uskumru mackerel
bahri skuša κολιός squmbran lanzardo estornino kolyoz
lokarda
Albanês Árabe Croata Francês Grego Hebreu/Judeu Italiano Maltês Português Sérvio Esloveno Espanhol Turco Inglês
sardele sardin sardela sardine σαρδέλα sardin, sarda sardin sardinha sardela sardela sardina sardalya pilchard
srdela tarit sardina sardine
srdjela
bakalaro al-qad bakalar cabillaud μπακα- baqala merluzzo bakkaljaw bacalhau bakalar polenovka bacalao morina cod
morue λιάρος stoccafisso
baccalà
oktapod al-ikhtabut hobotnica poulpe χταπόδι tamnoon polpo qarnita polvo hobotnica hobotnica pulpo ahtapot octopus
kallamar sabadig lignja encornet καλαμάρι diyunon calamaro siċċa lula lignja ligenj calamar kalamar squid
calmar
sepia sabadig sipa seiche σουπιά sevida, seppia lula sipa sipa jibia supya cuttlefish
diyunon choco chipirón
karavidhe jarad jastog langoustine καραβίδα hasilon scampo gamblu camarão jastog kozica langostino kerevit langoustine
karkalec al-bahr hlap crevette γαρίδα gambero gamba škamp rak camarón karides crayfish
deti gambari kozica bouquet gamberetto lagostim jastog gamba prawn
gafore škamp mazzancolla carabineiro cigala shrimp
quisquilla
Grãos/legu
minosas
fasule ful akhdar bob fève κουκί ful fava fava bob bob faves bakla broad bean
e madhe φάβα haba fava bean
fasule laba major
pllaqi pacae
fasule fasulya grah haricot φασόλι shu‘it fagiolo fażola feijão pasulj fižol poroto fasülye haricot bean
mujafafa fažol borlotti feijão fríjol kidney bean
bažul cannellini catarino judia
feijoca
barbunje fasulya mahune haricot αμπελο- shu‘it fagiolino vagem boranija stročji fižol fríjol ateş otu runner bean
khadra fažolet d’Espagne φάσουλο yeruqah fagiolo feijão-flor ayocote string bean
trešnjevac φρέσκα di Spagna feijão-de- judia green bean
šareni grah φασολάκια espanha escarlata snap bean
zeleni grah
qiqër humus čič pois chiche ρεβύθι humus cecio ċicra grão-de-bico leblebija čičerka garbanzo nohut chickpea
čičvara etc. garbanzo
naut bean
bathë julban leblebija pois indien λούβιο lubyah fagiolo d’ labe-labe indijski poroto de mısır lablab bean
al-hindi egipatski Egitto pasulj Egipto börülcesi bonavist
grah chivata bean
fasule qore lubya crni grah mongette μαυρο- shu‘it fagiolo feijão-de- crni pasulj črni grah fríjol negro börülce black-eyed
cornille μάτικα shehorah dall’ occhio corda caupí pea
feijão-miúdo chicharo de cowpea
vaca calavance
bizele bazila grašak pois μπιζέλι afunah piselli piżella ervilha grašak grah guisante bezelye pea
petits pois arvejita
Glossary of typical Mediterranean food products and meals
chicharo
109
110
Albanês Árabe Croata Francês Grego Hebreu/Judeu Italiano Maltês Português Sérvio Esloveno Espanhol Turco Inglês
thierza ’adas leća lentille φακές adashim lenticchia għazza lentilha sočivo leča lenteja mercimek lentil
tirmis vučika lupin λούπινο turmus lupino tremoço obrnika volčin altramuz acı bakla lupin
chocho
Vegetais
Cibo Mediterraneo
patate batata krumpir pomme de πατάτα tapu’ah patata patata batata krompir krompir papas patates potato
batatis terre γεώμηλο adamah, patata
patate tapud
karrota jazar mrkva carotte καρότο gezer carota zunnarija cenoura šargarepa korenje zanahoria havuç carrot
karrotta
panxhar chamandar blitva bette κοκκινο- seleq barbabietola pitrava beterraba blitva rdeča pesa betabel pancar chard
repa blette γούλι repa betteraga beet
cikla betterave παντζάρι cvekla remolacha beetroot
domate tamatim rajčica tomate ντομάτα agvaniah pomodoro tadama tomate paradajz paradižnik tomate domates tomato
pomidor
paradajz
patëllxhan bazinjan patlidžan aubergine μελιτζάνα hatzil melanzana brunġiela beringela plavi jajčevec berenjena patlican aubergine
melancana paradajz eggplant
balancana patlidžan
sallatë khus zelena laitue μαρούλι hasah lattuga ħass alface zelena salata zelena solata lechuga marul lettuce
jeshile salata salade
marule salata
glavatica
salata
ledenka
lakër e malfuf kupus chou λάχανο kruv cavolo kaboċċa repolho kupus zelje col lahana cabbage
bardhë al-akhdar zelje
raštika
brokoli sabanikh prokula brocoli μπρόκολο broccoli broccolo brokkli brócolos prokelj brokoli brécol brokkoli broccoli
qarnabit brokula brokula bróculi calabrese
lule lakre malfuf karfiol chou-fleur κουνουπίδι keruvit cavolfiore pastarda couve-flor karfiol karfijola coliflor karnıbahar cauliflower
al-abyad cvjetača
kavul
spinaq isfanakh špinat épinard σπανάκι tered spinacio spinaċi espinafre spanać špinača espinaca ispanak spinach
kungull khiyar krastavac concombre αγγούρι melafefon cetriolo ħjara pepino krastavac kumara pepino hıyar cucumber
qepë basal crveni luk oignon κρεμμύδι batzal cipolla basla cebola crni luk čebula cebolla soğan onion
kapula crveni luk
ljutika
hudhër tum bijeli luk ail σκόρδο shum aglio tewm alho beli luk česen ajo sarmısak garlic
češnjak
Frutas
frut fakiha voće fruit καρπός peyrot frutto frott fruto voće sadje fruta meyva fruit
ulli zaytun maslina olive ελιά zayit oliva żebbuġ azeitona maslina oliva oliva zeytin olive
maslinka
rrush inab grožđe raisin σταφύλι anav uva għeneb uva grožđe grozdje uva üzüm grape
Albanês Árabe Croata Francês Grego Hebreu/Judeu Italiano Maltês Português Sérvio Esloveno Espanhol Turco Inglês
fiku tin smokva figue σύκο te’ena fico tin figo smokva figa higo incir fig
hurma tamr datulja datte χουρμάς tamar dattero tamal tâmara urma datelj dátil hurma date
datula
portokalli burtuqal naranča orange πορτοκάλι tapu’ah arancia larinġa laranja pomo- pomaranča naranja portakal orange
narandža zahav, randža china turunç
tapuz narandža
limoni laimun limun citron λεμόνι limon limone lumija limão limun limona limón limon lemon
pjeshka duraq breskva pêche ροδάκινο afarseq pesca ħawħa pêssego breskva breskev alberchigo şeftali peach
khukh melocotón
molla tuffah jabuka pomme μήλο tapu’ah mela tiffieħa macã jabuka jabolko manzana elma apple
dardha ijas kruška poire αχλάδι agas pera lanġasa pera kruška hruška pera armut pear
kumithra απίδι
kajsia mishmish kajsija abricot βερίκοκο mishmish albicocca berquq alperce kajsija marelica albaricoque kayısı apricot
marelica damasco damasco zerdali
kumbulla barquq šljiva prune δαμάσκηνο shezif prugna pruna ameixa šljiva sliva ciruela erik plum
mirabelle κορόμηλο susina
qershia karaz višnja cerise κεράσι duvdevan ciliegia ċirasa cereja višnja češnja cereza kiraz cherry
vishnja trešnja griotte βύσσινο trešnja višnja vişne
maraska
arra jauz kokosov noix ινδοκάρυδο qoqus noce di cocco ġewż coco kokosov kokos nuez Hindistan coconut
e kokosit al-hind orah de coco tal-indi orah de coco cevizi
pjepri shamam dinja melon πεπόνι milon melone bettieħa melão dinja melona melón kavun melon
popone
shalqin batigh lubenica pastèque καρπούζι avati’ah cocomero dulliegħa melancia lubenica lubenica sandía karpuz watermelon
al-ahmar melon d’eau bostan
banana muz banana banane μπανάνα bananah banana banana banana banana banana banana muz banana
Frutos
secos, nozes
stafidhe zibib grožđica raisin sec σταφίδα tzimuq uva passa żbib uva passa suvo grožđe rozine pasa kuru üzüm raisin
rozina
arra jauz orah noix καρύδι egoz melekh noce ġewż noz orah oreh nuez ceviz walnut
juvia
nuez de
nogal
bajame luz badem amande αμύγδαλο shaqed mandorla lewż amendoim badem mandelj almendra badem almond
mandula
fistik fustuq pistacija pistache φυστίκι fistuq pistacchio pistaċċa pistácio pistaćo pistacija alfóncigo antep fıstığı pistachio
pistač
tršlja
lajthia bunduq lješnjak noisette φουντούκι luz nocciola ġellewż avelã lešnik lešnik avellana fındık hazelnut
kharub rogač caroube χαρούπι haruv carruba ħarrub alfarroba rogač rožič algarroba keçi carob
Glossary of typical Mediterranean food products and meals
Albanês Árabe Croata Francês Grego Hebreu/Judeu Italiano Maltês Português Sérvio Esloveno Espanhol Turco Inglês
Produtos,
bebidas
vaj ulliri zit maslinovo huile d’olive ελαιόλαδο, shemen zayit olio d’oliva żejt taż- azeite maslinovo oljčno olje aceite de zeytinyağ olive oil
al-zaitun ulje λάδι żebbuġa ulje oliva
Vaj dawar suncokret tournesol ηλιέλαιο hamaniah girasole girassol suncokret sončnica girasol ayçiçekyağ sunflower
luledielli al-shams
Cibo Mediterraneo
qumështi halib mlijeko lait γάλα halav latte ħalib leite mleko mleko leche süt milk
laban
gjalpi zubda maslac beurre βούτυρο hemah burro butir manteiga puter maslo manteca tereyağ butter
djathi jubn sir fromage τυρί gevinah cacio ġobon queijo sir sir queso peynir cheese
formaggio
kosi laban jogurt yaourt γιαούρτι yogurt, yogurt iogurte jogurt jogurt yogur yogurt yogurt
al-raib leben, eshel
zabadi
veza baid jaje oeuf αβγό beitzah uovo bajda ovo jaje jajce huevo yumurta egg
mjalti ’asal med miel μέλι dvash miele għasel mel med med miel bal honey
lëng ’asir sok jus χυμός mitz succo meraq sumo sok sok zumo şurup juice
frutash (fawaki)
verë khamr vino vin κρασί yayin vino inbid vinho vino vino vino şarap wine
nabiz
birra bira pivo bière μπύρα beerah birra birra cerveja pivo pivo cerveza bira beer
ju’a
sheqer sukkar šećer sucre ζάχαρη suqar zucchero zokkor açúcar šećer sladkor azúcar seker sugar
çokollatë shukulata čokolada chocolat σοκολάτα shokoladah cioccolata ċikkulata chocolate čokolada čokolada chocolate cikolata chocolate
kafe kahwa kava café καφές qafeih caffè café café kafa kava café kahve coffee
çaj shai čaj thé τσάι teih tè te chá čaj čaj té çay tea
Aromas,
especiarias
kripë melh sol sel αλάτι melah sale melħ sal so sol sal tuz salt
piper fulful papar poivre πιπέρι pilpel pepe bżar pimenta biber poper pimienta biber pepper
al-aswad
kanella qarfa cimet cannelle κανέλα qinnamon cannella kannella canela cimet cimet canela tarcin cinnamon
arre jauz al-tib Muškatni noix μοσχο- egoz musqat noce moscata noċemuska noz muskatno muškatni nuez muskat nutmeg
moskati orah muscade κάρυδο ta moscada orašče orešček moscata hint cevizi
susam simsim sezam sésame σουσάμι sumsum sesamo ġunġlien sésamo susam sezam sésamo susam sesame
ajonjolí
piper i kuq fulful feferon piment fort πιπεριά pilpel harif peperoncino bżar aħmar pimentão ljuta čili, pimiento kırmızı biber chilli
piper al-sudani čili chili κόκκινο papričica pekoča rojo red pepper
jegës harr crvena πιπέρι paprika chile hot pepper
paprika καυτερό ají
ljuta πιπέρι
paprika
– BIBLIOGRAFIA –
World” Book A, Mitsotakis K. (transl.), National Bank of Greece
Cultural Foundation, Athens (in Greek).
μraudel F., Aymard M., Coarelli F. “The Mediterranean the space and
BIBLIOGRAFIA DA INTRODUÇÃO the history”, Advella E. (transl.), Alexandria Publications (in Greek).
Council of Europe (2005) “Culinary practices of Europe- Identity, di- Charvet J-P.(2006) “The diet on the Planet”, Kodona A. (transl.),
versity and dialogue”, Council of Europe Publishing. Larousse (in Greek).
Loumakou . Sarafidou . Kordoutis P., Barbopouloy D. (2003) Estela T., Marcuello C., Iglesias A., European Environmental Agency
“Teachers attitudes and diet education in school” Mentoras (Greek (1996) “Water Resources Problems in Southern Europe” Topic Report
Journal), Issue 9, Spring-Summer 2006. 15, Inland Waters.
Matsagouras . (2006) “Teaching Strategies & The critical thinking in Margat J. and D.Valee (2000) Blue Plan (MAP/UNEP) “Mediterranean
teaching practice” Gutenberg Publ., Athens (in Greek). Vision on Water, Population and the Environment” Document pre-
pared in the framework of the MEDTAC/GWP process «Water in the
Scoullos M. & V. Malotidi (2004) “Handbook on methodology used in 21st Century: Vision to Action».
Environmental Education & Education for Sustainable
Development”, ISBN: 960-88033-1-4, MIO-ECSDE, Athens. Modinos M. (ed.) (2001) “The eco-geography of the Mediterranean”,
DIPE, Athens, 2001 (in Greek).
UNECE (2005) “Strategy for Education for Sustainable Development”
adopted at the High-level meeting of Ministers of Environment and Scoullos M. & V. Malotidi (2004) “Handbook on methods used in
Education of UNECE Member States in Vilnius (Lithuania) on 17 Environmental Education & Education for Sustainable
March 2005. Development”, MIO-ECSDE, Athens.
UNESCO (1983) “Nutrition Education Case Study Experiences in Sideris I., (ed.) (2005) Sustainability and Environment – the Islands in
Schools” Nutrition Education Series, Paris. the 21st century”, Athens (in Greek).
UNESCO (1988) “Manual for Developing a Nutrition Education Zylemenou-Marouli . (2005) “Environment & Culture in Antiquity –
Curriculum” Nutrition Education Series, Paris. The case of the Aegean Sea” Sustainability & Environment, Sideris I.
(ed.) Athens.
UNESCO “International Implementation Scheme of the UN Decade
on Education for Sustainable Development” (January 2005 -
December 2014), Paris, 2005. BIBLIOGRAFIA DO TERCEIRO CAPÍ TULO
Williams . Williams T., Moon A. (1994) «Food, environment and Benoit G. & A. Comeau (2005) “A Sustainable Future for the
health - A guide for primary school», FAO. Mediterranean”, The Blue Plan’s Environment & Development
Outlook, Earthscan, London.
BIBLIOGRAFIA DO PRIMEIRO CAPÍ TULO Charvet J-P. (2006) “The diet on the Planet”, Kodona A. (transl.),
Larousse (in Greek).
Council of Europe (2005) “Culinary practices of Europe- Identity, di-
versity and dialogue”, Council of Europe Publishing. EEA (2005) “Household consumption and the environment”,
European Environmental Agency Report, No 11, 2005.
Dalby Andrew & Sally Grainger (1996) “The Classical Cookbook”
London: British Museum Press. Galanos D.S. (1977) “Topics of Food Cheminstry” (in Greek).
Daniel Zohary, Maria Hopf (2001) “Domestication of Plants in the Old Garrow J. S., W. P. T. James, A. Ralph (2000) “Human nutrition and
World: the origin and spread of cultivated plants in West Asia, Europe dietetics, London, Churchill Livingstone.
and the Nile Valley” Oxford: Oxford University Press. KEPKA (2006) “Greek consumers’ dietary habits”, Pah-hellenic
Davidson A. (1981) “Mediterranean Seafood” Harmondsworth: Research for the diet, KEPKA, 2006 (in Greek).
Penguin. Peeters A. (1997) Questions and Answer Series, No2 “Agriculture &
Davidson A. (1999) “The Oxford Companion to Food” Oxford: Oxford biodiversity”, Council of Europe, Council of Europe Publishing.
University Press. Pilo M., De Paz M., Matricardi G. (2001) “Teaching/Learning Modules
Felipe Fernandez-Armesto (2001) “Food: a history” London: on the Mediterranean region: Food, Plants/Trees/Woods and
Macmillan. Biodiversity: An Italian contribution” Notes for SEMEP Programme,
University Of Genoa.
Hugh Johnson's (1989) “Story of Wine” London: Mitchell Beazley.
Jeanguyot M. et M. Seguier-Guis (2004) “L'herbier voyageur: Recycling “Integrated Product Policy”, Issue 53, Jan-March 2005 (in
Histoire des fruits, legumes et epices du monde” Editions Plume de Greek)
carotte. Serman D. (2006), Correspondence for the Mediterranean Food edu-
Peter Gamsey (1999) “Food and society in Classical Antiquity” cational project.
Cambridge University Press. Serra Majem L. (2002) “Changing patterns of the Mediterranean diet
Solomon Katz, ed. (2003) “Encyclopedia of Food and Culture” New in children and adolescents” in the “9th Meeting on Mediterranean
York: Thomson Gale. Diet and Health”, Brijuni Islands, Croatia 12-15 September 2002.
Special Eurobarometer 186 (2003) “Health, Food and Alcohol and
BIBLIOGRAFIA DO SEGUNDO CAPÍ TULO Safety” (EC, 2003)
Benoit G. and A. Comeau (ed.) (2005) “A Sustainable Future for the Summary of the “Ninth Meeting on Mediterranean Diet and Health”
Mediterranean, The Blue Plan's Environment & Development organized by the Croatian Academy of Medical Sciences, the
Outlook” Plan Blue. Croatian Ministry of Health and Croatian National Institute of Public
Botsford & Robinson (1995) “Hellenic History”, Tsitsonis S. (transl.) Health, Brijuni Islands, Croatia 12-15 September 2002.
4th Edition, National Bank of Greece Cultural Foundation, Athens Trichopoulou A. (2002) “The Mediterranean Diet: the Past and the
(in Greek). Present” in the “9th Meeting on Mediterranean Diet and Health”,
Braudel F., (1993) “The Mediterranean and the Mediterranean Brijuni Islands, Croatia 12-15 September 2002.
TUNZA “The UNEP Magazine for Youth” Special Issue “Food & the organized by the Croatian Academy of Medical Sciences, the
environment”, Vol.1, No 3. Croatian Ministry of Health and Croatian National Institute of Public
UNEP “Resource Kit on Sustainable Consumption and Production”, Health, Brijuni Islands, Croatia 12-15 September 2002.
2004. The Mediterranean Sea a source of life, Education Kit, MEDASSET,
UNEP (1996) “Life Cycle Assessment: What it is and How to do it”, Athens, 2002.
ISBN 92-807-1546-1 UNEP. Trefor Williams, Alysoun Moon, Margaret Williams (1990) “Food, en-
UNESCO (2002) “Teaching and Learning for a sustainable future”, vironment and health, a guide for Primary School teachers”, FAO.
Multimedia teacher education programme, Paris. TUNZA “The UNEP Magazine for Youth” Special Issue “Biodiversity”
Willett Walter C. (2001) “Eat, Drink and Be Healthy- The Harvard TUNZA “The UNEP Magazine for Youth” Special Issue “Food & the
Medical School Guide to Healthy Eating” Fireside Editions. environment”, Vol.1, No 3.
UNEP “Resource Kit on Sustainable Consumption and Production”,
BIBLIOGRAFIA DAS ACTIVIDADES 2004
Benoit G. & A. Comeau (2005) “A Sustainable Future for the UNESCO (2002) “Teaching and Learning for a sustainable future”,
Mediterranean”, The Blue Plan’s Environment & Development Multimedia teacher education programme, Paris.
Outlook, Earthscan, London. UNESCO-UNEP Environmental Education Series 3 (1986)
Council of Europe (2002) No2 “Agriculture & biodiversity” (leaflet) “Educational module on conservation and management of natural
Council of Europe (2005) “Culinary practices of Europe- Identity, di- resources” Division of Science, Technical and Environmental
versity and dialogue”, Council of Europe Publishing. Education ED83/WS.38, Paris.
“Earth, humans and the challenges of a sustainable future”, educa- UNESCO Nutrition Education Series 16 (1988) “Manual for develo-
tional material, Greek Ministry of Education and Goulandris ping a Nutrition Education Curriculum”, Division of Science, Technical
Museum, Athens, 2004 (in Greek). and Environmental Education ED88/WS.42, Paris.
Gialoussi M. (2000) “Inviting Chemistry for dinner”, Savallas UNESCO Nutrition Education Series 8 (1984) “The UNESCO resource
Publications, Athens (in Greek). pack for nutrition teaching-learning” Division of Science, Technical
and Environmental Education ED81/WS.65, Paris.
Green Pack, Regional Environmental Center, 2001.
UNESCO Nutrition Education Series 1 (1983) “Nutrition Education:
Home Economics, School books of the 1st and 2nd grade of Greek
Case Study Experience in Schools” Division of Science, Technical and
High-School., Athens, 2001 (in Greek).
Environmental Education ED82/WS.112, Paris.
J. S. Garrow, W. P. T. James, A. Ralph (2000) “Human nutrition and
UNESCO-UNEP Environmental Education Series 21 (1992)
dietetics, London, Churchill Livingstone.
“Environmental Education Activities for Primary Schools-
Jeanguyot M. et M. Seguier-Guis (2004) “L’ herbier voyageur: Histoire Suggestions for making and using low-cost equipment” Division of
des fruits, legumes et epices du monde” Editions Plume de carotte Science, Technical and Environmental Education, Paris.
Kokkotas P. & K. Plakitsi (ed.) (2005) “Museum education and UNESCO-UNEP, IEEP Environmental Education Series 30 (1994) “An
Teaching Science”, Patakis Publications, Athens. environmental education approach to the training of middle level
Kremezi A. (2004) “Recipes and stories for restless cooks” Patakis teachers: a prototype programme”, Paris.
Publications, Athens (in Greek). UNESCO-UNEP Training kit on sustainable lifestyles “Youthxchange”
McKeown R. (2002) “Education for Sustainable Development Vassala V. & E. Flogaites (2004) “The world of the sea”, Metaihmio
Toolkit” 2nd version. Publications, Athens (in Greek).
Middleton H. (2003) “Ancient Greece professions” Savallas Willett Walter C. (2001) “Eat, Drink and Be Healthy- The Harvard
Publications, Athens (in Greek). Medical School Guide to Healthy Eating” Fireside Editions.
Peter Garnsey (1999) “Food and society in Classical Antiquity” Wm. Alex McIntosh (1996) “Sociologies of food and nutrition”,
Cambridge University Press. London, Plenum Press.
Pilo M., De Paz M., Matricardi G. (2001) “Teaching/Learning Modules
on the Mediterranean region: Food, Plants/Trees/Woods and
Biodiversity: An Italian contribution” Notes for SEMEP Programme, SÍ TIOS DA INTERNET
University Of Genoa. www.arab.net
Ross K., Lakin L, Gallaghan P. (2002) “Teaching Secondary Science - www.epa.ci.au/students/activities_lifecycle (EPA Victoria for stu-
Constructing meaning and developing understanding”, David Fulton dents)
Publishers, London. www.open2.net/home (Learning / History and the Arts / History /
Scoullos M. & V. Malotidi (2004) “Handbook on methods used in Explore - food timeline - just the facts)
Environmental Education & Education for Sustainable http://cuisinesmed.lafriche.org/index2.html (Conservatoire interna-
Development”, MIO-ECSDE, Athens. tional des cuisines mediterraneennes)
Scoullos M. (2001) “Environmental education related to the abate- www.fairtrade.net, www.eftatrade.org, www.fairtrade.org.uk
ment of Poverty and Hunger” MIO-ECSDE, Athens.
Scoullos M., Alampei A., Boulouxi A., Malotidi V., Vazaiou S., (2001)
“Water in the Mediterranean” educational package, MIO-ECSDE &
GWP-Med, Athens.
Scoullos M. & D. Papadopoulos (2003) “Waste in our life”, Students
Activities, MEdIES, MIO-ECSDE, Athens (in Greek).
Summary of the “Ninth Meeting on Mediterranean Diet and Health”