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(contos)
Severino Figueiredo
PQ
- Mama...
- Hum.
Ciço subiu no sofá, foi quando olhou pro muro entre casas. Carreira pras pernas da
avó:
– Quem disse?
– Esquece!
– Cícero!
– A senhora também é?
Samona saiu e voltou mais o comer. Sentou-se falando da noite passada, Bira
tinha broxado.
PÁ-PÁ-PÁ-PÁ-PÁ
Nalva botou a TV no mudo e desceu das chinelas. Foi pro portão pé ante pé.
Encarou o olho mágico. PÁ-PÁ-PÁ. Virou-se arregalada pra Samona. Fez mimicas
de cala boca e de faca cortando goela. Voltou molhadinha pra sala, aos sussurros:
- E agora?
PÁ-PÁ-PÁ
Daí três minutos corria porta afora, passando em poeira pelo porteiro. Chegou
aqui cinco e cinco, quando desceu as correias dos ombros:
- Manteiga?
- Bote.
Na ponta do carro de mão Raimundo esperava o voo. Num solavanco Mira ergueu
a panela na altura dos peitos, a massa rebolou no ar e caiu com o lado cru na
frigideira. O boy gaitou com a aterrissagem. Entregue o troco a mulher ouviu o de
sempre:
Amália veio esticando o corpinho desde o título do texto: uma mão no cano
amarelo pra aprumar o cabo dos pés e a outra correndo o ar em coisa de vôlei:
A mulher correu pra porta traseira, desceu não sem meter tapa na mesa:
– Bicho fuleiro!
Deram fim ao bicho com fogo. A noite passou com Claudionor de olho abuticado.
Afastou os móveis da parede, sacudiu colchão, fronha, lastro; varreu o quarto pela
primeira vez no ano. Deitou-se. Revistou a cama umas quatro vezes na
madrugada.
Daí pra frente, dias de cautela. Tudo era escorpião pra Claudionor. Muriçoca,
prego, mancha de merda na toalha. Não andou mais descalço. Aspirava o sofá
toda manhã; no almoço, ia de concha furada com medo do bicho tá no caldo do
feijão. Encasquetou com a buceta da namorada. Vistoriou tanto a região que
Vilma suspirou, foi a primeira vez que ele fez a boyzinha gozar.
Quinze dias depois, no bebedouro, ouviu:
- Áries é fogo, bicho, é pavão puro. Eu sou mais oculto, sou escorpião.
Claudionor desceu três murros no galego. Não deu mais porque os guardas da
Universidade chegaram. Onor inda ameaçou o boy:
Severino Figueiredo