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CAMPO NATIVO
A produção animal no Rio Grande do Sul tem como base alimentar o campo nativo, o que torna as pastagens
naturais a principal fonte de alimento para os ruminantes. Um dos motivos associados à desistência da
atividade pecuária por parte dos produtores é a associação equivocada entre a baixa produção da pecuária e
o campo nativo; o que ocorre, porém, é uma exploração inadequada deste recurso natural. Mas a
otimização da produção animal pode ser alcançada através de técnicas de manejo simples, como o ajuste de
carga animal (kg PV) em função da oferta de forragem (kg MS/100 kg PV). Além disso, deve-se utilizar o
diferimento, que além de permitir o acúmulo de forragem, permite a sementação das espécies nativas e
exóticas introduzidas. A roçada para limpeza do campo, e a introdução de espécies hibernais. Além das
práticas citadas de manejo do campo nativo, a produção pode ser favorecida pela suplementação estratégica
dos animais. Assim, por exemplo, o uso de um sal proteinado torna possível minimizar, evitar a perda, ou
mesmo obter ganho de peso durante o outono-inverno, momento crítico para a pecuária aqui no Estado
(Genro e Nabinger, 2007).
1. Ajuste de carga animal
O ajuste da carga animal é a adequação da carga animal (kg PV) à disponibilidade de forragem (kg MS/ha).
Importante saber que a oferta de forragem é a quantidade de pastagem ofertada ao animal, e é dada em kg
MS/100 kg de peso vivo. Assim, 8% de oferta de forragem (8 kg de matéria seca para cada 100 kg de peso
vivo) para um animal de 300 kg, significaria ofertar 24 kg de MS ao animal. O ideal é que a oferta mínima de
forragem seja de 4 a 6 vezes o valor do consumo diário, que é de 2% PV. O resíduo de pasto nativo, durante
e após o pastejo, deve ser mantido com altura ao redor de 10 cm. Isso deverá resultar em maior eficiência
fotossintética das pastagens, maior quantidade de reservas das plantas, maior aprofundamento das raízes,
maior cobertura e proteção do solo, maior proteção das gemas responsáveis pelo rebrote, maior velocidade
de rebrote e como consequência, a maior produção de forragem (dados pessoais Aino V. Jacques, 2013). Se
uma determinada pastagem nativa cresce a um ritmo de 10 kg de MS/ha/dia, isto significa que podemos
alimentar uma vaca/ha, pois este é aproximadamente o consumo diário. Mas se o campo for melhor
manejado – seja através do ajuste de carga, do melhoramento do campo e/ou da adubação – este ritmo de
crescimento pode se elevar (por exemplo 15; 20 kg de MS/ha/dia, ou mais), o que significa aumento de
forragem disponível para o consumo de uma maior carga animal por hectare (Carvalho, 1998).
REFERÊNCIAS
CARVALHO, P.C.F.; MARASCHIN, G.E.; NABINGER, C. Potencial produtivo do campo nativo do Rio Grande do Sul. In:
PATIÑO, H.O. (Ed.). SUPLEMENTAÇÃO DE RUMINANTES EM PASTEJO, 1998, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre. 1998.
MARASCHIN, G.E. et al. Native pasture, forage on offer and animal response. In: INTERNATIONAL GRASSLAND
CONGRESS, 18., 1997, Saskatoon, Canadá. Proceedings... Saskatoon, Canadá 1997. Paper 288, v. II.
NABINGER, C. Princípios de manejo e produtividade de pastagens. In: CICLO DE PALESTRAS EM PRODUÇÃO E MANEJO
DE BOVINOS DE CORTE, 3., 1998, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ULBRA, 1998. p.54-107.
GONÇALVES, E.N. Comportamento ingestivo de bovinos e ovinos em pastagem natural da Depressão Central do Rio
Grande do Sul. 2007. 131 f. Tese (Doutorado em Zootecnia)– Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
NEVES, F.P. et al. Caracterização da estrutura da vegetação numa pastagem natural do Bioma Pampa submetida a
diferentes estratégias de manejo da oferta de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, Brasília, DF, v.38, n.9, p.1685-
1694, 2009.
CARVALHO, P.C.F. et al. Desmistificando o aproveitamento do pasto. In: JORNADA TÉCNICA EM SISTEMAS DE
PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E CADEIA PRODUTIVA, 4., 2009, Porto Alegre. Porto Alegre: NESPRO, 2009.
GENRO, T.C.M.; NABINGER, C. Considerações para o uso sustentável da pastagem natural com diferentes intensidades de
uso. Bagé, RS: Embrapa Pecuária Sul, 2009. (Série Documentos, n. 95).