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Mantra

Uma música ao fundo. Trilha perfeita, tal qual a situação: nota por
nota de acordes de violão são tocadas. Nunca mais de duas ao mesmo
tempo. Sempre duetos. Embora em alguns momentos algumas notas soem
sozinhas, estas ressoam sobre aquelas que foram tocadas antes. Sempre em
sintonia, ressoam. E repetem. Infinitamente. Cada nota tocada soa como
uma nova sensação. A melodia doce que define perfeitamente o que as
palavras não poderiam expressar: Os lábios. O toque. Os lábios. Os olhos. O
cheiro. Cada toque soa a descoberta de um novo universo. Cada toque.
Tanto das notas como dos corpos. A filosofia se faz presente neste
momento. Um eterno retorno. Um mantra repetido infinita e
indefinidamente. Sem pressa de se terminar, e sem medo de se estender.
Dizia Maria, aquela de Magdala: “aprende o meu corpo”. E essa palavras
ressoavam, e se faziam respirar. Ou mesmo ver, em cada olhar. “aprende o
teu corpo” e assim conheça a mim.
Como um mantra, tudo se repetia, cada movimento dos dedos,
dedilhados; dedos nas cordas a vibrar, dedos que caminham e pairam em
cada curva. Meus dedos percorrem seu corpo em cada detalhe. Toco os seus
lábios trêmulos, sinto nas pontas dos dedos sua respiração, que aumenta
gradualmente a cada toque. Um leve sorriso se faz em seu rosto, e seus
olhos se fecham devagar conforme minhas mãos deslizam pelo seu rosto.
Suas linhas finas de beleza sem igual fazem meu coração acelerar. Seu rosto
busca a minha mão, que encontra lugar por entre os seus cabelos escuros.

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