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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS

DISCIPLINA: VENTILAÇÃO DE MINA


CURSO DE VENTILAÇÃO DE MINA
PROGRAMA

 INTRODUÇÃO

 OBJETIVOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS

 FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

 RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

 OPERAÇÃO DE VENTILADORES

 ANÁLISE DE REDES DE VENTILAÇÃO


O SISTEMA DE VENTILAÇÃO DE MINA

 O sistema de ventilação talvez seja o mais


importante sistema funcional necessário para
operações em minas subterrâneas.

O sistema de ventilação de uma mina


engloba a conexão de galerias e dutos na
mina, juntamente com as fontes de pressão e
esquemas de controle que produzem e
governam o fluxo de ar através da mesma.
O CONTROLE DO SISTEMA DE
VENTILAÇÃO
 A necessidade do controle da quantidade e
qualidade do ar aumenta de acordo com o
aprofundamento, a expansão e a
complexidade da rede subterrânea.

 O controle do circuito de ventilação depende


do conhecimento: das funções a serem
realizadas, dos princípios que regem o
comportamento dos gases e dos métodos de
planejamento dos projetos de ventilação que
obtenham o efeito desejado
CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE
VENTILAÇÃO DE MINA SUBTERRÂNEA

Os requisitos de um sistema de ventilação de mina


diferem significativamente daqueles de instalações de
superfície. Essas diferenças residem nos seguintes
fatores:

1. Os condutos da ventilação subterrânea são, além da


entrada e da saída do ar, as áreas de trabalho. Assim o
caminho do fluxo é extenso, irregular e
intermitentemente obstruído;

2. O circuito de ventilação está continuamente


avançando ou sendo modificado simultaneamente com
as atividades de mineração;
CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE
VENTILAÇÃO DE MINA SUBTERRÂNEA

3. Os condutos de fornecimento estão sujeitos a um


constante perigo de obstrução do fluxo de ar causado
pelo movimento de material desmontado;

4. Emanações de gases causam inesperadas mudanças


na qualidade do ar, requerendo modificações corretivas
do sistema;

5. Dependendo das condições climáticas e da natureza


das rochas, a corrente de ventilação pode afetar a
estabilidade da mina pela retirada ou deposição de
água em seu interior.
OBJETIVOS DE UM SISTEMA DE
VENTILAÇÃO DE MINA

A função primária de um sistema de ventilação é o


fornecimento de ar quando e onde necessário. Esta
função pode ser subdividida em objetivos específicos,
os quais, numa escala descendente em importância
relativa, seriam:
 Fornecer ar para os trabalhadores na quantidade e
qualidade necessárias;
 Fornecer a quantidade de ar necessária para diluir e
tornar inofensivos gases tóxicos e explosivos;
 Fornecer ar com velocidade suficiente para remover
da mina poeiras e gases;
 Controlar a umidade e temperatura do ar.
OBJETIVOS DE UM SISTEMA DE
VENTILAÇÃO DE MINA

 Para alcançar estes objetivos com segurança deve-


se escolher os caminhos (airways) adequados para o
fluxo de ar, desde a sua entrada, passando pelas
frentes de trabalho, até o seu retorno à superfície,
quando o ar já não apresenta condições próprias
para uso (ar viciado).

 A rota do ar puro é constituída geralmente do shaft ou


galeria de acesso, galerias de transporte e frentes de
desmonte; enquanto o retorno do ar é realizado
através de galerias e shafts escavados
especialmente para este propósito, e/ou áreas
trabalhadas e velhos shafts ou galerias em desuso.
FONTES DE FLUXO DE AR NAS MINAS

 O fluxo de ar existente entre dois pontos de uma mina


é causado por uma diferença de pressão entre os
mesmos. Esta diferença de pressão pode ser gerada
por fontes naturais ou mecânicas.

 A principal fonte natural que pode criar e manter um


fluxo significativo é a energia térmica resultante de
diferenças de temperatura que ocasionam alterações
de densidade do ar em setores distintos da mina. O
fluxo causado por este fenômeno físico recebe a
denominação de “ventilação natural”, e a pressão que
o gera chama-se “pressão de ventilação natural”, mais
conhecida como NVP (natural ventilation pressure)
FONTES DE FLUXO DE AR NAS MINAS

 As fontes mecânicas geradoras de fluxo de ar são


principalmente os ventiladores, além de compressores
e injetores que poderão eventualmente ser usados.
 Um ventilador eleva a pressão do ar no seu lado de
saída para um valor acima da pressão do ar no seu
lado de entrada.
 O fluxo de ar resultante da utilização destes
equipamentos recebem a denominação de ventilação
mecânica ou ventilação artificial, sendo este tipo de
fluxo, na grande maioria dos casos, o principal
componente de um sistema de ventilação de mina.
CIRCULAÇÃO GERAL DO AR NAS MINAS

 A localização usual do ventilador principal é no topo


do shaft ou abertura de retorno, caracterizando um
sistema aspirante ou por sucção.
 Em minas pouco profundas com solo fraturado, e em
minas com velhos locais de trabalho apresentando
comunicações com a superfície, a posição ideal para
o ventilador é no topo do shaft ou abertura de
entrada, caracterizando um sistema soprante ou por
sobrepressão.
 Do ponto de vista termodinâmico, a melhor
localização para o ventilador é na base do shaft de
saída, caracterizando um sistema misto.
CIRCULAÇÃO GERAL DO AR NAS MINAS

 A maior parte das minas usam a ventilação


ascendente das frentes de trabalho. Neste sistema
de ventilação, o ar puro é dirigido diretamente para
os locais mais baixos da mina e ascende através das
frentes antes de retornar à superfície.
 Na ventilação descendente, o ar puro descende
através das frentes de trabalho, sendo recolhido nas
seções da base da mina e dirigido diretamente para
a superfície.

Para se exercer o controle do fluxo de ar, torna-se


necessária a utilização de diversos artifícios, tais como:
paredes de alvenaria, cortinas, portas de ventilação
(simples e duplas), reguladores, etc.
CIRCULAÇÃO GERAL DO AR NAS MINAS
VENTILAÇÃO AUXILIAR

 Apesar da maioria das frentes de trabalho serem


percorridas pelo fluxo geral de ar, haverá
normalmente alguns locais, tais como, frentes de
desenvolvimento, estações de carregamento de
shaft, etc. que necessitarão de ventilação auxiliar.
Este tipo de ventilação requer um ventilador adicional
e uma rota própria para o ar, que é geralmente um
duto de ventilação.

 A ventilação auxiliar pode ser executada de três


maneiras diferentes:
VENTILAÇÃO AUXILIAR

 Sistema Soprante – Quando uma parte do ar


puro da galeria que dá acesso ao
desenvolvimento é forçada por um ventilador
através de um duto de ventilação até a frente
do desenvolvimento, de onde retorna à
corrente principal. A entrada do duto deverá
se estender, pelo menos 5m, no sentido
contrário à corrente de ar, para evitar que o
ar usado, proveniente da frente de
desenvolvimento, seja re-circulado.
VENTILAÇÃO AUXILIAR
VENTILAÇÃO AUXILIAR

 Sistema Aspirante – Quando o ar próximo da


frente do desenvolvimento é aspirado através
de um duto de ventilação e automaticamente
substituído pelo ar puro puxado da galeria.
Do mesmo modo, para evitar a re-circulação,
a descarga do ar de retorno deverá se feita o
mais longe possível (ao menos 5m) da
entrada do desenvolvimento
VENTILAÇÃO AUXILIAR
VENTILAÇÃO AUXILIAR

 Sistema Misto – Quando se sobrepõe um


duto auxiliar soprante ao sistema
aspirante ou um duto auxiliar aspirante ao
sistema soprante.
VENTILAÇÃO AUXILIAR
VENTILAÇÃO AUXILIAR
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

DEFINIÇÃO DE UM FLUIDO
Um fluido pode ser definido com uma substância
que deforma quando submetido ao cisalhamento
(shear stress). Supondo o fluido consistindo de
camadas paralelas entre si e uma força agindo
sobre uma das camadas em uma direção
paralela ao seu plano, esta camada poderá se
mover em relação às camadas vizinhas.
Se as camadas vizinhas não oferecem
resistência ao movimento, o fluido é dito ideal ou
sem fricção. Se o movimento entre as camadas
sofre resistência, o fluido é dito real.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A ventilação de mina é um exemplo de um


processo de fluxo fixo ou estacionário, ou seja,
o fluido encontra-se continuamente em
movimento seguindo uma direção linear através
de um conduto. Tal processo envolve trocas e
perdas de energia entre duas seções quaisquer
do caminho percorrido pelo fluxo. Alguns
aspectos que determinam o comportamento do
fluxo de ar em um sistema de ventilação são
tratados a seguir.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE CONTINUIDADE OU
CONSERVAÇÃO DE MASSA

Válida para processo de fluxo fixo, a equação de


continuidade diz que a vazão de um fluido, em
qualquer ponto ao longo do caminho por ele
percorrido, permanece constante. Assim temos que:

wi = densidade do ar no ponto i (Kg/m3)


Ai = área do fluxo, normal à sua direção, no ponto i (m2)
Vi = velocidade do fluxo no ponto i (m/s)
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE CONTINUIDADE OU
CONSERVAÇÃO DE MASSA

Se a densidade do ar é constante nos pontos


considerados,

ou

onde Qi representa a vazão no ponto i (m3/s)


FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE ENERGIA

O ar em movimento possui energia decorrente


da pressão sob a qual ele se encontra, da sua
velocidade, e da sua altura acima de um
determinado nível de referência. Essas formas
de energia (estática, cinética e potencial),
quando expressas por unidade de peso do ar,
resultam em carga.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE ENERGIA
Se uma determinada massa de ar é sujeita a
uma pressão P, movendo-se com uma
velocidade V e tendo seu centro de massa a
uma altura H acima de um nível de referência
de energia potencial, então a carga total em
metros é dada por:

onde g representa a aceleração da gravidade e


w representa a densidade do ar.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

 A EQUAÇÃO DE ENERGIA

Em termos de pressão (energia por unidade de


volume), o resultado é a pressão total em
pascais (Pa) dada por:
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE ENERGIA
A equação de energia, também conhecida
como equação de Bernoulli, diz que para um
fluido ideal (sem fricção interna) e
incompressível, a energia que entra em um
sistema, é a mesma que o deixa. Portanto, se
considerarmos duas secções transversais de
um conduto, limitantes do sistema de fluxo
entre elas, e expressarmos as formas de
energia do fluxo, por unidade de volume ou em
termos de pressão, teremos:
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

 A EQUAÇÃO DE ENERGIA

onde os índices 1 e 2 correspondem às


secções consideradas.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

PRESSÕES ESTÁTICA, DINÂMICA E TOTAL


De acordo com Chasteau (1974, p.221 ), as
pressões P1 e P2 na equação anterior (Bernoulli)
são referidas como pressões estáticas e agem em
todas as direções indiferentemente da direção do
fluxo.

Os termos também têm a

dimensão de pressão e são referidos como


pressões dinâmicas ou pressões de velocidade.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

PRESSÕES ESTÁTICA, DINÂMICA E TOTAL

As pressões totais são a soma das pressões


estática e de velocidade

porém alguns textos consideram a pressão total


como a soma dos três termos da equação de
Bernoulli, isto é,
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE BERNOULLI EM VENTILAÇÃO


DE MINA
 A aplicação da Equação de Bernoulli estaria limitada,
em princípio, para fluido ideal e incompressível; o
que, não sendo o caso do ar, torna necessária a
consideração de alguns aspectos relativos ao seu
uso em ventilação de minas.
 No que diz respeito à compressibilidade, pode-se
demonstrar que para o ar em torno da pressão
atmosférica com mudanças de altura inferiores a 500
m, e mudanças de velocidade que não excedam 100
m/s, a equação de Bernoulli não produz erros.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

 Chasteau (1974, p.226) demonstra essa conclusão


partindo de duas suposições: 1) que do ponto de
vista prático, mudanças de até 5% na densidade de
um fluido, permitem que o mesmo seja tratado como
incompressível; 2) que a relação entre pressão
estática e densidade seja linear, fazendo com que a
mudança aceitável na pressão estática absoluta seja
também de 5%.
 Quando a mudança for maior que 5%, torna-se
necessário o uso de leis termodinâmicas para a
análise do fluxo, pois mudanças na energia interna
ou molecular do fluido e trocas de calor externo
deverão constar da equação de balanço de energia.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE BERNOULLI EM
VENTILAÇÃO DE MINA
Para atender a condição de viscosidade do ar, e
consequentemente para se levar em conta as perdas de
pressão devidas principalmente à resistência friccional,
a equação 1 sofre uma adequação com a adição, ao
seu lado direito, da perda de pressão total entre os
pontos considerados. A equação de Bernoulli torna-se
então,

onde p é a perda na pressão total entre os pontos 1 e 2.


FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

A EQUAÇÃO DE BERNOULLI EM
VENTILAÇÃO DE MINA
No caso de se usar um ventilador, ou outro
equipamento, que aumente a pressão total entre os
pontos 1 e 2, a equação 2 é modificada pela adição, ao
seu lado esquerdo, deste aumento de pressão total.
Assim tem-se:

onde pv representa o aumento na pressão total entre


os pontos 1 e 2 devido ao ventilador.
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

NÚMERO DE REYNOLDS
Quanto às trajetórias das partículas de um
fluido em movimento, no que diz respeito ao
ordenamento e regularidade destas trajetórias
(linhas de fluxo), a vazão do fluido pode se
apresentar nos estados laminar, turbulento ou
intermediário. Para a determinação das
fronteiras destes estados, adota-se o número
de Reynolds (Re), que é função das
propriedades do fluido e obtem-se a partir da
relação seguinte:
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

NÚMERO DE REYNOLDS

Re = número de Reynolds (adimensional)


w = densidade do fluido (Kg/m3)
µ = viscosidade absoluta (Pa.s ou Kg/m.s)
= viscosidade cinemática (m2/s)
D = diâmetro do duto (m)
V = velocidade do fluxo (m/s)
FUNDAMENTOS DO FLUXO DE AR

NÚMERO DE REYNOLDS

Segundo Hartman (1982, p.145), o fluxo é


laminar quando Re < 2000, enquanto que para
Re > 4000, o fluxo é turbulento. A região entre
estes valores é conhecida como faixa
intermediária. Outros autores consideram o
valor de Re = 2500 como limite inferior para
fluxo turbulento.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

 A energia fornecida a um sistema de ventilação,


necessária para a criação da diferença de pressão
entre dois de seus pontos, é consumida ao vencer as
resistências que as galerias e os diversos trabalhos
mineiros opõem ao fluxo de ar existente entre os
pontos considerados. Destas resistências resultam
perdas ou quedas de pressão. Estas perdas de
pressão são compostas das perdas por fricção e das
perdas por choque. Portanto,

pf = perda de pressão por fricção (Pa)


px = perda de pressão por choque (Pa)
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDA DE PRESSÃO POR FRICÇÃO

A perda de pressão por fricção em um


determinado trecho de galeria é função da
velocidade do fluxo, das características de
superfície das paredes (tipo de rocha, rugosidade,
etc.) e das dimensões e forma (comprimento,
perímetro e área seccional) do trecho considerado.
Esta perda de pressão é obtida pela equação de
Atkinson:
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDA DE PRESSÃO POR FRICÇÃO

K = fator de fricção (Ns2/m4 ou Kg/m3) ;


L = comprimento da galeria (m) ;
C = Perímetro da galeria (m) ;
V = velocidade do fluxo de ar (m/s) ;
A = área da seção transversal da galeria (m2).
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDA DE PRESSÃO POR FRICÇÃO


Considerando que a velocidade do ar não seja
conhecida, sendo dada porém, a taxa de volume
do ar, ou vazão Q, sabendo-se ainda que
tem-se:

onde Q = taxa de volume ou vazão do ar (m3/s).

Para uma densidade do ar diferente da padrão de 1,2


Kg/m3,
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

O FATOR DE FRICÇÃO

O fator de fricção K, também conhecido como


coeficiente de resistência aerodinâmica, varia de
acordo com o número de Reynolds (Re). Para
valores altos de Re, que é o caso de galerias, esta
variação torna-se insignificante, o que possibilita
considerar o fator de fricção constante.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

O FATOR DE FRICÇÃO

Uma determinação mais precisa do fator de fricção


K é feita por meio da medição da queda de
pressão em uma galeria (ou trecho dela) e dos
outros elementos considerados na equação de
Atkinson para o trecho subterrâneo em questão. O
fator de fricção local, portanto, pode ser obtido
através da relação
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA

Para uma determinada galeria, o termo


da equação de Atkinson é constante, sendo
representado por R, resultando em

ou, para densidade padrão do ar:


onde R representa a resistência dos trabalhos
mineiros à passagem do ar e tem como unidade
Ns2/m8 ou Kg/m7.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR CHOQUE

As perdas de pressão por choque são as que


ocorrem em virtude de mudanças de direção,
mudanças na área de seção transversal ou
obstruções sofridas pelo fluxo de ar, em sua
passagem no circuito de ventilação. A queda de
pressão provocada por uma fonte de perda por
choque varia com o quadrado da velocidade do
fluxo de acordo com a equação:
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR CHOQUE

onde :
Ɵ = fator de perda por choque (adimensional)
w = densidade do ar (Kg/m3)
V = velocidade do fluxo (m/s)

O fator de perda Ɵ é específico para cada fonte de perda,


ou seja, cada curva, mudança de área ou obstrução tem
seu próprio fator de perda, dependendo de suas dimensões
e características.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR CHOQUE

O cálculo direto das perdas por choque,


entretanto, é raramente utilizado em ventilação de
mina, em virtude da grande variedade na natureza
das perdas e do tempo requerido neste tipo de
cálculo. As perdas por choque são usualmente
assimiladas nas perdas por fricção, através de um
incremento no fator de fricção K, ou através da
substituição de cada perda por choque por um
comprimento de galeria retilínea equivalente.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR CHOQUE

Uma fórmula que expresse o comprimento equivalente de


galeria retilínea devido a uma perda de pressão por choque,
pode ser encontrada igualando-se as perdas por choque e
por fricção.
Assim, ou

Expressando o comprimento L como o valor do


comprimento equivalente Le, obtem-se:
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDA TOTAL DE PRESSÃO

Se na determinação da queda de pressão entre


dois pontos de um sistema de ventilação de mina,
são incluídos os fatores causadores de perda de
pressão por choque, através, por exemplo, dos
seus respectivos comprimentos de galeria
equivalentes, as equações das perdas de pressão
por fricção são alteradas respectivamente para
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDA TOTAL DE PRESSÃO

ou

onde p representa todas as perdas de pressão (por


fricção e choque) no trecho considerado.

Esta equação representa uma galeria ou sistema de


galerias que formam um circuito de ventilação e
corresponde graficamente a uma parábola que passa
na origem de um sistema de coordenadas p-Q,
conforme figura seguinte.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDA TOTAL DE PRESSÃO

Esta representação gráfica é conhecida como


curva característica da galeria ou mina.

Fonte: Yanes (1977,p.63)


RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

PERDA TOTAL DE PRESSÃO

A Figura abaixo mostra que quanto maior for a resistência


do sistema, mais fechada será a sua curva característica
(Yanes, 1977, p.63).
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

POTÊNCIA DO AR

O trabalho consumido por um fluxo de ar de área


seccional A que se desloca de uma distância l em
um tempo t contra uma diferença de pressão p é
dado por , e a potência requerida para tal
trabalho é dada por

Como

onde W = potência requerida para o fluxo do ar (w).


RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS DE VENTILAÇÃO

A distribuição do ar e a queda de pressão de um


sistema de ventilação de mina dependerão da
forma como as galerias estejam conectadas entre
si. Estas conexões podem ocorrer basicamente de
duas maneiras: em série e em paralelo.
Normalmente, contudo, os sistemas de ventilação
de mina são formados por galerias conectadas de
uma forma complexa, envolvendo os dois tipos de
circuito combinados, recebendo a denominação
de redes de ventilação.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM SÉRIE
Os circuitos em série são aqueles nos quais a corrente
de ar não sofre ramificação, e apresentam as seguintes
características:

a) A taxa do fluxo de volume, ou vazão, é a mesma ao


longo de todo o circuito. Ou seja,

b) A queda de pressão total para o circuito inteiro, é


igual à soma das quedas de pressão em cada uma das
galerias do circuito.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM SÉRIE
c) A resistência do circuito inteiro é igual à soma das
resistências individuais das galerias do circuito.

Como

tem-se que

Se a resistência total do circuito é RS, então

onde
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM SÉRIE

O circuito em série é mostrado esquematicamente


na figura abaixo

Fonte: McPherson (1974, p.347).


RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM SÉRIE
A curva característica resultante de um sistema de galerias
conectadas em série se obtem pela soma das curvas
características de todas as galerias componentes, segundo o
sentido das pressões, conforme se pode ver na figura abaixo

Fonte: Yanes (1977,p.63).


RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM PARALELO
Os circuitos em paralelo são aqueles nos quais a
corrente de ar sofre subdivisão e apresenta as seguintes
propriedades:
a) A quantidade total da taxa de fluxo de volume de ar
para o circuito é igual à soma das taxas de volume de ar
de cada uma das galerias do circuito. Isto é,

b) A queda de pressão é comum para cada galeria do


circuito.
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM PARALELO

c) O inverso da raiz quadrada da resistência do circuito


inteiro, é igual à soma dos inversos das raízes
quadradas das resistências individuais das galerias do
circuito.

Ou , , , etc.

e
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM PARALELO

Se a resistência total do circuito é Rp, então

e
RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM PARALELO

A figura abaixo mostra um desenho esquemático de um


circuito em paralelo.

Fonte: McPherson (1974, p.348).


RESISTÊNCIA À VENTILAÇÃO

CIRCUITOS EM PARALELO
A curva característica resultante de um sistema de galerias
conectadas em paralelo se obtém pela soma das curvas
características de todas as galerias componentes, segundo o
sentido das vazões, conforme mostrado na figura abaixo

Fonte: Yanes (1977, p.64).


OPERAÇÃO DE VENTILADORES

INTRODUÇÃO

Os ventiladores são equipamentos mecânicos


capazes de induzir uma corrente de ar através da
criação de uma diferença de pressão entre seus
lados de entrada e saída.

Os principais elementos que constituem um


ventilador são: fonte de potência ou motor, impulsor
ou hélice e carcaça, além de aberturas de entrada e
saída do ar.
OPERAÇÃO DE VENTILADORES

INTRODUÇÃO

Nos cálculos de operação de ventiladores, costuma-


se supor o ar incompressível, isto é, o volume de ar
entre a entrada e a descarga do ventilador,
permanece constante. Na realidade, existe uma
redução de volume, devida à compressão, inferior a
7% (De La Harpe, 1974, p.375).
OPERAÇÃO DE VENTILADORES

PRESSÃO DO VENTILADOR
A pressão de um ventilador é expressa em termos
da elevação de pressão entre os dois lados do
mesmo. Dois tipos de pressão do ventilador são
consideradas: pressão estática e pressão total.

A pressão total do ventilador é igual à sua pressão


estática mais a pressão de velocidade
correspondente à velocidade média na descarga
(obtida dividindo-se a taxa de fluxo de volume pela
área do orifício de descarga).
OPERAÇÃO DE VENTILADORES
PRESSÃO DO VENTILADOR
Tem-se então,

Onde
FT = pressão total do ventilador
FS = pressão estática do ventilador
FV = pressão de velocidade do ventilador.

Sabe-se ainda que e

Onde
V = velocidade média na descarga Q = vazão do ventilador
A = área do orifício de descarga w = densidade do ar.
OPERAÇÃO DE VENTILADORES

PRESSÃO DO VENTILADOR

Determinando-se experimentalmente a pressão


estática e a vazão de descarga do ventilador, pode-
se calcular a pressão de velocidade e a pressão
total com auxílio das equações acima.
Normalmente a pressão estática é mais comumente
usada, sendo conhecida como pressão útil do
ventilador; porém, principalmente em se tratando de
ventiladores maiores, as pressões de velocidade e
total são também consideradas.
W  pQ

OPERAÇÃO DE VENTILADORES

POTÊNCIA E EFICIÊNCIA DO VENTILADOR


A equação permite calcular a potência do ar W
que corresponde à vazão numa dada pressão. Quando
a pressão considerada é a pressão total do ventilador, o
resultado é conhecido como potência total do ar (WT).
Para o caso de se usar a pressão estática do ventilador,
o resultado é conhecido como potência estática do ar
(Ws). Ambos os resultados são uma medida da potência
de saída do ventilador, total ou estática, conforme o
caso considerado. A potência mecânica WM que
impulsiona o ventilador, por sua vez, corresponde à
potência de entrada do ventilador.
W  pQ

OPERAÇÃO DE VENTILADORES

POTÊNCIA E EFICIÊNCIA DO VENTILADOR

A eficiência do ventilador é determinada pela razão


da sua potência de saída para a sua potência de
entrada, expressa em porcentagem. De acordo com
a potência de saída considerada, pode-se obter a
eficiência total ηT ou eficiência estática ηS, conforme
as equações abaixo:
W  pQ

OPERAÇÃO DE VENTILADORES

POTÊNCIA E EFICIÊNCIA DO VENTILADOR

As potências e eficiências dos ventiladores


costumam ser empregadas na comparação de seus
desempenhos, sendo portanto frequentemente
representadas por curvas características,
juntamente com as pressões e quantidades de fluxo.
A Figura seguinte mostra curvas características de
um ventilador em termos de pressão, potência e
eficiência, com relação à quantidade de fluxo.
W  pQ

OPERAÇÃO DE VENTILADORES

POTÊNCIA E EFICIÊNCIA DO VENTILADOR

Curvas características de um ventilador.


Fonte: Vutukuri (1986, p.40).
W  pQ

OPERAÇÃO DE VENTILADORES

POTÊNCIA E EFICIÊNCIA DO VENTILADOR

A avaliação ou classificação do ventilador é


expressa através dos valores de pressão, vazão,
potência e eficiência, no cume da sua curva de
eficiência. As curvas de desempenho são traçadas,
geralmente, levando-se em consideração algumas
características constantes, tais como, o diâmetro e
velocidade do impulsor e a densidade do ar.
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS

DISCIPLINA: VENTILAÇÃO DE MINA

CÁLCULO DA VAZÃO DE AR
NECESSÁRIA PARA A MINA
PROJETO DE VENTILAÇÃO

 Escolha do local de instalação dos


ventiladores e escolha do método de
ventilação: Aspirante, Soprante ou Misto.
 Cálculo do volume de ar requerido.
 Distribuição do ar pelos níveis e frentes de
trabalho.
 Escolha dos ventiladores.
 Cálculo do custo de ventilação.
CÁLCULO DA VAZÃO DE AR

Em função do número de operários

Q = q x N m3/min

onde,

q = vazão por trabalhador (1 a 6 m3/min)


N = número de trabalhadores
CÁLCULO DA VAZÃO DE AR
Em função do desprendimento de gases
(p/ minas de carvão)

Q = v / 864p m3/s

onde,
v = volume de gás que se desprende da mina em 24
horas
p = concentração máxima de metano no ar, de
acordo com a legislação de cada país (1% no Brasil)
CÁLCULO DA VAZÃO DE AR

Em função da produção diária (p/ minas de carvão)

Q = q x T m3/min

onde,
q = vazão por tonelada de produção diária (1 a 1,7
m3/min)
T = produção diária em toneladas
CÁLCULO DA VAZÃO DE AR
Em função do consumo de explosivos
(minas metálicas)
Q = (G x E) / (T x p) m3/min
onde,
G = formação de gases, em m3, pela detonação de
1 kg de explosivo. Como norma geral G=0,04 m3
E = quantidade de explosivo a detonar
T = tempo de diluição em minutos (geralmente não
ultrapassa 30 minutos)
p = porcentagem de diluição dos gases no ar
(considera-se não menos que 0,008%)
CÁLCULO DA VAZÃO DE AR

Q = [(00,4 x E) / (30 x 0,008)] x 100

Q = 16,67 x E m3/min

Obs.: O valor de p vai depender do tipo de


explosivo usado, uma vez que cada gás tem
uma porcentagem de diluição própria.
CÁLCULO DA VAZÃO DE AR
Em função do uso de equipamento a diesel
(Para a diluição de qualquer componente do produto de escapamento)

Q = V x (c / p) m3/min
onde,
V = volume de gás produzido pelo motor
c = concentração do componente tóxico
considerado, no gás de escape ( % em volume)
p = concentração máxima permitida, na atmosfera,
do componente tóxico considerado (% em volume)
CÁLCULO DA VAZÃO DE AR
V e c devem ser determinados experimentalmente
nas diversas condições de funcionamento do motor.
Deve-se calcular a vazão necessária para cada
componente tóxico dos gases de escape e adota-se
a maior vazão encontrada.

O tempo de serviço dos motores a diesel alteram as


concentrações de alguns componentes. A produção
de monóxido de carbono, por exemplo, aumenta
com o tempo de uso do motor; em contrapartida,
diminui a produção dos óxidos de nitrogênio.
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS

DISCIPLINA: VENTILAÇÃO DE MINA

PRINCÍPIOS TERMODINÂNICOS E DE
MECÂNICA DOS FLUIDOS APLICÁVEIS AO
CÁLCULO DE CIRCUITOS DE VENTILAÇÃO
DE MINA
NATUREZA DO FLUXO DE AR
A primeira afirmação que se pode fazer em relação
aos fluxos de ar no interior da mina é que, em
qualquer caso, se trata de fluxos em regime
turbulento. Basta, por exemplo, considerar qual
seria o Número de Reynolds para o caso de uma
corrente de ventilação que circula por um poço de
2m de diâmetro, no qual a velocidade do ar seja tão
baixa como 0,1 m/s. Nestas circunstâncias, o
Número de Reynolds seria dado por:
NATUREZA DO FLUXO DE AR

w: densidade do ar (1,2 Kg/m3);


D: diâmetro do duto (m); v: velocidade do ar no duto (m/s);
µ = viscosidade do ar (1,8*10-6 Pa.s).

Como se pode ver, o valor do Número de Reynolds, nestas


circunstâncias, é muito superior ao mínimo de 4000 exigido
para se considerar o fluxo como turbulento. Se isto se verifica
no caso de um poço ou galeria de ventilação, com maior
razão será para o caso de um tubo onde a velocidade do ar
pode ser até 100 ou 200 vezes maior.
NATUREZA DO FLUXO DE AR
Na maioria das minas, o ar pode experimentar
mudanças apreciáveis em sua densidade ao longo
de seu percurso, pelo que só em alguns casos
concretos poderemos fazer a simplificação de
considera-lo como um fluido incompressível, no qual
a densidade e o volume específico são constantes.
Finalmente, o ar pode experimentar ainda
mudanças em sua composição, especialmente no
conteúdo de humidade, circunstância esta que tem
que ser considerada, pois, no caso, teríamos três
componentes na corrente de ar: ar seco, vapor de
água e gotas de água condensada.
EQUAÇÃO DA ENERGIA
 A equação da energia é uma generalização da
Equação de Bernoulli para o caso de não se poder
considerar o fluido incompressível.
 Consideremos um sistema fechado, em que não haja
troca de matéria com o exterior, que flui em regime
permanente, ou seja, que suas propriedades
intensivas em um determinado ponto do fluxo
(superfície de controle), não muda com o tempo.
Suponhamos, ainda, nesta primeira formulação, que
não haja mudança no grau de humidade.
 Consideremos uma pequena porção de uma superfície
de controle e as propriedades de uma determinada
massa de ar na entrada e na saída da mesma.
EQUAÇÃO DA ENERGIA
EQUAÇÃO DA ENERGIA
Consideremos também as trocas de energia mecânica
dW e calorífica dq dessa porção da superfície de
controle com o exterior.
O balanço energético entre a entrada e a saída nos
conduz à seguinte formulação da equação da energia:
dq + dW = dH + mgdz + mvdv
E considerando a relação existente entre as variáveis de
estado e as distintas formas de energia:
dH = dU + PdV + VdP = TdS + VdP
TdS = dq + dWf
Então, dW = dWf + VdP + mgdz + mvdv
EQUAÇÃO DA ENERGIA
EQUAÇÃO DA ENERGIA
dW = dWf + VdP + mgdz + mvdv
A relação acima representa a equação da energia
expressa em unidades de trabalho que pode ser assim
enunciada: “Da energia dW fornecida ao sistema por
uma fonte exterior (por exemplo um ventilador), uma
parte se perde em trabalho de fricção dWf, outra se
emprega em incrementar as energias gravitacional mgdz
e cinética mvdv e uma última em aumentar a energia
interna do ar VdP”.
Dividindo toda a expressão pelo volume V, obtemos a
equação equivalente expressa em unidades de pressão:
dW/V = dWf/V + dP + wgdz + wvdv
EQUAÇÃO DA ENERGIA

dW/V = dWf/V + dP + wgdz + wvdv

Esta expressão nos permite enunciar a equação da


energia do seguinte modo: “A elevação de pressão
gerada por um ventilador sobre a corrente de ar é
igual à queda de pressão por fricção mais o
incremento da pressão estática ou interna do fluido,
mais as variações (positivas ou negativas) das
pressões hidrostática e dinâmica do fluxo”.
Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:
Conduto horizontal sem ventilador nem perdas
por fricção

Conduto horizontal: dz = 0
Sem ventilador intercalado: dW = 0
Sem perdas por fricção: dWf = 0

dW/V = dWf/V + dP + wgdz + wvdv

Então a equação da energia resulta na seguinte forma:


dP + wvdv = 0
Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:
dP + wvdv = 0
Se considerarmos ainda que, devido às pequenas
pressões a que está submetido o ar em um circuito de
ventilação, pode-se considera-lo como um fluido
incompressível (w=cte) e integrando teremos:

P2 – P1 + w (v22 – v12)/2 = 0

Ou P2 + wv22/2 = P1 + wv12/2

Ou, de outra forma: Ps + Pd = Pt = cte


Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:

Ps + Pd = Pt = cte

Onde: Ps : Pressão estática;


Pd : Pressão dinâmica;
Pt : Pressão total.
Quando se tem apenas mudança progressiva de
secção em um duto horizontal sem perdas por
fricção nem ventilador intercalado, a pressão total
(soma das pressões estática e dinâmica) se mantem
constante ao longo do mesmo, ou seja, só há uma
transformação de pressão estática em pressão
dinâmica ou vice-versa”.
Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:
Conduto horizontal
No caso dz = 0, o que implica na seguinte forma da
equação da energia:
dW/V = dWf/V + dP + wvdv
Se considerarmos ainda o fluido incompressível, ou
seja, w e, por conseguinte, V = m/w constantes, da
integração da equação de energia resulta:
ΔPv = ΔPf + ΔPs + ΔPd

Sendo ΔPv : Elevação de pressão gerada pelo ventilador


ΔPf : Queda de pressão por fricção
Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:
Poço vertical de secção constante e sem
ventilador intercalado

Neste caso dW = 0.

Com se deve supor que no poço não haverá fuga de ar, a


vazão Q será constante. Como a secção A é constante, v =
Q/A também será constante, o que implica em dv = 0.
Portanto, dWf + dP + wgdz = 0
e, dP = -wgdz – dWf/V
Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:

Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:
Circuito de ventilação principal em uma mina

Se considerarmos que no circuito de


ventilação principal de uma mina
podemos prescindir em uma primeira
aproximação das pressões dinâmicas
por serem as secções de áreas
relativamente grandes e, portanto, as
velocidades do ar são pequenas, a
equação da energia toma as seguintes
formas para os diferentes ramos do
circuito:
Aplicação da Equação da Energia em diversos
casos de fluxo de fluido:
Circuito de ventilação principal em uma mina

O termo ventilação natural é devido basicamente ao


fenômeno de aquecimento ou esfriamento que o ar
sofre em sua passagem pela mina, o que dá origem
a uma diferença de densidade entre o ar do poço de
entrada e o do poço de saída. Esta diferença de
peso entre uma e outra coluna de ar gera uma
diferença de pressão entre o fundo do poço de
entrada e o de saída, que em algumas ocasiões
será favorável à criada pelo ventilador e em outras,
desfavorável.
PERDAS DE PRESSÃO POR
FRICÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR
FRICÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR
FRICÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR
FRICÇÃO

PERDAS DE PRESSÃO POR
FRICÇÃO

Valores do coeficiente de fricção “K
Tipo de conduto K
Galeria retangular sem revestimento 0,012-0,016
Galeria retangular sem revestimento com escoramento 0,017-0,035
Galeria retangular com revestimento de concreto projetado 0,005-0,006
Galeria retangular concretada 0,004
Galerias com treliças metálicas concretadas 0,004
Galerias com treliças metálicas e revestimento de madeira 0,007-0,009
Galerias irregulares treliças deficientemente alinhadas 0,016
Poços concretados sem fortificações nem obstáculos 0,003-0,004
Poços concretados com obstáculos longitudinais (guias,tubos,etc.) 0,006-0,007
Poços concretados com obstáculos transversais 0,018-0,022
Poços sem revestimento 0,010-0,014
Dutos de aço galvanizado 0,021
Dutos de fibra de vidro 0,024
Tubos de plástico flexível (ventilação soprante) 0,0037
Tubos de plástico flexível com reforço metálico (ventilação 0,011
soprante ou aspirante)
PERDAS DE PRESSÃO POR MUDANÇAS
DE DIREÇÃO OU DE SECÇÃO

Além das perdas de pressão por fricção, tratadas até


agora, temos que considerar que sempre que haja
no conduto uma mudança de direção ou de secção
mais ou menos brusca, se formam turbulências
adicionais e redemoinhos no fluxo de ar, que geram
perdas de energia e, portanto, de pressão.
Essas quedas de pressão geralmente são estimadas
como um fator X ou porcentagem da pressão
dinâmica ou como um comprimento de conduto
equivalente que se adiciona ao comprimento real do
circuito por ocasião do cálculo das perdas por
fricção.
PERDAS DE PRESSÃO POR MUDANÇAS
DE DIREÇÃO OU DE SECÇÃO

Perdas por mudança de direção


Para o caso de uma curva de 90º e um conduto de
secção circular, se “D” é o diâmetro do conduto e “r”
o raio de curvatura medido no seu ponto médio, os
fatores X estimados e as correspondentes perdas
seriam as seguintes:
r/D ΔPt

>2 <0,15 Pd

1 0,25 Pd

0,5 0,75 Pd

0 (em esquadro) 1,15 Pd


PERDAS DE PRESSÃO POR MUDANÇAS
DE DIREÇÃO OU DE SECÇÃO

Perdas por mudança de secção


 Alargamento ou estreitamento brusco:

 Entradas ou saídas

Para o caso de uma entrada ou saída progressiva ou


chanfrada, o fator X pode variar entre 0,03 e 0,25
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS

DISCIPLINA: VENTILAÇÃO DE MINA

MEDIÇÃO DA PRESSÃO
MEDIÇÃO DA PRESSÃO

As medições de pressão na ventilação de minas


geralmente se destinam à determinação da
diferença de pressão entre dois pontos de um
circuito. Esta pode ser feita diretamente, se os
pontos não estão demasiadamente distantes um do
outro por meio de um manômetro que mede
pressões manométricas (diferenças de pressão com
relação à pressão atmosférica) ou, em caso
contrário, indiretamente medindo a pressão absoluta
em cada um dos pontos e subtraindo os valores
assim obtidos.
INSTRUMENTOS PARA MEDIR
PRESSÕES ABSOLUTAS

Também chamados barômetros, o mais conhecido é o


barômetro de mercúrio, com o qual se alcança um
grau de precisão importante, da ordem de 0,5 mbar,
porém apresenta complicações de transporte para uso
na mina, sendo demasiadamente frágil. Além disso,
deve ser montado perfeitamente na vertical e requer
correção de temperatura pela possível dilatação ou
contração de seus componentes quando submetidos ao
efeito do calor ou do frio. É utilizado geralmente como
padrão para a calibração, no exterior, de outros
instrumentos mais manejáveis.
INSTRUMENTOS PARA MEDIR
PRESSÕES ABSOLUTAS

O barômetro aneroide ou altímetro, é um


instrumento que serve para medir altitude e também
pressão absoluta. Consiste em uma cápsula
metálica ou tubo espiral com interior mantido à
vácuo que se contrai ou expande quando a pressão
exterior sobe ou baixa. A magnitude desta
deformação se transmite, através de articulação, ao
movimento de uma agulha que marca a pressão
sobre um limbo graduado. Requer calibração
frequente e correção de temperatura. Permite uma
precisão de 1 mbar aproximadamente.
INSTRUMENTOS PARA MEDIR
PRESSÕES ABSOLUTAS
Existem modelos que utilizam um sistema ótico
(Microbarômetro Ascânia) ou eletrônico que transmitem a
deformação e a converte a uma escala de precisão. A figura
seguinte mostra esquemas de barômetros.
INSTRUMENTOS PARA MEDIR
PRESSÕES MANOMÉTRICAS

O manômetro diferencial consiste basicamente em


um depósito e um tubo vertical ou simplesmente um
tubo de vidro em forma de “U” que contem um
líquido colorido. A diferença de altura entre os dois
ramos mede a diferença de pressão entre os dois
pontos aos quais se conectou o aparelho. Conforme
a posição do manômetro, ou mais precisamente, do
posicionamento das aberturas dos seus ramos,
pode se medir uma ou outra pressão dentro do
conduto.
INSTRUMENTOS PARA MEDIR
PRESSÕES MANOMÉTRICAS
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
1. Medida da diferença de pressão entre os lados de uma
porta de ventilação
Consideremos um circuito de ventilação formado por dois
poços ou galerias ABC e DEF e dois níveis ou travessas BE
e CD com uma porta de ventilação em BE e um ventilador
aspirante na saída, como se mostra na figura seguinte.
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
2. Medida da diferença de pressão entre dois pontos
Se os dois pontos estiverem situados na mesma cota e
a distância entre eles não é muito grande (<300m), se
pode fazer facilmente com um manômetro em “U” e
quantidade suficiente de mangueira de 3mmΦ, tal como
mostra a figura seguinte. Desta forma, e, se mais uma
vez supomos a vazão conhecida, poderemos estimar a
resistência desse ramo, partindo igualmente da fórmula
de Atkinson.
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
2. Medida da diferença de pressão entre dois pontos
Se os pontos estiverem distantes ou em cotas
diferentes como é o caso de querermos medir a
resistência de um poço, teremos de levar em conta
a autocompressão do ar devida ao seu próprio peso.
O cálculo da perda de pressão por fricção ΔPf se
complicaria, sendo necessário medir as pressões
absolutas P1 e P2 em cada um dos pontos e calcular
a densidade do ar a partir das temperaturas seca e
úmida. A expressão utilizada para o cálculo de ΔPf é
diferente conforme a corrente de ventilação no poço
seja ascendente ou descendente (figura seguinte).
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
2. Medida da diferença de pressão entre dois pontos
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
2. Medida da diferença de pressão entre dois pontos
Deve se levar em conta que a pressão atmosférica
varia constantemente durante o dia, de forma que,
se as medições de P1 e P2 não são simultâneas,
será necessária uma correção de tempo. Por outro
lado, a densidade do ar pode ser distinta para os
pontos 1 e 2. Neste caso:
Se 1 e 2 estão próximos pode se considerar a
média.
Se não, se divide o ramo em trechos mais curtos
(por exemplo, 100 m) e se somam os valores de
“wgz” correspondentes a cada trecho.
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
3. Método do ventilador em marcha e parado
É utilizado para calcular a resistência de um ramo
qualquer do circuito de ventilação por meio da
comparação das perdas de pressão medidas com
vazões diferentes.
Suponhamos por exemplo que queiramos calcular a
resistência R de um poço de ventilação. Para isto
procede-se a medição das vazões e pressões absolutas
tanto na superfície como no fundo do poço em
circunstâncias distintas: a) com o ventilador principal em
funcionamento, b) com o ventilador principal parado, tal
como indicado na figura seguinte:
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
3. Método do ventilador em marcha e parado
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS
3. Método do ventilador em marcha e parado
A pressão absoluta na superfície será a atmosférica
que, em princípio, consideraremos constante. Com o
ventilador em movimento circulará uma vazão Q1 e a
pressão absoluta no fundo será P1 e a queda de
pressão ao longo do poço, ΔP1, calculada conforme
indicado no parágrafo anterior. Ao parar o ventilador a
vazão se reduzirá, embora sempre tenhamos uma
vazão Q0, devido à ventilação natural ou a outros
ventiladores que possam estar em funcionamento.
Portanto se reduzirá também a perda de pressão até
um valor ΔP0. Contudo, a pressão absoluta no fundo
P0 aumentará.
LEVANTAMENTOS
DEPRESSIOMÉTRICOS

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