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Prof.: Alirio.
É de se observar que de acordo com o art. 6° da Lei 9.099, o juiz está autorizado
a julgar de acordo com os princípios da eqüidade, mas isto não o autoriza ao
julgamento contra legem.
Das partes
Segundo dispõe o art. 8°, não poderão ser partes, no processo instituído por
esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas
públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.
Por sua vez, o parágrafo primeiro desse mesmo artigo dispõe: “somente
pessoas físicas capazes serão admitidas a procuração perante o Juizado
Especial, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas”.
OBS.: Destaca-se que a incapacidade para ser parte no Juizado Especial seja ela
preexistente ou superveniente, acarreta a extinção de processo sem
julgamento do mérito, por absoluta ausência de pressuposto para a sua
constituição.
O preposto do réu que for pessoa jurídica ou titular de firma individual, deverá
ser credenciado, isto é, deverá portar documento escrito que o legitime e o
habilite para a representação a ser feita, não sendo de exigir-se, pela
preponderância do princípio da informalidade o reconhecimento da firma do
representante do réu, mas sempre que possível deverá ser feito em papel
timbrado.
O MP intervirá nos casos previstos em lei, diz o art. 11°. Quais são esses casos?
Como no Juizado Especial não podem ser partes o incapaz, o preso, as pessoas
jurídicas de direito público, a massa falida e a assistência civil (art.8°) e como
se excluem da competência do Juizado as causas de natureza alimentar,
falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública e ainda, as relativas a
acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, (
art.3°, § 2° ), as hipóteses de intervenção do MP no Juizado Especial Cível são
mínimas.
Os atos processuais do Juizado Especial: Disciplina legal: Lei 9.099 art. 12° e
13°
OBS.:
No Juizado Especial, apenas os atos essenciais serão registrados
resumidamente, enquanto os demais poderão ser gravados em fita magnética
ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão (art.
13, § 3° ).
Não se exige petição inicial com os requisitos do art. 282 do CPC, bastando um
simples requerimento do qual constarão, de forma simples e em linguagem
acessível:
a)- o pedido;
b)- o nome, a qualificação e o endereço das partes;
c)- os fatos e os fundamentos ( causa de pedir ), de forma sucinta;
d)- o objeto e seu valor.
OBS.:
Se o pedido for apresentado oralmente à secretaria do juizado, esta
providenciará o preenchimento de formulário próprio.
É conveniente lembrar que pedido genérico é aquele que tem objeto imediato,
enquanto o objeto mediato não aparece individualizado ou clariado.
Em havendo pedido genérico, o juiz vai proferir uma sentença ilíquida, salvo
no Juizado Especial.
Atenção:
Citação
O art. 18° da Lei 9.099 aponta as normas concernentes à citação e determina
que a citação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento em mão
própria, significando dizer que o destinatário da citação é o réu e é ele que terá
de assinar o aviso de recepção.
Merece destacar que no Juizado Especial não se admite a citação por edital
(art. 18, § 2°).
Exercício:
A citação por edital e a citação por hora certa são as chamadas citações fíctas
ou presumidas, por se entender que nesses casos não há certeza da citação.
A Lei 9.099 silenciou no que diz respeito à citação por hora certa, mas
expressamente proibida a citação por edital e daí se entender que a intenção
do legislador, partindo-se da interpretação extensiva é pela não
admissibilidade de qualquer forma de citação presumida.
OBS.:
A segunda hipótese importa em comparecimento à sessão de conciliação na
qual não foi obtida a conciliação e as partes não optaram pelo juízo arbitral e
em não havendo a conversão para a audiência, foi designada a data para a
realização dessa audiência de instrução e julgamento, tendo as partes sidas
desde logo intimadas.
Segundo dispõe o art. 9° do CPC, o Juiz nomeará Curador Especial ao réu preso
e ao revel citado por hora certa ou edital.
É presidida ou pelo Juiz Togado ou pelo Juiz Leigo. As partes serão esclarecidas
das vantagens de formalizarem uma conciliação, bem como serão esclarecidos
que em havendo transação, o seu valor poderá ultrapassar o limite
quantitativo do Juizado Especial, isto é, poderá superar o valor de 40 vezes o
salário mínimo vigente (art.3°,§3°, Lei 9.099).
O que o legislador quer é que nesta sessão de conciliação se desenvolva todos
os esforços para obtê-la, já que esta é uma das principais finalidades do
Juizado Especial (ver art.2°, Lei 9.099).
Obtida a conciliação, esta será reduzida por termo, quer dizer, terá a forma de
uma transação e será homologada pelo Juiz Togado, sendo que essa sentença
homologatória valerá como título executivo judicial (art. 22°, § único, Lei
9.099).
Realizada a sessão de conciliação, sem que esta tenha sido obtida, as partes
poderão de comum acordo optar pelo Juízo Arbitral, que será instaurado desde
logo com a escolha do Árbitro pelas partes. O Árbitro será escolhido dentre os
Juizes Leigos.
É interessante não esquecer que a Lei 9.099 em seu art. 17° já tinha feito
referência a essa ação dúplice, sob a denominação de pedido contraposto.
Entendendo o Juiz que o réu poderá ter prejuízo, ele de imediato fixará uma
nova data para AIJ., ficando desde logo intimada as partes e as testemunhas
eventualmente presentes (art. 31, § único).
As partes poderão se valer dos meios de provas indicados na Lei, bem como de
outros meios, desde que lícitos.
Desde que não ocorra a quebra da unidade da audiência, poderá haver por
determinação ex-ofício ou a requerimento das partes, inspeção judicial em
pessoas ou coisas, podendo o Juiz determinar que a inspeção seja feita por
pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado (art.
35°).
A instrução poderá ser dirigida por Juiz Leigo, sob a supervisão de Juiz Togado
(art. 37°). Em face do exposto, verifica-se que no Juizado, a AIJ., está
primordialmente sob a influência dos princípios da concentração, da oralidade
e da informalidade.
Segundo o art. 38° da Lei 9.099, a sentença não tem relatório, mas antes dos
elementos que firmaram a sua convicção (fundamentação), o Juiz terá que
fazer um breve resumo dos fatos relevantes ocorrido na audiência.
Merece ainda destacar que será ineficaz a sentença condenatória na parte que
exceder o limite quantitativo, isto é, a alçada firmada na Lei 9.099, art. 39°.
Sucumbência
Inexiste imposição de ônus da sucumbência (art. 55°, Lei 9.099). Inexistindo
recurso, não haverá pagamento dessas verbas. A lei, a fim de desestimular a
interposição de recursos, puni o recorrente vencido, já que este pagará à custa
e honorários de advogado, que serão fixados entre 10% e 20% do valor de
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa (ver
art.55°, Lei 9.099).
Neste aspecto, merece ressaltar que julgar com apoio na eqüidade não
significa julgamento contra legem. O juiz terá de buscar os critérios
identificadores da eqüidade dentro das normas jurídicas que compõem o nosso
Direito Objetivo.
Nessa direção, a regra segundo a qual o Juiz não está obrigado a observar o
critério da legalidade estrita, somente vale para os procedimentos especiais de
jurisdição voluntária (ver CPC art. 1.109).
Segundo dispõe o art. 46° da Lei 9.099, o julgamento do recurso está sob a
influência do princípio da informalidade e se a sentença for confirmada por
seus próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
Considerações finais
3°) – A mens legis ( Lei 9.099 ) é no sentido de travar todas as ações no próprio
Juizado Especial, o que por si só afasta a possibilidade de recursos quer para o
tribunal local, quer para os tribunais superiores.
Nesse sentido, não se poderá admitir recurso especial, mesmo porque este se
interpõe contra decisões de tribunais, o que não é caso da turma recursal do
Juizado Especial (ver Constituição Federal, art. 105, inciso III).
Por sua vez, dispõe o art. 52° que a execução da sentença processar-se-á no
próprio Juizado, aplicando-se no que couber as normas genéricas do Código de
Processo Civil, desde que observadas as normas inerentes da Lei 9.099.
Neste particular, merece reiterar que a multa coercitiva tem por finalidade
forçar o devedor a realizar a tutela específica.
Nessa direção, merece ressaltar que somente na fase da execução é que vai se
visualizar a objetivação ou não da tutela específica (satisfação direta).
Exemplos:
Não edificar, não caçar, não pescar, não desmatar, não exercer determinada
atividade.
OBS.: Pelos motivos anteriormente salientados, não há, via de regra, a fixação
de multa coercitiva na execução para a entrega de coisa, salvo em se tratando
de coisa móvel se o oficial de justiça certificar que o devedor está ocultado a
coisa a fim de impedir a execução do julgado (ver art. 52°, V, parte final, Lei
9.099).
Poderá ocorrer no Juizado Especial Cível a execução por quantia certa em face
de devedor solvente, desde que o “quantum debeatur” seja de valor igual ou
inferior a 40 vezes o salário mínimo vigente. Em se tratando da execução de
sentença condenatória transitada em julgado, a execução inicia-se com a
penhora.
Alienação coercitiva do bem penhorado poderá ser feita pelo credor ou por
terceira pessoa idônea. O arrematamento tem que pagar o preço à vista, a não
ser que ofereça caução (art.52°,VII, Lei 9.099 ).
OBS.:
Essas causas, conforme destaca o próprio texto legal, têm de ser superveniente
à sentença, porque se anteriores, já estarão absorvidas pela eficácia preclusiva
maior da coisa julgada material.
É a que aparece desenhado no art. 738 do CPC, porque neste aspecto, são
aplicáveis as normas genéricas do CPC ( ver art.52°, Caput, Lei 9.099 ).
Os embargos serão rejeitados liminarmente, se presente qualquer das causas
enumeradas no art. 739 do CPC.
Merece salientar que ao indicar as possíveis razões de defesa, o art. 52°, IX não
está apenas enumerando ou exemplificando, mas sim impondo a taxatividade
(numerus clausus).
No art. 55° da Lei 9.099, o legislador mais uma vez busca desestimular o
oferecimento de recurso. É que se na sentença do primeiro grau não haverá
efeitos da sucumbência, o mesmo não ocorre na fase recursal, aonde o
recorrente vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão
fixados entre 10% e 20% do valor da condenação ou, não havendo
condenação, do valor corrigido da causa ( ver art. 55°, Lei 9.099 ).