21. Em terminologia cabalista e chassídica, “noite” refere-se à condição de
escuridão espiritual, quando Divindade não está aparente. “Manhã”, o período da luz, indica a condição de manifestação Divina – Luz Divina. Por conseguinte, o fato de a noite preceder a manhã (na unidade do “dia”) é bastante significativo: indica que a pessoa só estará apta a alcançar luz espiritual batalhando primeiro com a escuridão. Uma revelação Divina verdadeira decorre somente da luta contra as forças que se empreendem em ocultar Divindade. 22. Ver Rashi, Gênese 1:1; Midrash Rabá 12:15; idem, 14:1. Os atributos de Julgamento e Misericórdia não devem ser entendidos somente em seu sentido literal, no contexto de recompensa e castigo – que D’us inicialmente pensou em ser rigoroso com a Criação e, depois, decidiu ser mais leniente – mas, antes, num sentido mais metafórico, referindo-se aos diferentes estados de Divindade, como o discurso explicará. Julgamento refere-se à “restrição” de Divindade, um estado de ocultação Divina (escuridão, tsimtsum), enquanto Misericórdia se refere à manifestação de Divindade, um estado de revelação Divina (luz). Falando de forma geral, essas duas condições (ocultação Divina e revelação) são sinônimos de Elokim e Havaye, respectivamente. Para uma análise mais ampla deste assunto, Ver Yom Tov Shel Rosh Hashaná 5659, Discurso um, p. 23 em diante (Kehot, 2000). 23. Shabat 77b. O Talmud afirma em relação à Criação que “primeiro [estava] escuro; depois [havia] luz”, de acordo com Gênese 1:2,3. 24. Gênese 1: 1. 25. TSIMTSUM – Auto-contração ou auto-limitação da revelação infinita de D’us – o Or En Sof – que permite mundos finitos existir. Antes da Criação, havia somente Luz Infinita preenchendo toda a existência. No contexto desta revelação infinita, mundos e seres finitos não teriam possibilidade de existir. Quando se despertou na Vontade Divina criar os mundos e todos seus habitantes, Ele contraiu e ocultou a Luz Infinita, criando um “vácuo” no qual a existência finita pode ser tolerada. Esta ocultação da Luz Infinita de D’us é análogo à escuridão. 26. Gênese 2:4. 27. Este conceito será explicado mais extensivamente.