Sêmen: espermatogênese,

coleta e análise

Prof. MSc. Felipe P. Mesquita

Casal de adultos com dificuldade de conceber
uma criança.
• Cerca de 40% dos casos de infertilidade são decorrentes de distúrbios
do sistema reprodutor masculino.

• Análise do sêmen pode identificar distúrbios ou descartar a

infertilidade masculina.
Composição do sêmen Contém ácido cítrico,
flavinas, frutose e potássio
(suporte nutricional aos
espermatozoides)
• Consiste em diversos fluidos:
- Mais de 50% = fluido seminal oriundo da vesícula seminal;
Contém fosfatase ácida, ácido
cítrico e enzimas proteolíticas
- Cerca de 25% = fluido prostático oriundo da próstata;

- Cerca de 10% = espermatozoides oriundo dos túbulos seminíferos;

- Cerca de 5% = glândulas bulbouretrais, glândulas uretrais e dutos deferentes

contribuem com discreto volume adicional.
Formação de espermatozoides
• Espermatogênese consiste na formação dos espermatozoides nas células de
Sertoli dos túbulos seminíferos.
• Maturação adicional dos espermatozoides ocorre no epidídimo.
• 74 dias
• Fases:
- Espermatocitogênese: fase de duas etapas, nas quais espermatogônias sofrem
divisão mitótica e maturação em espermatócitos.
- Meiose: divisão celular que resulta em gametas haploides
- Espermiogênese: fase em que o gameta haploide desenvolve um flagelo e
transforma-se de espermátide a espermatozoide.
Coleta e manipulação de amostras
• O método preferencial para a coleta de sêmen consiste na masturbação.

• Coleta deve ser realizada após continência de 48 a 72 horas, a fim de se

obter uma amostra que reflita de forma precisa a contagem e a viabilidade
espermática.

• Recipientes de plástico ou vidro

• As amostras não devem ser coletadas em preservativos: compostos

espermicidas e lubrificantes que interferem nas análises.
Coleta e manipulação de amostras
• Transporte: em temperatura próxima a corporal.

• Logo após a ejaculação, o sêmen sofre coagulação devido à ação de uma

enzima coagulante (produzida nas vesículas seminais), precursora do tipo
fibrinogênio.

• Cerca de 30 a 60 minutos depois ocorre a liquefação do sêmen

(espermolisinas).

• Após a coleta, a amostra deve ser entregue ao laboratório imediatamente

para o registro preciso do tempo de liquefação.
 Exame macroscópico
• Liquefação:
- Tempo de liquefação do sêmen (valores normais: 30 a 60 minutos).

• Aspecto:
- Sêmen é opaco e pode exibir cores normais (cinza, branco e amarelo-
claro).
- Sêmen castanho ou vermelho está associado a presença de sangue.
- Amostra com intensa turvação pode está associado a grande numero de
leucócitos (infecção ou inflamação do trato reprodutor).
 Exame macroscópico
• Volume
- Pipeta sorológica, ou proveta
- Valor normal: 2 a 5 mL
- Valores inferiores ou superiores pode ser associados a infertilidade.

• Viscosidade
- Avaliada durante a mensuração do volume.
- Sêmen normal é levemente viscoso e derrama-se gota a gota.
- Bastão de vidro
- Viscosidade aumentada é comprovada pela formação de um fio fluido.
 Exame microscópico
• Concentração de espermatozoides:
- Contagem manual com hemocitômetro.
- Diluição de 1:20

𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑚𝑎𝑡𝑜𝑧𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑁 × 𝐹𝐷
=
𝑚𝐿 𝐴 𝑚𝑚2 × 𝑃 (𝑚𝑚)

N = número de células contadas

FD = fator de diluição
A = área contada em mm2
P = profundidade, sempre será 0,1 mm
 Exame microscópico
• Motilidade:
- A fertilização do óvulo depende da capacidade do espermatozoide de alcançar e unir-
se a este.
- A motilidade deve ser avaliada no prazo de até 1 hora após a coleta.

- Uma gota de sêmen em uma lamina com lamínula (a fresco).

- Objetiva de 40 X
- Podem ser classificadas em basicamente três categorias:
✓Alta motilidade, baixa motilidade e imóvel.
✓Progressiva, não progressiva e imóvel.
• Aglutinação:

- Observada durante a avaliação da motilidade de espermatozoides em uma

preparação a fresco de sêmen.

- A aglutinação ocorre quando os espermatozoides estão agrupados cabeça a cabeça

ou cauda a cauda, podendo indicar a presença de anticorpos antiespermatozoides.
 Exame microscópico
• Viabilidade

A determinação da viabilidade dos espermatozoides é importante para o

estabelecimento de uma causa para a infertilidade masculina.

- Coloração com eosina: a membrana plasmática intacta não permite a penetração do

corante, deixando os espermatozoides incolores.

- Um mínimo de 100 células são contadas em duas categorias: vermelhos (mortos) e

brancos (vivos).

- Normalmente > 75% dos espermatozoides são viáveis.

 Exame microscópico
• Morfologia espermática
- Preparação de um esfregaço de sêmen corado, realizando-se a contagem e a
classificação de todas as formas de espermatozoides.
- Fixação do esfregaço
- Coloração com Papanicolau, Giemsa ou Wright.
- Contagem de 100 a 200 espermatozoides,
classificando-os quanto a morfologia.
- O mínimo de formas normais de morfologia espermática
pode variar de >30% a > 70% (varia de lab para lab).
 Cabeça gigante
Normal (macrocabeça ou macrocefálico) Cabeça dupla

Microcabeça ou microcefálico

Cauda dupla
Defeito na peça intermediária
 Exame químico
• pH:
- Deve ser mensurado no prazo de até uma hora após a coleta.
- Papel de nitrazina para mensuração do pH seminal.
- Normal: 7,2 a 7,8.

• Fosfatase ácida:
- A fosfatase ácida seminal é utilizada para avaliar a função secretória da
próstata.
- Concentrações normais = 200 unidades por ejaculado.
 Exame químico
• Frutose:
- A frutose é a principal de fonte de energia para os espermatozoides (99% dos açucares no
sêmen).

- Produzida nas vesículas seminais.

- Valores normais: igual ou maior que 13 µmol por ejaculado.

- Uma concentração baixa pode indicar uma obstrução do ducto ejaculatório ou anomalias nos
vasos deferentes, sendo acompanhado de azoospermia (ausência de espermatozoides).

- Baixas concentrações de frutose estão relacionadas à deficiência androgênica ou a

concentrações reduzidas de testosterona.
 Exame químico
• Hormônios:
- Útil na diferenciação das causas de azoospermia.
- Testosterona, hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH).
- P ex.:
Na síndrome das células de Sertoli, os níveis de testosterona e LH são normais, já o FSH
encontra-se reduzido.

Os níveis desses hormônios são normais quando a azoospermia é causada por

obstrução de duto ou interrupção de maturação dos espermatozoides.
 Imunologia
• Anticorpos autoimunes contra espermatozoides podem ser formados
quando um trauma ou uma infecção provoca uma ruptura na barreira
entre o esperma e o sangue.

• Exame imunológico é realizado quando o teste de aglutinação é positivo.

• IgA, IgG e IgM

• ELISA
 Microbiologia
• Infecções urogenitais são responsáveis por cerca de 15% dos casos de
infertilidade masculina.

• Microrganismos que podem levar à produção de anticorpos

antiespermatozoides.

• Ureaplasma urelyticum
• Mycoplasma hominis
• Chlamydia trachomatis
• Herpes simplex.
Faixas da análise de sêmen normal

Liquefação Liquefeito após 30 minutos

Cor Branco ou branco acinzentado
Viscosidade Viscoso
Volume 2,0 – 5,0 mL
pH 7,2 – 7,8
Concentração 20 – 250 milhões/mL
Aglutinação Ausente
Motilidade >60% progressivamente móveis
Penetração >30 mm
Viabilidade > 75%
Morfologia normal Dependente do laboratório
(>70%)
Formais imaturas <2%
Leucócitos Ausentes a ocasionais
Hemácias Ausentes
Células epiteliais Ausentes a poucas
Bactérias Ausentes
Frutose 1+ a 4+
Terminologias