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O Masculino na Modernidade e Tradição

Um dos pontos centrais na concepção do mundo tradicional é uma verdadeira masculinidade, ou a masculinidade
"solar". Desde sempre forças matriarcais tentam reduzir o masculino ao princípio fálico. Mas o homem erótico, que não conhece
outro princípio senão o prazer contingente, pulando de instante em instante, como se caçando vento, numa vida de boemia e que
poderíamos chamar de "dionisíaca", acaba caindo num culto à mulher e sua sexualidade no qual baseia sua própria identidade. Logo
perde o seu centro e, carecendo de luz própria, reduz-se ao princípio feminino.

Da perspectiva tradicional, o masculino possuía identidade baseada no seu próprio princípio, a mulher não devia ser cultuada mas,
numa frieza e distanciamento calmo, devia ser superada. Simbolicamente, era a imagem e o próprio devir a serem superados em prol
da essência e eternidade, as quais se refletiam em uma civilização rígida e constante. O modelo tradicional não era patriarcal devido
ao homem ocupar aquela ou tal posição, mas sim como categoria metafísica, onde o princípio material (mãe, do grego mater, que
significa etimologicamente matéria) era contido para o governo do princípio espiritual. Então a mulher tinha a sua sexualidade
devidamente coberta para demonstrar a vitória de tal princípio. O inverso ocorre hoje, onde o erotismo é a força motora da vida ao
passo que a materialidade se afirma.

Assim, a masculinidade verdadeira ou solar não era a de um mulherengo viciado e boêmio, mas a de um disciplinador e dominador
de paixões. Como um Hércules que, enquanto seus companheiros de aventura regozijavam-se em prazeres numa ilha habitada
apenas por mulheres, permaneceu fielmente no navio onde com disciplina dormiu todas as noites, urgindo seus companheiros a
retornarem à jornada, questionando-os se era assim que pretendiam conquistar a glória

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