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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO - UNICAP

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA - PRAC


COORDENAÇÃO GERAL DE PESQUISA
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC

RELATÓRIO PARCIAL

Professor Orientador
JOAQUIM TEODORO ROMÃO DE OLIVEIRA
Título do Projeto de Pesquisa
ENGENHARIA DE
INFRA-ESTRUTURA URBANA

Aluno Bolsista
EUDES LIMA DA SILVA
Título do Plano de Trabalho
CRIAÇÃO DE UM BANCO DE DADOS DE ARGILAS
UTILIZADAS EM TIJOLOS CERÂMICOS

ENGENHARIAS

RECIFE - 2007
IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO

BOLSISTA
EUDES LIMA DA SILVA

CURSO DE GRADUAÇÃO – DEPARTAMENTO


ENGENHARIA CIVIL – ENGENHARIA E ARQUITETURA

TÍTULO DO PLANO DE TRABALHO


CRIAÇÃO DE M BANCO DE DADOS DE ARGILAS
UTILIZADAS EM TIJOLOS CERÂMICOS

LOCAL DO DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE


LABORATÓRIO DE GEOTECNIA DA UNICAP - LABGEO

PERÍODO DE VIGÊNCIA DA BOLSA


01 DE AGOSTO DE 2007 – 31 DE JULHO DE 2008

RECIFE - 2007

1
SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... 03


LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... 03
RESUMO ............................................................................................................................... 04
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 05
1.1 Relevância e Justificativa ............................................................................................ 05 05
1.2 Composição Genérica da Classificação Argila ........................................................... 07 06
1.3 Ensaios de Caracterização ........................................................................................... 08 11
1.3.1 Análise Granulométrica ...................................................................................... 08 07
1.3.2 Estudo da Plasticidade ........................................................................................ 09 10
1.4 Ensaio de Resistência ao Cisalhamento ...................................................................... 11 16
1.5 Diagrama de Winckler ................................................................................................ 11 18
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 13 22
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 1322
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 13 22
3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 23 14
3.1 Locais de Extração das de Argilas .............................................................................. 14 25
3.1.1 Argila Usada na Realização dos Ensaios da Presente Pesquisa ......................... 14 25
3.1.2 Argilas Usadas para Cadastramento e Comparação dos Resultados. ................. 14 23
3.2 Realização dos Ensaios ............................................................................................... 15 16
3.3 Avaliação da Granulometria no Diagrama de Winckler ............................................. 16
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 17 27
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 19 31

2
SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS

01. Classificação do Solo Segundo a Granulometria.. ............................................................ 07 18


02. Série de Peneiras. .............................................................................................................. 08
18
03. Classificação Plástica dos Solos. (CAPUTO, 1998). ........................................................ 10 21
04. Atividade das Argilas. (CAPUTO, 1988 apud SKEMPTON, 1953). ...............................11 30

LISTA DE FIGURAS

01. Gráfico para se encontrar o Limite de Liquidez. .............................................................. 07 09


02. Diagrama de Winckler. (PRACIDELLI e MELCHIADES, 1997). .................................. 12 07
03. Posição Geográfica das Cidades de Extração das Argilas. ............................................... 15 09
04. Resultado no Diagrama Granulométrico de Winckler. ..................................................... 17 10
05. Curva de Distribuição Granulométrica. ............................................................................ 18
10

3
RESUMO

Conhecer uma argila e seus constituintes é de fundamental importância para o processo de


fabricação. Neste relatório será mostrado um estudo comparativo feito numa amostra de argila
adquirida de um bloco cerâmico (tijolo) mal cozido. Após a caracterização da matéria-prima,
a composição granulométrica da massa e seu possível campo de aplicação são previstos no
diagrama de Winckler que se constitui de um diagrama ternário cujos vértices representam
diferentes faixas granulométricas (< 2 mm; 2-20 mm; > 20 mm). O objetivo primário desta
pesquisa é controlar as propriedades das matérias-primas, tanto por incentivar a melhora do
processo de fabricação (cozimento) como por mudar a formulação das misturas comumente
feitas. O resultado poderá ser refletido através da obtenção de tijolos e telhas de melhor
qualidade.

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1. INTRODUÇÃO

Além de oferecer suporte ao assentamento das obras de Engenharia Civil, o solo


dum determinado terreno fornece, também, a matéria-prima necessária à fabricação de vários
materiais utilizados nas diversas fases dessas construções. O tijolo cerâmico é um típico
exemplo de tal versatilidade.
Cerâmica é o nome dado à pedra artificial obtida, basicamente, por meio da
moldagem, secagem e cozedura de blocos que tenham como elemento principal a argila.
(BAUER, 1994, p. 526).
O conhecimento desta técnica, contudo, é tão antigo que, segundo a Bíblia, ao ser
iniciada pela primeira vez a construção duma cidade após o Dilúvio, os construtores da
famosa Torre de Babel já esquematizavam: “Vamos! Façamos tijolos e cozamo-los por um
processo de queima.” (TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO, 1986, p. 27). Pretendia-se que a
torre fosse a estrutura mais alta daquele tempo e, pelo visto, a rica planície aluvial constituída
de sedimentos provenientes dos transbordantes rios Eufrates e Tigre, municiava o material
natural indispensável.
Na atualidade, apesar dos avanços feitos com concreto armado e metais, o
emprego do tijolo cerâmico ainda ocupa uma posição importante. De fato, é um dos
componentes básicos de qualquer construção de alvenaria, seja ela de vedação ou estrutural,
possuindo dimensões e formatos variados. Os tijolos são, assim, blocos de construção antigos
a serviço do homem moderno.
O presente relatório tem por finalidade integralizar uma seleta de resultados dos
índices físicos e parâmetros geotécnicos dessas argilas empregadas na fabricação dos tijolos
cerâmicos, a fim de orientar ou alertar as indústrias cerâmicas, a importância de um adequado
processo de fabricação. Como complemento, ensaios de caracterização, deformação e
resistência serão realizados em outras novas amostras de argila, também utilizadas na
produção de tijolos. Por fim, será incluída uma comparação entre os valores da literatura e os
dos resultados obtidos na presente pesquisa.

1.1 Relevância e Justificativa

Como fora exposto na introdução, a matéria-prima utilizada na confecção de


tijolos cerâmicos é a argila. Assim, a produção destes tijolos é bastante afetada pelas

5
características granulométricas e plásticas que o principal elemento neles utilizado pode
apresentar.
Por exemplo, sabe-se que algumas cerâmicas porosas aquecidas a temperaturas
inferiores a 1000° C, são propensas a expandirem, ocorrendo três tipos de fenômenos:
absorção de água nos poros maiores; adsorção nas superfícies internas e externas dos corpos
cerâmicos com redução da energia superficial que os torna mais deformáveis, resultando em
expansão e perda da resistência mecânica e; combinação química irreversível da água em
condições ambientais, resultando em expansão e perda das propriedades mecânicas.
(CAMPOS, 2002; RAPOSO, 2003).
O fenômeno que surge, então, é chamado de Expansão por Umidade (EPU) e, é
claro, pode acarretar graves acidentes em obras construídas com tijolos cerâmicos. Um caso
muito interessante foi observado em Jaboatão dos Guararapes - PE. O histórico de
desabamentos nesta cidade começou com o Edifício Aquarela, em 1997. No exato dia 22 de
maio, 16 famílias deixaram o prédio tipo caixão antes que a estrutura ruísse. Neste momento
as portas não fechavam mais e os azulejos caiam. Não demorou nem 20 minutos depois da
saída dos moradores para que o prédio afundasse. O edifício precisou, então, ser demolido. O
resultado é que a maioria dos antigos proprietários, hoje, mora de aluguel.
Conforme Oliveira (1997) o colapso se deu em virtude da ruptura brusca dos
embasamentos das fundações. De fato, o laudo do Conselho Regional de Engenharia e
Arquitetura (CREA) apontou que o incidente foi causado por utilização inadequada de
alvenaria e de tijolos de resistência inferior à que era necessária. O conjunto destas paredes de
fundações definia muros sobre os quais se apoiavam as lajes de piso. No espaço delimitado
entre essas lajes e o solo natural, passou a existir um porão que é geralmente designado como
“caixão perdido”. O constante contato das paredes com a água do subsolo e suas flutuações
desenvolveu, justamente, o fenômeno da EPU, reduzindo a capacidade resistente à
compressão ao longo do tempo, resultando no colapso do conjunto após onze anos de
construído. Por esses e outros motivos, é de máxima importância o estudo das propriedades
das argilas plásticas para uso cerâmico a partir de amostras ensaiadas em laboratório
contando, evidentemente, com os ensaios de caracterização, deformação e resistência —
recursos mecânicos ainda indispensáveis à identificação e descrição desse tipo de solo.
A criação de um banco de dados descrevendo alguns resultados já alcançados
neste respeito é, deveras, necessário quando se deseja divulgar e alertar a comunidade técnica
e as próprias indústrias cerâmicas, o quão adequado, ou não, está o material coletado para
fabricação.

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1.2 Composição Genérica da Classificação Argila

Os solos de natureza argilosa apresentam características de plasticidade, ou seja,


ao ser misturado à água adquirem a forma desejada, a qual se mantém após secagem e
cozimento. Assim, a primeira característica usada na Engenharia para se diferenciar os solos é
o tamanho das partículas que o compõem. Isto pode ser visto claramente na Tabela 01.

Tabela 01. Classificação do Solo Segundo a Granulometria.


FRAÇÃO DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS (mm)
Areia de 0,05 a 4,8
Silte de 0,005 a 0,05
Argila inferior a 0,005

Assim, de acordo com a ABNT, as argilas são compostas de partículas coloidais


de diâmetro inferior a 0,005 mm.
Do ponto de vista químico, porém, durante muito tempo se conceituou que argilas
eram substâncias originárias da caulinita (Al2O3 2SiO2 2H2O), e o resto era impureza amorfa.
Hoje se sabe que as argilas são constituídas essencialmente de partículas cristalinas
extremamente pequenas, formadas por um número restrito de substâncias. Essas substâncias
são chamadas argilo-minerais que, por sua vez, são silicatos hidratados de alumínio, ferro e
magnésio, comumente com alguma porcentagem de álcalis e de alcalino-terrosos. Junto com
esses elementos básicos vem a sílica, alumina, mica, ferro, cálcio, magnésio, matéria orgânica
e etc. Eles são a mistura de substâncias minerais resultante da desagregação do feldspato das
rochas ígneas, por ação da água e gás carbônico. Como as rochas ígneas e os feldspatos são de
diversos tipos, há também diversos tipos de argilo-minerais. Ocorrem, então, depósitos de
natureza extremamente variada. Não existem duas jazidas de argila rigorosamente iguais. Às
vezes há diferenças acentuadas até numa mesma jazida. (BAUER, 1994, p. 527).
Dessa forma, acabamos por entrar no aspecto geológico das argilas. Essa grande
quantidade de rochas que podem originá-las nos proporciona materiais argilosos dotados de
diferentes características, tais como:
o Cerâmica branca (caulim residual e sedimentar);
o Cerâmica refratária (caulim sedimentar e argila refratária);
o Cerâmica vermelha (argila de baixa plasticidade, contendo fundentes);
o Cerâmica de louça (argila plástica, com fundentes e vitrificantes).
Há, ainda, outro constituinte da argila que merece considerável atenção. A
montmorilonita representa um dos principais grupos dos argilo-minerais e é caracterizada por
7
partículas extremamente finas. Sua principal característica é a capacidade para absorver
moléculas de água entre as camadas, devido a isto, argilas ricas neste argilo-mineral
apresentam uma forte tendência a causar trincas de secagem, além de apresentar elevada
plasticidade.

1.3 Ensaios de Caracterização

Algumas propriedades dos solos são especialmente úteis para sua caracterização.
Os procedimentos usualmente empregados para se analisar a granulometria de um solo,
estudar seus Limites de Consistência (também chamados de Limites de Atterberg) e
determinar o Índice de Plasticidade, serão brevemente descritos nos itens seguintes.

1.3.1 Análise Granulométrica

A análise da distribuição das dimensões dos grãos objetiva determinar uma curva
granulométrica. Para tal realização, uma amostra de material granular é submetida a
peneiramento em uma série-padrão de peneiras, cuja abertura de malhas tem a seqüência
apresentada na Tabela 02.

Tabela 02. Série de Peneiras.


ABERTURA DA MALHA
4,8 2,0 0,6 0,42 0,25 0,075
(mm)

Em seguida, determina-se a massa de material retido em cada peneira e os


resultados são plotados em um gráfico, onde o eixo das abscissas corresponde à abertura de
malha, em escala logarítmica, e as ordenadas, à percentagem do material que passa. Esse
ensaio é padronizado no Brasil pela ABNT (Procedimento NBR 7181).
Quando os solos apresentam granulometria muito fina, menor que 0,075 mm, essa
porcentagem é tratada de forma diferenciada através do ensaio de sedimentação, cujos
detalhes podem ser vistos na mesma NBR 7181. Essa operação visa determinar a distribuição
granulométrica dos finos através da velocidade de queda das partículas do solo em um meio
líquido, tomando como base a Lei de Stokes, que correlaciona a velocidade de queda das
partículas esféricas com o seu diâmetro.

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1.3.2 Estudo da Plasticidade

Outra forma de se caracterizar o comportamento dos solos argilosos sob o ponto


de vista da Engenharia é por meio de análises indiretas, baseada no comportamento do solo na
presença de água. Deste modo, o teor de umidade (W) de uma amostra constitui-se um fator
determinante nos cálculos que serão realizados. A umidade é a relação, em percentagem, entre
o peso da água e do solo seco. Para determiná-la, pesa-se o solo no seu estado natural, seca-se
em estufa a 105° C até a constância de peso e pesa-se novamente. Tendo-se o peso das duas
fases, a umidade é calculada. Esta operação é muito freqüente num laboratório. (PINTO,
2000, p. 18).
Há mais de noventa anos, o sueco Atterberg, engenheiro químico, pesquisador do
comportamento dos solos sob o aspecto agrônomo, (ORTIGÃO, 1993, p. 16; PINTO, 2000, p.
13) dividiu os valores de umidade que uma argila pode apresentar em limites correspondentes
ao estado aparente do material. Esses são: Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade
(LP).

Figura 01. Gráfico para se encontrar o Limite de Liquidez.

Esse assunto foi adaptado e padronizado mais tarde pelo professor de Mecânica
dos Solos chamado Arthur Casagrande, que projetou um aparelho para realização do ensaio a
fim de determinar o Limite de Liquidez (LL). O equipamento consiste em um prato de latão,
em forma de concha, sobre um suporte de ebonite. Quanto ao ensaio, esse consta,
primeiramente, do destorroar e homogeneizar a amostra do solo (no caso, argila). Em seguida,
a amostra umidificada é colocada no recipiente do aparelho, faz-se um sulco longitudinal com
a ajuda de um cinzel e, por meio de um excêntrico, imprime-se ao prato, repetidamente,
quedas de altura de 1 cm e intensidade constante. Repete-se a operação com outros graus de
umidade. Os números de golpes necessários para provocar o fechamento do sulco são
registrados. Os resultados são plotados num gráfico (Figura 01). Ao determinar o teor de
9
umidade correspondente a 25 golpes, encontra-se, automaticamente, o LL. Este procedimento
é empregado em todo o mundo e normatizado pela ABNT. (Método NBR 6459).
Já o Limite de Plasticidade (LP) — com o ensaio padronizado pela ABNT
(Método NBR 7180) — é definido como o menor teor de umidade com o qual se consegue
moldar um cilindro de 3 mm de diâmetro e cerca de 10 cm de comprimento. A amostra é
rolada com a mão em um movimento de vai-e-vem, então, procura-se determinar a umidade
na qual ela começa a partir. (CAPUTO, 1988, p. 56).
O Índice de Plasticidade de um solo (IP) é definido pela diferença entre os Limites
de Liquidez e Plasticidade:
IP = LL – LP
Ele determina a zona em que certo terreno se encontra no estado plástico,
fornecendo um critério para se ajuizar do caráter argiloso de um solo, ou seja, quanto maior o
IP, mais plástica será a mostra. Sabe-se que uma pequena porcentagem de matéria orgânica
eleva o valor de LP, sem elevar simultaneamente o do LL. Tais solos apresentam, pois, baixos
valores para IP. Conhece-se, também, que as argilas são tanto mais compressíveis quanto
maior for o IP. Segundo Caputo (1998), citando Jenkins, os solos poderão ser classificados
em:
Tabela 03. Classificação Plástica dos Solos. (CAPUTO, 1998).
CLASSIFICAÇÃO INTERVALO DO IP
Fracamente Plásticos 1 < IP < 7
Medianamente Plásticos 7 < IP < 15
Altamente Plásticos IP > 15

Existem solos com elevados teores de argila que podem apresentar Limites de
Atterberg mais baixos do que aqueles com pequenos teores da mesma. Isso acontece por
causa da grande variedade na composição mineralógica dos argilo-minerais. Um fato como
esse, pode indicar que a argila presente na amostra é pouco ativa.
A atividade coloidal das argilas foi estudada por Skempton (1953), que definiu o
Índice de Atividade (IA):
IP
IA =
"FRAÇÃO ARGILA (menor que 0,002 mm)"

O parâmetro percentual da fração argila com granulometria inferior a 2 μm, serve


como indicador do potencial de variação de volume da argila, conforme a Tabela 04.

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Tabela 04. Atividade das Argilas. (CAPUTO, 1988 apud SKEMPTON, 1953).
IA ATIVIDADE
< 0,75 INATIVA
0,75 – 1,25 NORMAL
> 1,25 ATIVA

1.4 Ensaio de Resistência ao Cisalhamento

Pioneiro dos ensaios de solo, (ORTIGÃO, 1993, p. 204) o de cisalhamento direto


permite o estudo da resistência onde um corpo-de-prova é submetido a uma tensão normal
solicitada até a ruptura pelo descolamento de uma porção da amostra em relação à outra,
segundo um único plano de cisalhamento predefinido.
O equipamento empregado neste ensaio é uma célula, ou caixa bipartida, onde a
amostra é colocada. Para facilitar a drenagem são colocadas duas pedras porosas, no topo na
base. Aplica-se inicialmente uma força normal (N) através de uma placa rígida de distribuição
de carga e é possível manter o corpo-de-prova sob água, evitando a perda excessiva de
umidade durante o ensaio em amostras saturadas. A força lateral (L) é aplicada ao anel que
contém a parte superior do corpo-de-prova, provocando seu deslocamento em relação à parte
inferior, mantida imóvel durante o ensaio. Deflectômetros permitem medir os deslocamentos
verticais e horizontais durante ensaio.

1.5 Diagrama de Winckler

Voltando ao assunto ‘análise granulométrica’, esse ainda nos possibilita avaliar o


potencial de adequabilidade da composição cerâmica para produção de alguns produtos de
construção. Existe um diagrama chamado Diagrama de Winckler (Figura 02) que orienta-nos
neste sentido. Autores como Pracidelli e Melchiades (1997), utilizaram a composição
granulométrica através desse diagrama e, segundo eles, uma massa cerâmica não pode ser
constituída somente de argilas plásticas, pois se assim fosse, a massa cerâmica apresentaria
grandes dificuldades no processamento, desde a conformação das peças, até a secagem e
queima. Logo, torna-se necessário o arranjo de uma composição granulométrica adequada,
dosando-se grãos finos, médios e grossos. O esquema granulométrico de Winckler surge,
então, como solucionador de tal problema.

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A utilização desta ferramenta é bastante simples: depois de se obter a distribuição
granular da composição do solo em estudo, basta-se apenas plotar os valores (em
porcentagem) seguindo o lado do triângulo que corresponda ao dimensionamento encontrado,
ou seja, se é menor que 0,002 mm, se está entre 0,002 e 0,02 mm ou ainda se encontrar-se
maior que 0,02 mm.

1- Tijolo maciço
2- Tijolo furado
3- Telha
4- Material com dificuldade de produção

Figura 02. Diagrama de Winckler. (PRACIDELLI e MELCHIADES, 1997).

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Criar um banco de dados com os índices físicos e parâmetros geotécnicos de


argilas utilizadas como matéria-prima na fabricação de tijolos cerâmicos.

2.2 Objetivos Específicos

Realizar ensaios de caracterização em amostras de argila utilizadas na


fabricação de tijolos;
Avaliar se a granulometria das amostras se enquadra na faixa adequada no
Diagrama de Winckler;
Realizar ensaios de deformação e resistência nestas argilas;
Comparar os resultados obtidos com valores da literatura;
Compilar e cadastrar em uma planilha eletrônica os dados obtidos e da
literatura;
Correlacionar as propriedades de deformação da argila com as características
dos tijolos.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Locais de Extração das Argilas

Como o item 1.2 expôs, os diversos tipos de rochas ígneas e os feldspatos


originam, também, diversos tipos de materiais argilosos. Uma jazida de argila pode,
facilmente, possuir características extremamente diferentes em relação à outra. Por isso, neste
tópico serão apresentados alguns dados sociais e econômicos dos Municípios de: Buenos
Aires, Nazaré da Mata e Paudalho, todos pertencentes ao Estado de Pernambuco. Estes são
locais de grande concentração de indústrias cerâmicas, cujas amostras de argilas vermelhas já
foram estudadas por Zarzar Júnior (2006), Santana e Oliveira (2007), servindo, portanto,
como base para comparação e criação de um banco de dados.

3.1.1 Argila Usada na Realização dos Ensaios da Presente Pesquisa

A amostra estudada a princípio, foi adquirida de uma forma não tão comum.
Diferente da maioria das pesquisas que relaciona os resultados com o local de extração da
argila, ou seja, com o material que ainda está no seu estado natural, neste relatório analisar-se-
á o exemplar conseguido por meio de blocos cerâmicos mal cozidos e que, em contato com a
água, adquiriram plasticidade ao ponto de se poderem moldar formas com as próprias mãos.
Por questões de ética, não será indicando o local onde foram empregados tais
tijolos. O objetivo aqui é o de alertar as industrias de uma maneira geral, a seguirem
corretamente os procedimentos de fabricação desses blocos como por exemplo o processo de
queima que, segundo a literatura, não deve está a temperaturas inferiores a 1000° C.

3.1.2 Argilas Usadas para Cadastro e Comparação dos Resultados

A Região de Desenvolvimento da Mata Norte, na mesorregião da Mata


Pernambucana, abrange cerca de 3,29 % do território estadual, são 3.256,5 km2 de área
constituída por 19 municípios: Aliança, Buenos Aires, Camutanga, Carpina, Chã de Alegria,
Condado, Ferreiros, Glória do Goitá, Goiana, Itambé, Itaquitinga, Lagoa do Itaenga, Lagoa do
Carro, Macaparana, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém e Vicência.

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Buenos Aires localiza-se a uma latitude 07°43’32’’ sul e a uma longitude
35°19’38’’ oeste, estando a uma altitude de 149 m. Possui uma área de 87,469 km2 e dista 79
km da capital Recife. Limita-se ao norte com Vicência, ao sul com Carpina, a leste com
Nazaré da Mata e a oeste com Limoeiro. Possui atividades voltadas para o turismo rural. Sua
paisagem é marcada por extensos canaviais, capelas e antigos engenhos com suas construções
coloniais. (http://www.wikipedia.org).
A 44 km do Recife, Paudalho tem como atividade econômica predominante a
agroindústria do setor sucroalcooleiro. O município também está localizado na Zona da Mata
Norte do Estado, que é marcada pela monocultura da cana-de-açúcar, empregando grande
parte da mão-de-obra local. Seus limites são: ao norte com Tracunhaém, ao sul com São
Lourenço da Mata, Chã de Alegria, Glória do Goitá e Camaragibe, a leste com Paulista e
Abreu e Lima e a oeste com Lagoa de Itaenga e Carpina. (http://www.paudalho.pe.gov.br).
Nazaré da Mata, por sua vez, dista 65 km de Recife tendo como principal via de
acesso a BR 408. Tem área igual a 141 km2 e limita-se ao norte com Aliança, ao sul e ao leste
com Tracunhaém e ao oeste com Buenos Aires e Carpina. (http://www.ferias.tur.br). A cidade
tem também no turismo cultural/rural uma das principais atividades econômicas, setor em
plena ascensão. Os visitantes vão a Nazaré da Mata em busca das atrações da cultura popular,
como os famosos maracatus que existem no local.
NAZARÉ DA MATA
BUENOS AIRES

PE
PAUDALHO

Figura 03. Posição Geográfica das Cidades de Extração das Argilas.

3.2 Realização dos Ensaios

Seguindo a NBR 6457, a amostra de estudo foi exposta ao ar a fim de secar.


Depois de seco, o material foi destorroado no almofariz e passado várias vezes na peneira de 2

15
mm para eliminar o material fino. Este procedimento foi executado durante dias, pois o
aglutinamento das partículas argilas já previa um comportamento alterado dos resultados.
Neste caso também se utilizou um aparelho de dispersão.
Para a análise granulométrica foi tomada amostra de peso bruto úmido igual a
470 g, sendo 100 g separadas para determinação, em três unidades, do teor de umidade e 70 g
usadas no método por sedimentação. Esse método requer cuidados especiais, fazendo-se uso
de um béquer de 250 cm3 para misturar o material com solução de hexametafosfato de sódio,
agitando-o e deixando-o em repouso por 12 horas. Passado esse tempo a solução foi
transferida para o aparelho de dispersão durante 15 minutos. Só assim é que o material foi
colocado na proveta para então ser agitado por 1 minuto e logo em seguida iniciar as leituras
em cada intervalo proposto. Um densímetro serve de auxílio para a obtenção de medidas
precisas.
Na análise granulométrica por peneiramento requer separar 120 g de material e
passá-lo na peneira de 2 mm e então pesa-lo novamente. Igualmente ao método por
sedimentação, separa-se 100 g, divididas em três unidades, para determinação do teor de
umidade. Como a amostra pertencia a um bloco cerâmico, bastava-se fazer o peneiramento
fino, que por sua vez, é feito com material retido na peneira n.º 200 (0,075 mm) já secado em
estufa de temperatura entre 105° e 110º C.
Quanto ao estudo da plasticidade, avaliou-se a o comportamento da amostra nos
ensaios de Limite de Liquidez (LL) e de Limite de Plasticidade (LP). A subtração destes dois
limites gera outro conhecido como Índice de Plasticidade (IP). A forma com qual se realizou
tais estudos é muito bem explanada no item 1.3.2 (Estudo da Plasticidade). Demais
comentários serão discutidos nas páginas destinadas aos resultados, neste relatório.
O último índice determinado até o presente momento foi a massa específica dos
grãos do solo. Entre os materiais usados temos alguns em comum com os demais ensaios
feitos como: estufa, balança e aparelho de disperção, sendo agora acrescentados os
picnômetros e a bomba de vácuo. Foram utilizados duas frações de solo com pesos de 10 g
cada.

3.3 Avaliação da Granulometria no Diagrama de Winckler

Tendo em vista ser um resultado de rápida e fácil aplicação, precisa-se apenas


relatar que não foi feita nenhuma adaptação ao que está descrito na introdução, mais
precisamente no item 1.5 (Diagrama de Winclker), mediante consultas a literatura.

16
4. RESULTADOS

Como este era um material que já havia sido utilizado na fabricação de tijolos,
imagina-se que o mesmo tenha sido anteriormente sido submetido a processos de
peneiramento, porém, embora o pouco grau de cozimento ao qual fora submetido não o tenha
conferido o endurecimento requerido para um bloco cerâmico, este apresentou pequenos
grãos de argila aglutinados o suficiente para caracterizá-lo granulometricamente como areia
(cerca de 90 % das partículas com diâmetro entre 0,05 e 4,8 mm) — ver Figura 05.
O Diagrama de Winckler (Figura 04) também torna possível observar que, no
estado apresentado, o material em estudo estaria longe de oferecer uma granulometria
adequada para algum dos produtos cerâmicos catalogados na Figura 02 (Tijolo maciço, Tijolo
furado ou Telha).

Figura 04. Resultado no Diagrama Granulométrico de Winckler.

17
Figura 05. Curva de Distribuição Granulométrica.

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REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1984) – Determinação do


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BAUER, L.A. F. (1994) – Materiais de construção 2. 5. ed. LTC, 1994;

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Universidade Católica de Pernambuco, Recife.

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