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Comunicacao Midiatica PDF
Comunicacao Midiatica PDF
Dafne Pedroso
Lúcia Coutinho
Vilso Junior Santi
COMUNICAÇÃO MIDIÁTICA
MATIZES, REPRESENTAÇÕES E RECONFIGURAÇÕES
GEISC\PUCRS
Porto Alegre
2011
© EDIPUCRS, 2011
CDD 301.161
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por
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diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos direitos Autorais)
COLABORADORES
Samara Kalil
Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUCRS/RS/BR. E-mail:
samarakalil@gmail.com
Prefácio ................................................................................................10
Parte I
Matizes do cinema brasileiro e sociedade
Parte II
Cultura e representações midiáticas
Parte III
Imaginário e reconfigurações da publicidade
Os organizadores.
11
Parte I
Matizes do cinema
brasileiro e sociedade
A MULTIPLICIDADE DA PESQUISA EM CINEMA
14
A multiplicidade da pesquisa em cinema
Ótima leitura!
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CIRCUITO DE EXIBIÇÃO PERIFÉRICO:
CINECLUBISMO E ITINERÂNCIAS
RESUMO
O trabalho problematiza e discute alguns elementos do contexto cinema-
tográfico brasileiro, considerado como base constituinte e geradora de
certas condições que configuram o fenômeno pesquisado: a prática dos
cineclubes e das sessões itinerantes de cinema. A contextualização aqui
traçada procura abarcar e definir essas duas atividades (cineclubista e
itinerante) estabelecendo relações com a discussão proposta por Baro-
ne (2008) a respeito do circuito de exibição periférico. Dentre os resul-
tados, evidencia-se que essas duas práticas surgiram em decorrência e
em reação ao cenário comercial cinematográfico que se instituiu no país.
PALAVRAS – CHAVE
Itinerâncias
Cineclubismo
Contexto cinematográfico brasileiro
ABSTRACT
This paper discusses and reviews some aspects of the Brazilian cinema
context, considered as a constituent base and generating certain condi-
tions that shape the studied phenomena: the practice of film clubs and
itinerant film sessions. The context here looks to draw cover and set these
two activities (film clubs and itinerant exhibitions) establishing a relationship
with the discussion proposed by Barone (2008) about the exhibition circuit
device. Among the results, it is evident that these two practices arose as
a result and reaction to the film business scenario instituted in the country.
KEYWORDS
Film itinerant exhibitions
Film Clubs
Brazilian’s context cinema
Circuito de exibição periférico
1
Aproprio-me da expressão circuito de exibição periférico, utilizada por Barone (2008), em texto
que serviu como base para esse artigo, intitulado “Exibição, crise de público e outras questões do
cinema brasileiro”. O autor, entretanto, utiliza ainda o termo digital (circuito de exibição digital perifé-
rico) e se refere às experiências baseadas na tecnologia do vídeo doméstico, tais como os Pontos
de Cultura, a Programadora Brasil, as pequenas salas, os cineclubes, entre outros. Optei por “reti-
rar” o digital, já que algumas propostas de itinerâncias, tais como Cine Tela Brasil e Rodacine RGE
ainda projetam filmes em 35mm. De todo o modo, a expressão parece manter sua proposta inicial.
2
Mestrado em Ciências da Comunicação pela UNISINOS, com dissertação intitulada “Hoje tem ci-
nema: a recepção das mostras itinerantes organizadas pelo Cineclube Lanterninha Aurélio” (2009),
sob a orientação da Profª. Drª. Jiani Bonin.
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Circuito de exibição periférico
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Circuito de exibição periférico
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Dafne Reis Pedroso da Silva
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Em 1996, por exemplo, os cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognese criaram o Cine Mambembe,
com um projetor 16mm, uma tela montável e uma Saveiro. Eles exibiam filmes brasileiros em praças
e em escolas de São Paulo. O projeto seguiu até 2004, ano em que, com apoio da Lei de Incentivo
à Cultura (LIC), da CCR Controladora da AutoBan e Nova Dutra, entre outras concessionárias, ele
passou a se chamar Cine Tela Brasil. Em 2005 foram somadas 504 sessões e um total de 100.000
espectadores. Em 2006 somavam-se 200 mil espectadores.
5
O Revelando os Brasis, projeto do Ministério da Cultura em parceria com a Petrobrase o Institu-
to Marlin Azul, promove a produção de curtas-metragens por moradores de cidades com até 20 mil
sobre os locais onde vivem. Nesse sentido, além de uma proposta de consumo coletivo de filmes
brasileiros, o projeto parece promover a inclusão desses sujeitos no cenário cinematográfico de
modo que possam expressar elementos de suas culturas audiovisualmente. Há a capacitação de
sujeitos para que possam contar suas histórias audiovisualmente. Pontos de Cultura, produções
da CUFA (central única das favelas), Nós do Morro, são também organizações que possuem
atividades nesse sentido.
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Circuito de exibição periférico
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Disponível em: <http://www.cinetelabrasil.com.br/>. Acesso em: 10 de abr. 2008.
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Circuito de exibição periférico
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Disponível em: <http://www.acendaumavela.blogspot.com />. Acesso em: abr. 2010.
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Circuito de exibição periférico
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TENDÊNCIAS E QUESTÕES
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Circuito de exibição periférico
REFERÊNCIAS
Sites consultados
29
Dafne Reis Pedroso da Silva
Programadora Brasil
Disponível em: <http://www.programadorabrasil.org.br>. Acesso em 10 de
abr. 2010.
RodaCine RGE
Disponível em: <http://www.rge-rs.com.br/rodacine_rge>. Acesso em 10 de
abr. 2010.
30
TRAÇOS DA INDÚSTRIA DO CINEMA
BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
RESUMO
O objetivo deste trabalho é traçar um breve perfil dos filmes brasilei-
ros que alcançaram as maiores bilheterias no circuito interno de salas
entre 2003 e 2008, levando em consideração, para isso, elementos
relativos ao esquema de produção e distribuição, próprio da indústria
cinematográfica. Para interpretar tais indicadores, utilizamos nesse ar-
tigo as contribuições teóricas de autores da linha da Economia Política
da Comunicação, sobretudo no que se refere ao estatuto das indústrias
culturais na sociedade contemporânea.
PALAVRAS – CHAVE
Cinema brasileiro
Indústrias culturais
Globo Filmes
ABSTRACT
The intent of this paper is to project a compact profile of Brazilian’s
cinema biggest box office successes in the intern circuit of theaters
between the years of 2003 and 2008, by observing elements of produc-
tion and distribution scheme. To interpret such information, we’ll use
in this paper the theoretical contributions of the Political Economy of
Communication, especially about the statute of cultural industries in
contemporary society.
KEYWORDS
Brazilian cinema
Cultural industries
Globo Filmes
Karine dos Santos Ruy
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Karine dos Santos Ruy
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Traços da indústria do cinema brasileiro contemporâneo
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Karine dos Santos Ruy
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Traços da indústria do cinema brasileiro contemporâneo
Tabela 1: Maiores bilheterias do cinema brasileiro entre 2003 e 2008, segundo a Ancine4
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Karine dos Santos Ruy
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Traços da indústria do cinema brasileiro contemporâneo
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Karine dos Santos Ruy
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Karine dos Santos Ruy
so” em termos de bilheteria pode ser entendido como uma prática cons-
trangedora à diversidade das narrativas audiovisuais que historicamen-
te diferencia as cinematografias nacionais. Contudo, pelos movimentos
que se observam nos últimos anos, essa reprodução interna de um
modelo de indústria cinematográfica assimétrica, no qual os grandes
investimentos em distribuição e marketing transformam-se em compo-
nentes quase imprescindíveis para mobilização de espectadores, está
conseguindo se consolidar como um novo padrão para o mercado de
cinema brasileiro.
REFERÊNCIAS
CAETANO, Daniel. Cinema brasileiro 1995 – 2005 – Ensaios sobre uma déca-
da. Rio de Janeiro: Contracampo, 2005.
42
Traços da indústria do cinema brasileiro contemporâneo
SALLES GOMES, Paulo Emílio. Uma situação colonial. Arte em Revista: anos
60. Ano 1. nº.1, São Paulo: Centro de Estudos de Arte Contemporânea/Kayrós.
jan./mar. 1979, p.11-14.
FILMES CITADOS
CAZUZA – O Tempo não para. Sandra Werneck e Walter Carvalho, 2004, 98’,
Colorido. Produtora: Lereby Produções. Roteiro: Fernando Bonassi e Victor Na-
vas. Origem: Brasil. Elenco: Daniel de Oliveira, Dudu Azevedo, Andréa Beltrão,
Débora Falabella, Maria Flor.
DONA flor e seus dois maridos. Bruno Barreto, 1976, 120’, Colorido. Produtora:
Carnaval Unifilm, Cia Sr e Coline. Roteiro: Bruno Barreto, Eduardo Coutinho e
Leopoldo Serran. Origem: Brasil. Elenco: Sônia Braga, José Wilker, Mauro Men-
donça, Débora Brillanti.
DE repente 30= 13 Going on 30. Gary Winick, 2004, 98’, Colorido. Produtora: Re-
volution Studios e Thirteen Productions. Roteiro: Josh Goldsmith, Cathy Yuspa.
Origem: Estados Unidos. Elenco: Jennifer Garner. Mark Ruffalo, Judy Greer.
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Karine dos Santos Ruy
MARIA – Mãe do Filho de Deus. Moacyr Góes, 2003, 107’, Colorido. Produtora:
Diler & Associados. Roteiro: Thiego Balteiro, Marta Borges, Moacyr Góes, Mar-
co Ribas de Farias, Maria de Souza. Origem: Brasil. Elenco: Giovanna Antonelli,
Luigi Barricelli, Padre Marcelo Rossi, José Wilker, José Dumond.
MEU nome não é Johnny. Mauro Lima, 2008, 107’, Colorido. Produtora: Ati-
tude Produções e Empreendimentos Ltda. Roteiro: Mauro Lima (roteiro), Ma-
riza Leão. Origem: Brasil. Elenco: Selton Mello, Cléo Pires, Júlia Lemmertz,
Cássia Kiss.
OS Normais. José Alvarenga Jr, 2003, 88’, Colorido. Produtora: Missão Impossí-
vel Cinco Produções Artísticas. Roteiro: Alexandre Machado e Fernanda Young.
Origem: Brasil. Elenco: Fernanda Torres, Luiz Fernando Guimarães, Fernanda
Torres, Marisa Orth, Evandro Mesquita.
SE eu fosse Você. Daniel Filho, 2006, 108’, Colorido. Produtora: Total En-
tertainment. Roteiro: Adriana Falcão, Daniel Filho, Renê Belmonte e Carlos
Gregório. Origem: Brasil. Elenco: Glória Pires, Tony Ramos, Thiago Lacerda,
Danielle Winits.
SEXTA-feira muito louca= Freaky Friday. Mark S. Waters, 2003, 93’, Colorido.
Produtora: Walt Disney Pictures / Gunn Films / Casual Friday Productions. Roteiro:
Heather Hach e Leslie Dixon. Origem: Estados Unidos. Elenco: Jamie Lee
Curtis, Lindsay Lohan, Mark Harmon.
TAL pai, tal filho= Like Father Like Son. Rod Daniel, 1987, 96’, Colorido. Pro-
dutora: Imagine Films Entertainment. Roteiro: Steve Bloom, Lorne Cameron.
Origem: Estados Unidos. Elenco: Dudley Moore, Kirk Cameron, Margaret Collin,
Catherine Hicks, Sean Astin, Patrick O Neal.
TROPA de Elite. José Padilha, 2007, 115’, Colorido. Produtora: Zazen Filmes.
Roteiro: José Padilha, Rodrigo Pimentel e Bráulio Montovani.
44
O JOGO CINEMATOGRÁFICO DE CAMA DE GATO
RESUMO
O filme brasileiro Cama de Gato é o objeto deste artigo e, a partir da
análise fílmica, pode ser observado como a sinergia entre a lingua-
gem cinematográfica e os jogos representam a cultura dos jovens
contemporâneos. Jovens imersos em uma profusão de mensagens e
meios com diferentes tipos de linguagens que demonstram a carac-
terística cultural e social da atualidade denominada neotribalização,
por Michel Maffesoli.
PALAVRAS – CHAVE
Cultura juvenil
Cinema brasileiro
Jogos
ABSTRACT
The Brazilian movie Cama de Gato is the object of this article and,
through film analysis, we can observe how the synergy between cine-
matographic languages and games represent the contemporary youth
culture. Young people immersed in a profusion of messages and me-
dia with different kinds of languages which demonstrate cultural and
social characteristics of the present time named neotribalization by
Michel Maffesoli.
KEYWORDS
Youth culture
Brazilian cinema
Games
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Isabel Almeida Marinho do Rêgo
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Isabel Almeida Marinho do Rêgo
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O jogo cinematográfico de Cama de Gato
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Isabel Almeida Marinho do Rêgo
fende sua ideia e coloca uma nota de Dólar em cima da mesa. As ações
demonstram uma disputa de argumentos, um jogo que envolve raciocínio.
Outros elementos da sequência também reforçam a ideia de
jogo: a folha com as anotações dos pontos alcançados é mostrada em
detalhe, assim como a pilha onde os Dólares são apostados, o quadro
por trás do personagem remete ao mundo simulado do Second Life e
The Sims. À medida que a disputa fica mais acirrada, com os ânimos
exaltados, os argumentos e ataques mais agressivos, os cortes são
mais rápidos, a câmera treme e as tomadas subjetivas levam o espec-
tador para dentro da disputa.
Antes das tomadas subjetivas, há uma aproximação da câmera
em direção à cabeça do personagem, como se a câmera levasse o
espectador para ocupar o lugar daquele “jogador”. A disputa é dada
como encerrada quando Cristiano pergunta se Gabriel acredita em
Deus, há um corte, o título do filme é mostrado. Chico faz a contagem
regressiva, mas Gabriel não reage com nenhum argumento, Cristia-
no é declarado vencedor, merecedor do prêmio: os Dólares sobre a
mesa. Cortes rápidos acompanham a velocidade dos argumentos nos
dois minutos finais da sequência, há variação entre planos próximos
e médios, câmera fixa e movimentos da câmera subjetiva, ao fim da
ação há um efeito sonoro de luta, como a campainha que determina o
fim de um round na luta de boxe.
Os jogos eletrônicos apresentam interatividade, variação no de-
senvolvimento dos acontecimentos e de consequências decorrentes
das escolhas, diferente das formas da narrativa clássica, as histórias
se desenrolam de uma forma cheia surpresas e ações inusitadas quan-
do parte de um jogo.
Outra sequência que traz características de jogo ocorre depois
que a mãe de Cristiano caiu das escadas e morreu. Sentados no
chão, ao lado do corpo, os amigos tentam achar uma solução para se
livrar dos corpos da jovem e da mãe; a cada ideia uma nota é coloca-
da sobre a mesinha ao lado, Chico acha a melhor solução e pega o
dinheiro; a sequência alterna tomadas de câmera fixa com câmera na
mão em movimento, bem próxima dos personagens, demonstrando a
tensão do momento.
O uso de câmera na mão dá agilidade ao filme, os planos próxi-
mos subjetivos são alternados com planos de meio conjunto, aproximan-
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O jogo cinematográfico de Cama de Gato
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Isabel Almeida Marinho do Rêgo
NEOTRIBALIZAÇÃO
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O jogo cinematográfico de Cama de Gato
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Isabel Almeida Marinho do Rêgo
Os jovens ainda contam com uma moratória reforçada, por serem jo-
vens, não-adultos e um pouco crianças, podem se refugiar numa tole-
rância ampliada, e os jogos permitem uma certa liberdade e distancia-
mento das regras “reais”.
O jogo se apresenta como uma atividade temporária, com uma
finalidade autônoma e se realiza tendo em vista uma satisfação que
consiste nessa própria realização, um intervalo na vida cotidiana, mas
complementar, integrante da vida em geral. Ornamenta a vida, amplian-
do-a. A oportunidade de tornar-se outro, de desempenhar um papel di-
ferente, de pôr uma máscara que não seria possível na vida cotidiana
é um atrativo para os jogadores mergulharem num mundo recriado de
fantasia em que podem assumir diversas personalidades, em que cada
um pode ser vários outros.
Segundo Maffesoli (2006), acompanham o neotribalismo: o quoti-
diano e seus rituais, as emoções e paixões coletivas, simbolizadas pelo
hedonismo de Dionísio, a importância do corpo em espetáculo e do gozo
contemplativo e a revivescência do nomadismo contemporâneo.
O jogo oferece a oportunidade de sair desse mundo antiquado,
que às vezes parece não comportar o espírito livre e contestador dos
jovens, permitindo vivências e ações que não seriam possíveis na re-
alidade. “Reina dentro do domínio do jogo uma ordem específica e ab-
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Isabel Almeida Marinho do Rêgo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O jogo cinematográfico de Cama de Gato
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REFERÊNCIAS
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Pau-
lo: Perspectiva, 2004.
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O jogo cinematográfico de Cama de Gato
Filme
CAMA DE GATO. Direção, Produção e Roteiro: Alexandre Stockler. Intérpretes:
Caio Blat, Rodrigo Bolzan, Cainan Baladez, Rennata Alroidi, Cláudia Schapira.
Brasil: Prodigo Filmes, 2002.
61
Parte II
Cultura e representações
midiáticas
EM DEFESA DE UMA PERSPECTIVA ANALÍTICA
SÓCIO-CULTURAL
64
Em defesa de uma perspectiva analítica ...
65
FAVELA-MOVIES E FAVELA-SERIES:
NOVAS REPRESENTAÇÕES NA PRODUÇÃO
AUDIOVISUAL BRASILEIRA
RESUMO
Neste trabalho versaremos sobre a volta do cenário das favelas e perife-
rias urbanas no cinema brasileiro, especialmente a partir da primeira dé-
cada do século XXI, com a consequente transposição desta temática e
estética para a televisão na forma de seriados. Veremos algumas ques-
tões sobre o envolvimento televisão/cinema e a relação destes filmes e
séries com novas representações e formações de identidade para popu-
lações de baixa renda. Para tanto, utilizaremos autores como Bentes e
sua crítica da “cosmética da fome”, Hamburguer e Oricchio situando o
cinema nacional.
PALAVRAS – CHAVE
Favela-movies
Séries brasileiras
Identidade
ABSTRACT
In this paper we will discuss the return of “favelas” and urban ghettos as a
scenario for Brazilian cinema, particularly since the first decade of the 21st
century, with the transition of its aesthetic and core themes to television se-
ries. We’ll address some issues concerning these TV series and movies re-
lations with the development of identity for underprivileged populations. For
that matter we’ll look for authors such as Bentes and her criticism on “hun-
ger cosmetics”, and Hamburguer and Oricchio placing Brazilian cinema.
KEYWORDS
Favela-movies
Brazilian TV series
Identity
Favela-Movies e Favela-Series
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Lúcia Loner Coutinho
2
Dados e números sobre a produção retirados do website: <http://cidadededeus.globo.com/>
3
Em entrevista ao portal Brasil de Fato, Bentes coloca que esta expressão é uma paródia da ex-
pressão de Glauber Rocha “estética da fome” em que o cineasta pregava pela criação de imagens
menos estereotipadas da pobreza. Disponível em: <http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/
entrevistas/a-periferia-como-convem>
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Favela-Movies e Favela-Series
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O elenco de Cidade de Deus foi formado quase integralmente por garotos oriundos de comuni-
dades carentes, recrutados através do grupo Nós do Cinema formado pela produção do longa. No
elenco principal apenas Matheus Nachtergaele (Cenoura) e o músico Seu Jorge (Mané Galinha)
eram artistas conhecidos do grande público. Darlan Cunha e Douglas Silva, que interpretaram os
papéis principais em Palace II e Cidade dos Homens, interpretaram em Cidade de Deus os perso-
nagens Filé com Fritas e Dadinho, respectivamente.
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Favela-Movies e Favela-Series
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Favela-Movies e Favela-Series
REPRESENTAÇÃO E IDENTIDADE
5
Temos alguns exemplos deste adoçamento da narrativa, no longa de Gardenberg os meninos
Cosme e Damião são confundidos com ladrões e mortos por um policial trabalhando como guarda
particular, na série os dois estão vivos e não há referência a milícias. Já a personagem Carmem que
na série interpreta uma enfermeira, na película trabalha como “aborteira”.
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Lúcia Loner Coutinho
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Favela-Movies e Favela-Series
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Lúcia Loner Coutinho
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Favela-Movies e Favela-Series
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GILROY, Paul. Entre Campos: nações, cultura e o fascínio da raça. São Paulo:
Annablume, 2007.
HALL, Stuart. Que negro é esse na cultura negra? In: SOVIK, Liv (Org.) Da Di-
áspora: Identidades e Mediações Culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2008, pp.
317-330.
80
Favela-Movies e Favela-Series
81
ESTEREÓTIPOS DO BRITPOP ATRAVÉS DOS
ENQUADRAMENTOS DA REVISTA NEW MUSICAL EXPRESS
RESUMO
O presente trabalho apresenta uma análise da cobertura jornalística da re-
vista inglesa New Musical Express sobre o movimento musical British Pop
durante a década de 1990. As reportagens selecionadas estão reunidas na
publicação NME Originals, coletânea das matérias divulgadas pela New
Musical Express entre os anos 1990 e 1998, caracterizando o período como
surgimento e queda do Britpop no Reino Unido e no mundo. O objetivo deste
estudo é encontrar estereótipos de personagens participantes do movimen-
to Britpop construídos através das imagens apresentadas pelas matérias da
publicação. Para a análise das reportagens e catalogação destes estereó-
tipos, serão utilizadas as teorias de enquadramento e moldes mediáticos.
PALAVRAS – CHAVE
Enquadramento
Moldes Mediáticos
Britpop
ABSTRACT
This present paper presents an analysis of the news covertures of the British
magazine New Musical Express about the music movement called British
Pop during the 1990s. The selected articles are presented in the NME Ori-
ginals magazine, an articles’ compilation originally published by NME be-
tween the years 1990 and 1998, defining this period as the birth and fall of
Britpop in the United Kingdom and worldwide. The objective of this study is
to find stereotypes of characters of the Britpop constructed through images
framed by the articles of the publication. For the text analysis and the stere-
otypes’ cataloguing, it will be used theories of framing and media templates.
KEYWORDS
Framing
Media Templates
Britpop
Estereótipos do Britpop...
ESTEREÓTIPOS
83
Bruna do Amaral Paulin
84
Estereótipos do Britpop...
85
Bruna do Amaral Paulin
86
Estereótipos do Britpop...
87
Bruna do Amaral Paulin
ENQUADRAMENTO
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Estereótipos do Britpop...
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Bruna do Amaral Paulin
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Estereótipos do Britpop...
5
More generally, I would agree that such source competition, media production and audience re-
ception processes also influence the selection of which key events are seen to define a social pro-
blem. In other words, the particular cluster of cases most closely associated with any particular issue
can be illustrated by looking once again at data from the focus groups.
6
Alternatively, the template might be envisaged as the pastry cutting shapes used to cut out ginger
bread figures or the template allowing a worker to stamp out identical metal pieces in a shipyard.
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Estereótipos do Britpop...
O BRITPOP
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Estereótipos do Britpop...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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100
Estereótipos do Britpop...
REFERÊNCIAS
BLANEY, John. Beatles for sale: How everything they touched turned to gold.
London: Jawbone, 2008.
HARRIS, John. The Last Party: Britpop, Blair and the Demise of English Rock.
Harper Perennial; 2003
Mc COMBS, Maxwell. Setting the agenda – the mass media and public opinion.
Cambridge: Polity Press, 2004.
SAVAGE, Jon. Time Travel. From The Sex Pistols to Nivana: Pop, Media and
Sexuality, 1977 – 96. London: Vintage, 1997.
101
Bruna do Amaral Paulin
102
AMAZÔNIA À MARGEM DA SOCIEDADE EM REDE:
IMIGRANTES EM BUSCA DE COMUNIDADES IMAGINADAS
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de discutir os mecanismos de identificação
em uma sociedade de formação recente, fixada nas “bordas” da re-
gião amazônica a partir de um contexto sócio-histórico específico, o
das migrações internas no Brasil durante o século XX, diante das no-
vas tecnologias da informação e numa conjuntura de reduzido acesso
aos meios de informações digitais, especialmente a internet, o que a
deixaria à margem da chamada sociedade em rede e do fluxo de in-
formações por ela acionado. Para isso toma como objeto o estado de
Rondônia, e como referências teóricas as reflexões de Manuel Castells
(2007), sobre o Espaço dos Fluxos; de Néstor Garcia Canclini (2004),
referindo-se à necessidade de considerar a conformação sócio-cultural
das diferentes sociedades; de Zygmunt Bauman (2003) ao tratar do
conceito de comunidade; e de Stuart Hall (2003) para abordar as ques-
tões relacionadas à identidade na contemporaneidade.
PALAVRAS – CHAVE
Identidade
Imigração
Comunidade
ABSTRACT
This article aims to discuss the mechanisms of identification in a so-
ciety of recent formation. Set in the “edges” of the Amazon region
from a specific socio-historical context, the internal migration in Brazil
during the twentieth century, before the new information technology
and an environment of reduced access to means of digital information,
especially the Internet, which would leave the margins of so-called
network society and the flow of information that it triggered. We take
as our object the state of Rondonia, and theoretical references the
reflections of Manuel Castells (2007) on the space of flows; of Néstor
Garcia Canclini (2004), referring to the need to consider the confor-
mation of the socio-cultural different societies; of Zygmunt Bauman
Sandro Adalberto Colferai
KEYWORDS
Identity
Immigration
Community
104
Amazônia à margem da sociedade em rede
106
Amazônia à margem da sociedade em rede
DESCONECTADOS E DESIGUAIS
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Sandro Adalberto Colferai
108
Amazônia à margem da sociedade em rede
DIFERENTES
109
Sandro Adalberto Colferai
3
Atualmente a imigração se mantém, motivada principalmente pela atividade agrícola especializa-
da, o que acontece em diversas outras regiões da Amazônia. Assim, ao tratar do acesso às novas
tecnologias da informação e comunicação em Rondônia como um dos fatores para a compreensão
das práticas culturais legitimadas no estado, lança-se ao mesmo tempo um olhar crítico sobre por-
ção considerável do Brasil.
4
Tratou-se de um ciclo mais breve e menos pujante que o primeiro, uma vez que depois de ven-
cida a guerra no Pacífico, a Malásia, que há décadas havia superado o Brasil como produtora de
borracha, voltou a ser acessível às empresas ocidentais (OLIVEIRA, 2007).
110
Amazônia à margem da sociedade em rede
5
Já então a finalidade era garantir a integração de um dos pontos mais distantes do território na-
cional ao restante ao país. A linha telegráfica tinha a finalidade de interligar Santo Antônio do Madei-
ra, um dos pontos extremos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, até Cuiabá (OLIVEIRA, 2007).
6
O barracão era a unidade central do seringal, o lugar onde se estocava a borracha produzida nas
colocações, e onde os seringueiros iam buscar itens para sua subsistência, principalmente alimen-
tos. Era, ao mesmo tempo, o acesso ao alimento e roupas, por exemplo, mas também o símbolo do
círculo de endividamento que atrelava o seringueiro ao seringalista (TEIXEIRA, 1980).
111
Sandro Adalberto Colferai
112
Amazônia à margem da sociedade em rede
COMUNIDADES IMAGINADAS
113
Sandro Adalberto Colferai
opções que se colocam à sua frente. Mas, a hipótese que pode aqui
ser levantada é que diante do isolamento imposto pela falta de acesso
às tecnologias que permitiriam conexão com o Espaço dos Fluxos, ou
mesmo pela distância física com outras regiões, a opção é pela cons-
tituição de comunidades. Estas, por sua vez, quando efetivadas, são
artificiais e têm nas diferenças entre os seus membros o principal – se
não o único – fator de identificação.
Por ser uma população de constituição heterogênea, marcada pelo
contato realizado através de aproximações aleatórias, não há um ponto
em comum que pode ser atribuído a todos. Ao mesmo tempo, como já
referido acima, há o acesso restrito às tecnologias da informação e comu-
nicação, fator que leva ao isolamento com relação a contextos amplos. Há
aí dois movimentos, aparentemente contraditórios, mas complementares:
de um lado as origens diversas e as práticas diferentes levam (ou deve-
riam levar) ao distanciamento entre os grupos migrantes; por outro a falta
de acesso aos meios faz com que os indivíduos se aproximem.
As relações que se formam são baseadas na experiência co-
mum da migração, nas ausências de referências próximas e inerentes
a todos os que compõem aquela sociedade. A agregação em comu-
nidades não é feita a partir daquilo que é comum, mas através das
trajetórias em alguma medida semelhantes. Não há necessariamente
práticas comuns aos membros dessas comunidades, não é preciso que
haja uma continuidade. O pertencimento pode ser temporário e se des-
fazer rapidamente, uma vez que a identificação não é garantida, e nem
necessária; uma vez que o que se busca é a sensação de pertencimen-
to perdida ao longo da experiência da migração. Então não se pertence
nem ao espaço que se pretende global, e nem ao local, mas ao mesmo
tempo, e de forma passageira, a ambos.
Neste movimento de identificações passageiras, da forma como
define Stuart Hall (2003), cada indivíduo pode ter diferentes identidades
na medida em que circula pelos diversos espaços sociais. Trata-se de
identidades definidas não a partir de conceitos biológicos, mas histó-
ricos; nunca unificadas, que nos empurram em direções diferentes, o
que significa dizer que o deslocamento é constante. “Se sentimos que
temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é ape-
nas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma
confortadora “narrativa do eu”” (HALL, 2003, p. 13).
114
Amazônia à margem da sociedade em rede
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
116
Amazônia à margem da sociedade em rede
117
A FOTOGRAFIA DE MODA E A PRODUÇÃO DE SENTIDOS
Samara Kalil
RESUMO
O envolvimento da Comunicação com diferentes objetos de estudo e
disciplinas está em constante renovação e experimentação. Por essa
perspectiva, focamos este estudo na discussão sobre a possibilidade
de pluralidade da Comunicação, por meio da Moda. Assim, a partir dos
referenciais de McLuhan, Barthes e Vilches, tentamos compreender a
ligação das roupas com a Comunicação e, qual a leitura que podemos
obter, por meio de três Fotografias de Moda, publicadas no exemplar
de outubro de 2008, da revista feminina Claudia.
PALAVRAS – CHAVE
Comunicação
Moda
Semiologia
ABSTRACT
The Communication’s involvement with different subjects is in constant
renewal and experimentation. From this perspective, this study focuses
on the discussion about the possibility of plurality that communication
can have by some Fashion means. From the references of McLuhan,
Barthes and Vilches, we will try to understand the connection between
clothing and communication, and the reading which we can get throu-
gh three photos of Fashion, published copy in October 2008, at the
women’s magazine Claudia.
KEYWORDS
Communication
Fashion
Semiology
A fotografia de moda e a produção de sentidos
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Samara Kalil
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A fotografia de moda e a produção de sentidos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
______. “A mensagem fotográfica”. In: LIMA, Luis Costa (Org.). Teoria da cul-
tura de massa. Rio de Janeiro: Saga, 1969.
CRANE, Diana. A moda e seu papel social: Classe, gênero e identidade das
roupas. São Paulo: Senac São Paulo, 2006.
132
A fotografia de moda e a produção de sentidos
MORAES, Nana; MARTINELLI, Noris. “Moda para todas”. In: Revista Claudia,
São Paulo, ano 47, n. 10, p. 248-263, out. 2008.
______. [Fotografia 3 ]. Outubro 2008. Revista Claudia. São Paulo, ano 47, n.
10, p. 262.
133
REVOLUÇÃO FARROUPILHA: UMA LEITURA DO MANIFESTO
DE 1838 ATRAVÉS DA “POLÍTICA” DE ARISTÓTELES
RESUMO
O Manifesto de 1838 é um dos documentos mais relevantes para a com-
preensão das causas da Revolução Farroupilha pela ótica dos próprios
revolucionários. Publicado em três partes no jornal O Povo, primeiro
periódico oficial da República Rio-Grandense, o Manifesto foi assinado
pelo Presidente da República, Bento Gonçalves da Silva, e pelo então
Ministro do Interior e um dos mentores do periódico, Domingos José de
Almeida. Neste artigo, buscamos articular os argumentos apresentados
pelos farrapos com a filosofia política de Aristóteles, destacando o enten-
dimento das noções de justiça, igualdade, cidadania e opinião pública.
PALAVRAS – CHAVE
História da Imprensa
jornal O Povo
Revolução Farroupilha
ABSTRACT
The Manifesto of 1838 is one of the most relevant documents to un-
derstand the causes of the War of the Farrapos in the perspective of the
revolutionaries themselves. Published in three parts, in the newspaper
O Povo, the first official journal of the Rio-Grandense Republic, the Ma-
nifesto was signed by President Bento Gonçalves da Silva, and the Mi-
nister of the Interior and one of the mentors of the newspaper, Domingos
José de Almeida. We try to articulate the arguments of the revolutionaries
to the political philosophy of Aristotle, emphasizing the concepts of justi-
ce, equality, citizenship and public opinion.
KEYWORDS
Press history
newspaper O Povo
War of the Farrapos
Revolução Farroupilha
135
Camila Garcia Kieling
3
Sobre esse assunto, ver BASILE, Marcello. “Projetos de Brasil e contrução nacional na imprensa
fluminense (1831-1835)”. In: NEVES, Lúcia Maria Bastos, MOREL, Marco e FERREIRA, Tania Ma-
ria Bessone (Orgs.). História e imprensa – Representações culturais e práticas de poder. Rio
de Janeiro: DP&A / Faperj, 2006.
4
Destacamos entre aspas os trechos retirados do Manifesto, que foi publicado nos números 2, 3 e
4 do jornal O Povo, reproduzidos no Anexo 1.
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Revolução Farroupilha
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Camila Garcia Kieling
Podemos ver, por esse trecho, que o problema dos farrapos não
era dispor de seus recursos em favor do Império, mas, sim, não rece-
ber em troca um tratamento justo, que lhes permitisse viver melhor.
Nessa linha de raciocínio, justifica-se o rompimento com a constituição
do Império e a procura por outro tipo de governo que se mostrasse
mais equilibrado, bom e justo. A incompetência do Governo Central em
atender, ou, pelo menos, contemporizar as demandas da Província de
São Pedro foi fatal, caindo na armadilha da falta de confiança no gover-
nante, o que Aristóteles havia caracterizado como perigoso: “Aniquilou-
se, desacreditou-se, suicidou-se a si mesmo! Morreu morte política na
opinião de todos os homens sensatos (...)” (O Povo, n. 3, p. 2).
O filósofo afirma que a Monarquia raramente é destruída por
causas externas: “na maioria dos casos, a destruição tem origem
nela mesma”, e destaca dois casos: “quando há desavenças entre
os membros da família real, e outra quando os reis tentam governar
tiranicamente, pretendendo exercer o poder soberano com maior am-
plitude e contrariamente à lei” (1313 a, p. 194). No caso do Brasil, o
processo de independência e as mudanças no panorama político e
econômico do país vinham deteriorando o Império, num processo que
culminou com a renúncia de D. Pedro I. Este foi o ponto alto de uma
série de fatores, entre eles a inflação e o aumento no custo de vida
que colocaram elites, classe média e o povo em geral do mesmo lado.
A incipiente imprensa brasileira, que havia desembarcado no país em
1808, junto com a Família Real portuguesa, teve um papel decisivo
na derrocada do Imperador. De acordo com Silva (1992), os jornais,
em sua maioria de oposição, atacavam violentamente D. Pedro I, e o
assassinato do jornalista opositor Líbero Badaró5 funcionou como pól-
vora para agitações, passeatas, discursos, quebra-quebras e ataques
generalizados aos portugueses.
A desconfiança em relação ao monarca, manifestada através
da imprensa, e o descontentamento também por parte das elites foram
5
Giovanni Battista Líbero Badaró escrevia no jornal O Observador Constitucional, surgido em 1829.
144
Revolução Farroupilha
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Camila Garcia Kieling
REFERÊNCIAS
146
Revolução Farroupilha
147
O PENSAMENTO COMPLEXO E OS ESTUDOS CULTURAIS
NA PESQUISA EM JORNALISMO: POR UMA INTERSECÇÃO
TEÓRICO-METODOLÓGICA
Vilso Junior Santi
RESUMO
Tratamos aqui da aproximação teórico-metodológica entre os “Estudos
Culturais Britânicos” e os postulados do “Pensamento Complexo” de Ed-
gar Morin. Tal vinculação, além de possível, faz-se necessária a fim de
que possamos jogar mais luz aos fenômenos igualmente complexos que
envolvem a Comunicação e o Jornalismo, nosso foco maior de interesse.
No acostamento que propomos utilizaremos o modelo do “Circuito da Cul-
tura” proposto por Johnson (1999), em sua transposição analógica como
“Circuito das Notícias”, para demonstrar que muitas das preocupações
partilhadas pelos autores dos “Estudos Culturais” são contempladas e/
ou observadadas por Edgar Morin quando este desenvolve as bases e os
princípios do “Paradigma da Complexidade”. Nesse sentido cremos ser
promissor relacionar propostas que visam dar conta da integralidade dos
fenômenos da Cultura e da Comunicação, com os preceitos da complexi-
dade e/ou do método complexo de encarar a realidade e a ciência.
PALAVRAS – CHAVE
Pensamento complexo
Estudos culturais
Pesquisa em Jornalismo
ABSTRACT
We deal here with the theoretical-methodological approach between “the
British Cultural Studies” and the “Complex thinking” postulates by Ed-
gar Morin. Such link makes itself necessary in order to be more focu-
sed on the equally complex phenomenon that involves Communication
and Journalism, one of our interest focus. From the approach we have
in view, we will use the “Cultural Circuit” model, proposed by Johnson
(1999), in his analogical transposition as “News Circuit”, to demonstrate
that many of the concerns shared by the “Cultural Studies” authors are
contemplated and/or observed by Edgar Morin when he develops the ba-
O pensamento complexo e os estudos culturais ...
sis and the principles of the “ Complexity Paradigm”. This way we believe
to be promising to relate the proposals that aim to solve the integrality
of Culture and Communication phenomena, with the complexity and/or
complex method principles of facing reality and science.
KEYWORDS
Complex thought
Cultural studies
Journalism Research
149
Vilso Junior Santi
ciar com o real. Nesse sentido, a complexidade proposta por Morin não
conduz à eliminação da simplicidade, mas aparece certamente onde
o pensamento simplificador falha, integrando em seus pressupostos
tudo o que põe ordem, clareza, distinção e precisão no conhecimento.
Segundo Morin (1991, p.09),
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Para Johnson (1999, p.19), “os Estudos Culturais podem ser de-
finidos como uma tradição intelectual e política; ou em suas relações
com as disciplinas acadêmicas; ou em termos de paradigmas teóricos;
ou, ainda, por seus objetos característicos de estudo”. Sendo assim,
podemos afirmar que no centro de interesse dos “Estudos Culturais”
estão as conexões entre a Cultura, a história e a sociedade. Segundo o
autor (1999, p.10-11), os “Estudos Culturais” são, agora, um movimen-
to ou uma rede, que tem como principais características sua abertura
e versatilidade teórica, seu espírito reflexivo e, especialmente, a impor-
tância de sua crítica.
Historicamente, na implementação de seu programa, os “Estu-
dos Culturais” beberam na fonte marxista, apesar de inúmeras discus-
sões acerca dessas contribuições para o seu desenvolvimento. Outra
contribuição importante para os “Estudos Culturais” em sua trajetória
foram as críticas dos movimentos de luta contra o racismo e do feminis-
mo. Estes acabaram por tornar visíveis algumas premissas antes não
reconhecidas, por produzir novos objetos e por obrigar a reformulação
de outros tantos dentro da tradição.
A partir das lentes dos “Estudos Culturais”, fica claro que nem
a Cultura nem a Comunicação podem ser apreendidas como um todo
em nosso tempo. De acordo com Johnson (1999, p.19), precisamos en-
tão de uma estratégia particular de definição para a linha de pesquisa.
Uma estratégia que revise as abordagens existentes e que identifique
seus objetos característicos e a abrangência de sua competência, mas
que também mostre as suas falhas e os seus limites. “Na verdade, não
é de uma definição ou de uma codificação que precisamos, mas de
‘sinalizadores’ de novas transformações”.
Para Johnson (1999, p.23), análise e comparação de problemá-
ticas teóricas ainda são, portanto, um componente essencial de toda
a análise cultural. Mas, segundo ele, “sua dificuldade principal é que
as formas abstratas de discurso desvinculam as ideias das comple-
xidades sociais que as produziram ou às quais elas, originalmente,
se referiam”. Ele afirma que temos de ter cuidado porque as clarifi-
cações teóricas tendem a produzir um impulso independente, bastan-
te silenciador e talvez opressivo das novas formas de discurso. Uma
solução proposta por Johnson (1999, p.24) para esse potencial apa-
gamento é sempre partir de casos concretos, seja para “enquadrar a
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1
Tal protocolo baseia-se, conforme a autora, tanto na matriz britânica dos Estudos Culturais, atra-
vés das produções de Stuart Hall (2003) e Richard Johnson (1999); quanto na sua vertente latino–
americana, com Martín-Barbero (2003), por exemplo. Para detalhamento, conferir: ESCOSTEGUY,
Ana Carolina. Circuitos de cultura/circuitos de comunicação: Um protocolo analítico de integração
da produção e da recepção. Revista Comunicação, Mídia e Consumo/ Escola Superior de Propa-
ganda e Marketing. V.4, n.11. São Paulo: ESPM, 2007.
2
Mesmo que a autora insista em qualificar restritivamente seu procedimento analítico como uma “pro-
posta metodológica”, com o que discordamos, não podemos deixar de reconhecer o seu trabalho como
significativo na pavimentação do caminho que propomos percorrer nesse trabalho. Para aprofundamen-
to ver: STRELOW, Aline do Amaral Garcia. Análise Global de Periódicos Jornalísticos (AGPJ): uma
proposta metodológica para o estudo do jornalismo impresso. 2007. Tese. Porto Alegre: PUCRS, 2007.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Vilso Junior Santi
170
Parte III
Imaginário e reconfigurações
da publicidade
CONSUMO E EXPERIÊNCIA DE USO EM UM CONTEXTO
DE UBIQUIDADE DE INFORMAÇÃO
Professor do PPGCOM/PUCRS.
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Eduardo Campos Pellanda
REFERÊNCIAS
MEYROWITZ, J. Global nomads in the digital veldt. In: Nyíri (ed.). Mobile de-
mocracy. Essays on Society, Self and Politics. Vienna: Passagen Verlag, 2003.
MITTCHELL, W. J. ME++ The Cyborg Self and the Networked City. Boston:
MIT Press, 2003.
180
Consumo e experiência de uso em um contexto...
181
PISTAS HIPERMODERNAS PARA ALTERAÇÕES DA
MENSAGEM PUBLICITÁRIA CONTEMPORÂNEA
RESUMO
Com maior frequência, nos últimos anos, um grupo de mensagens publi-
citárias, cada vez mais polissêmicas e experimentais, vem contrariando
normas consagradas sobre o fazer publicitário. O objetivo deste trabalho é
demonstrar que as rupturas propostas pelas mensagens estudadas encon-
tram sentido e se dirigem a um cenário atual de mutações antropológicas
também profundas. Para isso, utilizaremos as ideias de Gilles Lipovetsky
acerca do contemporâneo, que anunciam os ‘Tempos Hipermodernos’.
Por fim, percebemos que a publicidade estudada parece dirigir-se a um
novo indivíduo mais autônomo e de subjetividade hiper-valorizada.
PALAVRAS – CHAVE
Publicidade
Hipermodernidade
Polissemia
ABSTRACT
In recent years, more frequently, a group of experimental and polysemic ad-
vertising messages are confronting the standard rules of how advertising
should be made. The purpose of this work is to demonstrate that the rupture
proposed from these messages found their space on the current scenario,
which is submerged in anthropological changes. For this, we will use the
ideas of Gilles Lipovetsky about the contemporary that announce the ‘Hyper-
modern Times’. Finally, is perceived that the analyzed advertising is going
towards a new individual, more autonomous with hyper-valued subjectivity.
KEYWORDS
Advertising
Hypermodernity
Polysemy
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A HIPERMODERNIDADE
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Camila Pereira Morales
entanto, esclarece que essa lógica não deve ser subentendida como
o fim dos valores não comerciais, como o sentimentos familiares e o
altruísmo. E aqui a hipermodernidade expõe seu paradoxo essencial:
ao mesmo tempo em que a mercantilização da vida chega ao seu nível
máximo, valores como o voluntariado, a amizade e o amor se refor-
çam, e os direitos dos homens são os mais celebrados. “Ainda que se
generalizem as trocas pagas, nossa humanidade afetiva, sentimental,
empática, não está ameaçada” (2004, p.122).
A lógica de renovação das novidades da moda hoje atingiu ritmo
inédito, e não cabe contra ela apenas acusações de superficialização
do indivíduo. Pelo contrário, de acordo com o autor, a lógica da moda
estimula, nos indivíduos hipermodernos, um questionamento mais exi-
gente e menos passivo, a multiplicação dos pontos de vista subjetivos.
Surpreendendo às críticas de que a moda é um artifício de padroniza-
ção, o autor defende que o estágio atual da moda promove um declínio
da semelhança de opiniões. Isto representa uma diversificação e valo-
rização das versões pessoais.
Dessa maneira, o fim de valores transcendentes não é realmen-
te uma coisa ruim, já que forma um homem mais receptivo à crítica,
mais tolerante, mais aberto à diferença e à argumentação do outro. O
perigo está no efeito colateral desta maleabilidade, a fragilidade emo-
cional dos indivíduos, menos seguros de si em uma sociedade que não
lhes diz o que ser. O perigo não é a manipulação, mas como já dizia
Baudrillard, ter que enfrentar a difícil tarefa de descobrir o que se é.
191
Camila Pereira Morales
Figuras 1 e 2: Instalações da Companhia de teatro de Rua Royal de Luxe. Fonte: site Publicidade
de Saia de saia <www.publicidadedesaia.blogger.com.br>. Acesso em: 21 de mai. 2006.
192
Pistas Hipermodernas para alterações da mensagem ...
Figura 3 e 4: Ação promovida pela marca Puma, para divulgação do competição Puma
Ocean Race. Fonte: <www.espalhe.com.br>. Acesso em: 10 de abr. 2009.
193
Camila Pereira Morales
Figura 5: Anúncio Vick. Fonte: Fonte: <www.ccsp.com.br>. Acesso em: 08de mar. 2009.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
197
A TEORIA CULTUROLÓGICA NA CAMPANHA DA AREZZO
RESUMO
Na década de 1970 a communication research enfrentou uma série de
questionamentos por parte dos estudiosos, o que permitiu a abertura
para outros tipos de correntes de pensamento, como a teoria culturológi-
ca. Esta acreditava que era preciso compreender a relação entre consu-
midor e consumo, partindo da visão de todo o contexto. Sua atualidade é
posta à prova na aplicação em nosso objeto de estudo: a marca Arezzo e
sua opção pelo uso de atrizes globais como estrelas de suas estratégias
comunicacionais analisadas pelas obras de Barthes e Morin. Fazemos
uma análise de peças comunicacionais, aplicando os conceitos de cul-
tura de massa, consumo massivo como escapismo e espetáculo, vedeti-
zação por identificação e projeção e mito.
PALAVRAS – CHAVE
Comunicação
Publicidade
Cultura de massa
ABSTRACT
In the 1970s the communication research faced a series of questionings
by scholars, which allowed the opening to other schools of thought, as
the theory Cultures. This was believed necessary to understand the rela-
tionship between consumers and consumption, based on the view of the
entire context. Its actuality is put to the test application in our object of
study: brand Arezzo and choice by the use of actors as stars of their glo-
bal communications strategies for consideration by the works of Barthes
and Morin. We present an analysis of pieces of communication, applying
the concepts of mass culture, mass consumption as escapism and spec-
tacle, vedetização by identification, projection and myth.
KEYWORDS
Communication
Advertising
Mass culture
A teoria culturológica na campanha da Arezzo
199
Carolina Conceição e Souza
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A teoria culturológica na campanha da Arezzo
Figura 1.
Figura 2.
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Carolina Conceição e Souza
Figura 3
Figura 4
204
A teoria culturológica na campanha da Arezzo
207
Carolina Conceição e Souza
209
Carolina Conceição e Souza
tom mais escuro e uma caçarola marrom escura, mesma cor das botas
caubói e dos dois braceletes de couro que usa, bem como dar cor de
sua pele. A forma como a vedete nos encara é quase de audácia, mais
que sensualidade, de provocação mesmo. Como uma certeza do conhe-
cimento comum do vestuário feminino, nada deixa uma mulher sentir-se
mais poderosa que botas de cano alto, ainda mais se adornadas com
elementos em couro. Assim, este anúncio vende a ideia de mulher forte
e poderosa, sem deixar de ser sexy e audaciosa.
Diferentes valores favorecem a identificação, estabelecendo um
equilíbrio entre realidade e idealização: é preciso “haver condições de
verossimilhança e de veracidade que assegurem a comunicação com
a realidade vivida” (MORIN, 1962, p. 180), mas é claro que o imagi-
nário tem de ir além das coisas básicas e cotidianas, deixar a mente
voar para situações mais fantásticas que as vividas pelos mortais. Isso
explica nossa fácil identificação com as atrizes das novelas, no caso
brasileiro: antes da fama elas eram como nós, pessoas fora do estre-
lato que, (com algumas exceções) não possuíam roupas maravilhosas
ou não eram completamente satisfeitas com seu corpo. Agora, que são
celebridades, que tem suas vidas exaustivamente expostas pela mídia,
vendem esta aura de perfeição, que nos inspira, mas que também não
nos deixa esquecer seu passado. Em suma, que é possível chegar lá
também, e se o caminho for muito longo, podemos ir suprindo algumas
de nossas necessidades emocionais consumindo os produtos ofereci-
dos pela cultura de massa.
Dessa forma, “a realidade, a multiplicidade e a eficácia de pe-
quenos mimetismos” (MORIN, 1989, p. 102) nos faz reconhecer o papel
das estrelas, principalmente na questão da individualidade, do querer
aparentar força na sociedade capitalista, cada vez mais acirrada. Mesmo
querendo ter uma personalidade, não sabemos se ela é suficiente; as-
sim, acabamos nos embasando nas escolhas de alguém que sabemos
possuir sucesso, dinheiro, fama, enfim, todos os atributos que gostaría-
mos de ter: as vedetes. Cortamos o cabelo igual a alguma atriz, porque
nela ficou bem, mesmo que não haja semelhança entre nossas formas
faciais; compro aquela bolsa porque, no anúncio, Alessandra Negrini (fi-
gura 01) parecia sexy e confiante, tudo o que gostaríamos de ser.
Entretanto, a “mitologização é atrofiada” (MORIN, 1962, p. 115):
não existem deuses. A cultura de massa é um “embrião de religião (...),
210
A teoria culturológica na campanha da Arezzo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
211
Carolina Conceição e Souza
REFERÊNCIAS
212
A CONVERGÊNCIA DE FUNÇÕES: PUBLICIDADE E
ENTRETENIMENTO. DUAS INDÚSTRIAS, UM FIM: O GAME
RESUMO
A cultura da convergência, em que velhas e novas mídias colidem e o po-
der do consumidor é muito maior diante da sociedade da informação, é um
cenário que se configura hoje, mas que terá resultados, também, a longo
prazo. Este texto aborda alguns conceitos como entretenimento, socie-
dade da informação, convergência e também a possibilidade da conver-
gência entre entretenimento e publicidade a partir dos games como uma
alternativa mercadológica e socializadora. Para tanto, buscou-se analisar
alguns dados de pesquisas já realizadas no Brasil e no mundo para de-
monstrar que indústria do entretenimento e a publicidade estão em fase de
amplo crescimento e convergência. Desde que bem trabalhadas ambas
podem atingir resultados significativos nessa cultura da convergência.
PALAVRAS – CHAVE
Entretenimento
Publicidade
Convergência
ABSTRACT
The culture of convergence, where old and new media collide and con-
sumer power is greater on the information society, is a scenario set
today, but will have results also in the long term. This paper discusses
some concepts such as entertainment, information society, convergen-
ce and the possibility of convergence between entertainment and ad-
vertising from games as a market and socializing alternative. For this
is analyzed some information from previous studies in Brazil and the
world to describe how the convergence of the entertainment industry
and advertising are in the process of strong growth and, if well crafted,
can achieve significant results in the culture of convergence.
KEYWORDS
Entertainment
Advertising
Convergence
Caroline Delevati Colpo
214
A convergência de funções
215
Caroline Delevati Colpo
CONVERGÊNCIA
216
A convergência de funções
217
Caroline Delevati Colpo
219
Caroline Delevati Colpo
220
A convergência de funções
221
Caroline Delevati Colpo
222
A convergência de funções
CONSIDERAÇÕES FINAIS
223
Caroline Delevati Colpo
REFERÊNCIAS
224
A convergência de funções
SITES:
225
A HIPÓTESE DE AGENDA-SETTING NO
COMERCIAL DA BRAHMA
RESUMO
PALAVRAS – CHAVE
Futebol
Ronaldo
Brahma
ABSTRACT
A hypothesis is always an experience. The agenda-setting, in the Commu-
nication Theories, studies facts and how they impact the public. Last April,
a TV commercial made for Brahma beer starring soccer player Ronaldo
Nazário created controversy in the media, transcending the sports pages
into news editorials, lifestyle and even food sections. The debate, fueled by
diverging opinions, became a water cooler topic which lasted for days and
prompted the creation of a new ad. This paper will discuss if the contro-
versy was or not created or inflated by the media. Would there have been
controversy if the public had not been overexposed to the topic?
KEYWORDS
Soccer
Ronaldo
Brahma
A hipótese de agenda-setting no comercial da Brahma
227
Caren Adriana Machado de Mello
1
O comercial original pode ser acessado pelo endereço http://www.youtube.com/watch?v=gdQjJC
fC45c&feature=player_embedded
2
Disponível em <http://colunistas.ig.com.br/mauriciostycer/2009/04/15/publicidade-deforma-ronal-
do> Último acesso em 20.04.2010.
228
A hipótese de agenda-setting no comercial da Brahma
229
Caren Adriana Machado de Mello
5
Disponível em <http://mais.uol.com.br/view/220667 e http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-
noticias/2009/05/15/ult59u198237.jhtm>. Último acesso em 10.06.2009.
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A hipótese de agenda-setting no comercial da Brahma
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uma enquete para saber a opinião dos leitores. Para a pergunta “Qual
sua opinião sobre um comercial que relaciona a imagem do jogador
Ronaldo a uma marca de cerveja?”, 47.1% responderam ser contra a
veiculação; 39.1% não viram problemas; e 13.8% votaram que depen-
de de como a comparação é feita pela publicidade.
É possível que toda essa polêmica passasse despercebida, em-
bora tenha ficado evidente o alto grau de exposição ao tema a que
o público ficou submetido. Ou seja, jornais, TVs, sites e todos os de-
mais meios de informação é que acionaram no público o interesse pelo
tema. Pena (2005, p.144-145) lembra que a influência dos mass media
é admitida, sem discussão, na medida em que ajudam a “estruturar a
imagem da realidade social, a longo prazo, a organizar novos elemen-
tos dessa mesma imagem, a formar opiniões e crenças novas”:
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Em tradução livre: “A imprensa pode não ser bem-sucedida muitas vezes em dizer às pessoas
o que pensar, mas é incrivelmente bem sucedida em dizer aos seus leitores sobre o que pensar”.
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CONDISDERAÇÕES FINAIS
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<http://clinicadapalavra.blogspot.com>
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REFERÊNCIAS
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