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418 DE ABRIL DE 1932 629 MINISTERIO DA GUERRA Introdugio Repartico do Gabinete do Ministro Em prosonga da decadéacie manifesta da espéeio bu- Deoreto n.* 21:09 ‘Tendo-se verifiendo quo a doutrina do decreto n.° 20:847, do 1 do Foverciro do corrente ano, pelo qual foi ostabe- lecida a forma de fixar a antigaidade do posto de tenente dos oficisis da arma de acrondutiea, nos termos ¢ para 08 efeitos do artigo 108." do decrato n.° 17:378, de 27 de Sotembro do 1929, vom criar situagies embaracosas @ de desfavor para muitos désses oficiais; ¢ indo a needssidado do estudar mais profunda- mento 6sse momontoso problema, por forma a resolvé-lo dontro do mais rigoroso espirito de justiga 0 sem forir o8 jnterésses gerais da Nagio pola eriagto do novos encar- £08 para 0 Tosouro; Usando da faculdade que_me conforo o n° 2.° do ar- tigo 2.° do docroto n.° 12:740, do 26 do Novembro de 1926, ‘por forga do disposto no artigo 1.° do deereto a2 15:31, de 9 do Abril do 1928, sob proposta dos Ministros de todas as Reparticbes Hei por hem decretar, para valer como Iei, 0 se guinte? Antigo 1.° At6 determinagao om contrério fica suspensa 1a aplicagdo do decroto n.* 20:847, de 1 do Foversiro de 1932. Art. 2° Fiea revogada a leyislagio em contrétio. Detormina-se portanto a todas as autoridades a quem © conhecimeato o exeengio do prosonte deeroto com fOrca de lei pertencer 0 cumpram e facam cumprir © guardar tam intoiramento como nélo #0 contém. Os Ministros do todas as Roparticdes o fagam impri mir, publicar @ correr. Dado nos Pagos do Governo da Repablica, em 16 do Abril do 1932.— Awroxto Oscan be Feaaoso Canwona—Domingor Augusto Alves da Costa Oliveira — Mario Paie de’ Sousa— Jos’ de Al meida Eusébio—Anténio de Oliveira Salazar — Antonio Lopes Mateus —Lviz Anténio de Magathaia Correia — Fernando Augusto Branco —Jo&o Antunes Guimardis— Armindo Rodrigues Monteira — Gustavo Cordeiro Ra- ‘mot — Henrique Linhares de Lina. eed MINISTERIO DA INSTRUGAO PUBLICA Repartigio do Ensino Secundario 14 seceio Decroto ne 21:110 Usando du faculdade quo mo confere o n.° 2.° do ar- tigo 2° do decroto n.* 12:740, do 26 do Novembro do 1826, por fora do disposto no artigo 1° do decreto n.° 15:831, de 9 do Abril de 1928, sob proposta do Mfi- nistro da Instrugio Pabliea: hei por bem decrotar 0 s0- guinte: ‘Antigo 1.° 1b aprovado © mandado por em execngio 0 rogulamento de educagto fisien dos licous, que fax. parte inlegrante desto decreto © vai assinado pelo Ministro da Instragio Pablica, Art. 2.° Fica revogada a legislagio em eontréio. O Ministro da Instragto Pablica assim o tenha enten- dido e faga executar. Pagos do Governo da Repablica, 4 do Abril do 1982.— Axrixto Oscar ps Faaguso Canmona— Gustavo Cordeiro Ramos. mana, 0 problema da educagio fisice atingiu wna impor- tineia tal que o torna eandonte para todos os povos. im Portugal, dado que ossa decadaneia jé nao sofro dividas para ninguém, tal o seu grau, Olo est na ordem do dia fe precisa de ser rosolvido tendo em conta os iiltimos da- dos civntificos menos diseutive ‘A primeira indicaglo a atender & procurar afastar do espirito do professor do odacagio fisiea a idea errinea de que esta edueacto visa o misculo como seu printeiro e melhor factors O movimento nfo so basta a si mosiio, como diz um grando mostro (Tissié). O esforgo atlético sem freio, tom earacteristico do momento actual, tem eon- duzido grando parte da nossa mocidado a dss0 estado mérbido que os francases chamam na sua linguagem desportiva 8 claquage, Esta rotina, do consoqicucias perigosas, j4 encoaira em cortos moios familiares uma, Feprovagio empirien no protesto dos pais do familia, que vem eoin mans olbos os desportos até mesino & giwnéstica oficial, na sna influéneia nefasta sobre o aproveitamento inteloctaal @ morsl dos seus filbos. Foi deveras improssionanto ainda hé bom poneo tempo © resultado do apuramento de rapazes para a marinha portgnesa. Os médieos quo procederam ao examo Tos- pectivo pronuneiaram-se até pablicamente na. imprensa digria contra 0 abuso da mania. desportiva, definindo-a como uma das causas mais importantes do definhamento do nosso povo. A grande inferioridade fisica, verificada provém deste abuso de um ludismo desonfreado e da austncia de uma pritiea de gimnistica de form: gundo os principios modernos quo prepare o orgenismo da erianga para a prética utilitérin, a sea tompo, dos jo- gos_o exercicios do aplicagio caraeteristicos das nossas tradighes. Pata infeio desta proparagio 6 fundamental que © pro- fessor do edueagiia fisiea saiba compreender cin seu alto signifieado a prétien da educagio da rospiragto como elemento fundamental de toda a gimnéstica edneativa. Liborar pulmdes © coracies om poites apertados por anquiloses o tantas outras causas adquiridas ou horediti- rias do defiahamento dove sor o primeiro passo a dar com proveito na edueaciio fisica, Comproonde-se ficilmente que aplicar logo do una foita todo e qualquer método do gimnistica a organismos de- pauperados por mil causas, quo nfo vom para aqui do- Senvolver, 6 cometor um atontado A vida de eriangas, quo constituem para um povo o sou melhor capital pro- dativo. ‘A edueacio fisien tom sido até hojo feita As avessas © prejadicando a educagio intelectual ¢ moral. Que existom influencias rociprocas de uma e de ou- tra, ninguém o podo contestar. ‘Masexistem, segundo as eoneepgies modernas dos edu- cadores e filésofos contemporsneos, verdadeiros e nitidos limites a marear & educagio fisiva, ‘som projutzo da edu- cagio intelectual ¢ moral. Deve, pois, ser concebida a educaciio fisics numa har- monia toda feita do equilibrio em que se dé 20 masculo 0 quo é do miscalo e ao eérebro 0 que ao eérebro per- tonce. Ora 0 quo pertence ao eérebro sobreleva ao qua per- ‘tenee ao miisculo. ‘As necessidades imperiosis da vide moderna, a luta eada ver maior pela existéneia, roelamam do eérebro wm, dispandio de energias que tém do ser repartidas delica- damonte ¢ rigorosamento entre os dois sistemas muscular @ nervoso. 630 I SERIE —NOMERO 90 A fadiga, 6ss0 problema transcendente que nfo ¢ de mais por em relevo, deve ser endrgicamento combatida om todas as suas formas, jamais nom povo tam ferido por causas miltiplas, atdvieas, hereditarias © ainda por dificuldades da vida presento, tam contrérias ao desen- volvimento da erianga portuguesa. ‘A cmotividado impalsiva da javentudo 6 0 poor dbico na pritiea reguladora de uma boa edueagio fisica, Trata-se de aplicar um remédio. A oducacto fisica tem de sor, por urgente necossidade, conduzida nnun campo essencialmento terapéutico. Se isto so tivesse feito desdo algumas dozenas do anos, teria mos, ja verdadeiros valores numa sociedade, que parece caminbar para uma banearrota definitiva, Ever 0 as- pecto da mocidado, excitada, inquiota, deminuida sob varios aspectos na sua sadde fisica e moral. ‘A educaglo fisien no 6 propriamente um protexto ara divertimentos ou prazeros, sono um elemento po- Reroso para o mriboraurento das condigbes individuals 0 sociais. Fazer da educagio fisica um pretexto para exi- digdes, paradas, etc., ete., é um @rro formidével, peda g6gico © social. Q prazer s6 é legitimo na medida em quo facilita. 0 eumprimento do devor. E 0 dover do um povo 6 saber eriar unidados oquili- brads, fortes na acgdo para uma vitéria oportuna 0 de- ‘a. Para isto contribue om alta medida uma gimnis- tien de formagto verdadeiramente avalitica, mas aplicada com uma sabia preparagdo de educagio da rospiragto. Sem obter primoiramente esta, todo o trabalho analitico fica prejudicado. ‘Todo o método de gimndstica, seja Gle qual for, para ser itil, tam do adaptar-s0 as eondigbes especiais da vida dos povos, pois nio so estes que devem adaptar-so aos métodos, ainda os melhores. Por isso 0 método tem do sofror alteragfes na sua execugto, que lhe marquem niti- damente a racionalidade segundo aquelas mesmas condi- ges, A educagio fisica, cujo elemento mais impértante é uma boa prética de gimnistiea edueativa, para ser eficaz, tem do ser dirigida ao maior wimero. Aquela gimnistiea deve como diz Lagrango, eminentemente demoeratica. comecando racionalmente s gimnistica educativa pola excoucko da técnica perfoita da oducagdo da respi- raglo, atingiremos igualmente os fracos eos fortos, os yelbos © os novos. Os fracos proparando-os para o8 oxereicios subseqitentes ¢ os fortes melborando-os ainda mais nas suas condigdes de aproveitamento. ‘Em todas as escolas éste método tam simples poderd sor aplicado, estendendo-se os sous benoficios mesmo As escolas primérias, onde 0 material de ensino seria tam, reduzido quo bastaria o pavimento da elasso para 0 roa- lizar. 1 0 quo se faz na Suécin em quisi todas as esco- las primérias, pois ali se considera, 0 muito bem, 0 corpo humano como o melhor aparelho do gimnistica Os sistemas ou métodos aplicados integralmente em povos de constituigdes diferentes do povo sueco devem todavia ser cuidadosamcute analisados © modificados se- gundo as tendéncias, os hibits ¢ » cardcter de cada Todo 0 método adoptado deve repousar, pois, sdbre o conhecimento rigoroso anatmieo-fisiolégieo, que igual para todos os povos, mas ainda sobre as modificagbes que o clima © 9 meio moral, familiar e social imprimem cada pov. A gimnéstica de formacto, & preciso que se saiba, nilo 6 apenas, como s0 tem afirmado, um ramo da higiene. Por isso, sa parto dos seus fins’ sto ossoncialmento a forga, a'saiide ea beleza, acresco ainda a defini-la com rigor o seu fin cminéntemente de formago, con- coito transcendent que so a filosofia interpreta cabs mente. Todas as pretendidas exageragies que se tam feito no emtanto sobre a sua influcneia sobre as facul- dades superiores do espirito foram j4 nitidamonte resol vidas pelos estudos modornos da psicologin experimon- tal, © coneoito de Ling «o corpo 6 um instrumento vivo da almay resume todo o espirito da educagto fisiea mo- derma, que nos trabalhos dos psicdlogos destes iltimos vinte ‘anos vem encontrar os limites necessirios, limites estes cientifieos © experimentais, que j& no conccito do formagio eram eontidos. ‘Pela formécto fisiea assim orientada so podoré afit- ‘mar, num Optimo das suas condigdes, a exteriorizaglo das faculdados superiores do espirito. O método que melhor realizar a afirmacio do homem como um composto de espirito ¢ corpo seré pois aquele que revigorando 0 or- gauismo nas trés direetrizos —saldo, forga e beleza—, © ainda formando educativamente, o faga integralmonte, som prejudicar a afirmagio do homem como um ser ra cional ¢ moral. Aplicar sem discernimento a multiplicidade dos exer- cicios de uma téeniea, mesmo a mais bem concebida, a organismos deficitérios onde nem sequer a respiracto, jf educada, realiza o principio do maior esforgo itil, 6 tarefa initil © tantas vezos perigosa. Na educagio fisiea, a medida 6 condigto das mais im- portantos. Até aqui tem-so olhado apenas aos movimen- fos, Indo sintético da aplicaglo, ¢ tem so desprezado 0 movimento regrado da formagto. ‘Tomos do eaveredar por um caminho melhor, come- gando pelo prinefpio, quo outra coisa nao é sento uma Toa, ‘sdbia 6 exacia odveagto da respiragio, I esta que esti’ na base evolutiva do ser e 6 por ola ainda quo so atingem os fins prineipais de oma boa edueagho tisien. Distinguir a pratiea dos exercicios utilitirios da sua pritica regrada de formagio 6 0 primeiro passo a dar no sentido da boa razio. Forniar homens osclarecidos © a0 mesmo tempo for- tes, vigorosos, em que a vontade modelada em sios pri cipios agora se afirma om toda a sua pujanga, 60 pri miro desideratum na reforma educativa a estabslecor. ‘A formugho precede sempro a aplicagto © & preciso ter om conta quo o homem s6 se realiza em toda a sua plenitude fisica aos vinte e cineo anos Dove ter-se em conta quo 6 nesta idade quo so ulti- mam 03 iiltimos processos de ossificacto. Kis porqite nas escolus primérias e secmmdarias os desportos dovem sor - afastados com toda a energia, porque os organismos in- fantis depauperados nfo os suportam sem graves peri- 8° preciso libertar a apibido do preconesitos correntes anti-cientificos, mareando & educacao fisiea o lugar quo Ibe compet na educacio integral do homem. 0 facto iniludivel 6 quo © nosso Pals sofro uma baixa tremenda uo seu capital saide. B, contndo, atacam-so 08 ofoitos maldficos dessa causa antes do atacar a pro- pria causa por um meio bem simples ¢ eficaz—a eda- cagito da respiracto, Som educagio da rospiragio nunca aleangardo toda sua eficdcia os meios profiléticos © curativos, como habi tagdes baratas o higitnicas, sanatorios, hospitals do re- pouso, balneirios, ote., nem jamais ostes poder substi- tuir aquola, além'de que estas, Aparto as habitagBes ba ratas ¢ higiénieas, sto de um custo clevado, emquanto educagto da respiragao esté a0 aleanee do todos. Jado em Portagal, como afirma o eminente stbio © higienista Dr. Ricardo Jorge, 6 superior & do todos os outros paises civilizados, @ temos ainda, como afirma o mestre, uma natalidade quo Ihes 6 suporior. iQuantas vidas desperdigadas neste desbaratar conti- uo de energias! «Nas cidades de Lisboa e Porto, diz o grande higio- nista, a mortalidade vai do fox om fora, atingo 0 débro © 0 triplo da de Londres. B, ainda, para parte de me- 18 DE ABRIL DE 1932 tade dos Sbitos se desconhecem as eausas do morte, cousa gue se no dé na turquosca, Constantinopla ou na asidtice Damaseo. Bsto desprézo polo progresso higié- igo 80 n98 lesa da raie para dontro, desdoure-nos” da rais para foray. Somos um povo de asfixiados num pais riquissimo de are de luz, 0 que 6 wm paradoxo tremendo de conse- quencias vistvois em demasia. Nao aproveitamos estas riquezas naturais porque nfo tomos pulmdes educados que as saibam captur o valo- rizar. A tuberculoso faz a sua mortandade pavoross em grande parte porque os peitos se fecham totalmente 20 remédio salvador. Daqui, © em conjungo com ontros variados elementos pertarbadores, resnlta a inferioridade fisiea que todos veom com desinimo croscer dia a dia. Se 0s resultados até hoje obtidos em educagao fisica so tam preedios, algum érro existe que os explique. Esto érro em*sido a fulta de compreensto de que 6 nocessirio comegar pelo principio, isto 6, formar antes de aplicar, educar aualiticamente antes de sintSticamente. E o principio esta em educar primeiro a fuugdo que hi-de mavear todo © deseavolvimento evolutivo do sor. ‘A odueagit fisien nfo 6 86 um factor precioso de deson- volvimento ¢ de formagio, mas, porque ainda 6 um agente valioso para evitar a dovnga, dai deriva a pretensio do confundi-la com a higione. A gimnistica de formagio, visto que é um elemento poderoso da edueagdo intogral do homem, nto pode dei- xar de ter intimas relagfes com a flosofia dessa eda- icional filosdfiea, a pedngogia que Tho anda aaore 0 algumas corventes, moderas aseit om trabalbos pseudo-cientiicos que preteadiam anular © valor daquele saber tradicional ostabelecora-se um antagonismo tal quo se tradozia pedagdgicamento nos processos segnides por uma outra escola. A escola pedagégica tradicioaal dava primazia 20 pro- cosso endogénico, isto 6, actuar do espirito para 0 corpo. ‘A escola pscudo-ciontifica moderna tom-so servido de processos exclusivamente exogénicos. Daqui o papel hi- pertrofiado dado & edueagto fisiea 0 os desvarios em quo costa eai presontemente. Bis assim a formago moral reduzide nas iiltimas eon- sogiiéncias desta escola a uma simples sujeigao extorioi Contrariamente, a escola pedagégiea tradicional eu dava em especial da vids interior o 86 comegou a decair quando, deixando-so infltrar polo érro nos sous funda- mentos'filosdficos, deixox de Ihe dar a devida suprom cia. Mas agora com os modernos estudos do citacia ex- perimental as consas volta a ser postas no seu lngar devido, restituindo ao saber tradicional todo 0 seu valor objective acreseido de novos elementos fornecidos por processos mais aperfeigoados. Conseqtentomeate és mester definir agora com a devida exactidao 0 papel que cabe A educacio fisien para que ndo pretenda iovadir outras esferas usando de procossos que viciem os sous cfeitos. Ling, espiritualista eonfosso, éntondia, como atris se disse, que «o corpo & um instrumento vivo da alma. Cortamente que 0 corpo nfo podo prevalecor sobre 0 ospitito, antes Ihe deve estar subordinado. Se a odueagio fisiea visa a alcancar saide, forga 6 boloza, no 0 podo conseguir so deixar de tor om conta 0 concorrer a estabelecer por um combate cerrado As si- nergias a harmonia dentro do composto humano. Sem éste combate, mesmo saide, frga e beleza nunca por dom sor aleangados como objectivos da educagao fisica, visto que se depara logo um obsticulo de que é mestor 638i ‘triunfar—a lei do monor esforgo on lei da proguiga, como sugestivaments a denominon J. Payot. E esta lei uma revelagdo ovidente daquela tendoneia iaatn quo 9 houem tem para o mal nos diferentes mo- dalidades do sou sor, © quo so traduz nos fendmonos da contraecdo muscular pelo fendmeno das sinergias a quo acaba de se aludir. S6 rogrando a actividade muscular por meios adequados, quo & gimnAstica de formagto com- petem, elas podom sor destruidas. Do contririo, todas as actividades servo vieiadas origi- nariamente, ¢ nunca saide, fOrgs e beleza se podem rea- lizar om todas as possibilidades contidas em a nossa na- tureza. Mas, visto quo de educagio fisiea se trata, 0 nfo de cultura muscular, concopgtio errada o simplista, no sto liferontes os procossos de que se lance mio’ tim de 80 realizar com a dovida oficidncia a parte de aplicagco, qno na juventude é vantajoso usar também, ‘Todos os que se entregam as questies educativas os- tHo do acOrdo nalguns pontos fundamontais, Assim, nin- .ém pode negar a vantegem dos trabalhos matiuais. mente se thes a8 deve dar um papel superior no quo Ihes cabo: adestrar os varios sentidos, em primeiro Jogar, com todas as suas altas consoqiéneias titels ou transcendentes na vida do homem, © ao mesmo tompo que do alguina forma os nivela socialmente. Mas devemos pre preceder 6 acompanhar o sea uso de uma gimndstien do formagio como preparagto 0 eorrectivo necessério. O eseotisino, quando eompreendido rigorosamente s0- gundo a eoocopede moral de Baden-Powol, 6 também do aconselhar, aparte os seus excessos de naturalismo, que falsciom os fas da oduengto. A natorera ato 6 eduea- lora. Os jogos om goral, como meio podagdgico ¢ com 0 carfeter universal que do algama forma se lhes pretende atribuir, dover subordinar-se a uma dovida pradéncia no seu uso, visto quo 0 sou valor 6 relativo, @ importa no 0 oxagerar. Sio 6les um clomento do distraccio © de aplicagio de actividades miltiplas que os rapazee tendein naturalmeate a despender. Mas 80 6 mnester vigii-los e canalizé-los, isso tom de ser feito com um espirito de grando ponderagio © um conhecimento perfeito das necessidades juvoni Vigié-los neste sontido—nio deixar que os rapaxes se déem por tal forma a éles, quo esgotom as suas pos sibilidades com prejufzo da satide © sun formagio inte- lectaal @ moral, Canalizé-los, sit, no sontido de apro- veitar @ diseiplinar as suas inclinagdes o aptiddes, mas som Ihes deminuir a espontancidade no quo tem de legi- timo, ¢ ainda sem ilusdes sobre o valor real da contrainte osxtorior. ‘A. contrainte exterior on sujeigio ¢ a antitose da for- magio ¢ disciplina intorior. A primeira 6 a imposi¢to (ainda que som violéneia) da disciplina de um meio a0 sujeito que nclo entra, som que, todavia adira a essa diseiplina, mesmo que’ a pratiqne, podonilo, comtudo, por automatismo tornar-so num habit. ‘A. formacito © disciplina interior 6 a adesdo de oma yontade livre, de uma conscidneia esclarecida, quo s0 ‘amina, a uma verdade moral on intelectnal, trada- zindo-se'om actos de um valor tal que entre ostes ¢ 08 praticados pela contrainte oa sujeigio exterior, wm abismo 9s separa, mesmo quando se assemelbam na sua exte- riorizagao. Nao se infira daqui, porém, que se dominue o valor decisive do meio, do ambiente em que a educacio se deve desonrolar. Sem ineio adequado, impossivel se torna fazer dar & oducagdo frutos henéficos, pois a somente lancada A terra no germina, esteriliza, por falte de condighes propicias. © canto coral ois da uma aplicagto do real valor,

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