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ARISTÓTELES. Poética.

Na Poética, Aristóteles tem por base a fundamentação da MIMESES, imitação ativa e criativa, e
de CATARSE, que refere-se à purificação das almas por meio da descarga emocional
provocada pelo drama. A imitação, segundo Aristóteles, determina o modo de ser do poema
trágico e está sempre ligada à ideia de arte (tecné) e natureza (physis).

Então, Aristóteles (2003, p. 103) começa a Poética abordando alguns aspectos da poesia e da
imitação segundo os meios, o objeto e o modo de imitação. São nestes pontos que se diferem a
imitação. Todas as artes, realizam a imitação pelo ritmo, pela linguagem e pela melodia,
empregados em conjunto ou separadamente (Modos de Imitação). A imitação aplica-se a pessoas
em ação, quem podem ser boas ou más, dependendo da prática da virtude ou do vício.

A origem da poesia teria duas causas devidas à natureza do homem, pois a imitação corresponde a
um instinto humano, já que por ela são adquiridos os primeiros conhecimentos e experimentado o
prazer. A poesia teria sido criada por homens aptos à imitação, por meio de ensaios
improvisados.

Quanto a divisão em gêneros, epopeia e tragédia e comédia e sátira, resultaria das diferenças de
caráter, ou seja, enquanto a “Tragédia e Epopeia” imitava os homens virtuosos e superiores e a
“Comédia e Sátira” imitava os viciosos e inferiores. (ARISTOTELES, 2003, p. 105)

Em uma comparação entre epopeia e tragédia, diz Aristóteles que a epopeia, assim como a tragédia,
imita em versos homens superiores, mas é menos limitada quanto à duração (extensão) do que a
tragédia. (ARISTOTELES, 2003, p. 109)

Aristóteles define então a tragédia, como uma imitação de caráter elevado, completa e de certa
extensão, em linguagem ornamentada e adornos distribuídos pelo drama, com atores atuando e não
narrando, despertando o temor e a piedade, tendo por efeito a catarse (purificação) destas emoções.

A Tragédia é constituída por seis (6) elementos: a fábula, que é a imitação da ação; o caráter,
que diz respeito à qualidade das personagens; as falas, que são o conjunto dos versos; as ideias,
tudo o que dizem os personagens para manifestar seu pensamento; o espetáculo, que é a parte
cênica; e o canto, principal adorno do espetáculo.

Os principais meios pelos quais a tragédia fascina as plateias fazem parte da fábula, que são as
peripécias e o reconhecimento.

Assim, o poeta deve criar fábulas e não versos, porque são as fábulas que imitam ações e fatos
capazes de suscitar o temor e a compaixão.

A tragédia deve ser construída de maneira que as pessoas, só ao ouvirem ou lerem, sem nada ver,
possam aterrorizar-se e sentir piedade. Isso caracteriza o bom poeta.

Aristóteles destaca a competência do poeta ao narrar não o acontecido, mas o que poderia
acontecer, o possível, a necessidade. Assim, a diferença entre o poeta e o historiador não está
na forma da obra, mas no que relatam. Por isso, a poesia, segundo Aristóteles, é mais
filosófica e de caráter mais elevado, pois permanece no universal.

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