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Os “meus futebóis” (1)

É unânime entre autores dizer-se que o jogo de futebol tem como um dos requisitos
essenciais para o sucesso, o desenvolvimento das habilidades percetivo-cognitivas e
que a variabilidade de problemas que o jogo apresenta aos jogadores faz com que para
que se tenha sucesso, haja uma tomada de decisão adequada para a situação
problema.
Esta tomada de decisão tem sustentabilidade no conhecimento que o jogador
apresenta em relação ao jogo.
Este conhecimento, que não é um conhecimento qualquer, assume-se, então, como
requisito essencial para a “qualidade das prestações”, sendo ainda, um dos
diferenciadores de qualidade entre jogadores.
Nesse sentido o treino de futebol na formação (e nos adultos também) deve ser cada
vez mais o ensino do jogo e por conseguinte, treinar deverá ser essencialmente
aprender uma forma de jogar, porque é a partir do conhecimento que o jogador tem
do jogo – conhecimento específico (tático) – que ele consegue resolver as diferentes
situações que o jogo lhe apresenta.
Também é consensual hoje reconhecer-se que as emoções são um parceiro
fundamental na tomada de decisão e que uma das formas mais concretas de se saber
se “o jogador aprendeu um determinado comportamento é verificar se ele evidencia
ou não a recordação desse comportamento numa situação futura semelhante”
(Jensen, 2004).
As experiências que transportam consigo recordações agradáveis são mais facilmente
recordadas, e por isso, um jogador quando assume uma determinada direcionalidade
no jogo, a sua decisão está muito condicionada pelo estado emocional que lhe esteve
associada aquando da memorização dos acontecimentos requisitados para essa
decisão (Oliveira, 2004).
Ora, a possibilidade de o jogador decidir rápida e taticamente bem no jogo, sustenta-
se na necessidade de ele no treino experienciar contextos favoráveis de aprendizagem,
“onde haja uma intrínseca participação da emoção nos processos de tomada de
decisão e raciocínio” (Damásio, 1994) pois só assim ele conseguirá “alterar o seu
comportamento perante determinada situação no jogo ao conseguir, primeiro,
compreender, e depois, se perceber que esse comportamento será benéfico para ele e
para a equipa” (Oliveira, 2006).

Prof. José Carlos Gonçalves


Treinador de Futebol

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