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Sexo É
muito mais
temas
RG
Redação
Maria Adrião
Realização
UNICEF – Anna Penido, Silvio Kaloustian, Ana Maria Silva, Denise Bueno
Apresentação
Sabemos que conversar sobre a sexualidade, sobre o nosso corpo, sobre ser
adolescente, sobre se informar e fazer escolhas conscientes faz parte do nosso
Revista Viração – Paulo Lima, Vivian Ragazzi, Camila Caringe dia a dia. Sabemos também que esses temas estão na televisão, nas revistas, nas
conversas com os amigos, nas escolas etc. Mas será que as informações sobre eles
Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto – Ana Teresa de Castro Bonilha,
Sandra R. Francisco, Ana Maria Peres Silva estão corretas e nos passam mensagens positivas a respeito de como exercer nossa
sexualidade com responsabilidade e prazer? Foi pensando nisso que tivemos a ideia
Jovens CEDOC
Ademir Franco Paré Junior de elaborar um fascículo que trata dessas coisas de maneira simples, leve, informativa
Camila dos Santos Frigatto
Camila Regina dos Santos e sem muita embromação para dizer o que quer. Portanto, aqui está o fascículo Sexo e
Eliene Santana Correia (é) muito mais!
Felipe Fortunato Rodrigues da Silva
Helber Pereira dos Santos
Juliana Camila Santos Celestino Este fascículo apresenta diversos assuntos relacionados à nossa sexualidade,
Karina Ferreira da Cruz
Micaela Carolina Cyrino ao nosso corpo, à questão da gravidez na adolescência, à diversidade sexual, à
Natiele Souza Santos prevenção das DST/HIV/aids e ao que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente
Rafael Neves Biazão
Renata Marley Silva Neri (ECA), além de dicas de livros, filmes e sites.
Rodrigo Gomes Soares
Revisão Técnica Nenhum dos assuntos que estão aqui foi tirado da cartola ou da nossa cabeça. Na
Sandra Unbehaum – Fundação Carlos Chagas
verdade, este fascículo foi escrito com base em textos e materiais educativos já
Revisão de Texto produzidos por especialistas, pelo governo e por organizações não-governamentais
Andréa Vidal
que trabalham com adolescentes e jovens. Também pesquisamos na internet, em
Diagramação livros, guias e cartilhas, além de trocarmos ideias com adolescentes e jovens que
Vitor Massao
Flávio Yamamoto trabalham com o tema dos direitos sexuais e direitos reprodutivos na comunidade.
William Haruo
Fotos Estamos oferecendo a você algumas informações que têm relação com o tema
Arquivo Revista Viração e ONG Bom Parto
dos direitos sexuais e direitos reprodutivos, mas é bom correr atrás de outras, até
Ilustrações porque esses conhecimentos e sua discussão não se esgotam aqui. E, quando for
Marcio Baraldi e Lentini
trabalhar com esse assunto, não se esqueça de considerar as características da sua
Foto da Capa comunidade e o objetivo que você quer atingir. Conhecer o que a sua comunidade
Fernanda Forato
deseja saber sobre esse tema irá orientar sua busca por mais e mais informações.
Sexualidade:
se limita a ter ou não orgasmos. Sexualidade é muito mais do que isso. É a energia
que motiva uma pessoa a buscar contato físico e afetivo, intimidade; se expressa na
forma de sentir, de as pessoas se tocarem e serem tocadas. A sexualidade influencia
Que bicho é esse? pensamentos, sentimentos, ações e interações, e tanto a saúde física como a mental.
Também podemos afirmar que, além do nosso corpo, a sexualidade envolve nossa
Já pararam para pensar em como os assuntos ligados à sexualidade estão história, nossos costumes, nossas relações afetivas e nossa cultura, e que vai sendo
presentes no nosso dia a dia? Eles estão nos programas e nas novelas que passam mudada de acordo com a época. Pergunte à sua avó como eram as relações de
na televisão, nas matérias de jornais e revistas, no bate-papo entre amigos, nas namoro quando ela era jovem. Certamente eram bem diferentes dos namoros de hoje
famílias, nas escolas, nos serviços de saúde e nas comunidades. Infelizmente, nem em dia.
sempre esses assuntos são tratados com profundidade e naturalidade, porque
Pra entender
as pessoas ainda se sentem constrangidas em falar sobre eles. No entanto, elas
de esquecem de que a sexualidade nos acompanha desde o momento do nosso
nascimento até a nossa morte.
Quando o bebê toma o leite materno e sente saciar sua fome, é automaticamente
Mundial
melhord e S a ú d e (O M S) é uma agên
cia
ndo.
invadido por uma sensação de prazer. Isso acontece porque na infância a sexualidade A Organização çã o e m vá ri a s partes do mu
m representa e saúde públic
a de
e as sensações de prazer estão ligadas à satisfação de necessidades vitais, como internacional co e r p o lít ic a s d
desenvolv preendendo a
saúde
comer, tomar banho e receber carinho. As psicólogas Claudia Piccolotto Concolatto e Seu objetivo é o s p o vo s, co m e não
todos ental e social,
Fabíola Giacomin1 explicam: “Pensemos em um bebê muito pequeno, mamando no qualidade para st a r fí si co , m
do de bem-e ça. Além disso
, a OMS
seio materno (ou na mamadeira). Após saciar-se, ele dorme tranquilamente no colo como um esta n ci a d e d o e n
a ausê e.
da mãe: eis a sexualidade se instalando. Se observarmos essa mãe com seu bebê,
somente como ra o s cu id a d os com a saúd
os p a ente?
veremos que, ao mesmo tempo que ela oferece o peito ao filho para saciar sua fome,
propõe caminh a d e q u a n do se é adolesc
a lid
envia sinais de aconchego ao acariciá-lo, ao sustentar sua cabecinha com delicadeza,
E como é a sexu
a por
ao conversar com ele enquanto lhe dá de mamar. Isso vai deixando uma marca de
p a d a vi d a n a qual se pass
é uma eta psicológicas. O
corpo
A adolescência
prazer, um registro de satisfação no psiquismo que está começando a se formar. No
s co rp o ra is e ades,
início, a criança suga para se alimentar; depois, faz isso também pelo prazer que
muitas transfo
rmaçõe
s vo n ta d e s, novas curiosid
mos a ter no va e é um
ali encontra. O registro dessa sensação prazerosa, a qual desejará repetir, é o que
muda, começa n ti m e n to s e tudo mais. Ess mos
constituirá a sexualidade e o próprio aparelho psíquico da criança”.
novas dúvidas,
novos se
, p o is é q u a n do nos importa
madurecimento s trocados entr
e os
momento de a co m o s o lh a re r,
É assim que a nossa sexualidade vai se constituindo! sso corpo, , é se conhece
mais com o no xu a lid a d e é is so
aqueras... E se lo contato ou to
que,
amigos e nas p se n sa çõ e s p e
Mas, afinal de contas, o que é a sexualidade? Segundo a Organização Mundial de r, descobrir seja do sexo op
osto ou
buscar o praze tr a s p e ss o a s, e
Saúde (OMS), é uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode
se sentir atraíd
o por ou
e it a r a s d ive rsas formas qu
ser separado de outros aspectos de sua vida; por isso não é só relação sexual, não portante é resp nciar a sexualid
ade
não. O mais im m e n ta r e vi ve
de experi ade,
1. Sexualidade na infância? Claudia Piccolotto Concolatto e Fabíola Giacomin, Disponível em as pessoas têm co m p ra ze r e responsabilid
rcê-la
http://www.annex.com.br/artigos/claudia6.asp. Acessado em 6 de novembro de 2008. e, lógico, de exe ri o s lim ite s e os dos outr
os.
p ró p
respeitando os
Mais sexualidade! E as “ficadas”? Elas existem desde o fim da década de 70, só que atualmente
Por Rafa Biazão, 18 anos, e Eliene Correia, 18 anos, é comum rolar muito beijo sem compromisso sério com ninguém, e nada mais,
da Rede Tecer o Futuro – São Paulo como acontece em festinhas e nas baladas entre amigos. Muita gente acha
legal porque assim tem maior possibilidade de conhecer várias pessoas, de
Quando se fala em sexualidade, começam a surgir várias coisas, como o escolher o parceiro e de conhecer mais sensações sem ter um relacionamento
preconceito, por exemplo. Muitos adolescentes, quando entram nessa fase, sério. Mas também há pessoas que se sentem magoadas, usadas, já que o
entram na onda dos “amigos descolados”, que são nada mais nada menos mito do “amor romântico” (se apaixonar, namorar etc.) ainda é muito forte na
do que grupos dos quais eles começam a fazer parte para ter o privilégio de nossa sociedade. Mas também não podemos esquecer dos adolescentes que se
serem descolados também. A maioria acaba entrando só para ter uma certa apaixonam verdadeiramente e preferem namorar sério.
popularidade; às vezes, o adolescente faz coisas de que nem gosta só pra dizer
mesmo que é “o melhor da turma”. E o diálogo com a família? Falar desses assuntos com o pai, com a mãe,
a avó ou o avô, ou seja lá quem for que cuida da gente, não é fácil não!
E a virgindade? Na época de nossos avós, a virgindade da menina tinha um Muitas vezes, em casa não há abertura para tratar disso; noutras é o próprio
valor especial. Era esperado que ela só tivesse relações sexuais depois do adolescente que não se sente à vontade para conversar com a família sobre
casamento. Mas, com a revolução sexual e as mudanças no comportamento o assunto. É preciso ficar atentos a isso, pois muitas vezes conversamos e
social, a virgindade acabou perdendo esse valor. Em muitos casos, garotos e tiramos nossas dúvidas somente com os amigos, e nem sempre eles estão
garotas iniciam sua vida sexual independentemente de se casarem. Só que, bem informados; com isso, acabamos recebendo informações incompletas
ainda hoje, muitas garotas iniciam a vida sexual por pressão dos amigos, e não e incorretas. Outras vezes, buscamos informações na Internet, mas ela nem
porque elas de fato desejam transar. Fazem isso apenas para serem aceitas no sempre é confiável, não é? Uma alternativa é tentar conversar sobre as
grupo de amigos. Outra coisa que ainda acontece muito é a velha história da questões da sexualidade sem transformá-las em um bicho de sete cabeças.
“prova de amor”. O garoto pede à garota uma prova de amor, que é o sexo, e Caso não se sinta à vontade para conversar sobre esse assunto com seu pai
muitas vezes as meninas terminam cedendo contra sua própria vontade só para ou sua mãe, procure alguém em quem você confie de verdade e que, além de
agradar o parceiro. Todo mundo sabe que isso não é uma coisa boa –fazemos te escutar, possa te informar corretamente!
sexo quando estamos com desejo, vontade de estar com aquela pessoa, isto
é, não só para satisfazer o parceiro, mas para nos satisfazer. Isso vale para os Viver a sexualidade na juventude é tudo isso, é entrar num mundo
garotos também! Muitas meninas pressionam os garotos para que role sexo e, desconhecido e que desperta muita curiosidade. Independentemente da nossa
quando não acontece nada, saem por aí falando mal deles! idade, o importante é ter sempre informações corretas sobre o que é legal ou
não, o que é seguro ou não. Podemos vivenciar nossa sexualidade sempre, mas
E a gravidez? Muitas vezes, na hora H, o casal se esquece de colocar a com segurança, para poder curtir mais e com prazer!
camisinha, até porque circula o mito de que camisinha tira o prazer e a
excitação. Mas é aí que mora o perigo! Sem a camisinha pode acontecer uma
gravidez não planejada, e também existe o risco de contrair uma doença
sexualmente transmissível (DST), ou seja aquelas doenças que são pssadas
pelo sexo, como a aids, por exemplo.
Tá na Mão
Se liga! Filme da hora
Romeu e Julieta
– pr im eir a e se gunda versões. Di
reção de Franco
Zeffire
William
lli
Sexo e sexualidade são a mesma coisa? Um dos sentidos da palavra texto original de
). Am ba s sã o in terpretações do
sexo está relacionado ao ato sexual e aos prazeres do corpo. Outro (primeira versão ção da época do
autor
a pr im eir a m ai s fiel à ambienta
sentido diz respeito às nossas características biológicas, que nos Shakespeare, de um amor entre
a ve rs ão m ai s moderna. Trata-se
definem como sendo do sexo feminino ou do sexo masculino. Bebês e a segunda um inimigas entre si.
com pênis são do sexo masculino e bebês com vagina são do co nt ra ria du as famílias que são
e
adolescentes qu
sexo feminino. Já a sexualidade se refere às nossas preferências e
experiências sexuais, à descoberta da nossa identidade e atividade
sexual, que reflete o nosso jeito de ser e de agir. Pra ouvir do a ver com o te
ma da
ca de um a m úsica que tem tu
Aí vai a di rma livre e
a viv ên cia da sexualidade de fo
abor da
sexualidade. Ela ade com seu próp
rio
o se es qu eç a da responsabilid
as nã
independente. M
imeiro lugar!
do s ou tro s. Respeito em pr
CD Tribalistas)
corpo e co m o
sa música no
ocê encontra es
Já sei namorar (V
10 11
Meu corpo,
Se liga! minha sexualidade
Para o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) trabalhar O corpo é uma importante ferramenta de expressão da nossa sexualidade. Além
com os adolescentes, fase dos 12 aos 18 anos de idade, é uma de ser cheio de músculos, ossos e órgãos, ele também conta com um sistema
prioridade! Para garantir aos adolescentes condições apropriadas nervoso que nos faz sentir dor e prazer. É por meio do nosso corpo, da expressão
a seu pleno desenvolvimento, assim como a proteção necessária, corporal, que comunicamos às pessoas como estamos nos sentindo (se sorrimos,
considerando as diversidades regional, étnica e de gênero, as ações se choramos, se gritamos) e até mesmo quem somos (se vestimos tal tipo de roupa,
do UNICEF no Brasil concentram-se em dois eixos: se sentamos de determinado jeito). Por isso, quando falamos de sexualidade, é
• Participação – Busca promover e estimular a participação fundamental falar também do corpo. Respeitar a nós mesmos, nosso próprio corpo e
dos adolescentes nos processos de decisão na família, nas nossos sentimentos é a base para nos relacionar com as outras pessoas.
escolas, nos movimentos comunitários, nas políticas públicas
(orçamento, conselhos, entre outros) e em grupos de jovens. Conhecer os processos
• Políticas públicas para a redução da vulnerabilidade dos de funcionamento dos
adolescentes – Pretende garantir que União, Estados e órgãos do nosso corpo é
municípios construam e implementem políticas públicas importante para uma
que busquem responder às necessidades dos adolescentes vida sexual saudável e
brasileiros. São ações de educação e aprendizagem, de segura. Por exemplo,
saúde integral, de assistência social e cultural, de esporte e se soubermos
lazer voltadas para a redução da vulnerabilidade relacionada como é o nosso
à exclusão social e educacional e para a prevenção da sistema reprodutivo
violência, da gravidez na adolescência e das DST/aids. (parte do corpo
responsável pela
reprodução) e
como ele funciona,
poderemos planejar
e decidir quando e
como ter filhos. Se
soubermos como são
e como funcionam
nossos órgãos sexuais,
saberemos como cuidar
da saúde deles e também
como sentir e dar prazer.
12 13
ÓRGÃOS SEXUAIS FEMININOS Órgãos sexuais internos
Órgãos sexuais externos • Útero: órgão onde o feto se desenvolve durante a gravidez. Quando a
• Monte de Vênus: é a parte mais saliente, localizada sobre o osso da mulher não está grávida, o útero tem o tamanho de um punho.
bacia, chamado púbis. Na mulher adulta, é recoberta de pelos, que • Colo do útero: parte inferior do útero. Tem um orifício por onde passa a
protegem essa região. menstruação e por onde entram os espermatozoides. Num parto normal,
• Grandes lábios: também coberta de pelos, é a parte mais externa da esse orifício aumenta para dar passagem ao bebê.
vulva. Começam no Monte de Vênus e vão até o períneo. • Corpo do útero: parte maior do útero, que cresce durante a gravidez e
• Pequenos lábios: são mais finos que os grandes lábios e não têm pelos. volta ao tamanho normal depois do parto. É formado por duas camadas
Podem ser vistos quando afastamos os grandes lábios com os dedos. externas: uma membrana chamada peritônio e um tecido muscular
São muito sensíveis e aumentam de tamanho durante a excitação. chamado miométrio. Sua camada interna, o endométrio, se desenvolve
• Clitóris: é um órgão arredondado ricamente irrigado e inervado (cheio de durante a menstruação, renovando-se mensalmente.
nervos). É muito sensível e, quando estimulado, desencadeia sensações • Tubas uterinas: são duas, uma de cada lado do útero. Quando chegam
bastante prazerosas que contribuem para o orgasmo feminino. no ovário, elas se abrem, lembrando uma flor. É por dentro das tubas que
• Abertura da uretra: é a abertura por onde sai a urina. os óvulos viajam até o útero.
• Abertura da vagina: é uma abertura alongada por onde saem os • Ovários: são dois, do tamanho de azeitonas grandes, um de cada lado
corrimentos, o sangue menstrual e o bebê. do útero. Ficam presos ao útero por um ligamento nervoso e por várias
camadas de pele. Desde o nascimento, os ovários contêm cerca de
Monte de Vênus 500 mil óvulos, que ficam ali armazenados e se desenvolvem. Também
produzem o hormônio feminino progesterona.
Grandes lábios • Vagina: canal que começa na vulva e vai até o colo do útero. A pele
Clitóris dentro dele é semelhante à da parte interna da boca, com várias
preguinhas que permitem que ela estique durante a relação sexual ou
para a passagem do bebê na hora do parto.
Ovários
Tubas uterinas
Abertura da vagina
Corpo do útero
Colo do útero
Vagina
14 15
ÓRGÃOS SEXUAIS MASCULINOS Órgãos sexuais internos
Órgãos sexuais externos
• Testículos: glândulas sexuais masculinas que produzem os
• Pênis: membro com funções urinária e reprodutora. É um órgão muito
espermatozoides e os hormônios. Um desses hormônios é a testosterona,
sensível, e seu tamanho varia de homem para homem. Na maior parte
responsável pelas características secundárias masculinas, como o
do tempo, o pênis fica flácido (mole), mas, quando os tecidos do corpo
engrossamento da voz e o surgimento de pelos e músculos. Tem a forma
esponjoso se enchem de sangue durante a excitação sexual, ele aumenta
de dois ovos e, para senti-los, basta apalpar o saco escrotal.
de volume e fica duro, ao que se dá o nome de ereção. Numa relação
• Uretra: é um canal usado tanto para urinar quanto para ejacular. Tem
sexual, quando bastante estimulado, o pênis solta um líquido chamado
cerca de 20 cm de comprimento e está dividida em três partes: uretra
esperma ou sêmen, que contém os espermatozoides. A saída do esperma
prostática, quando atravessa a próstata; uretra membranosa, quando
provoca uma intensa sensação de prazer, chamada de orgasmo.
atravessa o assoalho da pelve; e uretra esponjosa, localizada no corpo
• Escroto: espécie de bolsa localizada atrás do pênis que tem várias
esponjoso do pênis.
camadas, entre elas uma pele fina recoberta de pelos e de cor mais
• Epidídimo: canal ligado aos testículos onde os espermatozoides vão
escura que a do resto do corpo. Seu estado varia conforme a contração
sendo fabricados nos testículos e ficam armazenados até amadurecerem
ou o relaxamento da musculatura: no frio, por exemplo, ele fica mais
e serem expelidos no momento da ejaculação.
curto e enrugado, e no calor, mais liso e alongado. O escroto guarda os
• Próstata: glândula que produz uma secreção que, junto com a secreção
testículos.
das vesículas seminais, forma o líquido seminal. Dá ao sêmen o seu odor
• Prepúcio: pele que recobre a cabeça do pênis. Quando o membro fica
característico.
ereto, o prepúcio fica puxado para trás, deixando a glande (cabeça do
• Vesículas seminais: duas bolsas que secretam fluidos para que os
pênis) descoberta. Quando isso não ocorre, tem-se o que é conhecido
espermatozoides possam nadar.
como fimose, que pode causar dor durante o ato sexual e dificultar a
• Canais deferentes: dois canais muito finos que saem dos testículos e por
higiene. A fimose pode ser facilmente corrigida por meio de uma pequena
onde os espermatozoides são conduzidos até a próstata.
cirurgia com anestesia local.
• Canal ejaculatório: canal formado pela junção do canal deferente com a
• Glande: a cabeça do pênis. Sua pele é bem macia e bastante sensível
vesícula seminal. É curto e reto, e quase todo o seu trajeto está situado
Pênis ao lado da próstata, terminando na uretra.
Vesículas seminais
Canal ejaculatório
Prepúcio
Canais deferentes
Escroto Próstata
Glande Epidídimo
Uretra Testículos
16 17
Tá na Mão Direitos humanos, direitos
sexuais e direitos reprodutivos.
Filme da hora
Questão de imag
em – Di re çã o de Ag ne z Jaoui: trata-se
envolvida com ou
da história de
tras personagen
s O que os adolescentes têm a
ver com isso?2
in fe liz qu e es tá
inha e
uma garota gord
o.
tipo de frustraçã
que vivem algum Vamos falar um pouco sobre alguns direitos que têm a ver com os direitos
um humanos, os direitos dos adolescentes. O que será que esse papo de direitos
Denise Garcia: é
m as tô na m oda – Direção de tem a ver com a vida sexual e a vida reprodutiva dos jovens? Muita coisa!
Sou fe ia , feito a partir do
os ba ile s fu nk do Rio de Janeiro
br e
documentário so Quebra-Barraco.
eir as co m o De ize Tigrona e Tati É claro que você já ouviu falar em direitos humanos, que são os direitos
nk
depoimento de fu
fundamentais de uma pessoa. Entre eles estão o direito à vida, à alimentação,
à saúde, à moradia, à educação, ao afeto e à livre expressão da sexualidade.
Esses direitos são considerados fundamentais porque sem eles uma pessoa
não é capaz de se desenvolver nem de participar plenamente da vida em
sociedade.
2. Texto extraído e adaptado do Ciência Hoje na Escola, v. 13. Conversando sobre saúde com
adolescentes. Instituto Ciência Hoje, 2007.
18 19
Os direitos reprodutivos têm a ver com a autonomia necessária para que cada
pessoa decida quando e como reproduzir. Entre eles estão:
• o direito de as pessoas decidirem, de forma livre e responsável, se
querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento
de suas vidas;
• o direito de acesso a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou
não ter filhos;
• o direito da reprodução livre de discriminação, imposição e violência.
20 21
Agora vamos falar sobre saúde sexual e saúde reprodutiva
Mas, antes de falarmos mais especificamente sobre isso, vamos relembrar que
sexualidade não é sinônimo de atividade sexual. Sexualidade é muito mais que
Se liga! isso. É um aspecto essencial da vida das pessoas e envolve sexo, gênero
(ver mais na página 29), orientação sexual, erotismo, prazer, relações afetivas,
Os direitos de crianças e adolescentes previstos na Constituição amor e reprodução. Ela está presente em todas as etapas da vida de mulheres
de 1988 foram regulamentados por meio da Lei Federal no e homens, desde o nascimento até a morte.
8.096, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). O texto do ECA pode ser É na adolescência, quando ocorrem profundas transformações biológicas,
facilmente encontrado na Internet, no endereço www.planalto. psicológicas e sociais, que aparece também a capacidade reprodutiva. Ou seja,
gov.br/ccivil_03/Leis/L8069Compilado.htm. Seguem alguns o acelerado crescimento físico é acompanhado da maturação sexual. Assim, a
artigos do Estatuto que têm a ver com o que foi discutido: sexualidade ganha uma dimensão especial, diferente daquela que você vivencia
• “A criança e o adolescente gozam de todos os direitos na infância.
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo de proteção integral de que trata essa Lei, Por isso, é importante para todos nós – especialmente para o jovem – conhecer
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas o funcionamento do nosso corpo e compreender nossos sentimentos para poder
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o fazer escolhas que sejam as mais positivas para a nossa vida e favoreçam a
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, expressão da nossa sexualidade.
em condições de liberdade e de dignidade.” (Art 3º)
• “É assegurado atendimento integral à saúde da criança É quando falamos de escolhas que vemos a importância de discutir saúde
e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de sexual e saúde reprodutiva. Como canta Rita Lee, “Não quero luxo, nem lixo/
Saúde, garantindo o acesso universal e igualitário às quero saúde para gozar no final”. Os adolescentes, assim como os adultos, são
ações para promoção e recuperação da saúde.” (Art 11º.) pessoas sexuadas, livres e autônomas, que têm direito a receber uma educação
• “O direito ao respeito consiste na imobilidade da sexual e reprodutiva que os auxilie a lidar com a sexualidade de forma positiva
integridade física, psíquica e moral da criança e do e responsável, incentivando-os a adotar comportamentos de prevenção e de
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da cuidado pessoal.
identidade dos valores, ideias e crenças, dos espaços e
objetos pessoais.” (Art 17º.) Muito se avançou no mundo em termos de saúde sexual e saúde reprodutiva.
As questões relacionadas a isso envolvem a concepção (gravidez), a
contracepção (métodos para evitar a gravidez), as práticas corporais, afetivas
e sexuais e até certos problemas, como a violência e o sofrimento nas inter-
relações, o aborto em condições inseguras, as DST e a aids. Entre essas
questões todas, há duas que merecem toda a nossa atenção: a contracepção
(evitar a gravidez) e a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST)
e da aids.
22 23
Vamos ver alguns pontos importantes a respeito dos métodos
anticoncepcionais:
Se liga!
• De maneira geral, os jovens podem usar a maioria dos métodos
anticoncepcionais disponíveis, como pílulas e injeções anticoncepcionais,
camisinhas masculina e feminina, diafragma e DIU (dispositivo
Saúde reprodutiva intrauterino) e métodos comportamentais. Entretanto, na adolescência,
A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, alguns métodos são mais adequados que outros. Além disso, é
promovida pela ONU e realizada na cidade do Cairo, Egito, em importante frisar que não existe um método anticoncepcional melhor que
setembro de 1994, teve um papel superimportante na promoção outro, assim como também não existe um método 100% eficaz – todos
da saúde reprodutiva e sexual, assim como dos direitos sexuais têm uma probabilidade de falha. Recomenda-se que, antes de usar
e direitos reprodutivos como requisitos importantes para o qualquer método anticoncepcional, o jovem procure um médico;
desenvolvimento da humanidade. Nessa conferência, a saúde • Um método pode ser adequado para uma pessoa e não ser para a
reprodutiva foi definida da seguinte forma: “A saúde reprodutiva outra; por isso, cada um deve escolher o método mais adequado para
é um estado de bem-estar físico, mental e social, e não de mera si. Essa escolha deve ser livre e informada. É importante procurar um
ausência de doenças ou enfermidades, em todos os aspectos serviço de saúde antes de iniciar o uso de qualquer método, porque
relacionados com o sistema reprodutivo e com suas funções e existem situações em que alguns deles não devem ser usados. Além
processos. Isso quer dizer que, para uma boa saúde reprodutiva, disso, é necessário fazer um acompanhamento periódico para verificar
a pessoa precisa ter uma vida sexual segura e satisfatória, se o método escolhido está sendo usado de forma correta e se houve o
tendo a capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre aparecimento de algum problema.
quando e quantas vezes deve fazê-lo”. • Você já ouviu falar muito disso, mas repetir nunca é demais: a camisinha,
masculina ou feminina, deve ser usada em todas as relações sexuais,
Saúde sexual mesmo se você estiver usando outro método contraceptivo. Esse é o
O HERA (Health, Empowerment, Rights and Accountability), único método que, além de protegê-lo da gravidez não planejada, protege
um grupo internacional de mulheres, define saúde sexual da você das DST/aids e da hepatite. E, em se tratando de doenças, todo
seguinte forma: “A saúde sexual é a habilidade de mulheres e cuidado é bem-vindo;
homens de desfrutar e expressar sua sexualidade, sem riscos de • Apesar de ser bastante usado, o coito interrompido, mais conhecido
doenças sexualmente transmissíveis, gestações não desejadas, como “gozar fora” (o homem retira o pênis da vagina um pouco antes
coerção, violência e discriminação. A saúde sexual informada, da ejaculação), não deve ser estimulado como método contraceptivo.
agradável e segura, baseada na autoestima, implica uma É grande a possibilidade de falha, já que o líquido que sai do pênis um
abordagem positiva da sexualidade humana e o respeito mútuo pouco antes da ejaculação pode conter espermatozoides e que, às
nas relações sexuais. A saúde sexual valoriza a vida, as relações vezes, o homem não consegue interrromper a relação sexual antes da
pessoais e a expressão da identidade própria da pessoa. Ela ejaculação. Além disso, o coito interrompido pode gerar tensão entre os
é enriquecedora, inclui o prazer, e estimula a determinação parceiros, pois a relação fica incompleta.
pessoal, a comunicação e as relações”.
24 25
• O DIU (dispositivo intrauterino) pode ser usado pelas adolescentes, mas
aquelas que nunca tiveram filhos correm maior risco de expulsá-lo do
útero. Esse método também não é indicado para as adolescentes que
têm mais de um parceiro sexual ou cujos parceiros têm outros parceiros e
não usam camisinha em todas as relações sexuais, pois nessas situações Se liga!
existe maior risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Pílula do dia seguinte ou contracepção de emergência
O que é?
• Comprimidos feitos com hormônios não naturais,
ingeridos por via oral até 72 horas após uma relação
sexual sem proteção ou quando houve falha no uso do
método utilizado (exemplo: rompimento de camisinha,
esquecimento da pílula, relação sexual imprevista e /ou
contra a vontade da mulher).
Como usar?
• Existem vários esquemas possíveis para a contracepção
de emergência, mas o mais utilizado consiste em 2 pílulas
de Levonorgestrel 0,75 mg.
• Após uma relação sexual desprotegida, tomar o primeiro
comprimido o mais rápido possível, e o segundo
comprimido doze horas depois.
• O primeiro comprimido deve ser tomado no máximo até
Seja qual for a escolha, a dupla proteção (associação da camisinha masculina 72 horas após a relação sexual. Após esse prazo, sua
ou feminina com outro método anticoncepcional) é sempre a melhor solução. eficácia fica muito comprometida.
Por que isso é importante? Porque, quando as pessoas usam apenas um • Deve-se evitar ter relações sexuais até a próxima
método contraceptivo para evitar a gravidez, em geral se esquecem dos riscos menstruação, o que deve acontecer em até quatro
de contrair DST. O único método que pode proteger contra as DST, a aids e semanas. Caso ela não aconteça, existe a possibilidade
ainda a gravidez é a camisinha. Resumindo: mesmo escolhendo um método de gravidez.
contraceptivo para evitar a gravidez, use sempre a camisinha também. • Assim que ocorrer a menstruação, é preciso iniciar
imediatamente o uso de um método contraceptivo seguro
e eficaz.
26 27
Fique esperto!
• A anticoncepção de emergência não deve ser usada como método
contraceptivo de rotina, apenas em situações de emergência como as
Relações de gênero
que mencionamos.
Em alguns parágrafos acima comentamos que o sexo nos define biologicamente
• Ela também não previne contra as DST.
como machos e fêmeas. Menino tem pênis, menina tem vagina. E, por causa
• Quanto menos tempo houver entre a relação sexual e a ingestão da
disso, muita gente acredita que é também o nosso corpo biológico que nos
primeira dose, maior a sua eficácia.
define como homens e mulheres. Só que essa ideia de “ser mulher” e de “ser
• Seus efeitos colaterais mais comuns são náuseas e vômitos.
homem” não nasce com o nosso DNA, na nossa carne; é a gente que inventa
• Essa pílula não causa nenhum risco para o feto, caso ocorra gravidez.
como ser uma coisa ou outra. Por exemplo, alguém inventou que a cor da
Também não interrompe uma gravidez em andamento, isto é, não é
roupa dos meninos devia ser azul e a cor da roupa das meninas devia ser
abortiva.
rosa. Você já reparou como as pessoas tratam os bebês? Se for menino, todo
• Pode ser facilmente comprada em farmácias ou obtida gratuitamente em
mundo fica dizendo: “Como ele é forte!”, “Já nasceu com cara de homem!”;
serviços públicos de saúde.
“Esse vai dar trabalho!”. Se for menina, até o jeito de segurar e o tom de voz
mudam: “Olha que lindinha!”; “Tão delicada!”. E a gente vai criando os meninos
Importante: procure um serviço de saúde o quanto antes para receber as
para serem livres, para correr; ensinamos que devem se defender, competir e
orientações e os cuidados necessários para a sua saúde.
ganhar. As meninas a gente tenta controlar, ensina a usar roupas femininas, a
serem cheirosas e meigas, a serem “boas mulheres”. Elas podem até estudar
e trabalhar, mas têm que saber se comportar, e isso significa não ter muita
Tá na Mão
liberdade.
E todos nós crescemos achando que essas verdades são as únicas verdadeiras.
Filme da hora ração de 20 min
utos que Só que não é bem assim. Apesar de o homem e a mulher nascerem com
o co m ov o: Vídeo com du
X-salada e pã s adolescentes,
çõ es pa ra de ba ter os direitos do semelhanças físicas e biológicas, os costumes e alguns valores são diferentes
as situa
apresenta divers úde buscar para cada um, dependendo do lugar em que eles vivem. Tem lugares em que
ce . Um a ga rota vai ao posto de sa
sconhe e
que a maioria de tar o filho durant os homens não ajudam de jeito nenhum nas tarefas da casa. Nesses lugares é
m ãe ad ole sc en te quer amamen
uito. A comum as pessoas acharem que cuidar dos filho e da casa é “coisa de mulher”.
preservativo grat Amigos em um
e o m om en to certo de transar.
l disc ut Mas tem lugares em que muito homem cozinha, dá banho nos filhos, põe pra
as aulas. Um casa mãos dadas.
l de ho m os sexu ais que chega de dormir. Tem lugares em que as mulheres trabalham na construção civil, dirigem
casa
bar observam um das a
s e depois mostra metrô e ônibus, atividades que antes só os homens exerciam.
sit ua çõ es foram encenada
Essas e ou tra s suas reações e a
ra m do qu e se ntiram, discutindo
e fala
adolescentes, qu Agora, você já reparou que a principal divisão que existe entre homens e
de seus colegas
. mulheres é a divisão em “tarefas masculinas” e “tarefas femininas”? Isso
também foi a gente que inventou. Uma das coisas que ajudaram a “criar” essa
divisão foi a ideia de que o homem deveria garantir o sustento da família, para
Na web .br que nada lhe faltasse, e protegê-la.
e: www.ecos.org
çã o em Sexualidad
Ecos – Comunica
28 29
A consequência disso é que os homens são responsáveis pelas principais
decisões em todas as áreas: educação, saúde, política etc. Mas o pior é que, na Diversidade sexual
nossa sociedade, quase sempre as mulheres ficam com as tarefas e profissões
menos valorizadas. Essa diferença acaba criando desigualdades e preconceitos, Você já parou para pensar em como a vida seria chata se todos fôssemos
e é aí que está o grande problema. As mulheres ganham menos do que os iguais, pensássemos do mesmo jeito e tivéssemos os mesmos gostos? Ainda
homens, e a maior parte das profissões exercidas pelas mulheres (empregada bem que não é assim, que existe a diversidade. Somos seres diversos na forma
doméstica, babás, professora, enfermeira etc.) é pouco valorizada. de pensar, de agir, de ver o mundo e também de expressar a nossa sexualidade,
refletida na maneira de nos comportar, nas nossas atitudes e na maneira como
nos relacionamos afetiva e eroticamente. A isso chamamos de diversidade
sexual.
Tá na Mão
lésbicas, as travestis e os transexuais são as pessoas que mais sofrem
preconceito e discriminação na nossa sociedade, só porque não seguem um
padrão de comportamento heterossexual, considerado “certo” por muitas
Filme da hora ro: é a história de pessoas. Nesses casos, onde ficam os direitos das pessoas de se expressarem
de ba le ia s – Di reção de Mike Ca
A encantadora scer. A tradição de
sua da forma que desejarem?
e pe rd eu o irm ão gêmeo ao na
uma menina qu Com sua inteligên
cia e
pe rava a ch eg ada de um líder. Antes de respondermos a essa pergunta, vamos conversar um pouco sobre
comunidade es m os meninos da
aldeia.
a m en in a lu ta para competir co orientação sexual. Orientação sexual é a atração afetiva, emocional e sexual
sensibilidade,
que uma pessoa sente por outra. Essa atração pode ser por alguém do sexo
ória de uma
Cl in t Ea st wo od : trata-se da hist oposto (heterossexual), por alguém do mesmo sexo (homossexual) ou por
– Direção de
Menina de ouro econceitos, ela ambos os sexos (bissexual). A heterossexualidade, a homossexualidade e a
o er a lu ta r bo xe . Enfrentando pr
sonh
jovem cujo maior nca deixando bissexualidade fazem parte da diversidade sexual, ou seja, das várias formas de
ou re co nh ec im ento, mesmo nu
s e conquist vivenciar e expressar a sexualidade.
rompeu barreira
mília.
a pela própria fa
de ser discriminad
Homossexualidade não é sinônimo de doença física, nem de problema
psicológico. Desde 1973, a homossexualidade deixou de ser doença, desvio
ou perversão, sendo excluída, enquanto “desordem”, do Diagnostic and
Statistical Manual (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana. No Brasil, a
homossexualidade deixou de ser considerada doença pelo Conselho Federal de
Medicina, em fevereiro de 1985. Em 1999, o Conselho Federal de Psicologia
reforçou essa decisão, proibindo tratamentos psicológicos com o objetivo de
“converter” uma pessoa homossexual em heterossexual.
30 31
Ser gay ou lésbica não é uma questão de opção ou escolha. Assim como
os heterossexuais não escolhem ser heterossexuais, os homossexuais e os
bissexuais também não escolhem isso, porque a orientação afetiva e sexual
é algo natural de cada pessoa. Não há como um homossexual influenciar
um amigo para que ele seja homossexual também. E não é o nosso corpo
biológico que define por quem iremos sentir atração sexual ou afeto. Apesar de
Pra entender
melhor
sermos socializados desde que nascemos para construir nossa identidade de
gênero (masculinidade ou feminilidade) de acordo com o nosso sexo biológico,
nem sempre isso é possível. Travestis, por exemplo, têm pênis (nasceram
biologicamente homens), mas sua identidade de gênero é feminina.
gênero
Identidade de .
r u m ga ro to ou uma garota
formas de se im como
Existem muitas is , m e ig o s e carinhosos, ass os
Existem garoto
s sensíve
e b ru ta s. Ta m bém conhecem
as agressivas o e adoram tom
ar conta
existem menin a te m u m b o lã oje,
tes, que b ó que, ainda h
meninos valen m co zi n h a r. S
inas que odeia nceito se um m
enino,
da casa, e men ra co m p re co ,
essoas enca ste, na verdade
a maioria das p b a lé . O q u e exi
iz que gosta de , que depende
m da
por exemplo, d to e ga ro ta
Se liga! as de ser ga ro portante é
são várias form o m e io e m q u e se vive. O im de
história de cad
a um e d
s e fo rm a s d e “ser homem” e
idade de jeito a maneira com
o nos
respeitar a infin e d e gê n e ro é ara
identidad ou mulheres p
A palavra homossexualismo foi adotada há algumas décadas para “ser mulher”. A m o h o m e n s
expressamos co o à nossa volta
,e
definir a homossexualidade como doença. Por essa razão, os gays sentimos e nos o a s q u e e st ã
para as pess ata-se da
não usam o sufixo -ismo. Chamamos então de homossexualidade. nós mesmos e e d a d e n o s reconheça. Tr
os que a so ci ados,
como desejam sto s, re co n h e cidos e respeit
eremos ser vi rtando se
forma como qu m o m u lh eres, não impo
o u co
como homens va gi n a ou com um p
ênis.
m u m a
nascemos co
32 33
Fala, galera!
34 35
transvestem para poder se identificar com a imagem que têm de si mesmas.
Ações de entidades e a promoção das paradas em todo o país são Essa população passa por graves problemas de abandono social.
um grande impulso para que a discussão das questões ligadas à
Tá na Mão
homossexualidade ganhe força no Congresso. Dessa forma, também
colocam em pauta, na cabeça da galera e dos políticos, os direitos GLBT.
Quase sempre que falamos sobre esse assunto, ele vem recheado de ideias
negativas, como se fosse uma doença que precisa ser evitada. Quem nunca
escutou a famosa frase “Vamos prevenir a gravidez precoce!”? Essas ideias
Se liga!
mostram que a sociedade ainda encara os adolescentes como pessoas O que fazer quando a garota descobre que está grávida? A primeira
irresponsáveis, como se eles não estivessem “preparados” para assumir os coisa é conversar com o parceiro sobre o que está acontecendo e
cuidados para com uma criança e como se a gravidez fosse necessariamente tentar envolvê-lo ao máximo nas suas decisões daqui pra frente.
fruto de uma atitude inconsequente e impensada. Lembre-se de que o garoto pode estar tão ou mais nervoso do que a
garota com essa novidade.
Mas peraí! Uma garota adolescente pode ficar grávida por vários motivos: ou
ela e o parceiro não usaram um método contraceptivo (camisinha, pílula etc.) Independentemente de o parceiro apoiá-la ou não, procure um
– porque não conheciam nenhum, porque tiveram dificuldade para comprar ou adulto de sua confiança para conversar sobre seus sentimentos e
para pegar nos serviços de saúde (onde é grátis) – ou porque se descuidaram, planos. Nessa hora, quanto mais pessoas de sua confiança você
vacilaram mesmo. Mas eles também podem ter engravidado porque queriam tiver ao seu lado melhor. Essa mesma dica vale para os garotos
ser mãe e pai. Mesmo na adolescência a gravidez pode ser uma escolha. quando descobrirem que terão um filho.
38 39
Provavelmente, pelo menos duas das respostas abaixo foram dadas por você: parceiro tem o direito de acompanhá-la. É uma boa oportunidade para receber
• Rosa. informações importantes sobre o desenvolvimento do bebê, tirar dúvidas e ir
• Boneca, cozinhar, arrumar a casa. aprendendo a cuidar dele.
• Vestidos cheios de laços e babados .
• Que parecia um menino!
Essas respostas nos fazem pensar sobre a forma como, desde crianças, as
garotas são estimuladas a cuidar do outro e das coisas. Elas cuidam de boneca,
preparam a comida, trocam fraldas, colocam a boneca para dormir etc., cuidam Se liga!
da casinha, lavando os pratos, passando pano no chão etc.
40 41
3. Masturbação pode fazer mal à saúde?
Não, o ato em si não faz mal à saúde. Só se torna um problema quando a
pessoa passa a se masturbar compulsivamente (com muita frequência e em
qualquer lugar), com isso prejudicando outros aspectos da vida, como os
estudos, as relações com outras pessoas e o trabalho.
unicação
pela ECOS – Com
aria – Vídeo an imado elaborado
Ou tra história de M Salud Y Gênero,
2007.
uto Promundo e
Tá na Mão
ut o Pa pa i, Ins tit
Instit
em Sexualidade, inas são criadas
M ar ia, qu e pe rcebe que as men
da menina
Conta a história influencia
que essa criação
er en te do s m en inos, e descobre
Filmes da hora brasileiro basead
o em de maneira dif
s. De lembrança
s da infância a
Di reçã o de Lui Farias: filme mportam en to s e at itu de
Com licença, eu
vou à luta – seus desejos, co .
scente que tem sé
rios conflitos
questiona o seu
papel no mundo
de um a ad ole o fu tu ro , M ar ia
trata a história sonhos para
fatos reais que re deas de sua vida.
, engrav ida e tenta tomar as ré
na família
mentário brasile
iro que trata da Na web .br
Werneck: docu w.institutopapai.o
rg
Meninas – Di reção de Sandra em de 22 Instituto Papai: ww
anos, estágrávida de um jov r
scência. Evelin, 13 reprolatina.org.b
gravidez na adole , declara Reprolatina: www.
. Luana, 15 anos
trá fic o de dr og as recentemente
o
anos que deixou só para ela. Edile
ne, 14
ide z, po is de se java ter um filho
grav
que planejou sua sua vizinha Joice
. Ao
Ale x, qu e ta m bém engravidou
filho de
anos, espera um ssas três jovens.
o é ac om pa nh ado o cotidiano de
longo de um an
42 43
Prevenção das DST/aids Esses mitos também contribuíram para aumentar o preconceito contra os
homossexuais. Inúmeras pessoas perderam seus empregos por essa razão,
(matéria da Revista Viração sobre aids) e surgiram até casos de homossexuais que foram expulsos de suas próprias
cidades só pelo fato de terem uma orientação sexual diferente da maioria. Hoje,
Uma breve história4 mesmo sabendo que o HIV de uma pessoa infectada se encontra no sangue,
Por volta de 1980, várias pessoas começaram a procurar atendimento médico no líquido claro que sai do pênis antes da ejaculação, no esperma, na secreção
por apresentarem um tipo de câncer de pele bastante raro ou uma pneumonia vaginal, e que objetos infectados por essas substâncias e o leite da mãe
muito grave. Todas essas pessoas estavam com o sistema de defesa do corpo soropositiva também contêm o HIV, ainda tem muita gente achando que não
muito debilitado e morreram poucos meses depois. Como a maioria delas precisa se cuidar.
eram homossexuais masculinos, pensou-se, a princípio, que fosse uma doença
exclusiva de gays. Mesmo sabendo que esse vírus é transmitido através das relações sexuais
sem o uso da camisinha e por sangue contaminado, ainda tem gente que usa
No entanto, novos casos foram surgindo, e não apenas entre homens que drogas injetáveis, compartilhando seringas usadas e dispensa a camisinha
faziam sexo com homens. Usuários de drogas injetáveis, homens e mulheres na hora da transa. Além desses comportamentos que colocam as pessoas
que haviam recebido transfusões de sangue, principalmente os hemofílicos5, em situações de risco de se infectar com o HIV, e outras DST, existem outros
começaram a apresentar os mesmos sintomas. Em 1982, deu-se o nome de fatores que contribuem para uma maior ou menor exposição ao vírus: como
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) a esse quadro de doenças e a falta de informação, a dificuldade de ter a camisinha na hora “H” porque
sintomas. Em 1983, cientistas franceses identificaram o vírus em pessoas que não conseguiu pegar nos serviços de saúde, por exemplo, os tabus e mitos
apresentavam os sintomas da aids e, logo em seguida, esse mesmo vírus foi em torno da sexualidade, as crenças e valores individuais etc. Nesse sentido,
detectado por cientistas norte-americanos. Hoje, ele é conhecido pelo nome de está mais do que provado que a aids pode atingir qualquer pessoa: mulheres e
HIV, Vírus da Imunodeficiência Humana. homens, velhos e crianças, jovens e adultos, ricos e pobres, brancos e negros,
heterossexuais ou homossexuais. Ou seja, qualquer pessoa está vulnerável a se
O desconhecimento sobre como as pessoas se infectavam mais o fato de infectar pelo HIV, se não se cuidar! Enquanto tiver gente achando que a aids só
a aids ter sido detectada, inicialmente, em determinados grupos sociais acontece com os outros e resistindo a usar a camisinha em todas as relações
marginalizados na sociedade deram origem a muitos mitos e inverdades, como, sexuais, mesmo sabendo como se pega e como não se pega a aids, mais e mais
por exemplo, o de que a doença só atacava homossexuais, usuários de drogas, pessoas estarão se infectando pelo HIV. É um descuido enorme com a própria
hemofílicos e pessoas promíscuas. Esses grupos foram chamados de “grupos saúde e com a de seus parceiros.
de risco”.
4. Texto extraído e adaptado do Boletim ECOS para Adolescentes, número 13, dezembro de 2005.
Fontes: Mulher e aids, Sexo e Prazer sem Medo/Núcleo de Investigação em Saúde da Mulher e da
Criança – Instituto de Saúde; Manual Um Abraço/ECOS; e aids, O Que é? Que Podemos Fazer?/
ABIA.
5. Hemofílicos são portadores de uma doença que dificulta a coagulação do sangue e que
necessitam de transfusão de sangue frequentemente.
44 45
O vírus HIV está
melhor
• No corrimento e nas secreções da vagina
• No esperma e nas secreções do pênis
têm que • No leite da mãe
co n d iç ã o q u e certas pessoas ue
Vulnerabilidad
e é uma
se in fe ct a r e a adoecer do q
suscetíveis a ? Porque essas
pessoas
as tornam mais is so a co n te ce
se prevenir. Isso
Por que Não se pega e não se passa aids
outras pessoas. se p ro te ge r o u
ssibilidades de tíveis • Na piscina
têm menos po d a s a s p e ss o as estão susce
então, que to suas • Pelo suor
significa dizer, so fr e r d a n o s no dia a dia de • No assento do banheiro
ças ou a evitá-las,
a adquirir doen m a io re s condições de • Pela toalha ou pelo sabonete
s tê m rego,
vidas, mas alg
uma
re cu rs o s (i n fo rmações, emp • Em talheres, copos, pratos e xícaras
m de mais
porque dispõe utras.
dade) do que o
• Pela picada de mosquito
re n d a , e sc o la ri
O HIV pode entrar no corpo
• Pelo sexo anal, sexo oral e sexo vaginal
• Na transa de
- Mulher com homem
O que é aids? - Mulher com mulher
A aids é uma doença que aparece algum tempo - Homem com homem
depois que uma pessoa é infectada pelo vírus • Pela agulha ou seringa já utilizada na hora de aplicar droga, fazer
HIV. Uma pessoa fica doente de aids porque o tatuagem e colocar piercing.
vírus HIV destrói as defesas que o corpo possui • Da mãe para o bebê
contra as doenças. Pode demorar mais de dez - Durante a gravidez
anos para a aids aparecer. Só tem um jeito de - Na hora do parto
a gente saber se tem ou não o HIV: é fazendo - Pelo leite, na amamentação
o teste. O teste é gratuito. Basta se informar no
serviço de saúde do seu bairro para saber onde
é possível fazê-lo. A aids ainda não tem ATENÇÃO
cura, mas já existem diversos remédios É preciso fazer o teste. Se der positivo, a mãe deve tomar os remédios
que mantêm a doença sob controle. indicados pelo médico.
Dá para evitar que o bebê tenha o vírus da mãe antes de ele nascer.
Tudo isso deve ser feito bem no começo da gravidez!
46 47
E o ECA nisso tudo? Estratégias que incentivam o exercício do protagonismo juvenil são uma das
Você já deve ter percebido que a população jovem é uma das mais vulneráveis a alternativas mais eficientes para a contenção da epidemia. Quando os próprios
se infectar pelo vírus do HIV. Ouvindo profissionais que atuam na área de saúde, jovens se reúnem para pensar, planejar e introduzir intervenções apropriadas,
fica claro que o combate à proliferação da aids muitas vezes é prejudicado pela por usarem uma linguagem mais próxima e direta, de e para jovens, as chances
falta de uma política de prevenção mais séria. Mas o que o Estatuto da Criança de produzir mudanças significativas no jeito de curtir uma transa “sem grilos”
e do Adolescente (ECA) tem a ver com isso? passam a ser maiores, mais divertidas e sedutoras.
Além de direitos básicos, como saúde, alimentação, moradia e educação, o Como se proteger das DST/aids? CAMISINHAAAAA!6
Estatuto garante em seu texto o direito à informação e à participação. E é por A camisinha é a maneira mais fácil e mais eficiente de barrar a transmissão de
isso que representa um instrumento útil para que a juventude possa interferir fluidos corporais, sangue, esperma e secreção vaginal para prevenir as doenças
nas políticas públicas e, junto a outros atores, aumentar os espaços de debate sexualmente transmissíveis (DSTs) e a aids.
e reflexão para a busca de soluções afinadas com a cultura, a sexualidade e os
interesses singulares dos jovens, transformando a realidade individual e coletiva. A camisinha masculina é uma capa de borracha (látex) que é colocada sobre
o pênis, e reduz efetivamente a transmissão das doenças sexualmente
Para que aconteça uma redução no número de adolescentes que vivem com o transmissíveis (DST) e da aids (síndrome da imunodeficiência adquirida).
HIV, o trabalho de prevenção deve estar integrado à ideia de cidadania. É um O preservativo é o único método eficaz na prevenção dessas doenças e age
desafio que envolve questões de gênero, direitos reprodutivos, uso de drogas, também como contraceptivo, isto é, evitando a gravidez.
preconceitos, educação, oportunidades de desenvolvimento, crenças e valores
que vão mudando conforme o contexto.
6. Informações retiradas do site www.aids.gov.br/adolesite.
48 49
COMO USAR CORRETAMENTE A CAMISINHA MASCULINA ATENÇÃO
• Coloque sempre a camisinha antes do início da relação sexual. 1. Não se deve passar nada na camisinha. Se quiser que ela fique mais lisa na
• Coloque a camisinha quando o pênis estiver duro. penetração, use as já lubrificadas. Em último caso, use apenas lubrirficantes
• Não deixe a camisinha apertada na ponta do pênis. Deixe um espaço à base de água.
vazio (2cm) na ponta da camisinha; ele vai servir de depósito para o 2. Use camisinha nova cada vez que tiver relação.
esperma. 3. Guarde as camisinhas novas em lugar fresco e seco.
• Aperte o bico da camisinha até sair todo o ar. Cuidado para não apertar 4. As camisinhas que estiverem pegajosas, ressecadas ou estragadas não
com muita força, para não estragar a camisinha. devem ser usadas.
• Encaixe a camisinha na ponta do pênis, sem deixar o ar entrar. Vá 5. Lave os órgãos genitais com água e sabão após cada relação sexual.
desenrolando até que ele fique todo coberto. Se ela não ficar bem
encaixada na ponta ou se ficar ar dentro, a camisinha pode rasgar. Existe mais alguma informação importante sobre a camisinha que se deve
saber?
Sim, é importante, também, saber outras informações sobre o uso da
camisinha:
1. Verificar o selo de garantia do INMETRO ( Instituto Nacional de Metrologia,
Normatização e Qualidade Industrial) e a data de validade na embalagem do
preservativo;
2. Use a camisinha desde o início até o final da penetração, não apenas na hora
de ejacular (gozar);
3. Use uma camisinha nova em cada relação sexual, e só utilize uma de cada
vez, pois o atrito entre duas camisinhas aumenta o risco de ruptura;
4. O uso regular de preservativo pode levar ao aperfeiçoamento na sua técnica
de utilização, reduzindo a freqüência de ruptura e escape e, conseqüentemente,
aumentando a sua eficácia. Estudos recentes demonstraram que o uso correto
e consistente do preservativo masculino reduz o risco da infecção do HIV e
outras DST.
OUTRAS DICAS
• Se a camisinha romper durante a relação, retire o pênis imediatamente e Quais são as dicas para usar a camisinha com maior segurança?
coloque uma nova. 1. Se quiser que a camisinha fique mais lisa durante a penetração, use
• Depois de gozar, retire o pênis quando ainda estiver duro. Quando o pênis lubrificante feitos à base d´água. Qualquer outra substância utilizada para
começa a amolecer, a camisinha fica frouxa, permitindo que o esperma lubrificar a camisinha provocará o risco de ruptura.
escape pela parte de cima. 2. Use uma camisinha nova em cada relação sexual, e só utilize uma de cada
• Retire a camisinha com cuidado: não deixe que ela escorregue, nem que vez, pois o atrito entre duas camisinhas aumenta o risco de ruptura.
o líquido seja derramado. 3. Guarde as camisinhas em lugar fresco e seco.
• Depois de retirada a camisinha, embrulhe-a em papel higiênico e jogue-a 4. As camisinhas que estiverem pegajosas, ressecadas ou estragadas não
no lixo. devem ser usadas.
50 51
Não se esqueça de que você tem o direito de pegar camisinhas gratuitamente • O anel externo deve ficar uns 3 cm para fora da
na unidade de saúde!!! vagina – não estranhe, pois essa parte que fica
para fora serve para aumentar a proteção (durante
CAMISINHA FEMININA a penetração, pênis e vagina se alargam e, então, a
A camisinha feminina é uma “bolsa” feita com um plástico macio, o poliuretano, camisinha se ajusta melhor);
que é um material mais fino que o látex do preservativo masculino. Essa bolsa
recebe o líquido que o homem libera na relação sexual, impedindo o contato
direto dos espermatozoides com o canal vaginal e com o colo do útero da
mulher, evitando assim a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, • Até que você e o seu parceiro tenham segurança,
do HIV e prevenindo a gravidez não planejada. guie o pênis dele com a sua mão para dentro da sua
vagina.
A bolsa tem 15 centímetros de comprimento e oito centímetros de diâmetro,
sendo, portanto, bem mais larga que o preservativo masculino. Tem, porém,
maior lubrificação. Na extremidade fechada existe um anel flexível e móvel
que serve de guia para a colocação da camisinha no fundo da vagina. A borda
do outro extremo termina em outro anel flexível, que vai cobrir a vulva (parte Obs.: com o vaivém do pênis, é normal que a camisinha se movimente. Se você
externa da vagina). sentir que o anel externo está sendo puxado para dentro, segure-o ou coloque
mais lubrificante.
Passo a passo:
• Encontre uma posição confortável para você – pode • Uma vez terminada a relação, retire a camisinha, apertando o
ser em pé, com um dos pés em cima de uma cadeira, anel externo; torça a extremidade externa da bolsa para garantir a
sentada com os joelhos afastados, agachada ou manutenção do esperma no interior da camisinha; puxe-a para fora
deitada; delicadamente.
• Segure a camisinha com o anel externo pendurado
para baixo; VOCÊ SABE SE PROTEGER DA AIDS?
1) Nas relações sexuais, você usa a camisinha...
• Aperte o anel interno e o introduza na vagina; ( ) A – sempre.
• Com o dedo indicador, empurre a camisinha o mais ( ) B – às vezes.
fundo possível (a camisinha deve cobrir o colo do ( ) C – nunca.
útero);
2) Numa festa, você percebe que vai rolar uma transa. Só que você não tem
preservativos. Você...
( ) A – vai atrás de um.
( ) B – se preocupa, mas deixa a transa acontecer assim mesmo.
( ) C – não se preocupa, porque a pessoa é bonita e tem
aparência saudável.
52 53
3) Você está na piscina e percebe que uma pessoa com aids está ao seu lado. RESPOSTAS (cada resposta correta vale 10 pontos)
Você... 1) A; 2) A; 3) B; 4) B; 5) C; 6) C; 7) B.
( ) A – sai rapidinho.
( ) B – continua tomando seu banho, porque sabe que não se pega 0 a 20 pontos – Você precisa se proteger melhor. Procure mais informações.
aids em piscinas. 30 a 50 pontos – Você está no caminho certo, mas a informação que você tem
( ) C – sai discretamente da piscina. ainda não é suficiente para protegê-lo da aids.
60 a 70 pontos – Parabéns! Você tem informação e sabe se prevenir contra a
4) Como você acha que uma mulher grávida, HIV positivo, pode transmitir o aids. Divida essa informação com seus amigos.
vírus para o filho?
( ) A – Compartilhando os mesmos copos, pratos e talheres.
( ) B – Durante a gestação, no parto e na amamentação.
( ) C – Espirrando e tossindo próximo ao bebê.
5) Você está na rua e vê um amigo que não encontra faz tempo. Você andou
sabendo que ele tem aids. Você...
Se liga!
( ) A – atravessa a rua e faz de conta que não o conhece. Utilizar os serviços do CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento),
( ) B – cumprimenta seu amigo de longe. que é um serviço especializado nas DST/aids, é muito simples. Veja
( ) C – dá um grande abraço no seu amigo e conversa com ele. como funciona:
1. O primeiro passo é se cadastrar. As fichas de cadastro ficam
6) Como um usuário de drogas injetáveis deve se prevenir da transmissão arquivadas na recepção e no computador.
do HIV? 2. Depois de matriculado, o usuário pode frequentar os
( ) A – Compartilhando agulhas e seringas. aconselhamentos coletivos (palestras e grupos de discussão).
( ) B – Compartilhando somente equipamentos para diluição da droga. 3. Se quiser, o usuário também pode fazer os testes para verificação
( ) C – Usando seringas, agulhas e equipamentos de diluição da droga de infecção pelo HIV ou sífilis sem prescrição médica. O resultado
individuais. demora cerca de quinze dias para sair.
4. Todos os que optam por fazer o exame passam por uma sala
7) Numa conversa, surge o tema aids. Você... onde recebem aconselhamento individual, independentemente dos
( ) A – não se interessa pelo assunto, porque só acontece com os resultados. Caso o resultado seja positivo, são encaminhados para
outros. tratamento. Se for negativo, são alertados sobre a prevenção.
( ) B – fica interessado, porque a aids é um problema de todos.
( ) C – muda de assunto, porque esse não é um tema para se
conversar entre amigos.
54 55
2. Mosquitos e insetos transmitem o HIV?
Há provas evidentes de que o HIV não é transmitido por mosquitos ou outros
insetos, como pulgas, piolhos, percevejos e outros insetos que possam estar
presentes na residência de doentes com aids. Eles não transmitem o vírus a
Sabe-se que o HIV vive em algumas células do organismo humano, mas que não
O que são as DST? As DST (doenças sexualmente transmissíveis),
vive nas células dos insetos. Portanto, mosquitos e outros insetos não podem
como o próprio nome indica, são doenças transmitidas por meio
ser hospedeiros do HIV.
da relação sexual. Pode ou não apresentar sintomas, tais como:
coceiras, corrimento, verrugas, bolhinhas, feridas, ínguas.
3. É obrigatório comunicar a escola ou a empresa se uma pessoa é
Por isso, fique esperto: se você apresentar qualquer um desses
soropositiva?
sintomas, procure um médico o mais rápido possível!
Não. É um direito do portador do HIV não contar para as pessoas do seu
convívio social sobre sua condição.
Como se pega uma DST? Por meio das relações sexuais
desprotegidas, sejam elas anais, orais ou vaginais. Elas também
4. O teste anti-HIV pode ser realizado sem a pessoa saber?
podem ser transmitidas da mulher grávida para o bebê durante a
Não. O teste só deve ser realizado com o consentimento da pessoa a ser testada
gestação, o parto ou a amamentação.
e de forma voluntária, a menos que o teste tenha como objetivo selecionar
doadores de sangue e doadores de órgãos para transplante, ou que seja feito
Como agir em caso de suspeita de DST? Procurar atendimento
com material anônimo (sem identificação).
profissional num serviço de saúde para fazer o diagnóstico, realizar
o tratamento completo e receber orientações corretas sobre como
5. O teste anti-HIV pode ser obrigatório para a admissão em um novo emprego?
evitar a transmissão e comunicar seu(s) parceiro(s).
Não. O teste jamais pode ser compulsório (obrigatório). As leis brasileiras
proíbem essa obrigatoriedade.
56 57
8. Há perigo de contágio por meio dos aparelhos e instrumentos usados pelos
Tá na Mão
dentistas?
Sim. Por esse motivo, os instrumentos utilizados nos consultórios devem ser
e todas as suas
adequadamente esterilizados. Todos os pacientes têm o direito de questionar ? Se informe e tir
er sa be r m ai s sobre as DST/aids
Qu
os dentistas sobre os cuidados tomados no consultório e até observar alguns olesite
w.aids.gov.br/ad
deles: por exemplo, se o profissional usa luvas, se descarta a agulha utilizada, dúvidas no site ww
se tem estufa para esterilização etc.
te ajudar:
também podem
Estes outros sites
www.aids.gov.br
www.abia.org.br
www.apta.org.br
Se quiser ligar:
das 8h às 18h
De 2a a 6a-feira,
Para o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) trabalhar
com o HIV/aids é uma de suas prioridades. Através da campanha
mundial Unidos com as crianças e os adolescentes – Unidos vamos Filmes da hora as consequência
s
nd ra W er ne ck : o filme mostra
o de Sa
vencer a aids!, o UNICEF Brasil vem desenvolvendo ações através de Cazuza – Direçã ixão e intensidad
e dos
parcerias e do estímulo a participação de crianças e adolescentes: do Ca zu za , qu e é regido pela pa
das escolhas ra lidar com a ai
ds.
• A prevenção da transmissão vertical (mãe para filho); po is m os tra su as dificuldades pa
momentos, e de
• A garantia do tratamento pediátrico (para bebês);
• A proteção, cuidado e apoio a crianças e adolescentes afetados
s
pelo HIV; Livros imperdívei
viagem
• A prevenção, informação, habilidades e serviços para Depois daquela
adolescentes e jovens. itora Ática
Valéria Polizzi, Ed
A campanha busca ampliar o acesso às informações necessárias
para que os adolescentes e jovens protejam-se do HIV, aos meios de
a Viver, com Aids
prevenção do HIV/aids e aos medicamentos. Ops! Aprendendo
Editora Autêntica
Bernardo Dania,
58 59
Viver com o HIV Antes de mais nada, quando o jovem se descobre interessado por uma certa
companheira e vê que a relação já está ficando mais séria, bate aquele ponto
de interrogação: “Será que eu conto ou não conto que sou soropositivo?”.
Como vimos, a adolescência é um momento de muitas descobertas e Quando já está decidido a contar ou não, surge outro dilema na hora da transa
questionamentos. Imagine todo esse turbilhão de emoções acompanhado de – como ele vive um conflito, tem medo de infectar a parceira. Aí se pergunta:
uma especificidade: viver com o vírus HIV. Esta seção do fascículo se dedica “Posso confiar no preservativo? Como vou conseguir que minha parceira use
a questão do viver com vírus HIV na adolescência. Por isso, convidamos camisinha?”. Quando essa fase passa, vêm mais perguntas: “Será que posso ter
adolescentes que vivem essa experiência para falar sobre o assunto. filhos? Será que eles vão nascer HIV+?”.
Por Karina Ferreira da Cruz, 22 anos, de São Paulo. Atualmente trabalha como Fora a dificuldade de alguns jovens homossexuais soropositivos, que se sujeitam
Agente de Prevenção (Projeto do Programa Municipal de DST/aids da Secretaria tanto à violência moral quanto à violência física para não perder um parceiro.
Municipal de Saúde de São Paulo), no Projeto Tecer o Futuro, desenvolvido pela Isso quando não acontece de os jovens só acharem seguro ter relações com
Associação Nossa Senhora do Bom Parto, além de atuar na Rede Nacional de jovens que também são soropositivos. Parece que há liberdade sexual entre
Jovens Vivendo com HIV/aids. eles, mas sabemos que ainda assim há riscos. Por isso tentamos trabalhar a
prevenção positiva, dizendo aos jovens que, mesmo tendo relações sexuais
1. Como é, para você, viver com HIV? com jovens que também são soropositivos, eles devem usar o preservativo para
Hoje em dia tem sido uma vida quase normal, pois não é facil viver com evitar novas infecções e a mutação do vírus HIV em seus corpos.
algumas doenças oportunistas… Reações negativas do corpo, ter que tomar a
medicação todos os dias nos horários certos, ter que passar no médico todo A questão estética também mexe muito com alguns jovens. Em certos
mês (quando não toda semana)… Mas o legal é que hoje, mesmo com tudo casos, jovens que já tomam remédios há muito tempo e têm predisposição
isso, sou uma mulher casada, saio para me divertir, canto, danço e trabalho à lipodistrofia, um dos efeitos colaterais de alguns antirretrovirais, acabam
normalmente como qualquer outra pessoa. perdendo gordura em algumas regiões do corpo, como braços, pernas e rosto.
Há também casos de acúmulo de gordura na região da barriga ou na região
2. Como é a sua relação com a família e os amigos? das costas próximo ao pescoço – essa gordura dá a impressão de o jovem ser
Para mim, é normal. Minha família toda sabe, e eles nunca me discriminaram corcunda, o que dificulta a atração entre esses jovens.
por causa do HIV. Alguns amigos sabem e outros não, porque vejo quando há ou
não necessidade de eles saberem. E os que não sabem… não é porque tenho 4. Você acha que a sociedade ainda tem preconceitos para com as pessoas
medo de eles terem preconceito, mas simplesmente porque acho que não vai que têm aids?
mudar em nada a nossa relação se eu contar. Hoje em dia, o preconceito está mais mascarado. As pessoas não saem dizendo
que têm preconceito, mas, como faço parte da Rede de Jovens que Vivem
3. Como você percebe a vivência da sexualidade pelos adolescentes que com HIV/aids, ouço, por exemplo, muitos depoimentos de pessoas que fazem
vivem com o HIV? graduação e são discriminadas pelos professores por serem soropositivos.
É um pouco difícil definir a sexualidade do jovem que vive com HIV/AIDS, porque Além disso, dou oficinas em diversos lugares há seis anos e ainda ouço que as
ela envolve muitas coisas, como a descoberta e o conhecimento do próprio pessoas que vivem com HIV/Aids devem ficar deprimidas, isoladas; que suas
corpo, suas precauções, seus medos e inseguranças. roupas devem ser lavadas separadamente; que todos os utensílios da casa
devem ser separados. Então faço a elas uma pergunta: “Como essa pessoa
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é fisicamente?”, e logo me respondem: “Magra, cheia de feridas e inválida.
Deve ficar na cama”. Aí pergunto-lhes outra coisa: Se fossem a uma balada Vou contar uma experiência que tive com a dentista lá do serviço onde sou
ou festa e conhecessem uma pessoa. Se ficassem com ela por algum tempo atendida. Ela me perguntou se eu ia me casar. Eu disse que sim, e a bendita
e os dois tivessem relações sexuais? Se depois essa pessoa contasse que soltou esta: ”Você não vai ter filho, né? Porque você não quer que seu marido
era soropositiva… O que elas fariam? Algumas delas dizem que matariam a seja infectado“. Mas o que eu achei ruim foi que, em vez de me perguntar se
pessoa; outros que iam bater nela; raramente dizem que conversariam sobre o havia possibilidade de eu ter um filho sem infectar meu marido, ela afirmou que
assunto. Por isso, afirmo que faltam informações e, em consequência disso, há eu não deveria ter um filho. Onde ficam os meus direitos sexuais e reprodutivos?
preconceito. Velado, mas ainda existe. E se fosse outro jovem? Ela poderia ter acabado com o sonho de um jovem
menos informado.
5. Na sua opinião, como é a relação das escolas com os adolescentes que
vivem com o HIV/aids? E como é a relação dos adolescentes com os serviços A relação das escolas com os adolescentes que vivem com o HIV/aids é muito
de saúde? complicada, pois as crianças e os jovens em horário de aula têm que sair para
O que ouço dos jovens da Rede Nacional de Jovens que Vivem com o HIV/aids tomar o medicamento ou, às vezes, têm que faltar para ir ao médico. Isso é
é que ainda há muitos médicos despreparados e que os serviços de saúde ruim, porque, por terem que justificar tais “regalias”, os pais ou cuidadores
deixam muito a desejar. Pensando neles, vou relatar aqui algumas coisas: acabam tendo que informar a sorologia de seus filhos à Diretoria e aos
Alguns médicos apenas prescrevem remédios, mas não ouvem as queixas e professores, para que eles compreendam e facilitem a vida do soropositivo
angústias de seus pacientes. Outros não sabem que muitos jovens abandonam nesse sentido. Com isso, alguns agem com preconceito contra esses jovens,
os medicamentos porque têm a cabeça cheia de preocupações com seus adolescentes e crianças, expondo-os aos demais alunos, profissionais da escola
familiares, por terem de sair das casas de apoio, por causa dos efeitos e demais cuidadores.
colaterais muito fortes, que atrapalham seu desempenho no trabalho, na
faculdade e na escola – muitas vezes, esses jovens ficam indispostos, com 6. Como você iniciou a militância pela luta dos direitos dos adolescentes que
vômito ou diarreia, alucinações e calombos pelo corpo. vivem com HIV/aids?
É uma longa história. Eu comecei lutando por mim, pelos meus direitos. Quando
Há médicos que não se constrangem nem um pouco em dizer ao jovem que não eu fazia um curso de Práticas Administrativas, conheci um pessoal que fez
adianta tomar nenhum medicamento, pois o vírus já está resistente ou porque uma grande diferença na minha vida. Eles me ensinaram que, antes de mais
seu organismo não aceita o remédio. Segundo esses médicos, só resta a esse nada, eu podia viver bem. Depois eu comecei a frequentar o Cedoc (grupo de
jovem esperar a morte ou orar para que surja um medicamento que funcione, jovens de São Paulo que fazem pesquisas e levantamento de documentos com
como se fosse apenas mais uma vida que vai para o saco! o tema HIV/aids) e participei de um encontro que aconteceu em Brasília, onde
só havia jovens vivendo com HIV/aids. Lá aprendi o ECA e alguns dos meus
Há Unidades Básicas de Saúde (USB) em que os profissionais não são direitos. Voltando de lá, no Cedoc, tivemos que escolher um tema de pesquisa
preparados para serem sigilosos; com isso, alguns diagnósticos são dados – o meu tema era o direito das pessoas que vivem com HIV/aids. Hoje tenho
em público. Em outras Unidades não existe integração da especialidade de até uma comunidade sobre isso no Orkut. Fora isso, no Cedoc, nós fazíamos
infectologia com outros serviços (reumatologia, oftalmologia, odontologia muitas outras pesquisas, e isso me deu uma enorme bagagem sobre a vida com
etc.). E, quando essa integração existe, os profissionais não são preparados o o vírus. Essa experiência começou a me mostrar que o movimento Aids ainda
bastante para atender aos jovens soropositivos. Alguns nem imaginam como é deixava a desejar em algumas questões.
viver com HIV.
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Nós éramos incentivados a realizar ações para mudar pequenas coisas que, privada. Escondia no seio para a minha avó não ver que eu não tinha tomado.
na nossa opinião, não estavam certas. Assim, em um encontro de jovens na Mas isso tudo teve que mudar no dia em que eu fiquei muito doente de verdade.
faculdade de saúde pública realizado pelo GIV (Grupo de Incentivo a Vida), Tive uma espécie de pneumonia. Tomava os remédios e nada de melhorar.
conheci uma pessoa muito especial, a Bethe Franco. Com isso, comecei a Comecei a tomar os antirretrovirais, mas mesmo assim me sentia fraca. Tinha
frequentar o GIV, o que também me ajudou a amadurecer bastante. Participei que tomar injeções, soro na veia. Nisso surgiu um caroço no meu pescoço. Uma
de uma capacitação em um curso de ativismo, e lá, diante das demandas jovem de dezoito anos que pesava 61 kg passou a pesar 49 kg. Fiquei pele e
dos jovens vivendo com HIV/aids, foi criada a rede nacional. Tudo isso mais a osso até descobrir que era tuberculose. Tive que tomar remédio com supervisão
percepção de que há necessidade de buscar equidade para esses jovens me todos os dias no posto. Tomava dois deles em jejum e, depois de algum
levaram a ser militante por seus direitos. tempo, tinha que lanchar para poder tomar os outros. Hoje em dia eu tenho
me esforçado para ter uma boa adesão com os meus medicamentos, mas,
7. O que é a Rede Nacional de Jovens Vivendo com o HIV/aids? mesmo assim, meu corpo tem reagido negativamente. Já tive algumas doenças
Uma rede virtual e presencial na qual nos reunimos para discutir as demandas oportunistas, como herpes zóster, e agora estou com suspeita de lúpus. Mas
de cada jovem em seu estado, assim como para monitorar leis e projetos de lei minha carga viral, ou seja a quantidade de vírus HIV que está no corpo, está
que beneficiam os jovens ou os prejudicam para agirmos de acordo com o que indetectável, o que é um bom sinal.
for possível. Somos uma rede de ajuda mútua. Ouvimos uns aos outros em suas
felicidades e tristezas, cooperando com eventos para discutir políticas públicas
para a juventude soropositiva.
Também escutamos Oseías Cerqueira dos Santos, da Rede Nacional de Jovens
8. Quais são as dificuldades encontradas pelos jovens vivendo com HIV/aids? Vivendo com HIV/aids, de Salvador/Bahia.Escuta só o que ele nos fala sobre ser
Quase todas as dificuldades já foram ditas, mas não posso me esquecer de adolescente e viver com o HIV.
que ainda tem o problema de jovens que vivem em casas de apoio e que, aos
dezoito anos, têm que sair de lá. Às vezes, eles não têm nem família para Viver é sempre viver: ter sonhos, expectativas, projetos é comum a todos os
qual voltar, muito menos capacidade de arrumar emprego nem autonomia jovens, e pra mim que vivo com HIV isso não é diferente. Se tem algo que me
para tomar os próprios remédios. Quando existem parentes, fica muito difícil impede de levar uma vida ainda mais normal é o preconceito de quem pensa
estabelecer um vínculo em tão pouco tempo, já que nesses casos a inserção que, por ter HIV, não posso frequentar os mesmos espaços que as demais
na família não começou quando o jovem era pequeno. As casas de apoio, por pessoas, ter uma vida sexual, profissional e afetiva. Preconceito de quem pensa
sua vez, não dão nenhum suporte psicológico ou socioeconômico aos familiares que eu estou menos vivo que as outras pessoas por apresentar um pequeno
para que eles cuidem desse jovem. vírus em mim.
9. Fale sobre sua experiência com os medicamentos. Confesso que é muito melhor viver sem o HIV, mas depois que me descobri
Nossa, eu e os medicamentos… Nós não tinhamos uma relação amigável. Eu os HIV positivo não posso, não devo, não quero abandonar nada do que construí
odiava tanto que queria distância deles. Fiquei muito tempo tomando os meus de projeto de vida quando ignorava a existência dele. Entretanto, quero lutar
medicamentos do jeito errado. Eles não desciam pela minha garganta; pareciam para que a cada dia nós, jovens que vivem com HIV, possamos viver uma vida
entalar de propósito. Odiava o gosto deles, mesmo sendo comprimidos. Odiava normal, sendo respeitados e vistos como mais que portadores do HIV. Luto para
ter que acordar cedo; odiava quando vinham os efeitos colaterais… vômito, que eu e todas as pessoas não precisemos abdicar de seus sonhos e possamos
diarreia, como já falei. Ficava empolada, tonta… Várias vezes joguei remédio na conviver harmonicamente em sociedade.
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Para vencer o preconceito, é necessário que cada jovem entenda que o HIV No segundo dia do II Encontro Nacional de Jovens Vivendo com HIV/aids, rolou
não é um problema apenas de quem o vivencia, mas que todos nós somos uma super festa na boate do Ondina Aparthotel para os jovens participantes
responsáveis por formar uma sociedade livre, justa e solidária, como está na do evento. A festa começou por volta das 20 horas e contou também com a
Constituição Federal. Eu vivo, continuo vivendo, continuarei vivendo, mas o presença dos principais organizadores do encontro, que animaram ainda mais o
preconceito não precisa continuar a sufocar a minha vida! momento.
Na entrada, era entregue para cada jovem uma máscara de festa para
climatizar ainda mais a noite que estava só começando. Ao som de música
eletrônica, os jovens dançavam e se divertiam muito. Bem no auge da festa,
Se liga!
a música foi interrompida por dois jovens, Edson Santos e Camila Pinho,
integrantes do Grupo VHIVER, de Belo Horizonte (MG), que pegaram o microfone
e declamaram um desabafo que sensibilizou os presentes.
Viver com o HIV não significa o fim do mundo. Na década de 80, As frases foram as seguintes:
quando a epidemia da aids começou, o tratamento era muito
difícil porque os cientistas conheciam pouco sobre a doença. Com Ao pensar como é ser soropositivo, ou o que é ser soropositivo me passam
o tempo, foram se descobrindo remédios e alternativas para o algumas coisas pela cabeça: eu estudo, trabalho, namoro, faço teatro, tenho
tratamento. Felizmente, hoje no Brasil, desde 1996, o acesso aos amigos, gosto de música, de festas entre muitas outras coisas. Tá, mas e daí?
medicamentos (anti-retrovirais) é válido para todos e todas. Sem Isso não me caracteriza como soropositivo e não me diferencia muito das outras
dúvida, a qualidade de vida das pessoas que vivem com o HIV pessoas. Por que será, então, que às vezes sinto-me como se escondesse algo
mudou muito graças ao tratamento e a redução do preconceito. Mas das pessoas? Ou por que muitas vezes sinto-me incomodado em dizê-las que
tratamento contra a aids não é só tomar remédio. Ir às consultas, sou soropositivo?
fazer exames com regularidade e levar uma vida saudável (praticar Creio ter medo da forma como me lançarão o olhar de estranheza ou até mesmo
exercícios físicos, se alimentar bem, ter amigos, etc.) faz parte do de curiosidade. Elas ainda nos imaginam acamados nos hospitais e desacreditam
tratamento. na vida após o HIV. Mais do que acreditar, eu aprendi a viver com o HIV.
Desde então faço parte de um grupo de apoio, integração social e informações
gerais a outros soropositivos. Comecei a trabalhar com a aids: acolhendo
aqueles que passam por toda a dor e sofrimentos já vividos por mim. E também
por meio de trabalhos de prevenção, cuidando para que outras pessoas não
Organização dos Jovens Vivendo com HIV/aids vivam tamanho sofrimento.
Olha só que legal! Vários jovens dos quatro cantos do país que vivem com Após o trabalho, a caminho de casa, às vezes de súbito me vêm à mente que
HIV/aids se reuniram em Salvador, em 2007, no II Encontro Nacional de Jovens ela não ficou no Grupo VHIVER, ela continua comigo, e vai estar em todos os
Vivendo com HIV/aids para discutirem sobre como é viver e conviver com o HIV. lugares que eu estiver, quando eu acordar, me alimentar, quando eu abraçar,
quando eu cantar, dançar, sorrir, chorar. Mas uma coisa ela não consegue fazer,
Nesse encontro rolou uma super festa de máscaras. Confira ao lado o relato me desanimar nem desistir de viver.
sobre essa festa feito pela Revista Escuta Soh O jovem soropositivo deve sair da posição de coitadinho, de vítima, enfrentar o
(www.revistaviracao.org.br/escutasoh). preconceito e combatê-lo.
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Acima de qualquer coisa somos jovens, somos humanos. Devemos ser PROTEGENDO A VIDA
protagonistas do nosso futuro, devemos responder por nós mesmos. O adolescente que vive com o vírus HIV pode se valer do Estatuto da Criança
Quem sou eu? Qual é a minha cara? e do Adolescente (ECA) para garantir seu tratamento. Isso porque os artigos
Sou filho. do ECA querem proteger integralmente a saúde dos jovens, cuidando para que
Sou amigo. ele receba tratamento em todos os casos de enfermidade, desde uma unha
Sou pai e mãe. encravada até uma doença mais grave.
Somos soropositivos.
Será que eu me aceito como sou ou isso não me interessa mais? O estatuto especifica que o adolescente deve receber tratamento pelo
Não sou melhor. Sistema Único de Saúde (SUS), “garantido o acesso universal e igualitário às
Nem pior que ninguém. ações e aos serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde”. Os
Somos todos areias no vento. dirigentes públicos (presidente, prefeito, governador) têm obrigação de fornecer
Onde ficaram os meus sonhos? gratuitamente a medicação necessária, próteses ou qualquer tipo de tratamento
E o que é ser soropositivo? de que o jovem necessitar.
Não é ser doente.
Não é ser vítima. Em caso de internação, o artigo 12 do ECA garante que o adolescente seja
Não é ser coitado ou incapaz. acompanhado pelos pais ou por um responsável durante o período em que
O mais difícil é sair da imagem que se criou em cima da aids e que não me estiver no hospital.
deixa acreditar no meu potencial, na minha garra. E me faz muitas vezes
desistir de mim... da vida. A criança pode ser protegida
Passo a representar personagens. E quando é que sou eu mesmo? de contaminação desde
Ninguém tem que me entender. o útero. O ECA garante
Mas temos por obrigação tentar nos entendermos e nos conhecermos. Porque que a mãe deve ter
só assim poderemos nos construir em cima de bases fortes e resistir aos acompanhamento neonatal e
grandes ventos e tempestades. Temos obrigação de lutar pela vida. passar por todos os exames que
possam detectar enfermidades.
Nesse momento, emocionados com o desabafo, todos aplaudiram Camila
e Edson. Todas as máscaras foram rasgadas, que tinham na verdade o No caso da adolescente grávida
simbolismo das máscaras que usamos em nossas vidas. A festa continuou portadora do vírus HIV, o ECA
num clima gostoso e descontraído, onde os jovens tiveram a oportunidade de garante os direitos da mãe e do
conhecer novas pessoas e se conhecerem melhor. bebê. Em caso de não atendimento
em postos de saúde, falta de remédios e
tratamentos para adolescentes e crianças,
acione o Conselho Tutelar da sua cidade.
68 69
Este material foi testado com adolescentes das comunidades de Heliópolis e
Cantinho do Céu em São Paulo. Valeu Galera!
Tá na Mão
Na web Heliópolis
www.giv.org.br Rafael Reis de Almeida Mayara
rg.br
www.pelavidda.o Daniel Nunes Pereira Cintia L. Vieira
org.br
www.gapabahia. Rafael Soares de Oliveira Wellington
Leonardo Belo da Silva Wesley Luiz
s Eduardo Portela Alessandra dos Anjos
Livros imperdívei cidiu viver com
Aids
. Um adolescente que de Brenda Passos Santos Fabiola Batista
Roch in Positivo Daniel da Silva dos Santos
ra JWM
Cazu Barroz, Edito
Cantinho do Céu
Vanessa Da Conceição Felipe Tavares Pessoa
Liliane dos Santos Mendes John Leno da Silva Vieria
Ellen Cristina Nascimento Nogueira Andreza dos Santos Silva
Luciane Morais Kayone Caroline da Silva
Francileide Oliveira Bruna Alves Campos
Jéssica Aparecida Almeida Costa Crione de Sousa Ribeiro
Lucas Gomes Fernando Antônio
Daniella de Sousa Cardoso Raiane Myrele C. dos Santos
Andréia Sabino Estevão Aleni Rodrigues
Henrique Barbosa Débora de S. P. dos Santos
Jéssica de Sousa Marques Gessiára de Sousa
Maxwell Rodrigues Mendes Augusto E. de C. R. da Silva
Johnny Nogueira de Souza Henrique S. Vitorio
Ana Carolina Rodrigues de Almeida
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Iniciativa
Parcerias