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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 2ª VARA DA

FAMÍLIA DA COMARCA DE BLUMENAU - SANTA CATARINA.

Autos nº. 009.14.0098181-02

ADOLFO GUMERCINDO, já qualificado nos autos da AÇÃO


DE DIVÓRCIO COM ALIMENTOS PROVISÓRIOS, que lhe move ANAMÉLIA
BROTTAS GUMERCINDO, igualmente qualificada, vem perante Vossa Excelência,
por sua procuradora adiante subscrita, que junta instrumento de mandato ao final
incluso, oferecer

CONTESTAÇÃO, mediante os fatos e fundamentos jurídicos que


passa a aduzir.

I. SÍNTESE DA INICIAL

Alega a Autora que foi casada com o Réu sob o regime da


Comunhão Parcial de Bens, e da união resultaram 2 filhos, segundo provam as
Certidões em anexo.
Aduz a Autora que o casal está separado de fato desde o mês de
Novembro de 2013, devido a incompatibilidade de gênios, e não há possibilidade de
reconciliação.

Aduz a Autora que pretende retornar a usar o seu nome de solteira.


Desde que o Réu deixou o lar, os filhos estão sob a guarda de fato da Autora, devendo
assim permanecer.

Alega a Autora que durante o matrimônio adquiriram dois bens


móveis, que estão na posse do Réu, quais sejam: Um automóvel VW/Gol ano 2001,
placa MAU 0044, cor Branca, avaliado em R$ 12.900,00 e uma motocicleta Honda CG
ano 1997, placa XNY 830, cor prata, avaliada em R$ 1.200,00.

Alega a Autora que pretende a partilha dos citados bens, e que lhe
cabe a quantia atual de R$ 7.050,00 (sete mil e cinquenta reais).

Alega a Autora que atualmente está desempregada e esta com


dificuldades em prover o sustento dos filhos, bem como o seu próprio, diante disso
pleiteia o recebimento de alimentos para si, além da prestação aos filhos menores.

Alega a Autora que o Réu exerce profissão e pode assumir o


encargo de lhe prestar alimentos sem prejudicar o seu sustento.

Aduz a Autora, que pelo que sabe o Réu recebe mensal a quantia de
R$ 1.950,00 (mil novecentos e cinquenta reais).

Por fim a Autora requereu liminarmente a fixação de Alimentos


Provisórios em seu favor no valor equivalente a ½ (meio) salário mínimo, devendo ser
depositados em conta bancaria.

Requereu procedência dos pedidos e após o trânsito em julgado da


sentença, a averbação no assento de casamento do casal, com as alterações do nome da
Autora para seu nome de solteira, a Concessão do benefício da Assistência Judiciária
Gratuita, a citação do Réu, para tomar conhecimento dos termos desta inicial,
oferecendo contestação no prazo de lei a realização dos atos processuais em segredo de
justiça e a aplicação do princípio da sucumbência para o pagamento das custas e
honorários de advogado, o direito de provar o alegado via prova documental e
depoimento pessoal do Réu, além de outras que se fizeram necessárias no curso da lide.

Ao final, ainda atribuiu à causa o valor de R$ 500,00 (quinhentos


reais).

Entretanto, Excelência, em nenhum aspecto pode prevalecer a


pretensão da Autora, pois segundo ficará adiante demonstrado, suas alegações estão
distantes da verdade.

II. PRELIMINARMENTE

II.1. Inépcia da Petição Inicial

A ação proposta pela autora está inepta, devido à autora relatar na


petição inicial nos fatos a requisição da provisão de alimentos para ela e seus filhos e no
pedido apenas requer para si não mencionando em nenhum dos tópicos do pedido os
alimentos para os filhos. Segundo o Art.295, Parágrafo único, inciso I CPC é inepta a
petição inicial se lhe, se lhe faltar o pedido ou a causa de pedir o que aconteceu neste
caso.

Ainda com fundamento nos artigos 295, Parágrafo único, inciso I


do CPC, a interpretação destes dispositivos leva ao entendimento de que a petição
inicial é inepta, como igualmente tem sido o entendimento pacífico do Tribunal de
Justiça Catarinense:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE


CONTRATOS BANCÁRIO.JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.
RECURSO ADESIVO DO AUTOR NÃO CONHECIDO EM RAZÃO
DA FALTA DE RECOLHIMENTO DO PREPARO. OFENSA AO
ART. 500, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC.
RECURSO DO BANCO REQUERIDO CONHECIDO
PARCIALMENTE. ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE
LIMITAÇÃO DOS JUROS REMUNERATÓRIOS EM 12% PORQUE
OS CONTRATOS ESTÃO NOS AUTOS, NÃO SE PODENDO
PENALIZAR PELA INÉRCIA DE APRESENTAÇÃO DOS
CONTRATOS. TESE DISSOCIADA DO DIREITO ENVOLVIDO.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE.
PRELIMINARES.
INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. ALEGAÇÃO
DE PEDIDO CONFUSO E INCERTO. INOCORRÊNCIA. PLEITOS
OBJETIVOS. DECORRÊNCIA LÓGICA DA CONJUGAÇÃO DA
CAUSA DE PEDIR E DO PEDIDO.COMPREENSÃO DA PEÇA
INICIAL QUE POSSIBILITOU À DEFESA IMPUGNAR
ESPECIFICAMENTE AS PRETENSÕES.
PRETENSÃO DECLARATÓRIA E CONSTITUTIVA. ALEGAÇÃO A
RESPEITO DA IMPOSSIBILIDADE DE CUMULÁ-LAS. LICITUDE
NA CUMULAÇÃO DOS ALUDIDOS INTENTOS.
MÉRITO.
CDC. INCIDÊNCIA. SÚMULA 297 DO STJ. ADESIVIDADE DO
CONTRATO EVIDENCIADA. POSSIBILIDADE DE REVISAR AS
CLÁUSULAS DO CONTRATO. FLEXIBILIZAÇÃO DO PACTA
SUNT SERVANDA.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. CONTRATOS FIRMADOS ANTES
DA EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.963/2000.
IMPOSSIBILIDADE DE CAPITALIZAÇÃO MENSAL.
PRETENSÃO DE INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA, MULTA E
RESTABELECIMENTO DA CORREÇÃO MONETÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. CONTRATOS QUE PREVÊEM A COMISSÃO
DE PERMANÊNCIA. ENCARGO PROVENIENTE DA MORA.
VERBA QUE ENGLOBA OS JUROS REMUNERATÓRIOS E OS
MORATÓRIOS (JUROS MORATÓRIOS E MULTA).
IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM OS DEMAIS
ENCARGOS DE MORA. BIS IN IDEM. RECURSO ESPECIALN.
1.092.428-RS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CABIMENTO.
EXISTÊNCIA DE ENCARGOS ABUSIVOS. DEVER DE PROMOVER
A DEVOLUÇÃO DOS VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE,
NA FORMA SIMPLES, DIANTE DA AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DA
INST [...]1

Conforme dispõe o artigo 295, Parágrafo único, inciso I, do Código de


Processo Civil a petição inicial está inepta, porém não é o único defeito da mesma,
abaixo se discorre sobre o segundo defeito encontrado nesta petição.

II.2. Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de


autorização.

O advogado da autora na petição inicial alega poder representar a


mesma, porém não há procuração anexa para a verificação da autenticidade de que ele
está autorizado a fazer isso, este fato é causa de nulidade do processo conforme o artigo
267, inciso I e IV do Código de Processo Civil que fala que o processo é nulo quando se
verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento valido e
regular do processo. Este fato é motivo o suficiente para o juiz indeferir a petição inicial
sem resolução do mérito.
Neste caso também deve ser avaliado que os atos praticados pelo
advogado são inválidos devido ao mesmo não estar constituído para representação legal
da autora conforme fala o artigo 37 do Código de Processo Civil que diz em seu texto
que sem o instrumento de mandato o advogado não será admitido a procurar em juízo.

Desta forma, encontra-se em evidência a capacidade de


representação da parte pelo Autor, razão pela qual impõe-se a improcedência do pedido,
a fim de julgar extinto o processo sem resolução do mérito, de acordo com o art. 267,
inciso I, IV do CPC, condenando-o ainda a arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios decorrentes da extinção.

Ementa: Apelação cível. Ação de execução de título extrajudicial. Ausência de


procuração à advogada subscritora da petição inicial. Regularização
oportunizada pelo Juízo a quo. Inércia do requerente. Vício não sanado. Violação
ao artigo 37 do Código de Processo Civil. Indeferimento da petição inicial e
consequente extinção do processo, com fulcro no artigo 267, inciso I, do aludido
diploma legal. Insurgência do demandante. Interposição do reclamo sem a

1
apresentação, novamente, de mandato à causídica que assinou o reclamo.
Permissão de juntada de instrumento procuratório que não se mostra adequada,
diante da peculiaridade do caso. Razões recursais que não guardam pertinência
com os fundamentos do decisum. Ofensa ao disposto no artigo 514, inciso II,
do CPC. Reclamo não conhecido.2

III. DO MÉRITO

A Autora omitiu os fatos relevantes a separação visto que a mesma


agredia verbalmente o Réu frequentemente, assim como também agride da mesma
forma os filhos do casal, por esse motivo devido às constantes humilhações passadas
pelo Réu, e também pelo fato da Autora ser usuária de drogas, o Réu resolveu sair de
casa devido a impossibilidade de continuar o relacionamento conjugal, diante de tais
fatos.

Ainda diante dos fatos supra, não restou alternativa ao Réu senão
deixar o lar conjugal. Ressalta-se que desde que deixou o lar o Réu continuou
cumprindo sua obrigação de pai com a manutenção do sustento dos filhos, que
permanecem sob a custódia da Autora. Ainda o Réu sabe que os filhos, não são bem
cuidados pela Autora, em momento oportuno, tomara a medida legal cabível.
Diante do comportamento agressivo da Autora o Réu decidiu
investigar os motivos que a levavam a agir de tal maneira, muitas vezes sem motivo
algum, passou então a segui-la e descobriu recentemente que a Autora é dependente de
drogas entorpecentes.

Ainda depois que o Réu sai do lar, a Autora para satisfazer seu
vicio, deixa os filhos menores sozinhos em casa, principalmente de madrugada, quase
que diariamente, conforme demonstra o B.O. registrado pelo Réu na 2ª DP desta cidade,
que consta 2 testemunhas que afirmam os fatos narrados pelo Réu.

Ainda pelos atos negligentes da Autora, os filhos vêm apresentando


sérios problemas de saúde, e também retrocesso no desenvolvimento escolar com
comprometimento de aprendizagem, segundo as declarações da diretoria da escola em

2
que ambos frequentam. Ainda a filha Mariana Gumercindo, de 09 anos de idade, está
com baixo peso e foi diagnosticada de desnutrição, e o filho Rômulo José Gumercindo,
de 5 anos está com sintomas de depressão em grau elevado, conforme os exames
médicos em anexo, tudo devido ao comportamento omisso da Autora que não atende
aos interesses dos filhos para sustentar seu vicio com as drogas.

Ainda no que se refere ao pedido de pensão para a própria Autora,


este não deve prosperar, visto que a Autora é uma pessoa jovem e saudável, podendo
trabalhar para seu sustento, e que apenas está desempregada por vontade própria, eis
que sempre trabalhou registrada na função de serviços gerais, alem disso trabalhava em
mais 2 residências como diarista autônoma.

E, se não bastasse isso, o Réu não possui condições financeiras de


arcar com mais este ônus, já que o trabalho que exerce é a de motorista autônomo e
recebe apenas R$ 1.280,00 mensais, dos quais já retira a quantia de R$ 250,00
(duzentos e cinquenta reais) destinado à pensão alimentícia de seus 2 filhos, pagos
através de depósito bancário na conta da Autora, o Réu ainda é responsável pelo seu
próprio sustento, tendo gastos também com aluguel, conforme contrato de aluguel
anexo e as demais despesas que são necessárias a sua sobrevivência

IV. OS PEDIDOS

Ante o exposto pede:

a) Seja acolhida a preliminar de Inépcia da Petição Inicial no item II.1 retro,


declarando a Autora carecedora da ação proposta com base no artigo 295, I, e no item
II.2 Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização, para
extinguir o processo sem resolução do mérito, com base no art. 267, inciso VI do CPC,
e condenando-o ainda ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios
decorrente a extinção;

b) Caso as preliminares não sejam acatadas, o que se admite apenas para argumentar,
seja julgado totalmente improcedentes os pedidos da Autora, para que não seja o Réu
condenado ao pagamento de pensão alimentícia para a Autora por ela pleiteada, bem
como a condenação da Autora ao pagamento das custas e honorários advocatícios;

Requer ainda:
d) Concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, conforme prevê a Lei
1.060/50, tendo em vista que o Réu não possui condições de arcar com o pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo de seu próprio sustento, nos
termos da Declaração ora inclusa;

e) Produção de todos os meios de provas em direito admitidas, notadamente a


documental inclusa, bem como a testemunhal, cujos rols seguem ao final, além do
depoimento pessoal do Autor.

Nestes termos, pede deferimento.

Blumenau/SC, 10 de Outubro de 2014.

__________________________ ________________________________
CLAUDIA OLIVEIRA RAQUEL SOUZA DA SILVA
OAB/SC nº. 0000 OAB/SC nº. 0000

ROL DE DOCUMENTOS:

1. Procuração;
2. Declaração de Insuficiência Financeira;
3. Cópia da C.I. e CPF do Réu;
4. Comprovante de residência;
5. B.O. 2ª DP;
6. Cópias da CTPS do Réu.
7. Cópia de atestados médicos e nutricionais dos filhos;
8. Cópia contrato de aluguel.

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. ALEX DA CUNHA, brasileiro, casado, motorista, residente e domiciliado na Rua


Das Palmeiras, nº. 27, bairro Salto, em Blumenau/SC, CEP: 89.788-160;

2. MARCELA RIBEIRO, brasileira, casada, técnica de informática, residente e


domiciliada na Rua San Martino, nº. 424, bairro Garcia, Blumenau – SC, com endereço
comercial sito à Rua Pedro Bom, nº. 1.579, bairro Centro, Blumenau/SC,
CEP: 89.336-170.
3. PATRICIA MENDES, brasileira, casada, professora, inscrita no CPF sob o n°
444.444.444-44, residente e domiciliada na Cidade de Brusque – SC, na Rua Dois de
Setembro, n 455, Centro, CEP 89000-000;

4. CARLOS EDUARDO DE SOUZA, brasileiro, casado, empresário, inscrito no CPF


sob o n° 888.888.888-88, residente e domiciliado na cidade de Brusque – SC, na Rua
Dois de Setembro, n° 455, Centro, CEP 89000-000.

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