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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

RELATÓRIO I – ANÁLISE DE POTÊNCIA ATRAVÉS DO ATPDRAW.

CUIABÁ – 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Rafael Alves Fuhrmann

RELATÓRIO I – ANÁLISE DE POTÊNCIA ATRAVÉS DO ATPDRAW.

Relatório elaborado a partir


de atividade de laboratório
para obtenção de nota
parcial na disciplina de
Circuitos Elétricos II,
ministrada pelo professor Dr.
Bismarck Castillo Carvalho.

CUIABÁ – 2017
RESUMO

A análise de circuitos elétricos por meio de softwares simuladores agiliza o


estudo das grandezas envolvidas no sistema, diminuindo os custos inerentes ao
processo. Nesse ínterim, o ATPDraw se mostra uma ótima ferramenta de simulação,
a qual foi aplicada na análise de um circuito monofásico com carga RLC submetido à
alimentação AC, cujos valores foram então comparados com resultados obtidos em
laboratório, demonstrando a precisão da simulação e seu poder como ferramenta
para a Engenharia Elétrica.
Palavras chaves: ATPDraw, simulação, análise de circuitos.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros utilizados no experimento e simulação….………………..……….8


Tabela 2 – Tensão e corrente totais do circuito simulado………………………..……...9
Tabela 3 – Tensões e reatâncias de cada elemento do circuito simulado……..…….10
Tabela 4 – Potências e fatores de potência obtidos para os dois métodos….……...13
Tabela 5 – Potências individuais dos elementos do circuito…………………….…….14
Tabela 6 – Resultados experimentais…………………………………………………...14
Tabela 7 – Tensão e corrente eficazes após a correção do fator de potência……...16
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Arranjo experimental utilizado…………………………………………………7


Figura 2 – Circuito simulado no ATPDraw 6.1…………………………………………...7
Figura 3 – Formas de onda da tensão e corrente……………………………………...10
Figura 4 – Diagrama Fasorial………………………….………………………………….11
Figura 5 – Forma de onda da potência instantânea…………………………………...12
Figura 6 – Formas de onda da tensão e da corrente após a correção do fator de
potência. …………………………………………………………………………………….16
SUMÁRIO

RESUMO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………….6
2. MATERIAIS E MÉTODOS……………………………………………………………….7
2.1 MATERIAIS…………………………………………………….…………………7
2.2 METODOLOGIA……………………………………………….………………...7
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO…………………………………………………………9
3.1. ANÁLISE DE TENSÃO E CORRENTE NA SIMULAÇÃO………………….9
3.2. ANÁLISE DE POTÊNCIA……………………………………………………..12
3.3. ANÁLISE DO FATOR DE POTÊNCIA………………………………………15
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………17
REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………….18
1. INTRODUÇÃO

A análise de circuitos consiste no principal ramo de estudos da Engenharia


Elétrica, de forma que a adoção de técnicas que agilizem o processo se mostra um
fator decisivo no estudo do comportamento de diversos sistemas à condições que
devam ser previstas em projeto.
Com esse objetivo, utilizou-se o software ATPDraw para a simulação de um
circuito monofásico com uma única carga RLC, seguida da execução de um
experimento real com um sistema semelhante. Desta forma, o seguinte trabalho
busca relatar os resultados obtidos para as duas etapas, bem como as análises
efetuadas sobre estes dados.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais
Foram utilizados os seguintes materiais na atividade experimental:
• Varivolt trifásico; • Dois resistores de 50Ω;
• Wattímetro analógico; • Dois capacitores de 4,7μF;
• Amperímetro analógico; • Indutor de 75mH;
• Voltímetro analógico;

2.2 Metodologia
A atividade experimental foi dividida em duas etapas, a saber: simulação
computacional do circuito esquematizado na Figura 1 por meio do software ATPDraw
na versão 6.1, seguida da montagem e medição de algumas variáveis do arranjo.

Figura 1 – Arranjo experimental utilizado. Nota-se que R L representa a resistência do


enrolamento do indutor B.

Inicialmente, simulou-se o circuito dado na Figura 2:

Figura 2 – Circuito simulado no ATPDraw 6.1.

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Cujos parâmetros são dados na Tabela 1. A medição de potência no circuito
simulado foi obtida através do produto entre as leituras do amperímetro e do
voltímetro colocados logo a frente da fonte, em virtude da ausência de um
wattímetro virtual no software. Os voltímetros colocados acima das cargas foram
usados para a análise da potência e para a obtenção do diagrama fasorial do
sistema.
Tabela 1 – Parâmetros utilizados no experimento e simulação.
Parâmetros do circuito
Vs (V RMS) f (Hz) R (Ω) L (mH) C (μF) RL (Ω)
220 60 50 75 9,4 0,09

Feita a simulação e a medição dos valores desejados, passou-se à etapa


experimental. Nesta, montou-se o circuito como dado pela Figura 1, utilizando-se
duas das fases do Varivolt trifásico para a obtenção da tensão de 220 Vrms.
Devido à ausência de resistores de 50Ω, foram ligados em paralelo dois
resistores de 100Ω; o mesmo procedimento foi realizado com dois capacitores de
4,7μF para a obtenção da capacitância de 9,4μF. Apenas um indutor foi utilizado em
virtude da disponibilidade de um com a indutância requerida. Feita a montagem, o
sistema fora energizado e medidas a tensão da fonte, a corrente total do circuito e a
potência ativa total.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise da tensão e corrente na simulação.

Foram obtidos os seguintes dados na etapa de simulação, apresentados pela


Tabela 2:
Tabela 2 – Tensão e corrente totais do circuito simulado.
VS (V) IRMS (A) φº fp
220,0021 0,86267 78,3707 0,201578 adiantado

Estes valores foram mensurados diretamente das formas de onda plotadas


pelo ATPDraw, aplicando-se a relação entre valor de pico e valor RMS para a tensão
e corrente, seguida do cálculo do defasamento entre as duas ondas. Em virtude de o
software utilizar como abcissa uma escala temporal, aplicou-se a relação dada pela
Equação 1, válida apenas para a frequência de 60 Hz, no cálculo do defasamento.

360 Δ t
φ= −3
(1)
16,67⋅10
Deste ângulo, calculou-se o fator de potência; este foi caracterizado como
adiantado devido ao atraso da onda de tensão em relação à de corrente,
característica esta de circuitos majoritariamente capacitivos, como pode-se observar
na Figura 3:

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Figura 3 – Formas de onda da tensão e corrente, respectivas às curvas vermelha e verde. A
escala da esquerda corresponde à tensão, enquanto a da direita à corrente.

Tal comportamento é esperado em virtude da magnitude da reatância do


capacitor em comparação com as outras impedâncias do circuito; seus valores,
juntamente da impedância total e da magnitude RMS da tensão de cada elemento
estão expressos na Tabela 3.

Tabela 3 – Tensões e reatâncias de cada elemento do circuito simulado.


VR (V) VC (V) VL (v) R (Ω) XC (Ω) XL (Ω)
4,33 244,45 24,04 50 282,19 28,27
Módulo da impedância total 258,79Ω

Desses valores, extrai-se o diagrama fasorial mostrado na Figura 4. A tensão


da fonte foi configurada no software como tendo ângulo de fase nulo, de forma que
os ângulos demonstrados na figura foram extraídos do defasamento entre as ondas
de tensão de cada elemento e as da fonte.
Os fasores do elemento indutivo e do capacitivo estão, respectivamente,
adiantado e atrasado, como característico para esses elementos. O fasor do
componente resistivo, por outro lado, está em fase com a corrente, uma vez que o
dispositivo puramente resistivo não apresenta reatâncias que possam provocar
defasamento nas ondas que o percorrem.

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Além disso, o fasor de corrente é adiantado em relação à tensão da fonte,
evidenciando o caráter capacitivo do sistema. Não obstante, também é digna de
nota a magnitude da tensão sobre o capacitor, sendo esta superior à da fonte; algo
possível em sistemas CA.

Figura 4 – Diagrama fasorial. Nota-se, em vermelho, o fasor da corrente. Os fasores Vs e Vc


tiveram seus tamanhos reduzidos de forma que os outros fasores ficassem visíveis.

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3.2 Análise de potência

Das curvas de tensão e corrente, extrai-se a forma de onda da potência


instantânea total do sistema, cujo gráfico é apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Forma de onda da potência instantânea. Nota-se das escalas positiva e negativa do
gráfico que o mesmo deve possuir um valor médio, uma vez que para o semiciclo positivo pode-
se assumir valores próximos a 250 VA, enquanto no semiciclo negativo, a menos de 200 VA.

O cálculo das potências ativas, reativas e aparentes foi realizado por meio de
dois métodos; um baseado nas equações 2 e 3, utilizando-se dos dados
apresentados na Tabela 2. O outro baseia-se nas equações 4 e 5. Os valores
calculados para ambos os casos estão formatados na Tabela 4.
P=S cos φ (2)
S=V RMS I RMS (3)
p positivo + pnegativo
P= (4)
2
p positivo −p negativo
S= (5)
2
Nos quais ppositivo e pnegativo representam os valores de pico da onda de
potência. O fp apresentado para o Método 2 foi determinado pelo quociente da
potência ativa pela aparente. A discrepância entre os resultados calculados para

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cada caso se devem em grande parte à ausência de um mecanismo preciso para
aquisição de valores a partir do gráfico gerado pelo software.
Como alternativa a este impasse, determinou-se a potência fornecida
somente aos elementos resistivos, a saber, R e R L, cujo valor é também apresentado
na Tabela 4. Como este se deu entre as duas potências ativas determinadas para
cada caso, tomar-se-á este resultado como a potência ativa para o sistema.

Tabela 4 – Potências e fatores de potência obtidos para os dois métodos.


Método 1
VRMS (V) IRMS (A) fp P (W) S (VA) Q (var)
220 0,867 0,2015 38,257 189,79 185,89
Método 2
VRMS (V) IRMS (A) fp P (W) S (VA) Q (var)
220 0,867 0,1941 36,29 186,91 183,35
Potência fornecida aos resistores ( P=(R+ R L )I 2RMS ): 37,2769 W

Uma última análise sobre a potência para o circuito é feita através da


comparação dos valores individuais de potência retirados de cada componente.
Seus valores estão apresentados na Tabela 5; empregou-se o Método 2 no cálculo
das variáveis, em virtude da simplicidade deste.
No que tange à potência reativa o que deve ser ressaltado em relação à
técnica é que esta provê apenas a magnitude da grandeza, sem considerar, porém,
o sinal desta, que é obtido através da análise da defasagem entre a tensão e
corrente totais. Assim, atribuiu-se o sinal negativo à Q devido ao caráter capacitivo
do circuito, conforme mencionado anteriormente. Não obstante, a potência ativa do
indutor foi considerada como não nula devido ao resistor R L que, conforme antes
mencionado, modela a resistência de enrolamento da bobina.

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Tabela 5 – Potências individuais dos elementos do circuito.
R L C
P (W) 36,129 0,0625 0
S (VA) 36,129 20,426 203,88
Q (VAR) 0 20,4259 -203,88
Total: P, S e Q 36,1915 186,9899 -183,454

A soma algébrica dos valores explicitados na tabela cima é compatível com os


resultados apresentados na Tabela 4, comprovando a conservação de potência no
circuito.
Da etapa de experimentação com o circuito real foram obtidos os dados
expressos na Tabela 6. Neste caso apenas as grandezas totais foram mensuradas,
em virtude das limitações de equipamento disponíveis no laboratório.

Tabela 6 – Resultados experimentais.


Vs (V) IRMS (A) P (W) S (VA) Q (var) fp
220 0,92 40 202,4 198,41 0,20
Desvio 0,00% 6,00% 7,00% 6,23% 6,31% 0,00%
(%):

A potência aparente foi calculada através do produto das leituras do voltímetro


e do amperímetro, o fator de potência calculado pela razão entre P e S, enquanto
que a potência reativa foi calculada por meio do triângulo de potência, apresentada
apenas em módulo.
Os desvios foram quantificados em comparação aos resultados da Tabela 4;
considerou-se 0% de desvio para o fp pelo fato deste valor diferir do simulado
apenas na terceira casa decimal.
Os resultados obtidos para a fase experimental desviaram pouco do valor
simulado, mantendo-se, porém, numa faixa de erro compatível com a precisão dos
dispositivos de leitura. Ressalta-se que certos valores não foram considerados na
simulação, como a impedância dos cabos bem como a resistência real e
enrolamento das bobinas, de modo que tais desvios certamente foram refletidos nos
resultados obtidos.

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3.3 Análise do fator de potência

Conforme definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)


através do documento Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional (PRODIST), verifica-se a correção do fator de potência quando
este se encontra fora da faixa de valores entre a unidade e 0,92, tanto no caso
indutivo quanto no capacitivo.
Desta forma constata-se a necessidade da correção do fator de potência para
o sistema enfocado neste trabalho, fazendo-se o uso de um indutor adicionado em
paralelo ao circuito de fp adiantado original. Para tal, dimensiona-se a indutância de
acordo com a Equação 6.

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V rms
L= (6)
ω P (tgθ 1−tgθ 2)

Cujo valor, para os parâmetros do circuito em questão, é de 691,6383 mH.


Deve-se salientar que o valor acima calculado não corresponde, necessariamente,
ao de um valor comercial de indutância; para tal, deve-se majorar ou minorar o valor
conforme a conveniência e as condições de disponibilidade de material, assim como
a associação de quantos dispositivos forem necessários para a obtenção deste
valor.
Como demonstração dos efeitos da correção do fator de potência, são
mostrados na Figura 6 e na Tabela 7, respectivamente, a forma de onda da tensão e
da corrente após a inserção do indutor, bem como seus valores.

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Figura 6 – Formas de onda da tensão e da corrente após a correção do fator de potência. Nota-
se como o defasamento é consideravelmente inferior ao do caso original.

Tabela 7 – Tensão e corrente eficazes após a correção do fator de potência.


VS (V) IRMS (A)
220 0,16

Numa inspeção da Figura 6, observa-se que a defasagem entre as duas


ondas diminuiu sensivelmente em relação àquela original, assim como o valor eficaz
da corrente que flui pelo circuito; sendo isso devido a uma mudança na impedância
total, de sorte que a carga vista pela fonte seja essencialmente resistiva.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise de um circuito por meio de simulações computacionais permite


grande economia de tempo no estudo do comportamento das grandezas do sistema
durante as várias fases de seu funcionamento, de sorte que é possível antever
eventuais falhas, transitórios, dentre outros. Para tal, o software ATPDraw se mostra
uma solução ágil, com a vantagem de ser gratuita e leve.
A acurácia desta abordagem foi comprovada através dos resultados obtidos
na etapa experimental, de sorte que as medições realizadas foram bastante
compatíveis com a simulação, todavia devendo-se ressaltar que nem todos os
parâmetros do circuito real foram incluídos na simulação, como a impedância das
linhas, refletindo-se nas discrepâncias observadas.
Não obstante, a análise computacional permitiu grande flexibilidade no estudo
da potência do sistema, através da qual pode-se, por exemplo, apresentar uma
correção para o fator de potência e os efeitos que tal correção teriam nas grandezas
do circuito. Desta forma, percebe-se a relevância da simulação no estudo de
sistemas elétricos.

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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Nota Técnica n°


0083/2012-SRD/ANEEL. Acesso em 21/06/2017, disponível em
<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2012/065/documento/nota_t
ecnica_0083_daniel_dir.pdf>

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Procedimentos de


Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST: Módulo 8,
Qualidade de Energia Elétrica. Acesso em 21/06/2017, disponível em
<http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/modulo8_revisao_1_retificacao_1.pdf>

ALEXANDER, Charles K. SADIKU, Matthew N. O. Fundamentos de Circuitos


Elétricos. 5Ed, AMGH Editora LTDA. Porto Alegre: 2013.

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