Você está na página 1de 4
0 ESTUDO DB UM CASO: 0 TIMIDO DOUTOR FORNECIA UM BELO ROSTO” Brian Lee distinguia-se como um cirurgito pléstico de princi cregoria iy seus doents apregoavama sua competéncis co seu talento, quando feiam con- fidéncias privadas acerca do segredo da sua aparéncia: anthoradacoszenta rigs mas fncimos.Iradiando uns modos sétos, porém améveis,oeaibaitio de 42 atios tinka um oxgulho silencioso nos seus esforgos de embelezamento - pr * Virios noms foram aleredos de modo preserva o anoniiato, (MANUAL DA FRAUDS WA EMPRESA palmente operagdes 20 naciz,liftings do rosto, abdominoplastias e aumentos do peito. Tee exereia numa grande clinica pertencente a médicos com vétias especia- lidedes, dispostas em vérias instalagdes espalhadas nua subiirbio em desenvol- vimento no Southwest. Como seu produtor de topo, Lee factutaya mais de wm milhao de délares por ano ¢ recebia 300 2 800 mil délares anualmente, entre remuneragoes e béquis, Mas, durante um perfodo de quatro anos, Lee também manteve o seti pt6prio fornesimento secreto de receitas ni registadas— possi- velmente céntenas de milhares de délates, Assim que a desonestidade de Lee se toznou conhecida, o conselho.de administragio da clinica (constituldo por médicos accionistas, seus colegas) pediu uma contabilidade exacta, Agindo em nome da clinica, «sua importante sociedlade de advogados contratou Doug Leclaire para realizar uma investigagao rivada,Leclaire € um investigador certificado de fraudes, com sede na Empresa em Flower Mound, no Texas, e que, nese ano, jf tivera uma boa colaboracio com os advogados, num caso nfo relacionado com este. £08 médicos desejavam uma pessoa independente para averiguar e docu mentat'qiianto dinheiro faltava», xecordou Leclaise. “Também desejavam saber até que ponto chegiva esta vigarice, Pelo que eu pude determinat, mais ninguém estava enyolvido». A sccrevitia ea enfermeira de Lee sabiam que este realizava as operegdes, mas ignoravam que o médico retinha pagamentos dos doentes da cli- nica, Leclaire admirou-se com a simplicidade da fiaude, Afrmon que os ganhos mal adquiridos de Lee eram obtidos faciimente, devido & natureza disereta do seu negécio. : Leclaire comecou por se familiatizar com as politicas da clinica e do gabi- rete (63 médicos geriam os scus gabinctes como unidades auténomas), Durante ‘uma consulta gritis e confidencial, Lee exaininava o paciente e expunha varies ‘opgées, 0s resultados previstos ¢ os seus honordrids totais. O médico, ou a sua secretivie, debatia em seguida as condigdes de pegamento, Segundo Leclair, «se 0 doente planeasse fazer um pedido de sejgiro, pata intervengoes obertas pelo mesmo ~tais como cinurgia econstrutiva nfourgente, numa vitima de acidente rodovidtio cujo natiz tivesse ficado esmagado contra o péra-brisas — tinha de pagar.o prego dedutivel antecipadamentes. Bm caso de puts cirusgia estética, como ums liposuegdo, que nao € coberta pelo seguro, os oentes tinham de pagar o montante total em disheio ou cheque antes da inter- vengao. A semelhanga de muitos cirurgides plisticos, Lee nao aceitava cartes de crédito, presumivelmente, para sc precaver, conta retaliagées,econémicas por «semorso do comprador», O pagamento tinico inclufa, também, todas as visitas pés-operatérias. Assim que o doente decidia ser operado, Lee, ow a sua secretétia, marcava outra reunigo ow analisava.o diftio de opevagdes de Lee, a fimdemarcar uma data hora convenientes, Lee realizava as cirucgias na clinica ou nium hospital fiiado. Em teoria, um doente dava entrada na recepedo para uma intervengio cirirgica SONEGAGAO. inaveada ¢ pagava a scexctitia, que, imediatamente, anexava 0 pagamento, jun- tamente com um recibo, to devido formulério de intervengéo e registava a tran- sa0ga0 numa base ditia. A secretétia mantinha todos 08 pagamentos, recibos ¢ fornulgrios numa pequena caixa fechada 2 cadeado, como uma salvaguarda temporsria, _ANo final do dia, o médico, « sua enfermeira ou a recepeionista submetia toda‘a papelade.e os pegamentos - que facilmente totalizavam dezenas de milha- res de délares ~ a0 eaixa da clinica, do outro lado da entrada», explicou Leclaire: ‘Se jé era tarde, o médico, por vezes, fechava a caixa na gaveta da sua secretétia au€ zo dia seguinte», No caso das intervengoes tealizadas num hospital filiado, © doente pagava adiantadamente e a clinica esperava que alguém do escritério do médico'submetesse a papclada toda ao caixa principal, permitindo & clinica declarar a sua parte. . ‘Mas até os melhores planos falham ao serem postos om execugao, obser you Leclaite, O,caso que finalmente desmascarou o cirurgio pléstico foi o de Rita Mae Givens, umadocate de rinoplastia, As salas da clinica estavam dispostas de modo a que, quando os doentes safam do elevadox, podiam virar 3 diteita e ‘entrar na recepsio principal da clinica ou virar 4 esquerda, percorrer 0 vestibulo € entrar na recepeio do gabinete de Lee. Saindo do clevador no quinto andar, Givens seguiu, pata a esquerda, como Lee lhe indicara previamente. Givens obteve acesso através da porca do gubinete privado de Lee, evitando a secretiia ¢ xecepcionista da clinica, a diseita, a0 fundo do vesefbulo, Tal como planeado, 0 pessoal da clinica; em suspeitas algumas, nfo chegou.a saber que Lee marcara a consulta com Givéris, nem que ele realizera uma cirurgia para corrigir oscu septa desviado e diminuir o nariz. Givens pagara 20 médico com um cheque. Durante o seu restabelecimento, Givens analisou a sua apélice de seguro, que declaraya que a rinoplastia podia ser coberta sob certas circunstincias, ou, pelo menos, podia contar para ¢ deducdo anual. Bla decidiu fazer um pedido a seguro. Mas Givens apercebeu-se de que néo tinha'recebido a factura, que inecessitava para anekar' ao impresso de pedido para a seguradora, Assim, fez uma chamada nao planeada para clinica, para pedir uma cépia da factura, 0 que desencadeou uma série de reacgdes espontaneas. O caixa da clinica de Lee localizou a fichs da doente, mas esta ndo,mostrava encargos pela intervengio reilizada. O'que o caixé achou bastante estranho: Givens assegurou ao caixa que a intervengéo fora realizada e que ela pagara pela cirurgia com um cheque em seu nome. Q caiza verificou junto do gestor da clinica o xegisto correspondente 20 Pagamento de Givens. Como ¢ evidente, 0 gestor de consultas no conseguiu encontrar 0 registo ¢ pediu 0 auxilio do administrador da elinica para o encon- tear, Sabendo que os médicos, por vezes, se esqueciam de regulatizar imediata- mente as contas de intervengbes realizadas noutras inscalagGes, o administrador dda clinica sugeriu que procurassem indicagoes, de acotdo com e data e hora for- necidas por Givens, no diftio de cirusgias do médico, Bntretanto, o gestor peditt 0 ” MANUAL. DA FRAUDE NA EMPRESA 4 doente uma éépiado seu chedjue descontedo, que, mais tarde, descobriram ter ido endossado e depositado na conta bancétia pessoal do médica. © administrador da clinica confirmou que Lee realizara a operagio, mas indo chegara@ apresentar’ pagameitto so caixe principal: Quando confrontado, 2p médico admitin 6 seu delito, O administrador alertou 6 consellio de admi nistracdo, que, depos, contratou Leclaire para investigar.O detective privado cntroristou Lee por diversas vezes, a0 longo da ipvestigagio, Leclaire desereveu Tee como muito apologético e prestével na anilise:dos seus delizos, O médico, caplicou 0 proprio, s6 zoubava'os pagamentos de doentes de carga elective, de modo a nfo alertar quaisquer seguradoras que pudessem pedir documenta: {0 adicional clita. Pr vezes, Lee serva-se de pagamentos na cai fechala Se gua secretéria, antes de a entregar 20 caira principal. Por vezes, foubava wm pagameato directameate de um doente, com uma marcagéo subteprica, Prefe- cee iuhelro, mas era frequente aceitar cheques pagivels ao «Dr. Lee», O médico etinha frequentemente cheques na gaveta da suasecretéla, durante umas sem nas, antes de os descontar ou depositar na sua conta bancéria pessoal:Lee, decls- you ele a Leclaice, simplesmente destrufa os recibos que deviam acompanhat os pagamentos. Porém, devido a um sentido de dever profissional, Lee mantinhe {sorupulosamiente todos os registos clinicos dos doentes. ‘Uma vez que o autor dos furtos cooperos totalmente, Leclaice chemow so seu caso adivertido c fécil». O médico mantinha registos minuciosos de todos os caus actos, fossem estes legitimos ou nto: Com o auailio de Lee, Leclaire com parou a agenda pessoal pormenorizada do médico com os rgistos da clinica Fapidamente, identificou os pagamentos em falta, © médico até forneces os seus eactos de conta, de modo a que Leclaire pudesse comparar os depésitos com Osaque. Lee também mostrou a sua carrera de teuls para Leclare por de paree uaisquer dividas sobre receitas adicionais nao registades, 3G imédico nao tencou esconder nada», declarou Leclatre, que jf realiza investigagdes criminais hi 20 anos. «Pude documentar tudo». Bm todes as atias convéreas como miédico, «tudo oque clenos disse foi bastante aberto ehonesto». “Apbs passer tanto tempo conr’o médico, Leclairefinalmente colocou & Lee 4 questéo que intriguva toda a gente: Porqué? Ganincia, respondew ele: Com todo o seu dinheiro, ainda descjava mais: Determinado, como o seu pai € 0 seu jimio, que também sio bem sucedides, Lee pouco tempo tinha pata aprecis ddesportos e entretenimentos. A riqueza era 2 obsessio da familia e @ obtengt0 dla superioridade um jogo de famfis,«Tornou-se uma verdadeira competigiom, Geclecou Leclaite, «Quem conseguia acumular mais? Quem possufa o melhor automével?» ‘Para vencer 0 jogo, Lee recorreu ao furto qiialificado, que acarretava um ‘enorme risco de punigdo se fosse detectado, «Quase senti pena do médico, Um tipo naquela posicio podia ter perdido tudo», declarou Leclaire, ‘Ap6s semanas de trebalho, a sociedade de advogados ¢ o seu investigudor privado apresentacani as suas descobertas 2 conselho de administragao ¢, camo

Você também pode gostar