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ECC 1008 – ESTRUTURAS DE CONCRETO

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA
(Aulas 9-12)

Prof. Gerson Moacyr Sisniegas Alva


Algumas perguntas para reflexão...

É possível obter esforços (dimensionamento) sem conhecer


as dimensões das seções dos elementos estruturais?

Ações verticais (peso próprio): ?????


Resolução da estrutura hiperestática (pórtico): ?????

Softwares de cálculo estrutural conseguem definir sozinhos


as dimensões das seções dos elementos estruturais?
Permitem mais testes, mas requerem do usuário dados das seções

É necessário escolher as dimensões preliminares (pré-dimensionamento)


Não existem normas e sim recomendações práticas (experiência)
PRÉ-DIMENSIONAMENTO – Recomendações Práticas
Viga
Lajes Maciças
Espessura (h): Lx

Ly

Viga

Viga
Lx (Planta)
h≅
Laje

40 Viga

Lx = menor vão da laje h


(Corte)

Observação: Respeitar valores mínimos da NBR 6118 para lajes maciças (item 13.2.4.1)
• 7 cm para lajes de cobertura que não estejam em balanço;
• 8 cm para lajes de piso ou lajes de cobertura em balanço;
• 10 cm para lajes em balanço;
• 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total inferior ou igual a 30kN;
• 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30kN;
• 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.
Lajes Nervuradas

Altura total (h): L


h≅
30

Lajes Treliçadas
Altura total (h):

L
h≅
25
Vigas
Altura da seção (h):

L L
h≅ à L = Vão do trecho da viga analisado
12 10
No caso de vigas contínuas:

Viga h

L1 L2

Pilar Pilar Pilar

Para vãos “comparáveis”:


2 L1 3 L L L1 + L 2
≤ ≤ h≅ m a m Lm =
3 L2 2 10 12 2
A altura máxima da seção da viga em edifícios está condicionada ao pé-direito

Viga bw

PD Para vão em torno de 6,0m e pé-direito


de 2,80m (edifícios usuais)...
parede em alvenaria:
pode conter janelas e
portas

Largura da seção (bw: nervura):


Em geral, definida pelo projeto arquitetônico e pelos materiais e técnicas
utilizados pela construtora (espessura alvenaria; blocos, tijolos)
Larguras mínimas segundo a NBR 6118 (item 13.2.2):

12cm para vigas


15cm para vigas-parede

Entretanto, deve-se respeitar: Øt Øt


c c
Cobrimento mínimo (c) ah Ø ah
Espaçamento mínimo entre barras (ah)

bw
Ex: Algumas contas de situações corriqueiras...
c = 3,0cm
φt = 5,0mm de diâmetro Avaliar a mínima largura requerida
3φ12,5mm
ah = 2,5cm
Pilares
Dimensão mínima (item 13.2.3 da NBR 6118):
• 19cm
• até 14cm ⇒ majoração por γn
γ n = 1,95 − 0,05.b
b = menor dimensão em cm

Observações: Dimensões maiores que as mínimas podem ser requeridas


Facilidade de execução:
Concretagem, colocação de armaduras, interseções viga-pilar

Área mínima da seção bruta = 360cm2 (item 13.2.3 da NBR 6118)

Menor dimensão Muitas vezes decidida em função da arquitetura


Maior dimensão Em função das cargas verticais (estimadas)
(Processo das áreas de influência)
Processo das áreas de influência
• Processo geométrico para estimar as cargas verticais (força normal) nos pilares
• A cada pilar está associada uma área de influência (Ai)

“Quinhão de carga”

Definição das áreas de influência


Ai:

Traçar mediatrizes dos


segmentos que unem os pilares

• É necessário conhecer (ter idéia) da carga vertical por unidade de área


Carga vertical em edifícios usuais

(g + q) ≅ 12kN / m2 (por pavimento)

Valor orientativo (“termômetro”)


Força normal (estimada) no pilar

Nk = (g + q) × A i × n
n = número de pavimentos acima da seção analisada

Pré-dimensionamento da seção do pilar


*
Flexão composta NSd ,MSdx ,MSdy Compressão centrada NSd
(situação real) (situação equivalente)

γ = 1,8 para pilares internos


N *
= γ × Nk
Sd
γ = 2,2 para pilares de extremidades
γ = 2,5 para pilares de canto
Ac = área da seção bruta de concreto
As = área total de armadura na seção
As
ρ= (Taxa de armadura)
Ac

Na compressão centrada Domínio 5 (Reta b) ε cc = ε s = 0,002


(concretos até C50)
*
NSd = (0,85 .fcd .A c ) + A s .σ s0.002 σ s0.002 = Tensão no aço para a
deformação 0,002

Observação: Para aço CA-50 σ s0.002 = 21000 × 0,002 = 42kN / cm2

Sabendo que A s = ρ.A c


fck
*
fcd =
NSd 1,4
Ac =
0,85 .fcd + ρ.σ s0.002 ρ = adotar (sugestão : 0,015 a 0,02)
Observações sobre o pré-dimensionamento

1) Pode-se dizer que um bom pré-dimensionamento é o que resulta em


dimensões de seções e em taxas de armaduras finais (após
dimensionamento) próximas às adotadas inicialmente no pré-
dimensionamento.

2) Durabilidade e classe de resistência do concreto

Espessura das lajes


Condicionado à durabilidade
Largura das vigas (cobrimentos mínimos)

Área dos pilares Condicionado ao fck especificado


(conhecer CAA para especificar pelo menos o mínimo)

A qualidade de uma estrutura também está associada à sua durabilidade


Requisitos gerais de qualidade das estruturas de concreto

(Item 5 da NBR 6118)

Requisitos de qualidade da estrutura:

⇒ Possuir capacidade resistente (E.L.U.)


⇒ Bom desempenho em serviço (E.L.S.)
⇒ Durabilidade

Qualidade Qualidade Qualidade na operação


no projeto na execução e manutenção

= QUALIDADE DA
ESTRUTURA
Requisitos de qualidade do PROJETO ESTRUTURAL:
⇒ Qualidade da solução adotada
• Atendimento dos requisitos impostos pela arquitetura
• Compatibilização com demais projetos (hidráulico, elétrico, etc.)
• Segurança, Economia, Durabilidade, Sustentabilidade
• Requisitos funcionais (função e bom desempenho em serviço)
⇒ Atendimento às normas técnicas
NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas
Exemplos: NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto
NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações
NBR 15575: Norma de desempenho para edificações
⇒ Documentação da solução adotada
Desenhos: Bom detalhamento
Auxilia execução e construtor
Especificações (no próprio desenho inclusive)
Revisões no projeto
Memória de cálculo Consulta para eventuais reformas ou reparos
Sinistros na construção (danos e prejuízos em obras)
DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

Afetada significativamente pela AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE


⇒ Ações físicas (Ex: variações de temperatura; ação da água)
⇒ Ações químicas (Ex: águas ácidas, sulfatos, cloretos, CO2 )
Classificação da agressividade ambiental

MACROCLIMA MICROCLIMA
(Rural, urbano, marinho) (interno, externo, seco e úmido)

Grau de agressividade

Agressividade Fraca Moderada Forte Muito Forte


Classe I II III IV
(Vide tabela 6.1 da NBR 6118)
Tabela 6.1 (NBR 6118) – Classes de agressividade ambiental
Agressividade (CAA) define:
⇒ Classe de resistência mínima do concreto
⇒ Relação água/cimento máxima
⇒ Cobrimento mínimo
Tabela 7.1 (NBR 6118) – Correspondência entre CAA e qualidade do
concreto
Tabela 7.2 (NBR 6118) – Correspondência entre CAA e cobrimento nominal para
∆c=10mm
ESPECIFICAÇÃO DO CONCRETO

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Condicionantes:
• Classe de agressividade ambiental (Durabilidade)
• Altura do edifício e tipo do elemento estrutural

Definição do fck em pilares:

Maiores nas seções mais solicitadas (fundações) e nas seções das garagens
Pode-se diminuir fck nos andares mais elevados
(Prática eficiente em edifícios altos)

Definição do fck em vigas e lajes:


Em geral: fck vigas / lajes ≤ fck pilares
Maiores benefícios no ELU: Força cortante e Torção
Maiores benefícios no ELS: Deformabilidade
• Velocidade da construção / escoramento da estrutura

Retirada do escoramento Transferência das cargas p/ elemento estrutural


(Exemplos: Quadro)

MÓDULO DE ELASTICIDADE

Característica mecânica essencial (cálculo de esforços e deslocamentos)


Varia com a idade (aumento mais lento que fc)

Projetista deve especificar Ec aos 28 dias e outras idades importantes


(ex: data de desforma)

Na falta de resultados experimentais, para concretos até 50 MPa:

E ci = α E .5600 . fck (fck em MPa)

αE = depende do agregado graúdo (0,7 à 1,2) Item 8.2.8 da NBR 6118

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