Você está na página 1de 7

1 – Cinto de segurança

Certa vez, um de nossos sócios passeava com seu Maverick quando foi
parado por um Agente Municipal, sob alegação que não utilizava o cinto de
segurança. Nosso amigo mostrou que o cinto (abdominal) estava escondido
por baixo da camisa, mas o Agente insistiu que aquele modelo não era
regulamentado, devendo ser de “três pontos”. Mas o que diz o CTB?
“Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor e
passageiros em todas as vias do território nacional, salvo em situações
regulamentadas pelo CONTRAN.”
Podemos observar que o Artigo 65 do CTB não regulamenta o
equipamento, apenas cita sua obrigatoriedade em todos os veículos, fazendo
ressalva nas situações regulamentadas pelo CONTRAN (Conselho Nacional de
Trânsito). Então, vamos à Resolução 48/1998, que trata o assunto:
“Art. 1° - Os cintos de segurança afixados nos veículos deverão observar os
requisitos mínimos estabelecidos no Anexo único desta Resolução.”
O item 3 (Requisitos) do Anexo, diz:
“3.1 - Da instalação nos assentos voltados para frente.
3.1.1 - Automóveis e mistos deles derivados:
3.1.1.1 - Nos assentos dianteiros próximos às portas, o tipo
três pontos, com retrator. Os veículos produzidos a partir de 1º de janeiro de
1999 deverão ser dotados nos assentos dianteiros próximos às portas, de
cintos do tipo três pontos graduável, com retrator.”
Este item deixa clara a obrigatoriedade do cinto de três pontos com
retrator nos bancos dianteiros, somente para veículos posteriores a 1998. Mas
como o Agente só falou sobre o “cinto de três pontos” (não disse nada sobre o
retrator), vamos continuar a leitura...
“(...)
3.1.5 - Nos veículos fabricados a partir de 1º de janeiro de 1984
até 16 de setembro de 1985, é admitida a instalação de cintos do tipo três
pontos sem retrator.
3.1.6 - Para os veículos nacionais ou importados anteriores aos
ano/modelo de 1984, fabricados até 31 de dezembro de 1983, serão admitidos
os cintos de segurança, cujos modelos estejam de acordo com as normas
anteriores em vigor.”
Agora sim. O item 3.1.6 do Anexo deixa bem claro que, para veículos
fabricados até 1983, valem os cintos de segurança que obedeciam as normas
anteriores. Portanto, se o seu antigo já vinha com o cinto de segurança
abdominal de fábrica, é bem provável que ele atendia a norma vigente na
época. Sendo assim, o mesmo cinto vale pra circular hoje em dia!
O Código Brasileiro de Trânsito e a Resolução 48/1998 você
encontra no site do DENATRAN:
http://www.denatran.gov.br/ctb.htm
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao048_98.doc

2 – Retrovisor do lado direito

Alguns antigomobilistas instalam por estética, outros por segurança e


outros simplesmente não instalam para não tirar a originalidade do veículo.
Mas o que diz a lei sobre isso? Você pode ser multado por não dispor de
retrovisor do lado direito? A Resolução 14/1998 do CONTRAN, que
regulamenta o uso de diversos acessórios obrigatórios do veículo, também
trata sobre esse assunto:
“Art. 1º - Para circular em vias públicas, os veículos deverão estar
dotados dos equipamentos obrigatórios relacionados abaixo, a serem
constatados pela fiscalização e em condições de funcionamento:
I - nos veículos automotores e ônibus elétricos:
(...)
3) Espelhos retrovisores, interno e externo
(...)
Parágrafo único: Quando a visibilidade interna não permitir, utilizar-se-ão
os espelhos retrovisores laterais.”
Aqui não é detalhado sobre a posição desses retrovisores. Sendo assim,
apenas o retrovisor no lado esquerdo já seria considerado suficiente como
“retrovisor externo”. Inclusive, alínea do artigo também abre margem para
dupla interpretação, afinal de contas, um retrovisor no lado direito também não
poderia ser considerado externo o suficiente para atender o artigo? E um
retrovisor colado no meio do capô?
Deixando as bizarrices de lado, vamos continuar com mais um artigo
importante desta Resolução:
Art. 6º. Os veículos automotores produzidos a partir de 1º de janeiro de
1999, deverão ser dotados dos seguintes equipamentos obrigatórios:
I - espelhos retrovisores externos, em ambos os lados;
O Artigo 6º não deixa sombra de dúvida. A obrigatoriedade de espelhos
retrovisores nos dois lados do veículo só se dá para os modelos posteriores a
1998, o que isenta os veículos antigos.
O download da Resolução 14/1998 completa você encontra no site
do DENATRAN:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao014_98.doc

3 – Luz de ré / Lavador de pára-brisas

Estes são acessórios que dificilmente alguém dá atenção. E se tratando


de veículo antigo, é raríssimo alguém mantê-los em ordem. Mais uma vez,
a Resolução 14/1998 trata o assunto:
Art. 2º. Dos equipamentos relacionados no artigo anterior, não se
exigirá:
I) lavador de pára-brisa:
a) em automóveis e camionetas derivadas de veículos
produzidos antes de 1º de janeiro de 1974;
(...)
II) lanterna de marcha à ré e retrorefletores, nos veículos fabricados
antes de 1º de janeiro de 1990;
Portanto, se você estiver dirigindo um Dodge Magnum e alguma
autoridade lhe cobrar o funcionamento dos “esguichos” do parabrisas, fique
esperto. Mas se estiver em um Plymouth Superbird , fique tranqüilo. Já luz de
ré e olho-de-gato não são obrigatórios para nenhum veículo antigo.
O download da Resolução 14/1998 completa você encontra no site
do DENATRAN:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao014_98.doc

4 - Encosto de cabeça

Apesar de ser um item de extrema importância aos ocupantes, caso o


veículo receba uma colisão traseira, a Resolução 14/1998 trata apenas da
obrigatoriedade dos encostos de cabeça em todos os assentos (exceto os
centrais) somente para veículos posteriores a 1998:
Art. 6º - Os veículos automotores produzidos a partir de 1º de janeiro
de 1999, deverão ser dotados dos seguintes equipamentos obrigatórios:
(...)
III - encosto de cabeça, em todos os assentos dos automóveis,
exceto nos assentos centrais;
Entretanto, a Resolução 44/1998 acresce ao assunto:
Art. 1º - Os automóveis nacionais ou importados, deverão ser dotados,
obrigatoriamente, de encosto de cabeça nos assentos dianteiros próximos às
portas e nos traseiros laterais, quando voltados para frente do veículo.
§ 1º - A aplicação do encosto de cabeça nos assentos centrais é
facultativa.
§ 2º - Nos automóveis esportivos do tipo dois mais dois ou nos modelos
conversíveis é facultado o uso do encosto de cabeça nos bancos traseiros.
A princípio, o Artigo 1º não isenta nenhum automóvel da obrigatoriedade
de possuir ao menos o encosto de cabeça nos bancos dianteiros. O Artigo 2º
também cita que os veículos homologados até 1998, ainda que fabricados após
1999, não precisarão de encosto de cabeça em todos os bancos, conforme
obrigava a Resolução 14/1998:
Art. 2º - Os automóveis, nacionais ou importados, produzidos a partir
de 1º de janeiro de 1999, com código marca/modelo deferido pelo órgão
máximo executivo de trânsito da União até 31 de dezembro de 1998, deverão
ser dotados, obrigatoriamente, de encosto de cabeça nos assentos
dianteiros próximos às portas, sendo facultada sua instalação nos demais
assentos.
Sendo assim, tecnicamente todos os automóveis em circulação
necessitam obrigatoriamente de, no mínimo, encosto de cabeça para os
bancos dianteiros (motorista e passageiro). E isso inclui os antigos!
O download completo das Resoluções 14/1998 e 44/1998 você
encontra no site do DENATRAN:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao014_98.doc
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao044_98.doc

5 - Faróis amarelos / Setas traseiras vermelhas / Luz de placa / Pára-sol

Novamente a Resolução 14/1998 aborda o assunto em seu Artigo 1º:


Art. 1º Para circular em vias públicas, os veículos deverão estar dotados
dos equipamentos obrigatórios relacionados abaixo, a serem constatados pela
fiscalização e em condições de funcionamento:
I) nos veículos automotores e ônibus elétricos:
(...)
6) pala interna de proteção contra o sol (pára-sol) para o condutor;
7) faróis principais dianteiros de cor branca ou amarela;
(...)
11) lanternas indicadoras de direção: dianteiras de cor
âmbar e traseiras de cor âmbar ou vermelha;
(...)
14) lanterna de iluminação da placa traseira, de cor branca;
(...)
Ou seja, não existe isenção da obrigatoriedade desses acessórios para
nenhum veículo, incluindo os antigos. Entretanto, é comum depararmos com
antigomobilitas em dúvida sobre a questão dos piscas traseiros, que nem
sempre são da cor âmbar (adotada no Brasil em meados dos anos 80) ou
faróis amarelos (vulgo “faróis pamonha”, acessório muito comum nos anos 70).
Mas de fato, segundo as alíneas 7 e 11 do Parágrafo 1, Artigo 1º desta
resolução, tanto os piscas traseiros vermelhos quanto os faróis amarelos são
liberados até hoje! A exemplo dos piscas, temos o Ford Fusion que usa
sistema semelhante aos veículos da década de 70: uma única lanterna fazendo
tripla função (lanternas / luz de seta / luz de freio).
O download da Resolução 14/1998 completa você encontra no site
do DENATRAN:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao014_98.doc
6 – Pneus largos e Rodas grandes

Paixão de vários amantes de Muscles (principalmente Maverickeiros de


plantão), os pneuszões largos na traseira são um sonho de consumo. Já as
rodas de aro grande (de 17” até vinte e tantas polegadas) são um objetivo de
quem pretende deixar seu veículo antigo com uma cara mais moderna, estilo
street. Para ambos os casos, o Artigo 8º da Resolução 292/2007 regulamenta
a aplicação:
Art. 8º Ficam proibidas:
I - A utilização de rodas/pneus que ultrapassem os limites externos dos
pára-lamas do veículo;
II - O aumento ou diminuição do diâmetro externo do conjunto pneu/roda;
Segundo esse artigo, nenhum veículo pode ser apreendido pelo simples
fato de utilizar rodas aro 17” caso o aumento do diâmetro da roda seja
compensado pela diminuição da altura dos pneus (o que normalmente ocorre).
Em outras palavras, se você comparar o conjunto roda/pneu de aro grande
com o conjunto roda/pneu originais do veículo, e ambos forem do mesmo
tamanho, não há irregularidade.
E para aqueles que desejem uns pneuzões mais largos, seu uso é
liberado desde que eles caibam na medida dos paralamas. Só lembro aos
colegas que já estão pensando em alargá-los: o Artigo 1º da Resolução
533/1978 (por incrível que pareça, ainda em vigor) proíbe isso, exceto para
veículos de competição:
"Art. 1º (...)
Parágrafo único. É vedada a ampliação da largura original do pára-lama
do veículo.
(...)
Art. 4º Excetuam-se da proibição objeto desta Resolução os automóveis
especialmente preparados para competições, devendo o condutor portar
autorização da autoridade de trânsito para a prova esportiva correspondente.”
O download completo das Resoluções 292/2007 e 533/1978 você
encontra no site do DENATRAN:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRA
N_292.pdf
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/res_ant_1998.zip

7 – Alterações de cor

É muito comum o antigomobilista alterar a cor predominante de seu


veículo. O Artigo 14 da Resolução 292/2007 regulamenta o assunto:
Art. 14 Serão consideradas alterações de cor aquelas realizadas através
de pintura ou adesivamento em área superior a 50% do veículo, excluídas as
áreas envidraçadas.
Parágrafo único: será atribuída a cor fantasia quando for impossível
distinguir uma cor predominante no veículo.
Portanto, a alteração é permitida, mas o procedimento pode variar entre
os DETRANS de cada Estado. No caso de Goiás, o proprietário deve
primeiramente solicitar a alteração de cor do veículo junto ao órgão e, após a
expedição da autorização, procurar uma oficina credenciada e regularizada
para realização do serviço. Depois do carro finalizado, procurar novamente o
DETRAN solicitando então o processo para mudança da cor nos documentos.
Não esqueça que serão solicitadas as notas fiscais do serviço e do material
utilizado, valendo lembrar também que o veículo será revistoriado e serão
cobradas algumas taxas (é recomendável procurar um bom despachante pra
isso).
O download completo da Resolução 292/2007 você encontra no
próprio site do DENATRAN:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRA
N_292.pdf

8 – Pisca-alertas (luzes de emergência)

O internauta Sérgio Luiz mandou a seguinte pergunta: "Gostaria de


saber sobre o pisca alerta de automóveis que não tenham o acessório e, se
nesse caso, é obrigatório instalar o mesmo?"Tecnicamente, não. O item 19 da
alínea I, artigo 1º da Resolução 14/98 (que trata da obrigatoriedade de
acessórios do veículo), diz:
"Art. 1º Para circular em vias públicas, os veículos deverão estar
dotados dos equipamentos obrigatórios relacionados abaixo, a serem
constatados pela fiscalização e em condições de funcionamento:
I) nos veículos automotores e ônibus elétricos:
(...)
19) dispositivo de sinalização luminosa ou refletora de
emergência, independente do sistema de iluminação do veículo;"
Teoricamente, esse "OU" deixaria claro que seu carro não é obrigado
ter o pisca-alerta, desde que esteja portando um triângulo de emergência
(sinalização refletora), por exemplo. Entretanto, a Resolução 36/1998 (que
trata da forma de sinalização em caso de emergência) diz em seu artigo 1º:
"Art.1º O condutor deverá acionar de imediato as luzes de advertência
(pisca-alerta) providenciando a colocação do triângulo de sinalização ou
equipamento similar à distância mínima de 30 metros da parte traseira do
veículo"
Ou seja, em uma situação de emergência, você obrigatoriamente
precisaria usar o pisca-alerta. Mas aí vem a pergunta: como exigir o uso de um
acessório que não é obrigatório?
Da forma que a lei foi escrita, seu carro jamais poderia ser reprovado em
uma vistoria pelo simples fato de não ter o pisca-alerta, mas entretanto, se
estiver com uma pane parado em uma rodovia, a autoridade poderia lhe aplicar
uma multa por não estar com o dispositivo funcionando!
Esse é somente mais um dos inúmeros caso de contradição que
encontramos no CTB. Com certeza, se um Agente de Trânsito resolvesse te
multar por qualquer uma das situações, caberia uma boa margem para
recurso!

Considerações finais

Bom, esperamos ter contribuído com um pouco mais de esclarecimento


sobre essas famigeradas questões, que vez ou outra atormentam a nossa já
"tão sofrida" vida de antigomobilista.
Fica aí o exemplo de nosso Sócio Natal Della, que anda sempre com o
Código Brasileiro de Trânsito dentro do porta-luvas de seu Charger R/T... E a
recomendação para tentarmos sempre conhecer um pouco mais sobre nossas
leis, não só as de trânsito, mas todas as outras (código civil, penal, consumidor,
etc.). Conhecer seus limites é garantir também os seus direitos!

Você também pode gostar