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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA
DO TRABALHO

USO DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DOS


AMBIENTES TÉRMICOS E LUMÍNICOS PARA FINS
DE APLICAÇÃO NA SEGURANÇA DO TRABALHO

TAÍSSA MODESTO AZEVEDO

ORIENTADORA: PROFa. Ms. LUCIANE CLEONICE DURANTE

Cuiabá, janeiro de 2010


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA
DO TRABALHO

USO DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DOS


AMBIENTES TÉRMICOS E LUMÍNICOS PARA FINS
DE APLICAÇÃO NA SEGURANÇA DO TRABALHO

TAÍSSA MODESTO AZEVEDO

Monografia Submetida à
Universidade Federal de Mato
Grosso para obtenção do grau de
Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho

ORIENTADORA: PROFa. Ms. LUCIANE CLEONICE DURANTE

Cuiabá, janeiro de 2010


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA
DO TRABALHO

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO:USO DE SIMULAÇÃO TÉRMICA E LUMÍNICA EM AMBIENTES


PARA FINS DE APLICAÇÃO NA SEGURANÇA DO TRABALHO

AUTORA: TAÍSSA MODESTO AZEVEDO

Dissertação defendida e aprovada em 16 de Janeiro de 2010, pela comissão


julgadora:

________________________
a
Orientadora: Prof . Ms. Luciane Cleonice Durante
Orientadora

__________________________
a
Examinador(a) Interno (a): Prof . Dra.Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira
UFMT

________________________
a
Examinador(a) Externo(a): Prof . Dra. Daniela Barros da Silva Freire Andrade
Instituição UFMT
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus


pais Nilson e Loacy, aos meus irmãos
Igor e Rodrigo (in memorian), ao
meu esposo Humberto e ao meu filho
Rodrigo pelo amor incondicional,
companheirismo e compreensão
dedicados, não poupando esforços na
minha formação pessoal e intelectual.
AGRADECIMENTOS

À Profa. Ms. Luciane Cleonice Durante pela orientação e principalmente pela


dedicação e apoio desprendidos na elaboração desta Monografia;

A Dra. Sandra Lima, Engenheira e acima de tudo amiga que agregou muitas
informações a este trabalho, pelo grande conhecimento que possui;

A Raquel Moussalen, pela orientação inicial na interpretação do programa


ECOTECT;

A todos os professores do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança


onde transmitiram seus conhecimentos;

Aos técnicos de apoio ao curso, Cesário e Lúcio, que sempre nos atenderam com
muita dedicação;

A todos os colegas de curso que durante esta jornada dividiram conhecimentos e


experiências comigo se tornando grandes amigos.
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS....................................................................... i
LISTA DE QUADROS..................................................................... ii
RESUMO........................................................................................... iii
ABSTRACT....................................................................................... iv
TERMINOLOGIA E DEFINIÇÕES.............................................. v
1.INTRODUÇÃO.................................................................... 1
1.1. PROBLEMÁTICA...................................................................... 1
1.2. JUSTIFICATIVA........................................................................ 3
1.3. OBJETIVOS................................................................................ 5
1.3.1. Objetivo Geral.......................................................................... 5
1.3.2. Objetivos específicos................................................................ 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................. 6
2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE AMBIENTES.............. 6
2.2. ANÁLISE DE CONFORTO LUMINOSO NO PROGRAMA
ECOTECT..........................................................................................
3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................. 12
3.1. MATERIAIS............................................................................... 15
3.2. MÉTODOS.................................................................................. 15
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS........... 15
4.1 MODELAGEM DA ÁREA DE ESTUDO.................................. 23
5. CONCLUSÃO.............................................................................. 23
38
6. BIBLIOGRAFIA.................................................................
40
i

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Planta com os pontos de aferição, luxímetro................................. 19


Figura 02 Planta Baixa da Creche Santa Inês................................................ 20
Figura 03 Foto interna do berçário com luz apagada, parede com janelas
para fora......................................................................................... 21
Figura 04 Foto interna do berçário com luz apagada, parede com
janelas para circulação interna da edificação................................ 21
Figura 05 Foto interna do berçário com luz apagada, parede com
Janelas para fora............................................................................ 22
Figura 06 Modelagem em 3D........................................................................ 23
Figura 07 Modelagem em 3D........................................................................ 24
Figura 08 Modelagem em 3D........................................................................ 24
Figura 09 Caminho solar do dia 17 dezembro de 2009................................. 25
Figura 10 Caminho solar com sombras, 2009................................................ 26
Figura 11 Temperatura X Horas, Zona 3....................................................... 27
Figura 12 Temperatura X Horas, ambiente interno Zona 3........................... 29
Figura 13 Linha de tendência , ambiente Interno Zona 3.............................. 30
Figura 14 Temperatura X Horas, ambiente Externo Zona 3......................... 33
Figura 15 Linha de tendência , ambiente Externo Zona 3............................. 34
Figura 16 Análise para o nível de iluminação natural para a Zona 3,
berçário........................................................................................... 35
Figura 17 Análise para o nível de iluminação natural para a Zona 3,
berçário – vista de cima................................................................. 35
Figura 18 Análise em 3D para o nível de iluminação natural para a Zona 3,
berçário........................................................................................... 36
Figura 19 Variação de cores correspondentes ao valor em lux...................... 36
ii

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Temperatura Interna....................................................................... 15


Quadro 02 Temperatura Externa ..................................................................... 16
Quadro 03 Iluminação Interna......................................................................... 16
Quadro 03 Iluminação Interna (continuação).................................................. 17
Quadro 04 Temperatura Interna – Análise....................................................... 28
Quadro 05 Temperatura Externa Média........................................................... 31
Quadro 06 Temperatura Externa – Análise...................................................... 31
iii

RESUMO

AZEVEDO, T.M. Uso de Simulação Térmica e Lumínica em Ambientes para fins


de Aplicação na Segurança do Trabalho. Cuiabá, 2010, Monografia (Curso de
Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho). Universidade Federal de
Mato Grosso.

Este trabalho foi realizado com a utilização da ferramenta computacional -


software ECOTECT, para fins de simulação do ambiente térmico e lumínico em uma
creche da rede pública municipal. A utilização desse software e a divulgação da
ferramenta no apoio de trabalhos de medições térmicas e de iluminação, visa à
otimização dos custos, prazos e recursos humanos, dentre outros. A metodologia
utilizada é a simulação computacional do espaço escolhido, o berçário da creche,
para o qual os dados de medições realizadas in loco foram comparadas com os
resultados da simulação computacional. Os resultados mostram que a utilização do
software ECOTECT atinge 73% de confiabilidade para ambientes internos, 60,5%
para as temperaturas externas e os resultados da simulação lumínica divergiram em
muito das medições realizadas “in loco”.

Palavras-chave: creche, avaliação ambiental, conforto ambiental.


iv

ABSTRACT

AZEVEDO, T.M. Use of Thermal Simulation and lighting environments for


implementing the Workplace Safety. Cuiabá, 2010, Monograph (Specialization
Course in Safety Engineering Work). Universidade Federal de Mato Grosso.

This work was carried out using the computational tool - software
ECOTECT, for simulation of thermal environment and luminal in a day care in
public schools. The use and distribution of this software tool in support of work
measurement of thermal and lighting, aims to optimize the cost, time and human
resources, among others. The methodology used is a computer simulation of the
space chosen, the nursery the nursery, for which the data from measurements taken
in situ were compared with the results of computer simulation. The results show that
using the software ECOTECT reaches 73% reliability for indoor, 60.5% for outside
temperatures and the simulation results lumínica diverged greatly from
measurements taken on site.

Keywords: day care, environmental assessment, environmental comfort.


v

TERMINOLOGIA E DEFINIÇÕES

− Fluxo luminoso (Ø) – é a quantidade total de luz emitida por uma fonte e é
medida em lumens (lm).
− Intensidade luminosa (l) – expressa em candelas (cd), é a intensidade do fluxo
luminoso projetado em uma determinada direção;
− Iluminância (E) – é o fluxo luminoso que incide sobre determinada superfície,
distante da fonte, por unidade de área. No SI a unidade de medida é o
lúmen/m² ou lux (lx);
− Luminância (L) – medida em candelas por metro quadrado (cd/m²), é a
intensidade luminosa produzida ou refletida por uma superfície aparente. A
iluminância pode ser considerada como a medida física do brilho de uma
superfície iluminada ou de uma fonte de luz., sendo através dela que os seres
humanos enxergam.;
− Temperatura de cor correlata (TCC) – as fontes de luz podem emitir luz de
cores “quentes” e “frias”. As cores quentes são as de aparência avermelhadas
ou amareladas e as cores frias são as de aparência azulada. No entanto as
aparências “quentes” e “frias” tem sentido inverso ao TCC, pois quanto mais
alta a TCC, mais fria é a sua aparência e quanto mais baixa a TCC, mais
quente é a sua aparência. A TCC é expressa em Kelvin (K).
− Fator ou índice de reflexão: relação entre o fluxo luminoso refletido e o
incidente. Varia com as cores e superfícies de refletância, não possuindo
unidade de medida.
− Índice de reprodução de cor (IRC) – mede o quanto a luz artificial se
aproxima da luz natural.
− FLD: fator da luz diurna
− C.C: Componente celeste
− C.R.E: Componente de reflexão externa
− D.L.N: disponibilidade de luz natural em certo local
− Arrefecimento: esfriamento, frieza
1

1. INTRODUÇÃO

1.1. PROBLEMÁTICA

Diante de um mercado globalizado e altamente competitivo, o avanço


tecnológico nas últimas décadas atinge a população de modo rápido e eficiente,
surgindo diversos programas computacionais que auxiliam no trabalho e no dia a dia
das pessoas.

Atualmente, os programas de computação gráfica são muito mais simples e


rápidos, de fácil aprendizagem, até mesmo auto-explicativos. Porém, não podemos
contar com respostas precisas e fiéis. O usuário de software tem que ter o
conhecimento do programa para que os dados gerados sejam analisados e
comparados a dados reais, como por exemplo, ao se tratar de uma simulação.

Ao se projetar edificações, espaços, ambientes, o arquiteto deve pensar no


conforto ambiental: térmico, acústico e luminoso, considerando o clima, o formato
da edificação, os elementos de proteção à insolação, como brises, beirais, tornando o
local agradável, proporcionando conforto aos usuários, propiciando o
desenvolvimento de trabalhos com segurança e buscando a colaboração com o meio
ambiente.

O posicionamento da edificação também é um item a ser considerado,


visando o aproveitamento dos ventos dominantes e a insolação existente, na busca
das melhores condições ambientais nos locais de maior permanência pelos usuários.

Este trabalho estudou a simulação computacional térmica e lumínica,


sugerida pelo programa ECOTECT do berçário de uma creche da rede pública
municipal.

Segundo Agostinho (2003), o ingresso das crianças na creche se dá por volta


do terceiro, quarto mês de vida e esta passa a permanecer neste espaço quase que em
tempo integral, sendo a creche, o lugar por excelência de suas trocas e vivencias.

Ambientes que atendam ao público infantil deverão ser: claros, arejados,


aconchegantes e que estimulem a criatividade das crianças.
2

Com esse intuito, um ambiente como o da creche deveria obter o máximo de


aproveitamento da iluminação e ventilação natural. A iluminação e ventilação
artificial, quando utilizada como complemento, resultarão em um projeto eficiente.
Um projeto mal elaborado tende a consumir mais energia, seja com refrigeração,
ventilação ou aquecimento, quanto com a iluminação.

A busca da eficiência energética também se enquadra na relação de consumo


versus ambiente sustentável e é obtida através da inovação tecnológica, introdução
de novos produtos, materiais adequados, máquinas ou tecnologia, como por exemplo,
os programas de computação para uso em simulações e equipamentos de menor
consumo energético que implicarão em um estudo do melhor uso da energia elétrica.

Até recentemente, o homem utilizou todas as formas possíveis de produção


de energia, com os menores custos, sem deter-se em analisar as conseqüências. Isto
resultou, muitas vezes, no desperdício e no uso “irracional” da energia, gerando
efeitos nocivos na economia, no meio ambiente e na qualidade de vida,
principalmente, nas grandes cidades (MARQUES, HADDAD e SILVA MARTINS,
2006).

A simulação computacional em projetos viabiliza estudos qualitativos e


quantitativos da luz disponível e do calor encontrado no ambiente, estes estudos só
são possíveis, por que além dos resultados numéricos gerados pelos cálculos e
gráficos, as ferramentas permitem a produção de representações fotorealísticas
(imagens parecidas com fotos) que, através delas, poderão visualizar a aparência do
ambiente.

O uso de programas computacionais tem contribuído muito na busca de


soluções para a área energética. Seja na escolha de um sistema de condicionamento
de ar eficiente, de lâmpadas e luminárias de alto rendimento; no projeto de proteções
solares; na instalação de um sistema de co-geração ou até mesmo na análise das
contas de energia elétrica de uma edificação.

Os resultados gerados pelos softwares devem ser lidos e interpretados,


testando possibilidades, reduzindo prazos e custos e principalmente visando o
aprimoramento dos projetos.
3

1.2 JUSTIFICATIVA

No Brasil, há um aumento da população e, cada vez mais, as pessoas se


concentram nos centros urbanos, ocasionando a modificação do clima em
decorrência da urbanização interna. As grandes superfícies pavimentadas, a
concentração de edificações muito próximas umas das outras, a emissão de calor de
condicionadores de ar e outras fontes de calor doméstico e industrial, contribuem
para a modificação do clima urbano.

O consumo elétrico em edificações é considerado alto. Esses valores podem


ser reduzidos, se considerarmos meios de intervenção através de ventilação e
iluminação, ou meios que permitam um maior controle sobre a carga térmica
incidente, minimizando o consumo de energia e melhorando o conforto no ambiente.

A tipologia construtiva adotada na maioria das vezes não leva em conta


diversos fatores que são extremamente importantes de serem considerados ao se
pensar em projeto e execução, são eles: o clima, a observação do entorno, localização
e planimetria do terreno.

Muitas vezes nos deparamos com obras executadas de forma repetitiva, como
a execução de um mesmo projeto em diversos locais diferentes, o que acontece, por
exemplo, com algumas obras públicas, como: escolas e creches.

O clima da nossa região centro oeste é quente, com seis meses secos e seis
úmidos, todavia há a necessidade de construções que propiciem aos seus usuários
uma zona de conforto. Com esse intuito, o estudo deve ser feito desde a fase de
projeto, até a de acabamento, na busca por materiais, cores, técnicas construtivas e
demais elementos arquitetônicos, adequados a este fim.

Existem muitos softwares que auxiliam no trabalho de projetos,


desempenhando cálculos, desenhos, planilhas, tabelas, dentre outros e que
comumente não são utilizados em sua totalidade.

A simulação computacional é uma opção prática que auxilia e proporciona


um resultado de qualidade e baixo consumo energético, além de sugerir a melhor
solução para cada ambiente.
4

O programa ECOTECT é um aplicativo de avaliação de desempenho


ambiental que integra recursos para análise térmica, acústica e de iluminação em
ambientes, gerando dados através de gráficos, dados quantitativos de temperatura,
ganhos de calor interno e consumo energético. Possui ferramentas próprias de
desenho, trabalhando com a importação de arquivos do tipo dxf e 3Ds, sendo de uso
simples e de rápida aprendizagem, produzindo resultados interessantes.

Este trabalho estudou a simulação computacional térmica e lumínica para fins


de segurança no trabalho, no ambiente de berçário de uma creche, analisando a
confiabilidade no uso do programa ECOTECT.

Alguns pontos foram observados em relação ao conforto das crianças e dos


trabalhadores que permanecem ali grande parte do dia.
5

1.3.OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho ambiental de um


berçário, em uma creche, utilizando-se de simulação computacional para análise de
confiabilidade do programa ECOTECT.

1.3.2 Objetivos Específicos

Apresentam os seguintes objetivos específicos:

a) avaliar o desempenho térmico;

b) avaliar o desempenho lumínico;

c) validar os resultados obtidos;

d) analisar a viabilidade do uso da simulação computacional de ambientes, para fins


de avaliação de segurança no trabalho.
6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE AMBIENTES

O conforto ambiental surge para estudar a ligação entre Arquitetura e o clima,


auxiliando no planejamento de projetos e na execução de edificações confortáveis.

A palavra conforto vem do verbo confortar. Um ambiente confortável é


aquele em que nos sentimos bem.

Segundo American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning


Engineers, (ASHRAE), 1981, conforto térmico é um estado de espírito que reflete a
satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa. Se o balanço de todas as
trocas de calor a que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e suor
estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem está em conforto
térmico.

A sensação de conforto pode variar de pessoa para pessoa e diversos fatores


devem ser considerados, como: idade, peso, altura, raça, sexo.

As variáveis que interferem na sensação de conforto térmico são:


metabolismo, em função da atividade física, vestimenta utilizada na ocasião que
resulta na resistência térmica do tecido e os parâmetros ambientais: temperatura,
umidade, velocidade relativa do ar.

Para Mascaró (1991), a taxa de perdas ou ganhos de calor do edifício


dependem de um conjunto de fatores, como:

a) diferença entre a temperatura interior e exterior: o ganho ou perda de calor


radiante também está vinculado às características dos materiais e da cor das
superfícies que constituem o envolvente da edificação;

b) localização, orientação em relação ao sol e aos ventos, forma e altura da


edificação;

c) características do entorno natural e construído;

d) ação da radiação solar e térmica e, conseqüentemente, das características


isolantes térmicas do envolvente da edificação;
7

e) desenho e proteção das aberturas para iluminação e ventilação, assim como


sua adequada proteção;

f) localização estratégica dos equipamentos de climatização artificial, tanto


dentro como fora do edifício, assim como dos principais equipamentos
eletrodomésticos.

Através da análise da implantação desse conjunto de fatores os resultados


alcançados poderão proporcionar um ótimo desempenho em eficiência energética
para a edificação.

A orientação da edificação sofre influência direta na quantidade de calor por


ela recebida. O posicionamento de forma favorável das fachadas maiores da
edificação reduzirá, consideravelmente, a incidência de carga térmica e,
conseqüentemente, a sensação térmica interna será mais agradável. Assim, o uso
adequado da orientação implicará menores consumos de energia.

Aconselha-se orientar a edificação na direção do vento dominante favorável


e, sempre que possível, nas latitudes maiores, fazê-lo favoravelmente em relação à
carga térmica recebida no período quente (MASCARÓ 1991).

A utilização de energia de maneira racional, integrando a arquitetura ao


clima, evitará ou, até mesmo, reduzirá o condicionamento artificial de ar.

Os controles térmicos naturais favorecem a redução do excesso de calor no


interior dos edifícios, reduzindo, por vezes, os efeitos de climas excessivamente
quentes (RIBEIRO, 2007).

O sol determina as principais características da luz disponível, o período do


dia que existe mais incidência de luz natural e a mudança de estações do ano. Assim
torna-se necessário conhecer a latitude e longitude do local estudado, sua posição
geográfica para a inserção de dados no programa ECOTECT e a posterior geração
das simulações.

As quatro características climáticas que mais afetam o conforto térmico são:


a temperatura, o movimento, a radiação e a umidade do ar. Outros dois parâmetros
com relação ao conforto térmico dizem respeito ao individuo: atividade
desempenhada e vestimenta (MASCARÓ, 1991).
8

O fluxo de calor pode ser transmitido de três formas:

a) condução: transmissão direta de uma parte de um objeto para outra, como por
exemplo, no aquecimento de uma panela, o seu cabo vai se aquecendo
gradativamente. O calor pode passar de um objeto para o outro, exemplo, ao
segurar o cabo da panela.

Alguns materiais são melhores condutores de calor. O fluxo de calor está


permanentemente em movimento.

Segundo Mascaró (1991), o ar não é um bom condutor de calor, podendo


transmiti-lo por convecção e radiação.

b) convecção: calor que pode ser transmitido por um fluido em movimento,


como por exemplo, o ar. Paredes que não são adequadas sobre o ponto de
vista térmico, o ar em contato com a parede exterior, ganha calor na estação
quente e o perde na estação fria.

c) radiação: qualquer objeto pode irradiar calor como o sol, por exemplo: uma
lâmpada.

Em um local onde as paredes, coberturas e aberturas não estão devidamente


desenhadas e protegidas, facilmente se ganha ou se perde calor do interior para o
exterior, aumentando consideravelmente o consumo de energia (MASCARÓ, 1991).

Existem dois tipos de radiação:

a) radiação visível e infravermelha de onda curta, denominada radiação solar,


proveniente do sol;

b) radiação infravermelha de onda longa, denominada radiação térmica, advêm


da diferença térmica entre a superfície das pessoas e dos objetos que as
rodeiam.

O clima pode ser definido como a feição característica e permanente do


tempo, num lugar, em meio a suas infinitas manifestações (MASCARÓ 1991).

O clima é composto por fatores estáticos, como a posição geográfica e o


relevo e fatores dinâmicos: temperatura, umidade, movimento do ar e radiação e
9

desde a antiguidade tem-se mostrado como um elemento chave no projeto e


construção da habitação do homem.

Gratia e Herde (2003) apud Maciel (2006) ¹, indicam que as soluções de


arquitetura exploradas diretamente durante o estágio inicial, tais como a forma total
do edifício, a profundidade e altura dos quartos e o tamanho das janelas, podem
juntos ter influência fundamental sobre o eventual consumo de energia do edifício.
Estas soluções podem também influenciar os níveis de iluminação natural e aumentar
as temperaturas no verão.

Segundo Majoros (1998) apud Tavares (2007) ², o conforto visual é uma


condição humana que expressa satisfação com o ambiente visual.

Assim, pode-se dizer que o conforto luminoso é o conjunto de condições em


um determinado ambiente, para o desenvolvimento das atividades visuais do ser
humano de maneira leve e precisa, sem forçar a vista.

Na arquitetura, a luz tem o objetivo de produzir ambientes que assegurem


conforto visual e sejam adaptados as tarefas neles desenvolvidas (TAVARES, 2007).

É de suma importância conhecer e aplicar as técnicas de projeto e cálculo


para a ventilação e iluminação natural das edificações, com a dupla finalidade de
conforto ao usuário e visando a otimização no consumo de energia, principalmente
em se tratando de edificações públicas.

O conforto térmico e luminoso provêm do equilíbrio entre luz e calor. Para se


obter resultados do conforto térmico e luminoso de uma edificação é imprescindível
a análise do percurso do sol no decorrer do ano.

_______________________

1.GRATIA. E, HERDE. A. D. Design of low energy office buildings. Energy of Buildings. V35 ,
2003, apud MACIEL; A. A. Integração de conceitos bioclimáticos ao projeto arquitetônico. Tese
(Doutorado em Engenharia Civil) Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis,
2006; P 16.
2. MAJOROS, A. Daylighting. PLEA Notes. Queensland, Austrália: University of Queensland
Printery,1998 apud TAVARES,S.G. Simulação Computacional para Projeto de Iluminação em
Arquitetura. 2007.183p. Dissertação ( Mestrado em Arquitetura ) – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, UFRS, Porto Alegre, 2007.P31.
10

O estado de Mato Grosso e a cidade de Cuiabá onde se localiza a edificação


escolhida para este estudo, possuem dias extremamente claros quase que durante
todo o ano, o que propicia o aproveitamento da luz natural nas construções locais.

Este artifício reduziria os gastos com energia, principalmente em se tratando


de edificações públicas.

Há a necessidade de aproveitamento da luz natural no interior das


edificações, porém tudo deve ser muito bem planejado e executado para que não
ocorra conflito entre o sistema de iluminação e o sistema térmico. A luz em excesso
e mal colocada nos ambientes poderá gerar desconforto, ocasionado pelo excesso de
entrada de carga térmica. Um sistema de iluminação energeticamente eficiente tem
como premissa a utilização da luz natural.

Outra dificuldade no correto aproveitamento da luz natural é a realização de


diferentes tarefas visuais no mesmo ambiente, necessitando assim, de um estudo
apropriado para cada posto de trabalho.

Forneiro apud Agostinho, (2003)³ traz a visão do professor Enrico Battini, da


Faculdade de Arquitetura de Turin, para quem temos que entender o espaço “como
espaço de vida, no qual a vida acontece e se desenvolve: é um conjunto completo”.
Assim, ao se tratar de espaço existem duas dimensões: física e subjetiva. A dimensão
subjetiva remete o espaço ao lugar e a física ao local, ambiente construído. Este
trabalho trata da dimensão física do berçário de uma creche. Agostinho (2003), pensa
no espaço da creche: como espaço que, ao transformar- se em lugar, nas relações que
ali estabelecem as crianças e os adultos seus usuários, é um lugar de vida, pulsante e
rica, abrigo da infância.

O projeto bioclimático é uma abordagem que tira vantagem do clima através


da aplicação correta de elementos de projeto e de tecnologia para controle dos
processos de transferência de calor.

____________________

3. FORNEIRO, L. I. , A Organização dos Espaços na Educação Infantil. In: ZABALZA, M.


Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre. Artes Médicas,1998, apud AGOSTINHO, K. A. O
espaço da creche: que lugar é este? 2003. 170pgs. Dissertação (Mestrado em Educação).
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2003. P13.
11

Consequentemente, este controle contribui para a conservação de energia,


assim como para assegurar condições confortáveis nos edifícios, (GOULART e
PITTA, 1994 apud MACIEL 4, 2006).

É devidamente importante a inserção de conceitos bioclimáticos na fase


inicial de projeto.

Porém estes conceitos ainda são pouco aplicados na fase de projeto. O que
mais ocorre são alterações posteriores, buscando melhorias e conforto no decorrer do
uso da edificação.

Durante muitos anos, planta baixa, perspectiva, maquete, a construção de


edificações “tipo”, dentre outros, foram o referencial para a visualização dos
projetos, demandando grandes investimentos.

Com o avanço tecnológico, modelos mais práticos surgiram como as


ferramentas computacionais, por exemplo.

As ferramentas computacionais têm se tornado um recurso rápido e


determinante na tomada de decisões, pois propiciam a visualização dos ambientes
ainda em fase de projeto. Elas são baseadas em modelos teóricos se efetivando na
prática através da inserção de dados, cálculos, medições e outras informações que se
fizerem necessárias.

Algumas ferramentas visam à integração de diretrizes práticas através de


modelos de simulação. Por meio de sistemas especialistas, o arquiteto é guiado pelo
critério de tomada de decisões com a aplicação dessas diretrizes e sempre que estas
não puderem ser aplicadas, o sistema orienta o projetista usando modelos de
simulação com métodos precisos, (MACIEL, 2006).

O que se verifica muitas vezes é a utilização das ferramentas de simulação


apenas como demonstração de projeto, demonstração de ambientes futuros em
perspectiva, com o intuito de satisfazer ao cliente.

________________

4. GOULART, S. e PITTA, T. Advanced topics in Bioclimatology to building design, regarding


environmental comfort. PPGEC- UFSC, Florianópolis,1994 apud MACIEL; A. A. Integração de
conceitos bioclimáticos ao projeto arquitetônico. 2006. Tese (Doutorado em Engenharia Civil)
Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2006; P 16.
12

Marsh (1997) apud Maciel5 (2006), indica que uma ferramenta que seja
aplicável ao estágio inicial de projeto deve permitir uma análise mais informativa das
alternativas, traduzindo o esboço arquitetônico em um modelo válido de dados de
entrada e traduzindo os resultados em um retorno de projeto fundamentalmente
sólido.

Neste estudo foi utilizado o programa ECOTECT para a simulação


especificamente do conforto térmico e lumínico do berçário da creche Santa Inês,
possibilitando posteriormente o estudo comparativo das medições “in loco” e os
valores simulados pelo programa de forma a avaliar a confiabilidade no uso do
programa.

2.2. ANÁLISE DE CONFORTO LUMINOSO NO PROGRAMA


ECOTECT
“O programa ECOTECT possibilita a análise de conforto luminoso em
ambientes internos por meio de cálculos de iluminância interna (em lux) ou fator da
luz diurna (FLD)”, (AMORIM E BRAGA , sd)

Alguns conceitos serão necessários para a inserção de dados no programa,


são destacados por Mascaró 1991, tais como:

a) Iluminação natural: é a iluminação produzida direta ou indiretamente pelo


sol;

b) Iluminação artificial: é a iluminação produzida direta ou indiretamente pela


incandescência ou luminiscência;

c) Céu claro: é a abóbada celeste coberta com nuvens em menos de 1/3 de sua
superfície total;

d) Céu parcialmente nublado: é a abóbada celeste quando está coberta de nuvens


em 1/3 a 2/3 da superfície total;

_________________________

5. MARSH, A. Performance Analisys and conceptual design. (Doctor of Philosophy). School of


Architecture and Fine Arts, The University of Westem, Austrália, 1997, apud MACIEL; A. A.
Integração de conceitos bioclimáticos ao projeto arquitetônico. 2006. Tese (Doutorado em
Engenharia Civil) Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2006; P 25.
13

e) Céu nublado: é a abóbada celeste coberta em mais de 2/3 de sua superfície


total;

f) Céu encoberto: é a abóbada celeste que está totalmente coberta por nuvens, e
no qual o sol não é visível;

g) Componente celeste: é a relação entre a iluminação diurna num ponto interior


do local, devida apenas a luz que provem diretamente da abóbada celeste, e a
iluminação exterior simultânea sobre um plano horizontal iluminado pelo
total da abóbada celeste característica do lugar. Símbolo C.C.;

h) Componente de reflexão externa: é a relação entre a iluminação diurna num


ponto interior do local, que recebe luz unicamente das superfícies externas
por reflexão, e a iluminação exterior simultânea sobre um plano horizontal
iluminado pelo total da abóbada celeste característica do lugar. Símbolo
C.R.E.

Conhecer as características da abóbada celeste local é de fundamental


importância para as decisões de projeto, objetivando minimizar o consumo de
energia em relação à iluminação das edificações.

Para as simulações de iluminação natural deve-se sempre determinar qual o


tipo de céu e a localização (latitude e longitude), através desses dados de entrada é
calculada pela disponibilidade de luz natural em certo local, por certo período de
tempo, em função de suas características geográficas e climáticas (DLN) e a
quantidade de iluminamento dentro dos ambientes de acordo com a geometria do
modelo e as características das superfícies, (TAVARES 2007).

Outro item importante de ser lembrado é o fator de luz do dia (FLD), que
indica o comportamento do meio de penetração da luz de um determinado dia no
ambiente determinado. O FLD depende somente da localização da edificação
(latitude e longitude). As simulações geradas pelos programas expressam a
quantidade de luz dentro de um ambiente em FLD ou iluminância em lux.

A iluminação escolhida pelo arquiteto, como: tipo de lâmpadas onde as mais


utilizadas são: incandescentes – possuem irradiação por efeito térmico, dissipação de
calor, provoca ofuscamento, exemplo: lâmpadas comuns e fluorescentes – possuem
14

descarga gasosa e uma desvantagem é o efeito estroboscópico, as lâmpadas piscam


na mesma freqüência da tensão de alimentação; tipo de sistema; tipo de luminária
(assessórios essenciais que influenciam diretamente na eficiência energética de um
sistema de iluminação) fazem parte do conjunto de dados de entrada inseridos no
software, como informações para a posterior simulação da luz artificial e do sistema
de iluminação artificial, porém para este trabalho só serão feitas as simulações para a
condição de ambiente interno com as lâmpadas apagadas, ou seja, será considerada
somente a luz natural.

Segundo Pereira e Souza (2000) apud Tavares6 (2007), alguns conceitos e


grandezas são a base para um projeto de iluminação, quais são:

a) Fluxo luminoso (Ø);

b) Intensidade luminosa (l);

c) Luminância (L);

d) Iluminância (E);

e) Temperatura de cor correlata (TCC);

f) Fator ou índice de reflexão;

g) Índice de reprodução de cor (IRC);

Alguns dados de diferentes características devem ser inseridos no programa,


como: textura, os materiais utilizados, tipos de pisos e revestimentos, dentre outros,
pois cada elemento tem um comportamento que dependerá da incidência da luz.

A precisão das respostas à simulação depende desses dados de entrada.

_______________________

6. PEREIRA, F. O. R.; SOUZA, M. B., Iluminação. Apostila da Disciplina de Higiene do Trabalho II


do Curso de Pós-Graduação da Fundação Universidade do Contestado. Florianópolis, SC, 2000 apud
TAVARES,S.G. Simulação Computacional para Projeto de Iluminação em Arquitetura.
2007.183p. Dissertação ( Mestrado em Arquitetura ) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
UFRS, Porto Alegre, 2007.P29.
15

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

Para a elaboração deste trabalho foi escolhida uma creche da rede municipal
de Cuiabá/MT, na qual foi estudado o ambiente de berçário (Figura 02).

3.2. MÉTODOS

Foi utilizada a ferramenta computacional, programa ECOTECT, para


simulação de conforto térmico e de iluminação, possibilitando avaliações qualitativas
e quantitativas. Dentro deste trabalho, destaca-se:

a) Planejamento: dezembro de 2009 e realização das simulações;

b) Validação: foi feita utilizando-se dados medidos no dia 17 de dezembro de


2009. Para a temperatura do ar, as medições foram feitas no intervalo de
12h10min. às 18h10min. por Camargo (2010), constantes dos Quadros 1 e 2.
Para a iluminação natural, este mesmo autor realizou as medições na mesma
data e no intervalo de 12h55min. às 18h55min., que constam do Quadro 3.

Quadro 01: Temperatura Interna.


Temperatura Interna (°C)
Hora Tbs- termômetro de bulbo seco (°C)
12h15min. 30.30
13h15min. 31.30
14h15min. 31.40
15h15min. 31.40
16h15min 31.50
17h15min. 31.70
18h15min. 31.50
Fonte: Camargo (2010)
16

Quadro 02: Temperatura Externa.


Temperatura Externa (°C)- Termo-hidro-anemômetro
Sensor de Sensor de
Hora T1°C ← T2°C →
Umidade Velocidade do ar
12h 10min. 33.50 32.70 67.10 0.00
13h10min. 33.20 32.50 66.50 0.30
14h10min. 33.70 34.40 57.70 0.30
15h10min. 34.40 33.40 63.90 0.40
16h10min. 32.80 32.60 63.00 0.30
17h10min. 32.70 32.40 61.60 0.00
18h10min. 32.40 33.00 61.60 0.00
Fonte: Camargo (2010)

Onde:

T1°C ←: temperatura medida “in loco” com Termo-hidro-anemometro, com


sensor de umidade;

T2°C →: temperatura medida “in loco” com Termo-hidro-anemometro, com


sensor de velocidade do ar.

Quadro 03: Iluminação Interna.


Iluminação Interna– Luxímetro
12h55min. 13h55min. 14h55min. 15h55min. 16h55min. 17h55min.
Hora
Ap Ap Ap Ap Ap Ap
E01 020 015 010 007 011 006
E02 035 025 034 021 019 010
E03 185 220 090 096 078 040
E04 223 61 155 060 059 030
E05 021 025 012 010 013 011
E06 037 036 020 018 022 012
E07 144 180 071 085 104 043
E08 060 154 048 033 040 028
E09 028 032 021 015 018 010
E10 044 041 023 021 021 014
E11 105 142 070 061 073 042
E12 075 175 053 048 056 029
Fonte: Camargo (2010)

Onde:

AP: iluminação apagada;

E: pontos de iluminação medidos.


17

Quadro 03: Iluminação Interna (continuação)


Iluminação Interna– Luxímetro
12h55min. 13h55min. 14h55min. 15h55min. 16h55min. 17h55min.
Hora
Ap Ap Ap Ap Ap Ap
E13 020 027 018 014 024 008
E14 033 035 028 024 025 014
E15 130 145 112 075 095 037
E16 071 139 120 038 063 029
E17 020 020 024 028 029 008
E18 031 036 037 037 038 138
E19 096 141 102 110 081 039
E20 213 135 181 128 090 101
E21 015 016 019 012 020 007
E22 042 032 037 034 037 012
E23 160 144 141 103 129 044
E24 078 083 122 058 069 023
Fonte: Camargo (2010)

Onde:

AP: iluminação apagada;

E: pontos de iluminação medidos.

No Quadro 1, a temperatura do ar refere-se à temperatura de bulbo seco,


medidas no centro do ambiente.

As medições “in loco” de iluminação natural foram efetuadas a


aproximadamente 1m do chão. Foram medidos vinte e quatro pontos, distribuídos em
uma malha de seis pontos na direção horizontal da sala e quatro pontos na direção
vertical da sala, conforme Figura 01.

Na simulação de iluminação natural diurna pelo programa ECOTECT no


berçário, foi inserido como dado inicial, a altura de 1m do chão, com o intuito de
reproduzir a medição de fato executada
18

A utilização do programa ECOTECT, propõe a integração de análise térmica


e de iluminação através da geração de gráficos e imagens disponibilizados pelo
programa. Com o uso da simulação computacional, podemos prever o resultado
antecipado dos ambientes.

O desenho pode ser criado sobre o próprio programa ou a partir da planta


baixa desenhada no AUTO CAD, onde são delimitadas as zonas que serão analisadas
posteriormente.

A cada elemento da edificação são designados os respectivos materiais


componentes, que podem ser retirados do próprio programa, ou serem inseridos pelo
usuário, respeitando suas propriedades, como: condutibilidade, espessura, densidade
e calor específico, (VIEIRA, 2008).
19

Figura 01 - Planta com os pontos de aferição, luxímetro


20

Figura 02- Planta Baixa da Creche Santa Inês


21

A sala do berçário, escolhida para a realização das medições, possui três


janelas laterais, Figuras 03 e 05, voltadas para a área externa e duas janelas laterais
opostas, Figura 04, voltadas para a circulação interna da edificação. As paredes são
de alvenaria, piso cerâmico, laje de concreto e cobertura em telha de barro cerâmica.

Figura 03 - Foto interna do berçário com luz apagada, parede com janelas para fora

Figura 04 - Foto interna do berçário com luz apagada, parede com janelas para
circulação interna da edificação
22

Figura 05 - Foto interna do berçário com luz apagada, parede com janelas para fora

As análises do ECOTECT permitem fazer uma grande variedade de estudos.

Através do movimento do sol é possível perceber as sombras exteriores e


interiores dos edifícios durante todo o ano, durante o dia especificamente escolhido.
É possível perceber quais as zonas mais e menos quentes/frias do edifício e quais as
cargas de aquecimento e de arrefecimento que o edifício terá de possuir para atingir
as temperaturas de conforto.

A análise do nível de iluminação no interior do edifício é também importante


para perceber qual o aproveitamento possível da luz natural.
23

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS


4.1 MODELAGEM DA ÁREA DE ESTUDO

A creche estudada possui aproximadamente 984,10m² e localiza-se no


município de Cuiabá – MT.

A princípio, parte da creche foi modelada no programa ECOTECT, Figura 06


e 07, onde foram inseridos os materiais correspondentes aos existentes, como:
paredes de tijolos cerâmicos, piso, janelas, portas, laje de concreto, telhado de
madeira e telha cerâmica gerando a Figura 08.

Figura 06 - Modelagem em 3D
24

Figura 07 - Modelagem em 3D

O berçário se encontra na sala maior com as três janelas e as demais salas


foram inseridas na modelagem para constituir a envoltória.

Figura 08 - Modelagem em 3D

Também foram inseridos os dados de latitude, longitude, norte magnético e o


dia/ mês/ ano escolhido para a simulação.
25

Com a inserção dessas informações o programa gerou uma simulação de


temperaturas internas e externas no decorrer do dia para o ambiente selecionado,
denominado de Zona 3, que é a sala do berçário.

Posteriormente foi escolhida a opção de caminho solar para o dia 17 de


dezembro de 2009 gerando a Figura 09.

Figura 09 - Caminho solar do dia 17 dezembro de 2009

Ao redefinir a opção para display shadows, o programa ECOTECT insere ao


desenho, as sombras ocasionadas pela movimentação solar, gerando a Figura 10.

A Figura 10 nos mostra que o beiral da edificação, que é de 60cm, protege


com eficiência as janelas laterais da sala das crianças, berçário e contribui para
amenizar a incidência de sol neste ambiente.
26

Figura 10 - Caminho solar com sombras, 2009.

Realizada as simulações, o programa ECOTECT ao analisar as temperaturas


internas e externas da Zona 3, a qual foi anteriormente selecionada, para o dia 17 de
dezembro de 2009, gera a Figura 11, na qual apresenta para o Eixo X as horas e para
o Eixo Y as temperaturas em °C. A Zona selecionada para a base de cálculos do
programa ECOTECT é a Zona 3 em negrito no gráfico.
Figura 11 - Temperatura X Horas, Zona 3

27
28

Com base nas medições “in loco” anteriormente realizadas por Camargo
(2010) e com as temperaturas obtidas na simulação pelo programa ECOTECT,
apresenta-se o Quadro 04, que mostra a análise da Temperatura Interna Medida e a
Simulada pelo programa ECOTECT.

Quadro 04: Temperatura Interna - análise

Temperatura Interna

Temperatura Temperatura ΔT MOD ΔT


Hora Medição (oC) Simulação (oC)
12h15min 30,3
. 30,3 0 0
13h15min 31,3
. 30,4 0,9 0,9
14h15min 31,4
. 30,5 0,9 0,9
15h15min 31,4
. 30,8 0,6 0,6
16h15min 31,5
. 30,7 0,8 0,8
17h15min 31,7
. 31 0,7 0,7
18h15min 31,5
. 31 0,5 0,5
Média da diferença 0,6

Desvio Padrão 0,3

Coeficiente de variação (%) 50

Onde:

a) Hora: é o intervalo de tempo escolhido para a execução das medições


realizadas com equipamento “in loco” e simulação pelo programa
ECOTECT;

b) Temperatura Medição: são as temperaturas obtidas na medição “in loco”, na


relação do espaço de tempo estabelecida, unidade - °C;
29

c) Temperatura Simulação: são as temperaturas obtidas na simulação pelo


programa ECOTECT, na relação do espaço de tempo estabelecida, unidade -
°C;

d) ΔT: é a diferença entre Temp. Medição e Temp. Simulação, porém o


resultado negativo não é real, assim foi traduzido em MODΔT somente para
a conversão de sinal negativo para positivo;

e) Média da diferença: é a somatória de todos os MOD ΔT dividido pelo número


de MOD ΔT;

f) Desvio Padrão: é a variação para mais ou para menos sobre o valor da média
da diferença, por exemplo: média 0,6°C, com o desvio padrão de 0,3°C a
temperatura sofrerá a variação entre 0,3°C e 0,9°C;

g) Coeficiente de variação: é o quanto a diferença representa em relação a


média. O desvio padrão dividido pela Média da diferença e multiplicado por
100 resulta em 50%.

Quando se analisa o desvio padrão de 0,3°C e a Média da diferença de 0,6°C


percebe-se que a temperatura sofre a variação entre 0,3°C e 0,9°C. A análise,
somente das temperaturas, não nos retrata efetivamente a situação real de conforto,
uma vez que a sensação de conforto depende de outras variáveis, como: umidade,
vento, vestimenta, atividade e temperatura radiante.

Ao analisar as variações de temperatura, percebe-se que a maior variação de


temperatura nesta comparação é de 0,9°C, ou seja, menor que 1°C.

A Figura 12 refere-se à comparação das temperaturas internas gerado pelo


ECOTECT e as medidas “in loco”, com as horas no eixo x e as temperaturas no eixo
y.
30

32

31,5
temperatura °C
31
Tmed
Tsim
30,5

30

29,5
12:15 13:15 14:15 15:15 16:15 17:15 18:15
horas (hs)

Figura 12- Temperatura X Horas, ambiente Interno Zona 3

A primeira análise executada suscitou duvidas com relação à confiabilidade


nos dados gerados pelo software ECOTECT, visto que a leitura somente das
temperaturas não retrata por si só a real situação de conforto. Outras variáveis atuam
diretamente na sensação de conforto, são elas: umidade, vento, vestimenta, atividade
e temperatura radiante.

Buscando resultados mais confiáveis, os dados obtidos nas medições “in


loco” realizadas por Camargo (2010) e as temperaturas obtidas na simulação pelo
programa ECOTECT foram analisadas estatisticamente, buscando a significância da
correlação entre os dados medidos e simulados, por meio de Análise da Correlação e
respectivo Coeficiente de Correlação.

A melhor correlação entre os dados é a polinomial, expressa na equação


constante no gráfico, com coeficiente de correlação (R2) de 0,736, o que corresponde
a 73,6% de confiabilidade do programa ECOTECT com relação as temperaturas
internas medidas “in loco”.
31

31,2
31,1 y = 0,8269x 2 - 50,71x + 807,62
R2 = 0,736
31
30,9
30,8
30,7 Série1
30,6 Polinômio (Série1)
30,5
30,4
30,3
30,2
30,1
30 30,5 31 31,5 32

Figura 13 - Linha de tendência, ambiente Interno Zona 3

As temperaturas externas medidas “in loco” realizadas por Camargo (2010),


geraram dois resultados: o primeiro a temperatura é medida em conjunto com a
umidade e o segundo resultado é a temperatura e a velocidade do ar. Essas duas
situações foram obtidas mediante a medição com o termo-hidro-anemômetro com
sensor de umidade e sensor de ar, respectivamente.

Assim houve a necessidade do cálculo da média dessas temperaturas,


conforme o Quadro 5.

Quadro 05: Temperatura Externa - Média

Temperatura Externa - Média


Temperatura com Temperatura com Temperatura Média
sensor de umidade (oC) sensor de ar(oC) (oC)
Hora
12h10min. 33,5 32,7 33,1
13h10min. 33,2 32,5 32,85
14h10min. 33,7 34,4 34,05
15h10min. 34,4 33,4 33,9
16h10min. 32,8 32,6 32,7
17h10min. 32,7 32,4 32,55
18h10min. 32,4 33 32,7
32

Com a temperatura média externa e a temperatura gerada na simulação do


ECOTECT, foi elaborado o Quadro 6.

Quadro 06: Temperatura Externa - análise

Temperatura Externa
Temperatura Temperatura
externa medição externa simulação ΔT MOD ΔT
Hora (oC) (oC)
12h10min. 33,1 29,2 3,9 3,9
13h10min. 32,85 30 2,85 2,85
14h10min. 34,05 30,2 3,85 3,85
15h10min. 33,9 30,7 3,2 3,2
16h10min. 32,7 31 1,7 1,7
17h10min. 32,55 31,2 1,35 1,35
18h10min. 32,7 31,7 1 1

Média da diferença 2,6


Desvio Padrão 1,2
Coeficiente de variação (%) 47
Onde:

a) Hora: é o intervalo de tempo escolhido para a execução das medições


realizadas com equipamento “in loco” e simulação pelo programa
ECOTECT;

b) Temperatura externa medição: é a média das temperaturas obtidas pelo


termo-higrometro e termo-anemometro, na relação do espaço de tempo
estabelecida, unidade - °C;

c) Temperatura externa simulação: são as temperaturas obtidas na simulação


pelo programa ECOTECT, na relação do espaço de tempo estabelecida,
unidade - °C;

d) ΔT: é a diferença entre Temp eratura externa medida e a simulada. O


resultado negativo não é real, assim foi traduzido em MODΔT somente para
a conversão de sinal negativo para positivo;

e) Média da diferença: é a somatória de todos os MOD ΔT dividido pelo número


de MOD ΔT;
33

f) Desvio Padrão: é a variação para mais ou para menos sobre o valor da média
da diferença, por exemplo: média 2,6°C, com o desvio padrão de 1,2°C a
temperatura sofre a variação entre 1,4°C e 3,8°C;

g) Coeficiente de variação: é o quanto a diferença representa em relação a


média. O desvio padrão dividido pela Média da diferença e multiplicado por
100 resulta em 47%.

A Figura 14 mostra as temperaturas externas medidas e as simuladas, sendo


estas últimas geradas pelo ECOTECT, com as horas no eixo x e as temperaturas no
eixo y:

35
34
33
temperatura °C

32
31 Temp.média
30 Temp.Simulação
29
28
27
26
12:10 13:10 14:10 15:10 16:10 17:10 18:10
horas (hs)

Figura 14 - Temperatura X Horas, ambiente Externo, Zona 3

Para a temperatura externa, tem-se um desvio padrão de 1,2°C e a média da


diferença de 2,6°C. Percebe-se que a temperatura sofre a variação entre 1,4°C e
3,8°C.

O mesmo fato das temperaturas internas ocorre neste momento com relação
às temperaturas externas, somente os resultados obtidos na análise dos dados das
temperaturas não retrata efetivamente a situação real de conforto, uma vez que a
34

sensação de conforto depende de outras variáveis, como: umidade, vento, vestimenta,


atividade e temperatura radiante.

Buscando resultados mais confiáveis, os dados obtidos nas medições “in


loco” realizadas por Camargo (2010) e as temperaturas obtidas na simulação pelo
programa ECOTECT foram analisadas novamente, com a adição da linha de
tendência, gerando a Figura 15, para as temperaturas externas.

A melhor correlação foi a polinomial, cuja equação é a expressa na figura,


com coeficiente de correlação R² de 0,605 o que corresponde a 60,5% de
confiabilidade do programa ECOTECT com relação as temperaturas externas
medidas “in loco”.

32

31,5

31
y = 3,1712x 2 - 211,86x + 3567,7
Série1
30,5 R2 = 0,605
Polinômio (Série1)

30

29,5

29
32 32,5 33 33,5 34 34,5

Figura 15 - Linha de tendência , ambiente Externo Zona 3

O programa ECOTECT ao realizar a simulação da temperatura externa, se


baseia automaticamente para o cálculo das temperaturas no conjunto de dados como:
velocidade do vento, umidade, radiação solar e índice pluviométrico, não constando
em seu banco de dados, variáveis do microclima local, como: entorno, planimetria,
dentre outras, enquanto que as medições realizadas “in loco” levaram em
consideração a medição de temperatura em conjunto com a umidade e a medição de
temperatura em conjunto com a velocidade do ar.
35

A simulação do conforto lumínico do berçário da Creche Santa Inês também


foi analisada neste trabalho.

Camargo (2010) levantou vinte e quatro pontos de medição “in loco”, Quadro
03, distribuídos em uma malha, desde as áreas próximas às janelas, até as mais
distantes (ver Figura 01).

Posteriormente foi realizada a simulação pelo programa ECOTECT para o


conforto lumínico do ambiente do berçário com as luzes apagadas, gerando as
seguintes imagens:

Figura. 16 - Análise para o nível de iluminação natural para a Zona 3, berçário


36

Figura 17 - Análise para o nível de iluminação natural para a Zona 3, berçário – vista
de cima

Figura 18 - Análise em 3D para o nível de iluminação natural para a Zona 3, berçário

Sendo que a variação de cores corresponde à seguinte iluminação em lux:


37

820

760 - 820

700-760

640-700

580-640

520-580

460-520

400-460

340-400

280-340

220-280

Figura 19 - Variação de cores correspondentes ao valor em lux

As simulações realizadas para os cálculos de iluminação interna tomaram


como base o primeiro horário, 12h55min, pois não houve diferença significativa na
malha gerada pelo programa para a análise da iluminação natural.

A análise da simulação do programa ECOTECT para a iluminação é feita


visualmente, diferente da análise térmica na qual o programa quando executa a
simulação, gera uma tabela de valores de temperatura interna e externa.

Os valores simulados diferiram muito dos valores medidos, podendo se


justificar este fato por diversos fatores, como: dados de entrada na simulação
inadequados a realidade local, podendo ter algum parâmetro divergente, influindo
diretamente sobre a confiabilidade dos dados simulados.
38

5. CONCLUSÃO

Para as simulações térmicas internas, o programa ECOTECT, poderá ser


utilizado, para fins de Engenharia de Segurança, levando-se em consideração a
porcentagem de 73,6% de confiabilidade em seu uso.

O programa ECOTECT ao simular as temperaturas internas, também gera as


temperaturas externas.

Para a simulação térmica do ambiente externo do berçário pelo programa


ECOTECT com relação às temperaturas externas medidas “in loco”, a confiabilidade
alcançada estatisticamente é de 60,5%.

A porcentagem de 60,5% de confiabilidade para as temperaturas externas é


baixa. Pode-se dizer que este fato está diretamente ligado a fatores da própria
configuração do programa ECOTECT.

O programa ao realizar a simulação da temperatura externa, se baseia


automaticamente para o cálculo das temperaturas no conjunto de dados como:
velocidade do vento, umidade, radiação solar e índice pluviométrico, enquanto que
39

as medições externas, realizadas com o termo-hidro-anemômetro, levaram em


consideração somente duas variáveis: umidade e direção do vento.

Assim recomendo a utilização da simulação térmica externa pelo programa


ECOTECT como complemento da medição “in loco”.

Com relação às simulações realizadas para a iluminação interna, o programa


é muito interessante na visualização do contexto, como: projeção de sombras e
animação em 3D, representando mais uma ferramenta que trabalha em cima do
comportamento da luz.

Consegue expressar de forma bem simples, sendo de fácil compreensão,


através de malhas e cores, a diferença de luz nos ambientes, porém quando inseridos
os horários de medições, não foi notada diferença significativa na malha gerada pelo
programa para a análise da iluminação natural, uma vez que essa análise é feita
visualmente.

Pela análise visual, percebe-se que os valores gerados pelo programa


ECOTECT diferiram muito dos valores medidos “in loco”, justificando-se este fato
por diversos fatores, como: na execução da simulação pelo programa ECOTECT, os
dados de entrada inseridos podem estar inadequados a realidade local, influindo
diretamente sobre a confiabilidade dos dados simulados.

Para a simulação de iluminação, o programa não gera valores lumínicos em


forma de tabelas, ou gráficos, ou seja, de forma numérica, mensurável, o que
dificulta e suscita dúvidas na confiabilidade da análise dos resultados. A ferramenta
de simulação poderá também ser utilizada como um complemento a mais da medição
realizada “in loco”, principalmente por facilitar a visualização de diversos
experimentos sobre uma mesma situação, sendo sujeito a demais estudos.

Em ambos os casos de análise: térmica e lumínica, o programa se mostrou de


fácil manuseio e aprendizagem, podendo ser cotidianamente utilizado, tanto em
trabalhos, quanto aplicado a estudos.

O programa ECOTECT possui uma abrangência de ações muito grande,


podendo trabalhar diversos fatores em conjunto, como: análises térmicas, lumínica e
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acústica. Dentro destes fatores acima citados ainda há um complemento de ações


como: trajetória solar, insolação cumulativa, exposição solar, e outros.

Quando escolhida a opção de Insolação Cumulativa, o programa gera em


valores de temperatura o acúmulo sofrido durante o dia, mês ou ano, dependendo da
opção escolhida.

O acúmulo de sol nos componentes da edificação, como as paredes, por


exemplo, age diretamente sobre a temperatura interna do ambiente, para mais ou para
menos, sendo este um assunto muito interessante para posteriores estudos
complementares.

É interessante destacar a importância da utilização de ferramentas de


simulação desde a formação do aluno, ampliando a visão do mesmo em relação às
diversas opções que poderão contribuir no conforto térmico, acústico e luminoso dos
ambientes.

6. BIBLIOGRAFIA

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