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“9 SR Leitura 20 2s 2 José Saramago José Saramago nasceu em 1922, em Azinhaga, no concelho da Goleg8. Ficionista, conista, poeta, autor dramatico, coube-the a honra de ser 0 primeiro autor portugués cistinquido com 0 Prémio Nobel da Literatura, em 1998, Revelou-se como poeta com a coletanea Os Poemas Possiveis (1966), a que se seguiria Provavelmente Alegria (1970), desen- volvendo, simultaneamente, uma longa experiéncia como cronista. Mor- reu em 2010, em Lanzarote, nas Candrias. Le o texto. Contei noutro lugar como e porque me chamo Saramago. Que esse Saramago nao era um ape- lido do lado patemo, mas sim a alcunha por que a familia era conhecida na aldeia. Que indo 0 meu pai.a declarar no Registo Civil da Goleg’ 0 nascimento do seu segundo flho, sucedeu que 0 funcionario(chamava-se ele Silvino) estava bébado (por despeito, disso o acusaria sempre meu pai), que, sob os efeitos do élcool e sem : que ninguém se tivesse apercebido da onomés- Exstue de Jose Saramago, Azirhage ticafraude, deciiu, por sua conta ersco, acres- 6° Rate, Golags centar Saramago ao lacénico José de Sousa que meu pai pretendia que eu fosse. E que, desta maneira, fnalmente, gracas a uma intervencdo por todas as mostas divina, refiro-me, claro esta, a Baco, deus do vinho e daqueles que se excedem a bebé-o, no precisei de inventar um pseucénimo para, futuro havendo, assinar os meus livros. Sorte, grande sorte minha, foi no ter nascido em qualquer das familias da Azinhaga que, naquele tempo e por muitos anos mais, tiveram de arastar as obscenas alcunhas de Pichatada, Curroto e Caralhana. Entrei na vida marcado com este apelido de Sara- mago sem que a familia o suspeitasse, e foi s6 aos sete anos, quando, para me matr- cular na instrucao priméria, foi necessério apresentar certidao de nascimento, que a verdade saiu nua do poco burocratico, com grande indignacao de meu pai, a quem, desde que se tinha mudado para Lisboa, a alcunha desgostava. Mas o pior de tudo foi quando, chamando-se ele unicamente José de Sousa, como ver se podia nos seus papéis, a Lei, severa, desconfiada, quis saber por que bulas tinha ele entao um filho cujo nome completo era José de Sousa Saramago. Assim intimado, e para que tudo ficasse no préprio, no so e no honesto, meu pai ndo teve outro remédio que proceder a uma nova inscricdo do seu nome, passando a chamar-se, ele também, José de Sousa Saramago. Suponho que deverd ter sido este o tnico caso, na histéria da humanidade, em que foi o filho a dar o nome ao pai. Ndo nos serviu de muito, nem a nés nem a ela, porque meu pai, firme nas suas antipatias, sempre quis e conseguiu que o tratassem unicamente por Sousa. José Saramago, As Pequenas Memérias, Caminho autor relata um acontecimento da sua vida. 1.1. Identifica-o, explicando a sua importancia, 2. Atenta na frase que inicia 0 texto, “Contei noutro lugar como e porqué me chamo Saramago.” 2.1. Identifica 0 sujeito e classifica-o. 2.2. Faz 0 levantamento de marcas de 1.? pessoa ao longo do texto. 3. O narrador faz 0 seu relato na 1.* pessoa. 3.1. Classifica-o e fundamenta a tua resposta com um segmento textual. 3.2. Podemos afirmar que, num texto memorialistico, existe uma identificacdo entre o autor e 0 narrador? Porque? 4. autor relata as circunstancias que explicam a origem da sua alcunha "Sara- mago” 4.1. Explicita-as. 4.2. Em que momento esse acontecimento perturbou a vida da familia? 4.2.1. Como reagiu 0 pai do autor? Comprova a respasta com um segmento textual 4.2.2. Que implicacdes teve na vida do patriarca? 5. Explica a afirmacdo “Suponho que devera ter sido este 0 Unico caso, na historia da humanidade, em que foi o filho a dar 0 nome ao pai.” Faz 0 levantamento das marcas linguisticas que permitem designar este texto de “memorialistico” Gramatica 1. Identifica as fungées sintaticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados nas frases. a, Saramago era a alcunha da familia do escritor. b. 0 escritor morou na Azinhaga. . O pai de Saramago mudou 0 seu nome por causa do filo d. Atualmente, o escritor é conhecido como Saramago. 1.1. 0 autor explica a ori- 3.1. Narrador participante. 4.2. Esse engano sé foi co- gem do nome “Saramago”, “Contei” nhecide quando o autor foi pelo qual 6 conhecido. | Matriculado na primaria e 3.2. O relato é feito na 1 Ihe pediram a certidao de 2.1. [eul, sujeito nulo su- pessoa, pelo autor, que ascimento, bentendido. também é narrador, pois re- . lata acontecimentos da sua 4.2.1. O pai do autor ficou 2.2. Pronomes 1.* pessoa, vida indignado e zangado, me", “minha”, “eu”, . __ "grande indignacao de meu formas verbaisna 4.1. As crcunstancias est80 pia quem, desde que se 1.7 pessoa, "contei”, relacionadas com a peripé- tina mudado para Lisboa “refiro-me", “precisei”, cia ocorrida no registo civil, alcunha desgostava,”. “entrei", "suponho” O funciondrio, segundo 0 . pai do autor, estava bébado, 4.2.2. O patriarca teve que eacrescentou a alcunha de _se justificar perante a “Lei” Saramago ao nome José dee alterar 0 seu nome. Sousa, sem que ninguém se apercebesse. 3.1. Narrador participante. “Contei” 5. O engano da Conservat6- tia provocou que o pai de Saramago, chamado José de Sousa, tivesse que alterar © seu nome, ficando como nome igual ao do filho. Daf o autor afirmar que foio fi- °° Iho a dar o nome ao pai da a entender que a mem6- algo Unico na historia dos __—ia das coisas se mantém, homens. embora de forma imprecisa. 7.1. Quer a pintura quer o excerto evidenciam a impor- tancia da meméria na vida do ser humano. A pintura 6, Podemos considerar este Graméatica texto memorialistico, pois 1. a) Predicativo do sujeito temos um relato em 12 pes- b) Complemento obli- soa do caso pessoal de um quo escritor (autor), que envol- ©) Sujeito simples, com- veu outros membros da sua plemento direto. familia d) Modificador do GV.

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