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brasileiro, com uma moagem anual de 2 milhões de toneladas de cana, sistemas de co-gera-
ção convencionais a 65 bar e 480° C correspondem a uma capacidade instalada de geração
de 31 MW, enquanto, para sistemas otimizados a 90 bar e 520° C, essa potência passa a ser
82 MW, para operação durante a safra [Seabra (2008)]. Em que pese a possibilidade de al-
cançar significativos ganhos energéticos com a utilização de altos parâmetros de vapor nesses
sistemas de co-geração, a opção por pressões mais elevadas visando aumentar a geração
de energia elétrica excedente implica investimentos proporcionalmente mais elevados, cuja
amortização depende, entre outras variáveis, do quadro tarifário, do marco regulatório e das
perspectivas de oferta no setor elétrico, condições essencialmente externas ao negócio usual
das usinas. Não obstante, é notável a expansão da capacidade de geração das usinas de açú-
car, como bem sinaliza o caso brasileiro [CGEE (2005)].
Com o provável desenvolvimento de processos para produção de bioetanol com base no ba-
gaço, ganha interesse a análise das condições de competitividade relativa dessa biomassa, ou
seja, cabe procurar as rotas de maior atratividade econômica. Nesse sentido, uma avaliação
comparativa preliminar do valor econômico entre dois produtos alternativos do bagaço – a
bioeletricidade e o bioetanol por hidrólise – é apresentada nos gráficos a seguir. No Gráfico
13, o valor econômico do bagaço é definido pela tarifa de venda da energia elétrica, consi-
derando dois valores de custo unitário da capacidade de geração elétrica. De modo análogo,
no Gráfico 14, estima-se o valor do bagaço quando utilizado para produção de bioetanol por
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O uso de bagaço para geração de energia elétrica permite reduzir as emissões de carbono
para a atmosfera, já que substitui o óleo combustível queimado nas termelétricas convencio-
nais, mais acionadas exatamente na época da safra, que ocorre nos meses de baixa hidrauli-
cidade e menor capacidade de geração hidrelétrica. Nesse caso, a redução de emissões é da
ordem de 0,55 tonelada de CO2 equivalente por tonelada de bagaço utilizado. Tal redução
de emissões de gases de efeito estufa é elegível para a obtenção de créditos de carbono, apre-
sentando adicionalidade (a redução de emissões de gases de efeito estufa deve ser adicional
àquelas que ocorreriam na ausência da atividade) e com uma metodologia de linha de base
consolidada aprovada (Método AM0015 – “Co-geração com base em bagaço interligada a
uma rede elétrica”), para quantificação e certificação desses créditos (reduções certificadas
de emissões, RCEs), nos termos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL (Clean
Development Mechanism – CDM), como estabelecido pelo Protocolo de Quioto.
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