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Tais origens, entretanto, não são como camadas que podem ser superpostas, onde
sua união não manifeste problema algum. Embora as três civilizações monoteístas
tenham convergido, elas não formaram uma síntese. Houve um preço a se pagar por
esta fusão. Os componentes civilizacionais eram contraditórios pela própria teologia
das religiões: o Cristianismo nos oferece a revelação de Deus em Jesus Cristo, que
é a própria verdade personificada e oferece a salvação individual das almas. O
Judaísmo nos traz a ideia do triunfo final de Israel sobre todas as outras nações. O
Islã traduz a salvação das almas individuais com fundação de uma sociedade sacra
sob as leis maometanas contidas no Alcorão, onde o planeta pertence a Allah e
todos os seres humanos devem reconhecer isto.
Unindo a nova religião do Oriente médio com seus métodos de guerra, eles
estenderam seu poder até a península ibérica.
1
Karl Wittfogel – Oriental Despotism, A Comparative Study of Total Power. Yale University
Press, 1957.
2
Op. Cit – Pg 215.
Efetivamente, ao olharmos a história da formação dos povos do oriente, como o
Egito, ou mesmo a história do Antigo Testamento, o padrão notado por Karl Wittfogel
é recorrente. Israel é guiada através do patriarca Moisés, e depois por Josué, que
lideram o empreendimento nacional de conquistar a terra prometida além do Jordão.
As tribos e clãs se submetem ao poder central que guia a sociedade e é responsável
pela superação das dificuldades encontradas no caminho. Maomé também unifica as
tribos árabes sob o Islã, e legisla sobre elas com as leis corânicas.
3
- Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 26º edição. Companhia das Letras -1995.
Tudo poderia ser observado através das esferas política, administrativa e jurídica:
balanços inesperados de poder, justiça coexistindo com ordem, constante renovação
de instituições, e acima de tudo, a invenção de um conceito de Estado. O Estado
Romano buscava a dominação política, com o estabelecimento de uma ordem que
não reconhecia limites geográficos, sociais ou econômicos. Exercia o controle
jurídico dos deuses e homens dos povos sob seu domínio, elevando ao nível de
cidadão romano as pessoas merecedoras entre os conquistados. O homem havia
encontrado um meio para exaltar seu orgulho ao mais alto grau através das
instituições romanas.
4
- Baron de Montesquieu. The Spirit of Laws, Vol I, Livro XIX, capítulo 19.
e conceituar erros, e princípios de liberdade para discussões acabaram florescendo
entre as sociedades. Agora o imperador não podia mais proclamar dogmas, e
concílios eram convocados para determinar disputas.
1.2 – Portugal
Raymundo Faoro abre o primeiro capítulo de seu livro “Os donos do Poder” com a
seguinte frase:
Nota-se um esforço guerreiro por todas as partes que desejavam ocupar o território.
Tanto o Oriente quanto o Ocidente, nesta peleja, se submeteram ao poder central de
seus líderes para alcançar seu intento. Do caos brotou uma nova ordem, uma nova
monarquia. A Batalha do Ourique definira o cristianismo como fé vencedora e Dom
Afonso Henriques como o novo monarca.
Faoro chama atenção para a questão cultural do processo histórico, e recorre às
análises feitas por Max Weber acerca da formação de um Estado Patrimonial. A
coroa portuguesa obtém um imenso patrimônio rural, que se confunde com as
propriedades pessoais da casa real. A conquista dos territórios sarracenos se
incorporava ao domínio do rei, onde as normas racionais eram substituídas pela
justiça do príncipe e seus funcionários. Aqui, o orientalismo despótico toma a
imagem de um rei piedoso e cristão, pai e formador do povo. Os nobres, no lugar de
possuírem uma função social definida como no restante da Europa feudal, aqui eram
apenas funcionários da coroa.
5
- Raymundo Faoro, Os Donos do Poder.
aos vínculos do soberano, formando o corporativismo. O princípio unificador da
sociedade era sempre o governo, aliado ao sentimento religioso.
Cabe a elaboração dos princípios teóricos do Estado aos juristas e filósofos que se
encontram à disposição da coroa. A teoria se baseia em uma ideia de mediação
entre os elementos feudais e os preceitos cobiçados pelos comerciantes e
mercadores, principalmente após a Revolução de Avis, em que estes tiveram
participação política fundamental. A elaboração de leis e o exercício da justiça
surgem como importantes funções do monarca, abaixo apenas da aplicação do
direito canônico. Ao elaborar a legislação relativa à Igreja, constava uma declaração
de comprometimento do rei e seus sucessores em seguir os preceitos de Roma,
sendo sem valor as leis que porventura contrariassem os regulamentos eclesiais.
O papel do monarca aponta para um novo modelo de monarquia, no qual o rei não
abdica do poder militar, e se afirma como legislador e juiz. A escrita contribuiu como
recurso político para reforçar a construção de um aparelho administrativo onde os
tentáculos do Estado crescem continuamente, se sobrepondo a todos os outros
poderes de base local ou de outros corpos sociais, tão comuns na Idade Média
feudal. Isto criou a tendência do alastramento da urbanidade para a vida rural, onde
leis orais predominavam pela tradição, e assim criando a dominação do campo,
onde este agora tinha a obrigatoriedade de suprir e abastecer os centros urbanos.
O senhor rural era, desta sorte, um cobrador de rendas e foros, convertidos
em dinheiro. O sistema se desviava da economia natural, ajustando-se aos
interesses ligados ao comércio. (...)
O contexto econômico de Portugal, no século XV, obedece a um núcleo
ativo, dinâmico, associado ao Estado. Burguesia e domínio territorial
estavam domesticados ao mesmo fim, sob as rédeas do soberano. A
empresa marítima não encontrou resistências, no reino, de uma facção
agrária.6
6
- Raymundo Faoro, Donos do Poder, Capítulo 2: A revolução Portuguesa, da Aventura
O fator social contribuiu naturalmente para este desenvolvimento. No Norte e no Sul,
o estado bélico era comum. A sociedade se organizou para a guerra e se estratificou
neste sentido. Nas fronteiras setentrionais, a sociedade era cristã e peninsular,
oriunda do feudalismo europeu, com costumes rurais. Ao sul, a população de origem
islâmica era organizada em centros urbanos e com atividades comerciais mais
intensas. A sobreposição dessas sociedades acabou criando uma entidade política
que não era baseada na terra, ou tradições existentes anteriores. Nem árabes e nem
cristãos acabaram por zelar rigorosamente sua cultura, não se opondo à influência
diversificada. Se formaram os moçárabes – naturais portugueses que assimilavam o
idioma islâmico e sua cultura, sem deixar a fé católica – e os mudéjares – o árabe
que se submetia do mesmo modo ao cristianismo.
A observação acima mostra vários aspectos acerca dos objetivos e métodos acerca
da expansão ultramarina. Ela é encetada pela aristocracia, era cobiçada pela
burguesia urbana, possui o viés ideológico da cruzada contra os muçulmanos e foi
financiada por “homens do dinheiro”.
7
- Raymundo Faoro, Donos do Poder, Capítulo 2: A revolução Portuguesa, da Aventura
Ultramarina ao Capitalismo de Estado.
8
- Santo Tomás de Aquino, no século XIII, já havia condenado a usura, e as atividades
comerciais empreendidas pelos protestantes encontraram resistência diante dos cristãos
católicos a partir da reforma.
religiosa que deu origem aos chamados cristãos-novos que reforça o desígnio
centralizador da coroa. Historicamente, os judeus quase sempre estiveram em
nações alheias, sobrevivendo e se fechando em seus costumes e afazeres. É
natural que sobrevivessem em suas atividades e ao esforço de conversão
empreendido pelo rei e pela Igreja. Era uma força desagregadora, porém,
controlada.
O rei Afonso I (reinou de 1139 até 1185) confiou ao judeu Yahia ben Yahi III o posto
de supervisor dos coletores de impostos e o nomeou rabino chefe de Portugal, uma
posição que sempre era apontada pelos reis. Até o século XV, judeus ocupavam
posições proeminentes na vida política e econômica no reino. Isaac Abravanel, por
exemplo, era o tesoureiro do Rei Afonso V (1432-1481). A situação judaica mudava
constantemente, de acolhimentos para expulsões, de exílios para conversões
forçadas, mas suas atividades comerciais sempre foram proveitosas para a coroa
portuguesa.
9
Raymundo Faoro, Donos do Poder, Capítulo 4: O Brasil até o Governo-Geral, A integração
da conquista no comércio europeu.
As demais nações europeias em sua própria expansão marítima, inconformadas
com a divisão do mundo feita pelo Papa Alexandre VI entre Espanha e Portugal
através do tratado de Tordesilhas, principiam as invasões da América através do
princípio de que Espanha e Portugal não teriam direito às terras que não houvessem
ocupado efetivamente.
A missão do primeiro Governador-Geral foi erigir uma fortaleza, e assim Salvador foi
fundada em 1549, permanecendo capital da colônia por mais de duzentos anos. E
emanava do Governador Tomé de Souza a determinação de que a base econômica
fosse a agricultura cultivada e o povoamento, fomentando a realização de feiras nas
vilas e as trocas internas entre as terras divididas.
10
- Op. cit., capítulo 2.
11
- Carta de Manoel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuítica da América, publicada
O padroado era a instituição que a Santa Sé delegava aos monarcas ibéricos a
função de fundar e administrar a Igreja Católica em seus domínios conquistados.
Assim, o rei construía as igrejas, e possuía a faculdade de nomear bispos e párocos,
que posteriormente seriam confirmados pelo Papa. Foi a consequência prática da
nacionalização da ordem militar de Cristo, e acabou se tornando mais um tentáculo
estatal da coroa, onde nomear padres virou direito de Estado, assim como o direito
sobre os dízimos. Isso criou a tendência de laicização dos párocos, onde estes
acabavam se tornando funcionários públicos com o passar dos anos.
Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro marquês de Pombal, havia sido ministro
na Inglaterra, e maravilhara-se com o desenvolvimento britânico no século XVIII.
Logo procurou aprender quais os fundamentos desse progresso, concluindo que a
ciência era a explicação de tudo. Quando teve a oportunidade, não hesitou utilizar
da experiência adquirida ao compor o ministério organizado por Dom José I, coroado
em 1750.
Uma das medidas foi abolir a educação jesuítica do território metropolitano e das
colônias, apostando na criação de uma elite científica para substituir o ensino. Aqui
se vê que não é mais necessário educar as pessoas para alcançarem o paraíso,
mas sim para se tornarem bons profissionais úteis ao Estado. Escolas técnicas
foram criadas para o ensino de hidráulica, arquitetura, engenharia civil e militar, tudo
com a importação de professores da França e da Inglaterra. O sacrifício pessoal e o
amor à pobreza foram substituídos por enérgicas medidas para erguer as atividades
econômicas.
12
- Oliveira Martins – História de Portugal. Livro VI, cap. 5 – O terremoto e Pombal.
esclarecido. Renova-se o orientalismo observado por Wittfogel, ao subordinar e
igualar todas as forças independentes no afã de reconstruir Lisboa e modernizar o
reino. A visão pombalina de compor uma elite tecnocrática, com capacidade de
administrar o reino de um centro esclarecido, criou monopólios econômicos e
aumentou o fisco sobre os comerciantes independentes. O exercício do poder e as
atividades econômicas deveriam ser as duas faces de uma mesma moeda.
13
- Paulo Mercadante, A coerência das incertezas, Pg 286, 2001.
1.6 – Independência ou Morte
A mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro nos trouxe grande autonomia.
Gradualmente sumia a distinção entre brasileiros e portugueses, e a metrópole
europeia passou a ser governada por uma junta subordinada às autoridades do Rio.
As revoluções liberais de 1820 que convocaram as Cortes em Lisboa nos
empurraram para a independência, trazendo novamente em campo o problema da
representatividade política.
Nos primeiros anos, conflitos bélicos separatistas ainda soavam seu eco, vindos do
processo de independência, como a Confederação do Equador que foi reprimida, e o
caso bem sucedido da Província de Cisplatina, que resolveu se incorporar às
Províncias Unidas do Rio da Prata. Com um quadro político abarrotado, não foi
tranquila a formação de representatividade no início das instituições imperiais.
14
- R. Magalhães Júnior, Três Panfletários do Segundo Reinado. 2009, citando José Justiniano da Rocha, um
jornalista e escritor político do II Reinado.
enquanto nas cidades votavam quase todos. Se a representação atribuída ao
Imperador era evidente, a representação da Assembleia era muito discutida.
Somente com a instituição da “Lei Saraiva”, já na última década do período imperial,
é que se obtiveram resultados satisfatórios com as eleições15.
Cada circunstância política montava sua máquina própria e fazia suas eleições. Este
era o resultado da implantação de uma monarquia liberal em um país onde o povo
ainda possuía – e talvez possua até hoje – a herança do centralismo ibérico.
Quando o Imperador provocava mudanças no cenário político, os partidos donos da
situação montavam suas máquinas. Com o eleitorado sendo apenas um corpo
arbitrário forjado no calor do momento, quem dominasse alguma posição-chave
constituiria o eleitorado.
15
- A Lei Saraiva foi instituída na última década do Império (1881), inaugurando o “título de eleitor”. Introduziu
a eleição direta, instituindo um único corpo de eleitores, fixando a renda deste em duzentos mil Réis.
O Brasil aumentou seu efetivo durante a guerra de 16 mil homens (1865) para 71 mil
(1867). Durante a guerra, muitos oficiais foram levantados de patente por sua
bravura, e à medida que os antigos generais bem nascidos morriam, a nova direção
do exército perdia influência nos assuntos nacionais. Estes militares não faziam
parte da “nobreza” reinante de nascença, sendo menosprezados na vida política,
razão pela qual paulatinamente os militares arregimentaram as fileiras extremistas e
republicanas, adeptas do positivismo Comtiano.
No âmbito religioso, por liberal e avançada que fosse a constituição de 1824 diante
das demais de sua época, ela acabou conservando o absolutismo onde menos se
justificava, sujeitando a Igreja ao Estado, mantendo a tradição que vinha desde a
nacionalização das ordens militares das cruzadas no território português. As
ordenações ocorriam sob a égide do Poder Executivo, colocando nessa receita
explosiva a instituição da Maçonaria, que abrigava grande parte dos políticos da
época imperial. Na Europa, a Maçonaria era uma das sociedades secretas que
tentava minar o poder da Igreja Católica diante dos Estados Nacionais, e já
começara a ser condenada pela Igreja desde o Papa Clemente XII, em 1738.
Quando o Papa Pio IX excomunga os maçons, naturalmente reaparece um conflito
entre a ideia de um Estado Absoluto e uma instituição independente que fragiliza o
poder central.
16
Oliveira Viana, O Ocaso do Império, pág 34-35. Academia Brasileira de Letras , 2006.
1.8 – Positivismo e Republicanismo
Augusto Comte deu à humanidade a sua obra positivista exatamente neste período
conturbado do século XIX – o período das revoluções. Em sua descrição, propôs
que as sociedades passavam por três fases em sua busca pela verdade: a teológica,
a metafísica e a positiva. Por si só, essas denominações já atrelam às religiões a
ideia de atraso, onde a primeira fase teológica seria associada a uma Igreja, a
segunda fase seria o início de uma caminhada para um racionalismo lógico, e a
terceira fase é a fase da lei científica, ou positiva. A ideia central da terceira fase
pressupõe que os direitos individuais são mais importantes que uma liderança
pessoal, onde a humanidade seria capaz de se autogovernar.
“Somos da América e queremos ser americanos” – este era um dos principais motes
da propaganda antimonárquica. Ignorando as vantagens de o Brasil ter se
consolidado como uma monarquia constitucional, os radicais que se aquietaram nos
períodos turbulentos reaparecem no jogo político após a estabilização alcançada no
terceiro quarto do século XIX. Desde o início do Império existia uma corrente a favor
da Federação, que sumia diante das turbulências para se acomodar na camada
milenar da heterogeneidade cultural das civilizações que formaram a brasilidade.
Embora tenha vencido na carta constitucional, na prática, continuava apenas como
um ideal diante do centralismo administrativo – o qual era fundamental para a
manutenção da unidade do território brasileiro.
17
Citação encontrada no livro de Luiz Antônio Cunha: A universidade temporã: o ensino superior, da Colônia à
Era Vargas, página 153.
A Federação Brasileira não passou, portanto, da imanentização de um ideal liberal,
colocado como uma camada por cima do coração centralizador da cultura brasileira.
As províncias “independentes” que antes eram todas subjugadas à Coroa
Portuguesa e depois à Brasileira, agora estão abaixo da República Federativa.
18
João Camilo de Oliveira Torres – A Formação do Federalismo no Brasil, pag 52
Inspirado pelos ideais positivistas do período iluminista, a República de 1891
escapou de ser anticlerical para ser apenas laica, procurando acentuar o
nacionalismo aos moldes da “religião do Estado” preconizados à época da
Revolução Francesa. Por um lado, a Igreja Católica finalmente respirou ares de
liberdade ao se livrar das amarras estatais e ser subordinada somente à Santa Sé,
mas por outro, teve destruídos todos os seus pontos de apoio, por conta da grande
influência maçônica na alta cúpula política remanescente do Império.
O período republicano trouxe uma luta feroz pelo domínio do poder executivo
central, onde o liberalismo contrapôs com a política dos governadores. Ao longo dos
quarenta anos da República Velha, o liberalismo se esvai diante das forças políticas
centralizadoras que sempre foram presentes em nossa nação, que desta vez
reaparecem na forma do Castilhismo, onde Vargas toma as rédeas do autoritarismo
doutrinário. A oligarquia que se apossou do poder abriu portas anárquicas, que
paulatinamente obrigou o governo a fazer reformas ousadas, pautadas pelo
positivismo, no sentido em que o governo e a política deveriam depender menos de
partidos políticos e mais de competência. A defesa da liberdade não era suficiente
para barrar o avanço autoritário.
19
Antônio Paim – O liberalismo Brasileiro – página 86
Nacional, e utiliza-se da força para guiar a nação ao futuro. É nesta ambientação
que Vargas assume o poder, apoiado por metade do exército e quase totalidade dos
oficiais das insurreições de 20 (Tenentismo).
De maneira análoga, a queda do Estado Novo de Vargas cai junto com a derrota do
fascismo na Europa. O fim da Segunda Guerra e o papel da União Soviética no
conflito atrairia para as fileiras do Partido Comunista parcelas significativas da
intelectualidade brasileira.
20
Raymundo Faoro – Donos do poder – Capítulo Final: VIAGEM REDONDA – DO PATRIMONIALISMO AO
ESTAMENTO
Entre 1930 e 1985 houve um longo período autoritário, intercalado por um período
democrático entre 1945 e 1964. Em 1986 inauguramos a chamada Nova República,
que hoje se encontra após seu segundo impeachment, e aparentemente com um
futuro incerto quanto à saúde da democracia. Do que foi exposto, é possível delinear
em breves linhas o período pós República Velha para em seguida concluirmos o
capítulo no que tange a identificação das aspirações nacionais profundamente
arraigadas na alma brasileira.
Após a Era Vargas, houve o chamado Regime Liberal-Populista, que durou de 1945
até 1964. Em 1946 foi promulgada uma nova Constituição, marcando o retorno
liberal às fileiras políticas, notadamente no governo do presidente Eurico Gaspar
Dutra. Estabeleceu medidas liberais como a plena independência na compra e
venda de cambiais, que no mesmo decreto eliminava o chamado mercado livre
especial, que disciplinava a aquisição de moedas estrangeiras.
O que marcou esse período foi o retorno de Vargas ao poder, e seu suicídio. Velhos
conflitos reapareceram, e Vargas acabou passando por um malogrado processo de
impeachment. Porém esse processo foi suficiente para que as tensões
continuassem se precipitando, culminando com a sua morte em 1954. Kubitscheck
assume em 1956 e novamente o intervencionismo aparece através do seu programa
de metas que alavancaria a industrialização brasileira. Sempre caminhando em
picos e vales de instabilidade, o período democrático acabou culminando no Regime
Militar, onde novamente caberia a um poder centralizado guiar a nação ao futuro. Os
militares, entretanto, desta vez não tentaram tomar ares de governo representativo,
como os demais presidentes centralizadores que os precederam ensaiaram em sua
demagogia. Suas intenções eram um retorno ao positivismo e ao autoritarismo
instrumental.
1.9 – As aspirações e vulnerabilidades nacionais na formação brasileira
Como foi visto anteriormente, a civilização brasileira não é uma civilização liberal,
mas sim clânica e autoritária, herdeira do patrimonialismo português que se formou
desde o período das cruzadas. O liberalismo é uma ideologia importada de uma
cultura estrangeira ao iberismo, mas que acabou se acomodando na mentalidade da
intelectualidade brasileira. O Estado Unitário que se forma nos sessenta anos após
1930 se torna o absoluto senhor da vida econômica do país.
É possível delinear do acima exposto, dos dois mil anos que envolveram a formação
portuguesa e brasileira, as aspirações nacionais que sempre fizeram parte da nossa
cultura. As aspirações nacionais são um somatório das aspirações históricas,
realizadas ou frustradas, e é preciso qualificar se as que perseguimos atualmente
são frutos de influências externas ou se realmente refletem as profundezas da alma
brasileira. Abaixo estão reflexões sobre as questões mais comuns no que tange as
aspirações nacionais clássicas do Brasil, com suas respectivas vulnerabilidades:
1 – Soberania e Independência:
2 – Unidade Nacional:
Este foi o grande objetivo da Independência, e até hoje o Brasil ainda enfrenta
regionalismos e algumas ideias recorrentes de emancipações estatais, como o
movimento de “São Paulo Livre” ou “O Sul é meu País”. Apesar de existir uma
unidade geográfica, ainda não existe um senso de totalidade no povo brasileiro.
Existem questões de preconceitos territoriais, fruto ainda da colonização, onde os
territórios se comunicavam com o centro além-mar. Apenas com a migração da corte
é que o Brasil começou a experimentar uma unidade administrativa.
A construção de Brasília consagrou a realização do governo republicano de um
projeto para a integração nacional que Capistrano de Abreu, Marquês de Pombal e
outros já sonhavam para a capital brasileira. José Bonifácio preparou uma minuta de
reivindicações junto às Cortes de Lisboa, onde constava a necessidade da
construção de uma capital no interior do país.
3 – Justiça e desenvolvimento:
4 – Educação:
21
Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, pag 165. Capítulo 6 – Novos Tempos.
buscando-a apenas para o benefício do Estado, que monopolizou a educação
particularmente após o advento da República, seguindo os modelos da educação
napoleônica. Acontece que este modelo está bem distante do ideal pretendido pelos
grandes filósofos gregos e medievais, onde a educação era uma busca pela
transcendência deste mundo. A partir da Era das Revoluções, a educação formaria
técnicos úteis ao estado e à sociedade.
Nos últimos 50 anos, não houve nenhuma continuidade no plano educacional, o qual
desde o princípio não possuía metas bem traçadas. O acesso à educação acabou
sendo dado ao povo de maneira atabalhoada, criando o fenômeno do desemprego
profissional. O ciclo militar facilitou a formação universitária, mas em um sistema
pensado à margem do setor produtivo, resultando anos depois no desemprego
profissional. Além disso, tudo era polarizado em esquemas profissionalizantes, onde
o ensino básico seria pré-requisito para o secundário, e assim por diante. Tudo isso
seguia ainda a cartilha cientificista do Marquês de Pombal, com o intuito de atender
os planos de desenvolvimento. A cultura e a educação clássica (Trivium e
Quadrivium), pela qual os grandes pensadores da humanidade aprenderam e se
formaram, foram substituídas por uma educação utilitária.
5 − Democracia:
Tal configuração persistiu na República, onde a elite tomava conta dos partidos
políticos. Por exemplo, em Minas Gerais, de 1889 a 1930, e Estado de Minas foi
dominado pelo Partido Republicano Mineiro (P.R.M), que sempre se manteve unido
nas reivindicações nacionais, e de onde saíram cinco presidentes da República:
Afonso Pena, Venceslau Brás, Delfim Moreira, Epitácio Pessoa e Artur Bernardes.
Até hoje, a democracia no Brasil não passou do triunfo de um personalismo sobre
outro.
22
TOCQUEVILLE, Alexis de. Memoir sur le pauperisme. Paris: Imprimerie Nationale, 1911
23
Ao viajar pela Inglaterra no século XIX, o sociólgo francês maravilhara-se com o desenvolvimento
urbano, rural e com o padrão de vida do povo inglês. Mesmo assim, ao analisar os registros
paroquiais, descobriu que um sexto da população do reino exuberante vivia à custa da caridade
pública, em contraste com lugares mais pobres, nos quais era insignificante o número de indigentes.
Figura 1: Porcentagem do PIB gasta com programas sociais: México e Suécia
Fonte: https://www.oecd.org/social/expenditure.htm
Fonte:http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/160405_nt_17_atla
s_da_violencia_2016_finalizado.pdf
24
-Fonte: «Mapa das manifestações no Brasil neste domingo, 15». G1. 15 de março de 2015.
Consultado em 15 de março de 2015.
protestando25. Algumas fontes, como a pesquisa da CNT/MDA chegaram a apontar
uma popularidade para a presidente Dilma de apenas 7,7%, demonstrando
insustentável a situação do governo diante do povo.
2 – O âmbito político
O estágio da situação política nos últimos dias de Dilma pode ser
intitulado de naufrágio. As conquistas da primeira década do milênio passaram, e
não fincaram raízes para sustentar as circunstâncias instáveis que se desenrolavam
no início da segunda década. As fendas da gestão petista começaram a romper, e
os fragmentos dos erros políticos passaram a tomar proporções cada vez maiores,
culminando no impeachment. Para compreender o ambiente, é necessário passear
ao longo dos treze anos do PT no poder e construir o quadro que acabou resultando
na queda da presidente.
Dilma chega ao poder em 2010, com a firme intenção de manter as
políticas do ex-presidente Lula: reduzir a pobreza e fazer respirar a economia
brasileira emergente. Aproveitando-se do prestígio do antigo presidente, e oriunda
da casa palaciana, onde exercia o cargo de Ministra da Casa Civil, a administração
adquiria um viés cada vez mais centralizador.
Entretanto, a gestão da sucessora de Lula não apresentou nenhuma
melhora nos indicadores sociais. A inflação subiu, o crescimento proveniente das
ondas econômicas parou e as contas públicas sofriam corrosão gradativamente. No
fim do seu mandato, a situação era tão grave que as críticas não mais se dirigiam
apenas à presidente em exercício, mas à gestão do PT como um todo.
Por conta do sucesso econômico durante o governo Lula, no qual o
mesmo surfou em uma boa situação mundial, os escândalos políticos do seu
25
-Fonte:http://especiais.g1.globo.com/politica/mapa-manifestacoes-no-brasil/13-03-2016/contra/
governo ficaram de certa maneira esquecidos. O escândalo do mensalão marcou
uma nova fase em modelos de corrupção, e começou a ser novamente trazido à
tona quando as estruturas institucionais brasileiras começaram a se abalar no fim do
primeiro mandato de Dilma. O poder da máquina pública e os recursos do PT,
entretanto, acabaram por fazer Dilma se reeleger, mas com uma margem muito
reduzida em relação ao seu oponente Aécio Neves.
Salientando rapidamente a política externa como ingrediente do caldeirão
em que Dilma estava, vemos que o Brasil perdeu muito de seu ímpeto dos anos
anteriores. Enquanto nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula, o Brasil
mantivera uma certa liderança regional na América do Sul, no Governo Dilma a
política externa pareceu ter perdido o senso de propósito. O Brasil é um dos poucos
países da região com capacidade de liderança para articular uma visão comum de
crescimento latino-americano, no entanto, quase não houve novidade e acordos
internacionais satisfatórios, e consistia em apenas ser um eco do que se decidia no
panorama internacional, tanto no foco econômico, quanto intelectual e cultural26.
Desde a época da independência, o Brasil reuniu grandes nomes e
grande tradição nas relações internacionais, do próprio Imperador Dom Pedro II até
personalidades importantes como o Barão do Rio Branco. Houve decadência,
materializada quando o ministro de Israel, Yigal Palmor, chamou o Brasil de anão
diplomático e parceiro irrelevante, que mais cria problemas do que contribui para
soluções27.
Em 2012, a Odebrecht venceu um contrato para modernizar o Porto de
Mariel, em Cuba, em torno do valor de 1 bilhão de dólares, financiado em dois terços
26
- Nenhuma candidatura apresentou propostas relevantes para as relações políticas e comerciais
com outras nações nos debates presidenciais para as eleições de 2014, a não ser afirmações
genéricas e óbvias sobre manutenção da paz e fortalecimento com países vizinhos.
27
- Em 2014, o Brasil convocou para consultas o seu embaixador em Tel Aviv por considerar
desproporcional o uso da força por Israel na Faixa de Gaza.
pelo BNDES. Naturalmente que os opositores do regime Castrista emergiram em
avalanches de críticas, posto que nos portos brasileiros o investimento foi de apenas
394 milhões28 de reais em 2013.
A Venezuela adentrou o Mercosul, mesmo vivendo uma crise de
proporções apocalípticas. Outro motivo para os críticos alertarem que se trata mais
de solidariedade entre governos de esquerda que acordos reais de comércio. O
infortúnio de uma América latina desintegrada foi evidenciada pela formação da
Aliança do Pacífico, interligando o livre comércio entre Chile, Peru, Colômbia e
México, rivalizando com o Mercosul. Estes dois eventos fazem com que o desgaste
fique cada vez mais evidente, visto que a própria situação econômica do país não
estava confortável.
Retornando à política interna, o que o Lula e posteriormente a Dilma
fizeram, durante seus mandatos, foi dificultar o diálogo com os outros partidos
políticos – majoritariamente o PSDB – e cooptaram partidos menores para compor
sua base congressual majoritária. Uma parte disso resvalou em ilegalidades e no
escândalo do mensalão, com a compra de parlamentares para o apoio ao governo.
Unindo isso ao escândalo da Petrobrás, que estourou em março de 2014, com a
Polícia Federal investigando um esquema bilionário de desvio e lavagem de
dinheiro, a situação política da presidente Dilma e do Partido dos Trabalhadores
estava dividida em estilhaços, tanto diante do povo quanto diante dos outros partidos
políticos.
Paralelamente, houve o aumento na popularidade de personalidades
políticas reacionárias, tendo o deputado Jair Bolsonaro como símbolo. Não só a
popularidade de candidatos, mas a proliferação de movimentos organizados que
possuem um viés liberal. Um exemplo disso é o “Partido Novo”, que teve o seu
28
- Fonte: http://veja.abril.com.br/economia/investimento-em-portos-e-o-pior-dos-ultimos-4-anos/
registro deferido pelo TSE em 2015 e tem como 30 o número eleitoral 29.
Outro exemplo é o Movimento Brasil Livre30, movimento que também
defende o neoliberalismo, e ganhou muita popularidade na época das grandes
manifestações em 2014 e 2015, principalmente através da internet. Organizou uma
marcha chamada marcha pela liberdade, saindo de São Paulo até Brasília, marcha
que durou algumas semanas e pleiteava o impeachment de Dilma Rousseff.
No ano de 2014 Dilma foi reeleita em um contexto social e econômico
completamente diferente: o crescimento do país sucumbira e a inflação corroía o
poder de compra da classe média. O país oficialmente entra em recessão com
queda no PIB, registrando baixa em dois anos consecutivos, a primeira vez desde
1930.
Está composto o quadro político: escândalos de corrupção, críticas ao
governo do PT como um todo, tendências a apoiar regimes ditatoriais (Cuba e
Venezuela), proliferação de movimentos em busca de mudança no viés político-
administrativo, tudo sustentado pela crise econômica cuja tempestade se formava no
horizonte. O barco já se mostrava incapacitado de navegar.
3 – O âmbito Econômico
29
- Agremiação fundada por 181 pessoas em 2011, em sua maioria pessoas sem carreira política.
Suas ideias são profundamente alinhadas com o liberalismo econômico, como redução da carga
tributária e mercado menos burocratizado.
30
- Site do movimento: http://mbl.org.br/
Figura 2: Imagens das revistas The Economist, 2009 e 2013, respectivamente.
Fonte: www.economist.com
Os títulos dos artigos são respectivamente “Brazil takes off e Has Brazil
Blown it ?”.Traduzindo livremente quer dizer “O Brasil decola” e “Será que o Brasil
estragou tudo?”.
Essencialmente, o que o artigo de 2009 diz é que o crescimento brasileiro
na economia era anualmente de 5%, e que deveria acelerar mais ainda nos
próximos anos com a onda do pré-sal e o apetite voraz dos países asiáticos pelas
importações de comida e minerais oriundas da imensa riqueza natural brasileira.
Alguns especialistas chegaram até a afirmar que em 2014 o Brasil seria a quinta
economia mundial, superando a Grã-Bretanha e a França.
Cita também a política industrial de Lula com incentivos à produção
nacional, principalmente a indústria naval e offshore. Realmente, a indústria naval
sofreu um crescimento vertiginoso na década passada. Rapidamente cresceu
também a demanda por profissionais qualificados na área naval. Cursos de
Engenharia Naval, antes exclusivos da UFRJ e da USP, abriram no Pará,
Pernambuco, Amazonas, e em Santa Catarina. Não apenas cursos superiores, mas
cursos também de tecnólogos, técnicos e profissionalizantes abriram as portas no
território nacional para suprir o mercado com essa imensa demanda de profissionais.
O pleno emprego para engenheiros e sonhos com bons salários fertilizavam a mente
dos estudantes.
Estaleiros pipocavam com obras para atender a gigantesca demanda do
pré-sal e empresas prestadoras de serviço no setor se multiplicavam. Em 2009 o
estaleiro brasileiro Atlântico Sul bateu a quilha do primeiro navio petroleiro do tipo
Suezmax produzido no Brasil para o programa de modernização e expansão de frota
da Transpetro. Curiosamente, o navio foi batizado de João Candido, o líder da
Revolta da Chibata, e foi entregue com diversos defeitos não possuindo boas
condições de navegação, camuflando soldas defeituosas e sistemas de tubulações
deficientes. Talvez o resultado da construção fosse uma premonição do que
aconteceria no mercado nacional após o frisson da explosão industrial.
Evidentemente, os analistas da The economist não podem ser tão
inocentes a ponto de errar tão indignamente. No artigo de 2009, explicam que o
sucesso econômico do presidente Lula se deve por alguns fatores: uma dose de
sorte, pois colhia as recompensas de uma alta nos preços das commodities a partir
de 200231, e também por conta de uma plataforma sólida para o crescimento,
construída por Fernando Henrique Cardoso, com o Plano Real e controle do valor da
moeda. O artigo termina dizendo que o sucessor de Lula, para manter a
performance em um mundo em recessão, teria que enfrentar alguns problemas que
até então o presidente foi capaz de deixar de lado ou de contornar.
O artigo de 2013 começa mostrando alguns dados, como o crescimento
31
- Principalmente soja, minério de ferro e petróleo, por conta das condições macroeconômicas
mundiais e as economias emergentes, particularmente a China. O artigo “O papel do ciclo das
commodities no desempenho recente das exportações brasileiras” dos professores doutores Daniela
Prates e Emerson Fernandes Marçal, da UNICAMP, esclarece a situação econômica mundial no
período.
de 7,5% em 2010, e dizendo que o país quase não sofreu com o colapso dos
bancos Lehman Brothers, em 2008. Mas que desde então o voo iniciado se tratou de
um voo de galinha. Em 2012 o crescimento foi de apenas 0,9%. As razões para a
desaceleração evidenciadas passam tanto pela desaceleração mundial das
economias emergentes, quanto o pouco que o Brasil fez para reformar o governo
nos anos de crescimento.
Indica que o setor público impõe uma pesada carga tributária ao setor
privado. Pouco investe na infraestrutura de transportes – apenas 1,5% do PIB, em
comparação com a média mundial de 3,8%, mesmo possuindo tamanho continental
– proporcionando enormes gastos desnecessários aos produtores rurais e ao
comércio. Indica também que Dilma foi hostil com investidores ao determinar
publicamente ao Banco Central para cortar taxas de juros. Como resultado a dívida
pública cresceu e os mercados passaram a não confiar na Sra. Rousseff.
De fato, a crise apontada alcançou o setor naval também. Notícias
abundaram sobre a submersão do setor naval. Estaleiros que pouco tempo atrás
empregavam centenas ou milhares de funcionários repentinamente fechavam as
portas e colocavam trabalhadores nas ruas. Só o estaleiro EISA demitiu três mil
funcionários. Eike Batista, que tinha a pretensão de ser o homem mais rico do
mundo, fechou as portas de suas empresas em 2013, caindo junto com o clima de
euforia econômica no Brasil. A decepção dos brasileiros foi visível pela internet, e
juntamente a indignação, pois o empresário era solidamente apoiado pelo BNDES
com bilhões de reais. Suas empresas planavam em gigantescas avaliações no
mercado de ações quando mal haviam começado a trabalhar nos seus projetos
babilônicos.
Muito há para se falar da economia brasileira, mas o acima exposto já
começa uma composição dos matizes do ambiente econômico dos últimos dias da
presidente Rousseff. O povo havia se acostumado com o crescimento, e uma
recessão de certa maneira súbita, assim como a queda do império das empresas X,
de Eike Batista, certamente deixou os eleitores insatisfeitos. Uma mudança tão
súbita nos rumos econômicos que levou a revista a reutilizar e repensar a imagem
que tinha projetado para o Brasil em 2009.
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A questão do Poder Moderador - 1871