Você está na página 1de 14

ACELERADORAS

DE NEGÓCIOS

BRASÍLIA – DF
2015

CARTILHAS DE CAPITAL EMPREENDEDOR


© 2015 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Unidade de Acesso a Mercados e Serviços
Empresas – Sebrae
Financeiros
Todos os direitos reservados
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em Gerente
parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).
Alexandre Comin
Informações e contatos
Gerente Adjunta
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-
Sebrae Patrícia Mayana Maynart Viana
Unidade de Capacitação Empresarial e Cultura Empreendedora
SGAS – Quadra 605 – Conjunto A – CEP 70200-904 – Brasília-DF Coordenação
Telefone: (61) 3348-7100 Maria Auxiliadora Umbelino de Souza - Sebrae
www.sebrae.com.br
Nacional

Equipe Técnica
Gabriel Gil Barreto Barros – Sebrae Nacional
Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Lucas Cavalcante de Azevedo Martini – Sebrae
Robson Braga de Andrade Nacional
Hermelino Olegario da Silva Neto – Sebrae
Diretor-Presidente
Nacional
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Consultores conteudistas
Diretora-Técnica
Bruno Oliva Peroni – Semente Negócios
Heloisa Regina Guimarães de Menezes
Igor Czermainski de Oliveira – Semente Negócios
Diretor de Administração e Finanças
Diagramação
José Claudio dos Santos
Radiola Design & Publicidade

P453ca

Peroni, Bruno Oliva.

Cartilhas de capital empreendedor: aceleradoras de negócios. / Bruno Oliva


Peroni, Igor Czermainski de Oliveira. – Brasília : Sebrae, 2015.

• p. il.

• Capital empreendedor 2. Investimento de risco 3. Aceleradora de negócios


I. Sebrae II. Oliveira, Igor Czermainski III. Título

CDU – 005.52
apresentação
O Capital Empreendedor, também conhecido como capital ou investimento de risco é uma
das formas de captar recursos para realizar os planos e projetos de longo prazo do seu negócio.

Nessa forma de financiamento, um investidor aporta recursos no negócio em troca de uma


participação societária, geralmente minoritária, de uma empresa de capital fechado.

Esse aporte pode ocorrer em diversos momentos de um negócio. Desde negócios que estão
começando até negócios consolidados que já possuem uma grande operação, mas precisam
de recursos para continuar crescendo.

Nessa cartilha vamos apresentar como funciona o processo de captação de recursos por
meio das aceleradoras de negócios, que são empresas investidoras de capital empreendedor
que aportam recursos e serviços agregados, de forma organizada em turmas de empresas de
estágio inicial por meio de um programa de aceleração baseado em mentoria.

A cartilha é destinada a empresas de estágio inicial, inclusive pré-operacionais, com modelo


de negócio em validação que buscam captar entre R$20 mil e R$200 mil.

3
Estágios do Capital Empreendedor
Investidores de risco podem entrar em diversas etapas de desenvolvimento de um negócio. Para cada
estágio, existe um tipo de investidor com critérios de seleção e objetivos distintos.

É apresentada abaixo a chamada “escada do investimento de risco”, que indica quais são os principais
atores que podem aportar recursos em cada estágio de desenvolvimento de uma empresa.

capital venture private


pré-semente
semente capital equity

start-up crescimento consolidação maturidade

investimento investimento fundos de fundos de


anjo anjo investimento investimento

equity
aceleradora
crowdfunding

equity fundos de
crowdfunding investimento

acima de
R$ 30 milhões

ATÉ R$ 30
ido
milhões est
inv
or
val
até R$ 5
milhões

até R$ 1
milhão

LEGENDA ESTÁGIO DA EMPRESA TIPO DE INVESTIDOR

4
O que são aceleradoras?
Aceleradoras são empresas de capital empreendedor, semelhantes a fundos de investimento,
porém focadas no estágio Pré-Semente, que investem recursos e serviços em turmas de empresas
de estágio inicial por meio de um programa de aceleração baseado em mentoria. Segundo estudo
de 2011 da fundação britânica NESTA1, um programa de aceleração possui cinco características
fundamentais que o tornam diferente de outros formatos de investimento:

1. Um processo seletivo aberto e altamente competitivo.

2. Investimento de estágio Pré-Semente em troca de participação acionária.

3. Foco em times e não em empreendedores individuais.

4. Programa de aceleração com tempo limitado, que oferece eventos e mentoria intensiva.

5. Investimento organizado em turmas (cohorts) de empresas ao invés de investimentos


individuais.

6. As aceleradoras investem recursos, de terceiros ou próprios, em empresas de estágio


inicial, conforme figura abaixo.

Fonte: Elaboração própria

1.  NESTA. The Startup Factories. Disponível em: http://www.nesta.org.uk/sites/default/files/the_startup_factories_0.


pdf Acesso em: 22 jul 2015.

5
Os investidores que aportam recursos nas aceleradoras geralmente são investidores anjo2, ou seja,
pessoas físicas que investem em negócios inovadores, fundos de investimento que possuem interesse
em investir em empresas de estágio inicial ou empresas consolidadas que buscam um veículo de
investimento para ter participação em um portfólio em empresas nascentes.

Uma breve história das aceleradoras


As aceleradoras de negócios surgiram nos Estados Unidos (EUA) na metade dos anos 2000 como
uma forma de realizar investimentos em negócios iniciais de forma mais estruturada e ser mais uma
alternativa de apoio a empreendedores iniciantes, além das tradicionais incubadoras.

A primeira empresa reconhecida como aceleradora de negócios foi a Y Combinator, fundada em


2005 nos Estados Unidos. Desde sua fundação, ela já investiu em 841 empresas de estágio inicial,
que já captaram mais de US$7 bilhões em capital empreendedor. Das investidas, mais de 100
empresas já foram adquiridas por empresas consolidadas. Diversos negócios digitais reconhecidos
internacionalmente passaram pelo programa da Y Combinator, como Dropbox e Airbnb, que
atualmente investe US$120mil por empresa em troca de 7% de participação.

No Brasil, segundo levantamento da empresa Baptista e Luz Advogados realizado em 2014 com
24 aceleradoras, os investimentos ficam na faixa entre R$20 mil e R$200mil por empresa, sendo a
média R$39.166. Já a participação das aceleradoras nas empresas fica geralmente entre 10% a 20%,
sendo 13,5% a média.

2.  Conheça também a Cartilha de Capital Empreendedor – Investidores Anjo

6
Qual é a diferença entre uma aceleradora e
uma incubadora?
Incubadoras de negócios são focadas no apoio a negócios iniciais, fornecendo espaço físico de
trabalho e um pacote de benefícios que envolve consultorias e apoio no desenvolvimento do negócio.
Em contrapartida, as empresas incubadas pagam uma taxa mensal de aluguel pelo espaço e mais
uma taxa no momento de sua graduação, quando a empresa deixa a incubadora, que gira em torno
de 1% a 5% do faturamento anual no ano de graduação.

Boa parte das incubadoras brasileiras são sem fins lucrativos e ligadas a universidades e parques
tecnológicos, sendo a conexão com a academia o principal benefício aos incubados.

A principal diferença entre incubadoras e aceleradoras é que aceleradoras são investidoras de


capital empreendedor e se tornam sócias das empresas que passam por seus programas. Outro
ponto é que as aceleradoras possuem um viés mercadológico, por serem quase sempre empresas
com fins lucrativos, enquanto as incubadoras possuem um viés tecnológico, por estarem conectadas
com o ambiente de pesquisa e desenvolvimento.

Como funcionam as aceleradoras


O principal diferencial de captar recursos Pré-Semente com uma aceleradora é fazer parte do programa
de aceleração, que envolve, além do aporte de recursos, benefícios como espaço físico e infraestrutura,
mentoria com profissionais de mercado, consultoria, capacitação e outros serviços, como acesso gratuito
ou com desconto a fornecedores de serviços jurídico e contábil, entre outros.

As aceleradoras possuem outra diferença frente a outros tipos de investidores estruturados como
fundos de investimento. Ao invés de buscar e avaliar oportunidades individualmente, aceleradoras
investem em “lotes” ou turmas, chamados cohorts ou batches em inglês. Investem em turmas para
facilitar o atendimento e apoio a um número grande de empresas, pois, empresas de estágios mais
iniciais possuem um maior risco de falha então o portfólio das aceleradoras é normalmente grande e
variado com objetivo de aumentar a probabilidade de gerar empresas bem-sucedidas.

7
Tanto a duração dos programas de aceleração quanto o tamanho das turmas podem variar bastante.
A Y Combinator, primeira aceleradora de negócios, acelera 2 turmas anuais de 84 empresas em
programas de 3 meses . No Brasil, segundo levantamento realizado nas aceleradoras credenciadas
do Startup Brasil , as aceleradoras possuem programas mais longos e turmas mais curtas, com
duração de 6 a 12 meses e turmas de 5 a 20 empresas.

As aceleradoras possuem três grandes processos:

1. Seleção: aceleradoras possuem um processo de seleção bastante competitivo focado em


selecionar os melhores empreendedores e negócios de maior potencial, mesmo sem
existir muitos dados e histórico sobre a empresa.

2. Aceleração: apoio no desenvolvimento do produto e acesso a mercado por meio de


um programa de mentoria que conecta as empresas com profissionais reconhecidos e
empreendedores experientes que podem agregar experiência, contatos e conhecimento
para os empreendedores iniciantes.

3. Captação e Desinvestimento: negócios acelerados geralmente são negócios que necessitam


de um grande volume de capital para se desenvolverem. Uma das tarefas da aceleradora
é conectar a empresa a fundos de investimento e a outros investidores que possam
realizar novos aportes.

Onde encontrar as aceleradoras no Brasil?


Não se sabe ao certo o número de aceleradoras de empresas no Brasil. O maior levantamento de
entidades que se consideram aceleradoras foi encontrado no site Startupi, portal de notícias sobre
o ecossistema de inovação e empreendedorismo digital, que lista um total de 25 empresas. Já a
Associação Brasileira de Empresas Aceleradoras de Inovação e Investimento (ABRAII), que reúne
diversas aceleradoras do país possui um grupo de 15 aceleradoras.

8
Porém, existem controvérsias sobre o número de organizações que, de fato, são aceleradoras,
ou seja, que se enquadram nas definições reconhecidas internacionalmente: exigindo a realização
de investimento direto em troca de participação e programas com duração definida e divididos em
turmas. Ambos fatores não são unanimidade entre as aceleradoras brasileiras.

O programa Startup Brasil, lançado em 2013 pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação
foi um grande incentivo ao mercado de investimento Pré-Semente e ao surgimento de aceleradoras
no país. O programa seleciona empresas inovadoras de software para receberem R$200 mil
em bolsas desde que participem de um programa de aceleração de uma das 12 aceleradoras
credenciadas no programa.

Segue abaixo a lista de aceleradoras selecionadas em 2015, com os respectivos links, para integrar
a quinta e sexta turma do Startup Brasil.

21212 | Rio de Janeiro (RJ)

Acelera Cimatec | Salvador (BA)

Acelera MGTI, Fumsoft | Belo Horizonte (MG)

Aceleratech | São Paulo (SP)

Baita | Campinas (SP)

C.E.S.A.R. Labs | Recife (PE)

Gema Ventures | São Paulo (SP)

Jump Brasil | Recife (PE)

TechMall | Belo Horizonte (MG)

Ventiur | Porto Alegre (RS)

Wayra | São Paulo (SP)

WOW | Porto Alegre (RS)

9
Passo-a-passo para se candidatar a uma
aceleradora
Montamos um guia de quais são os cinco principais passos para empreendedores buscarem
capital empreendedor de uma aceleradora.

1. Prospectar 2. Buscar 3. fazer


Aceleradoras Referências candidatura

5. Pós-
4. Aceleração
Aceleração

Fonte: Elaboração própria

1. Prospectar as aceleradoras: o primeiro passo é mapear as aceleradoras, especialmente na


sua região, pois muitas aceleradoras exigem a presença física no seu escritório durante o
período de aceleração. Escolher bem a aceleradora é fundamental pois ela será sócia de sua
empresa. Crie uma lista e fique atento aos seguintes itens das aceleradoras que levantou:

a. Proposta de investimento: qual é o valor de investimento oferecido em troca


de qual participação e se há possibilidade de negociação. Além disso, esteja
ciente das exigências da aceleradora em relação à dedicação de tempo e
presença física da equipe empreendedora.

b. Oferta de serviços adicionais: conheça o pacote de benefícios das aceleradoras,


que podem contar com acesso a espaço físico, descontos de serviços de
parceiros, mentoria, consultoria, entre outros. Esses benefícios podem reduzir
custos significativos de sua empresa.

10
c. Equipe da aceleradora: conheça e pesquise sobre quem é o time de gestão
da aceleradora, que estará acompanhando o seu negócio durante o programa
de aceleração, e o time de mentores. Veja se o time possui sinergia com o
seu negócio e estágio de desenvolvimento.

2. Buscar referências: antes de se candidatar para uma aceleradora busque conversar com
empresas que passaram por aquele processo de aceleração. Outra medida interessante
é visitar a aceleradora ou frequentar um de seus eventos pelo menos uma vez para
conhecer o ambiente e a equipe de gestão.

3. Fazer candidatura: cada aceleradora possui critérios de seleção que podem variar. Os
principais aspectos para ficar de olho são: obrigatoriedade de presença física na aceleradora
durante o período de aceleração, fase de evolução da empresa e preferências setoriais
da aceleradora.

Cada aceleradora possui um processo de inscrição e seleção distinto. Conheça bem o processo
antes de se candidatar e coloque bastante energia em cada etapa.

Geralmente, a primeira etapa consiste no preenchimento de um formulário online detalhado


sobre a empresa e equipe. Realize essa etapa com atenção, pois essa é a primeira impressão do
seu negócio. A maioria das aceleradoras também realiza pelo menos uma entrevista, que pode ser
presencial ou à distância. Alguns processos também incluem uma pré-aceleração, que é um período
no qual a startup já recebe mentoria da aceleradora, mas serve como um último filtro que testa a
capacidade de execução, atitude e resiliência dos empreendedores.

Em todas as interações com a aceleradora tenha os principais pontos do seu pitch (apresentação
do seu negócio) bem ensaiados para passar segurança.

4. Aceleração: uma vez selecionado para um programa de aceleração, preste atenção


no formato jurídico do investimento e nos termos dos contratos que serão
assinados. Busque apoio jurídico se necessário. Muitos empreendedores ficam
afoitos no momento da seleção e acabam apressando a assinatura dos contratos

11
de investimento que contêm cláusulas muito importantes sobre a relação entre a
aceleradora e a empresa acelerada.

Durante o período de aceleração a dica é: utilize a aceleradora ao máximo. É nesse período que
a empresa estará no foco das atenções da equipe de aceleração então utilize todos os recursos
disponíveis e peça ajuda sempre que necessário, afinal a aceleradora é sócia do seu negócio e possui
interesses alinhados com os seus.

Um ponto muito importante é definir junto com sua aceleradora o seu objetivo ao final do período
de aceleração, seja iniciar a geração de receita, chegar a uma meta de clientes ou levantar uma
rodada de investimentos.

5. Pós-aceleração: após o período de aceleração, a atenção da aceleradora diminuirá


significativamente, pois outra turma de empresas aceleradas estará recebendo os
benefícios do programa. Mas faça com que a aceleradora o apresente para outros
potenciais investidores, como fundos de investimento e investidores anjo, no momento
de buscar novos aportes.

12
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS ACELERADORAS DE INOVAÇÃO E INVESTIMENTO (ABRAII)
Levantamento Acelerados 2012-2014. Disponível em: http://materiais.abraii.org/e-book-gratuito-
aceleradoras-brasileiras-levantamento-de-2012-a-2014-c1621d41cd0b27ff94dd Acesso em: 23 jul. 2015.

BABTISTA LUZ ADVOGADOS. O Perfil das Aceleradoras Brasileiras. Disponível em: http://pt.slideshare.net/
startupbr/o-perfil-das-aceleradoras-brasileiras-baptista-luz-advogados Acesso em: 22 jul. 2015.

COHEN, Susan. What Do Accelerators Do? Insights from Incubators and Angels. Innovations MIT,
Summer-Fall 2013, Vol. 8, P. 19-25.

FORBES MAGAZINE. Top Startup Incubators And Accelerators. Disponível em: http://www.forbes.
com/sites/tomiogeron/2012/04/30/top-tech-incubators-as-ranked-by-forbes-y-combinator-tops-
with-7-billion-in-value/ Acesso em: 22 jul. 2015.

GLOBAL ACCELERATOR NETWORK. The Network of accelerators. Disponível em: http://gan.co/the-


network Acesso em: 20 jul 2015.

NESTA. The Startup Factories: The rise of accelerator programmes to support new technology ventures.
Disponível em: http://www.nesta.org.uk/sites/default/files/the_startup_factories_0.pdf. Acesso
em: 22 jul 2015.

SEED-DB. Seed Accelerator & Groups Data. Disponível em: http://www.seed-db.com/accelerators


Acesso em: 20 jul. 2015.

THE ECONOMIST. Tech Startups: A Cambrian Moment. Disponível em: http://www.economist.


com/news/special-report/21593580-cheap-and-ubiquitous-building-blocks-digital-products-and-
services-have-caused. Acesso em: 20 jul. 2015.

Y COMBINATOR. What Happens at Y Combinator. Disponível em: http://www.ycombinator.com/


atyc/ Acesso em: 20 jul. 2015.

13

Você também pode gostar