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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DA BAHIA

ALUMÍNIO: REATIVIDADE E SEUS COMPOSTOS

Relatório técnico apresentado como requisito


parcial para avaliação da disciplina Química
Inorgânica, do curso de Engenharia Química, do
Instituto Federal da Bahia - Campus Salvador.

Docente: Denise Santos de Sá


Discentes: Moisés Sena e Ráila Mota

Salvador - Ba

2019
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OBJETIVOS

Observar o comportamento do alumínio frente à água e sem soluções ácidas e


básicas, reconhecer que soluções aquosas de sais de alumínio são ácidas,
entender o papel de compostos de alumínio no tratamento de água e identificar
o caráter ácido-base do hidróxido de alumínio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

EXPERIMENTO 1 – Por que o alumínio é um elemento muito importante?

Quando foi adicionado o alumínio metálico em água, não foi observado alteração
no sistema. De acordo com Lee (1999), o alumínio reage com o oxigênio
formando o óxido de alumínio na superfície do metal (Equação 1), sendo a
reação entalpicamente favorável (∆H = -3340 kJ). Ainda de acordo com a Lee
2005, o Al2O3 é branco, cor que não foi observada no metal durante a prática. O
observado foi o brilho característico dos metais.

4 Al(s) + 3 O2(g) → 2 Al2O3(s) (Equação 1)

A constante de acidez do alumínio é de 1,8 x 10 -5 (PETRUCCI, 2015, p. 777).


Essa constante é maior do que a constante da autoionização da água e, portanto,
espera-se que o alumínio metálico reaja com a água. Contudo, como no sistema
não houve evidência de reação, acredita-se então que há a existência do óxido
cobrindo o metal; onde, de acordo com Patnaik 2002, o óxido de alumínio é
anfótero, ou seja, reage apenas em meio aquoso ácido ou básico.

Quando o metal foi adicionado em meio básico, percebe-se inicialmente a


formação de bolhas e logo depois o sistema apresentou uma turvação branca.
Segundo Patnaik (2003), o óxido de alumínio em meio básico forma o hidróxido
de alumínio (Equação 2), onde o produto contém o ânion aluminohidróxido
hexacoordenado, onde essa reação é lenta.

Al2O3 + 2OH- + 7H2O → 2[Al(OH)4(H2O)2]- (Equação 2)

Entretanto, dependendo da concentação de OH-, o hidróxido de alumínio pode


reagir com a hidroxila formando os ânions tetrahidróxi-aluminato e aluminato
(Housecroft & Sharpe (2015). Esse reação é descrita pela Equação 3.

Al(OH)3(s) + OH-(aq) → Al(OH)4-(aq) + AlO2-(aq) (Equação 3)

A falta de evidência de formação dos produtos da Equação 3 pode ser explicada


pela solubilidade dos compostos iônicos no qual esses ânions complexos estão
presentes. Como parte de uma solução de hidróxido de sódio, os ânions que
podem estar presentes no meio são o tetrahidróxi-aluminato de sódio [Al(OH)4-
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Na+] e aluminato de sódio [(AlO2)- Na+], assim, a solubilidade dessas espécies


no meio pode ser alta o suficiente para que não seja possível perceber aa
presença dos mesmos.

Quando o alumínio metálico foi colocado em meio ácido, de forma inicial houve
a formação de bolhas seguindo-se da turvação do sistema na cor cinza. Segundo
Housecroft & Sharpe (2005), o óxido de alumínio reage em meio aquoso ácido
de acordo com a Equação 4.

Al2O3 + 2H3O+ + 3 H2O → 2[Al(OH2)6]3+(aq) (Equação 4)

Nos tubos contendo o alumínio metálico em meio básico e em meio ácido, em


ambos houve a formação de bolhas. A partir das semiequações de oxirredução
representadas pelas Equações 5, 6, 7 e 8, pode-se escrever a equação global
para cada processo.

2H+(aq) + 2e ⇌ H2(g)  = 0,00 V (Equação 5)


H2O(l) + 2 e ⇌ 2OH(aq) + H2(g)  =  0,83 V (Equação 6)
Al(s) ⇌ Al3+(aq) + 3 e  = + 1,67 V (Equação 7)
Al(s) + 4 OH(aq) ⇌ [Al (OH)4](aq) + 3 e  = + 2,35 V (Equação 8)

Para o sistema contendo alumínio em meio básico, houve a oxidação do alumínio


metálico, gerando gás hidrogênio (Equação 9).

Al(s) + H2O(l) + 2 OH(aq) ⇌ [Al (OH)4](aq) + H2(g)  = +1,52 V (Equação 9)

Para o sistema contendo alumínio em meio ácido, também houve a oxidação do


alumínio, onde também resulta em gás hidrogênio (Equação 10).

Al(s) + 2H+(aq) ⇌ Al3+(aq) + H2(g)  = +1,67 V (Equação 10)

Nota-se que o potencial das Equações 9 e 10 são positivos. Ou seja, essas


reações são termodinamicamente favoráveis. A partir disso, pode-se concluir
que o gás gerado em ambos os sistemas foi o gás hidrogênio. Vale ressaltar que
as equações não foram balanceadas quanto ao número de elétrons envolvidos
no processo, já que potenciais usados são via eletrodo padrão de hidrogênio e
também pelo fato da análise basear-se somente no sinal do potencial das
equações.
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EXPERIMENTO 2 – Comportamento do cátion alumínio em água

Ao adicionar o sulfato de alumínio em água, notou-se que o pH da mesma ficou


menor do que o pH da água pura. Segundo Apblet (2005), o cátion alumínio
hidrolisa, e essa hidrólise resulta no cátion complexo hexaaquoalumínio (III),
[Al(OH2)6]3+ e, devido á desprotonação de uma das águas coordenadas
(Equação 11), essa é uma solução ácida.

[Al(OH2)6]3+ + H2O(l) ⇌ [Al(OH2)5(OH)]2+ + H3O+(aq) (Equação 11)

O cátion complexo [Al(OH2)6]3+ tem um pKa de 4,95 (APBLET, 2005, p. 131).

EXPERIMENTO 3 – Por que os compostos de alumínio são usados no


tratamento de água?

Inicialmente, parte-se de uma solução de sulfato de alumínio. Como já visto no


Experimento 2, essa solução contém o cátion hexaaquoalumínio (III),
[Al(OH2)6]3+, o que torna essa solução ácida. Essa solução foi colocada em uma
das provetas contendo água barrenta.

Após a colocação do hidróxido de cálcio na proveta contendo a água barrenta e


Al2(SO4)2, observou-se a formação de um sólido em dispersão e também de um
precipitado.

O hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] é uma base de Arrhenius, ou seja, libera íons


OH- em meio aquoso, onde é representado pela Equação 12. A hidroxila reage
com o íon complexo [Al(OH2)5(OH)]2+, no qual é produto da Equação 11,
formando o hidróxido de alumínio e água (Equação 13).

Ca(OH)2(s) → Ca2+(aq) + 2OH-(aq) (Equação 12)

[Al(OH2)5(OH)]2+(aq) + 2 OH-(aq) → Al(OH)3(s) + 3 H2O(l) (Equação 13)

Assim, o hidróxido de sódio [Al(OH)3] facilita a formação de flóculos, que são


partículas grandes e que possibilita a precipitação das impurezas, facilitando a
separação. Isso é possível porque a relação carga/raio do alumínio é alta e a
espécie OH- é um centro de carga negativo. Portanto, o alumínio (Al 3+) atrai as
espécies que são carregadas positivamente – espécies que têm a nuvem
eletrônica alta – e o OH- atrai espécies que têm um centro de carga positivo ou
espécies que são carregadas positivamente. Essa reação ocorre na superfície
do sólido e a tendência é que essas partículas fiquem aderidas a esse hidróxido,
formando partículas maiores.

Como já mencionado, o hidróxido de alumínio é sólido e à medida que interage


com outras partículas sólidas presentes no meio há a formação de partículas
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com densidade suficientemente alta para que o material deposite no fundo do


recipiente. E mesmo que fique em suspensão, este sólido é mais facilmente
retirado do sistema por filtração.

É importante mencionar que de acordo com Dantas, Silva e Filho (2009), o


hidróxido de alumínio formado a partir da reação descrita pela Equação 13 tem
um aspecto gelatinoso. Isso é importante porque com esse aspecto ele tem um
maior contato com as partículas de impureza. Segundo Petrucci (2015), a
constante de solubilidade do Al(OH)3(s) é 1,32x10-33, ou seja, o hidróxido de
alumínio praticamente não dissolve em água, e a adição do mesmo numa
solução contendo impureza não surtiria efeito porque o resultado seria a
deposição do mesmo no fundo do recipiente. Por isso é importante a obtenção
do hidróxido de alumínio em solução.

Um cuidado a ser tomado é com a concentração de OH- no meio, já que o


hidróxido de alumínio reage com OH- formando o íon tetrahidróxi-aluminato
[Al(OH)4-] e o íon alumina (AlO2-), como mencionado no Experimento 1 e
representado pela Equação 3. Esses íons formados têm uma solubilidade alta
em água, o que dificulta a separação dos mesmos.

EXPERIMENTO 4 – Propriedades do hidróxido de alumínio

Como já mencionado no Experimento 2, a solução de sulfato de alumínio é uma


solução ácida. Ao adicionar hidróxido de sódio (NaOH) no tubo de ensaio
contendo essa solução, ocorre a formação de um sólido com aspecto gelatinoso.
Segundo Lee (1999), o Al(OH)3 é formado mediante adição de uma base de
Arrhenius na forma de um sólido branco e gelatinoso. Espera-se, portanto, que
o hidróxido de alumínio tenha sido obtido nesse sistema. A Equação 13
demonstra essa reação.

Após a divisão desta última solução contendo o sólido na forma gelatinosa em


tubos de ensaio diferentes, adicionou-se mais solução hidróxido de sódio em um
do tubos até a dissolução do sólido. Notou-se que a solução voltou a ficar incolor.
Isso é evidência de que o hidróxido de alumínio pode ter reagido com a hidroxila.
Como já visto no Experimento 1, o Al(OH)3 reage com o a hidroxila formando o
íon tetrahidróxi-aluminato [Al(OH)4-], expresso pela Equação 3. Dependendo da
concentração de OH- no meio, o íon aluminato (AlO2-) também pode ser
formado. Como já mencionado no Experimento 1, as espécies contendo os íons
[Al(OH)4-] e AlO2- no meio são altamente solúveis em água, fazendo com que
eles “desapareçam” do sistema.

Adicionando-se então uma solução de ácido clorídrico a um outro tubo de


previamente preparado, notou-se também que o desaparecimento do sólido.
Isso é evidência de que o hidróxido de alumínio pode ter reagido com o H 3O+.
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Segundo Apblet (2005), Al(OH)3 reage em meio ácido resultando no íon


complexo [Al(OH2)6]3+, como descrito pela Equação 14.

Al(OH)3(s) + 3 H3O+(aq) → [Al(OH2)6]3+(aq) (Equação 14)

Em meio básico, o hidróxido de alumínio atua como um ácido de Lewis e de


Bronsted-Lowry. Já em meio ácido, o hidróxido de alumínio atua como uma base
de Lewis e também uma base de Bronsted-Lowry.

CONCLUSÃO

No Experimento 1, diante dos resultados, foi possível avaliar o comportamento


do alumínio metálico em água e do óxido de alumínio. A alumínio metálico
hidrolisa em água, formando um cátion complexo e deixando o meio ácido. Já o
oxido de alumínio, presente na superfície do metal, é anfótero, onde foi possível
avaliar a diferença de comportamento nos meios ácido e básico. No experimento
2, percebeu-se como o cátion alumínio se comporta em água, deixando o meio
ácido. No experimento 3, foi possível perceber como a relação carga/raio do
alumínio é importante no processo de tratamento de água, assim como a
concentração de íon hidroxila no meio é fundamental nesse processo e a
importância de se obter o hidróxido de alumínio em solução, já que o mesmo é
insolúvel em água. E por fim, no experimento 4, foi possível avaliar o
comportamento do hidróxido de sódio tanto em meio ácido quando em meio
básico, e de como o sistema varia de acordo com a concentração de íon H + e
OH-.

REFERÊNCIAS

APBLET, A. W. Aluminum: inorganic chemistry. Oklahoma State University. In:


King, B. R. Encyclopedia of inorganic chemistry. Second edition. 2005. 6655 p.

DANTAS, J. M., SILVA, M. G. L., FILHO, P. F. S. Um estudo em química analítica


e a identificação de cátions do grupo III. Educ.
quím vol.22 no.1 México ene. 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0187-
893X2011000100006>. Acessado em 22 de fevereiro de 2019.

HOUSECROFT, C. E., Sharpe, A. G. Inorganic chemistry. 2nd edition. Harlow:


Prentice Hall. 2005. 905 p.
LEE, J. D. Química inorgânica não tão concisa. Tradução da 5ª ed. inglesa.
Editora Edgard Blücher Ltda. 1999.
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PATNAIK, P. Handbook of inorganic chemicals. 1st edition. New York: McGrawy-


Hill. 2003. 1125 p.

PETRUCCI, R. H. General chemistry: principles and modern applications.


Eleventh edition. Upper Saddle River, N.J., Pearson/Prentice Hall. 2015. 1494 p.

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