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» @ LUIS WASHINGTON VITA B a @ » @ Tendéncias do ie Pensamento Estético & B @B = Contemporaneo no & Brasil ge . eae € pee 2,8,°," = e, : c) Séirero MILLIET: Como seus companheiros de geragao moder. 4 Aa “114 sou da poética para a nista, Sérgio Milliet passou | z ensaistica, culminando na pintura. Mantem um didlogo com as manifestagoes artisticas cujas perguntas e respostas estao registradas nos dez fomos de seu Didrio critico, onde suas reflexdes estéticas estao diluidas. Uma analise désse essai- fleuve, pletérico de vida, de espirito, de humor, de ironia: e, com 0 passar dos anos, de sabedoria, revelara ta]jgez uma das manifestacdes mais re- levantes da sensibilidade e da inteligéncia brasi- leiras, nado sendo menor sua contribuicdo a his- toria das idéias estéticas no Brasil. A sintese, po- rém, da estética de Sérgio Milliet, mais proxima da de Mario de Andrade do que da de Oswald de Andrade, esté em Pintura quase sempre, con- sistindo seus livros anteriores prentincios do que aqui esta, enquanto os posteriores siio desenvol- vimentose aprofundamentos coerentes, sem ne- nhum espirito de sistema, 0 que nio quer dizer que se trate de uma intencional assistema- tizacio. Para Sérgio Milliet, “téda a historia da arte se resume em uma luta da tradic&o contra o ri- tual, aspecto puramente extrinseco da tradic&o. Em renegade fala-se entéo em ‘espirito criador’, inate Aerts dos novos’, em necessidade de ub » ete. Mas no fundo tudo isso nao passa de uma oposicgo ao que se esté fa- zendo com o aplauso do grande publi tram sempre num passado mais ou menos remo- to”.°* Todavia, aceita éle a premissa que afirma que na base de tédas as formas de expressdo artistica existe um intuito utilitario de comuni- cacaéo, porquanto “todo o segrédo do fato social artistico est&é no conceito de comunicagao”,°* pela circunstancia de que “a arte tem que ser, forgosamente, representativa da cultura do gru- po €m que surge”’.5’ Nao duvida Sérgio Milliet -que a arte é uma expressio cultural, “e tanto 6 uma expresso puramente cultural que o simples fato de: nao pertencermos & cultura do artista nos impede de bem Ihe compreendermos o in- tuito, de bem penetrarmos a sua obra”.®® Por isso a arte, como expressdo cultural, “sé alcanca seu objetivo social de comunicacio quando ex- prime com fidelidade o nosso modo de viver e sentir caracteristico, ou melhor, o modo de sen- tir e de viver da maioria”.©° Conclui entdo Sér- gio Milliet, a propésito da funcdo social da arte, afirmando: “Arte que nao seja instrumento de comunicagéo, arte que nao possa transmitir emogées e criar estados de alma coletivos ou, pelo menos, compartilhados por numero sufici- ente de pessoas, nao tem razao de existéncia”, Dai esta outra concluséo: “Arte pela arte, em qualquer de suas manifestacées, foi uma evasio, um fenémeno de marginalismo para suas gera- 10 MILLET, Pintura quase sempre, Porto Alegre, 1944, 21

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