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O Direito Civil
Assim, o Direito Civil na sociedade atual merece ser pensado criticamente. Para
isso, é preciso conhecer suas principais estruturas e compreender de onde
surgiram e quais as funções que elas exercem na sociedade. Existe uma estreita
relação entre essas estruturas e o processo econômico desenvolvido na
sociedade. O direito, como linguagem, como discurso, pode se prestar à
manutenção da ordem (como instrumento de reprodução da estrutura social) e
pode se prestar ao desenvolvimento da pessoa humana - como instrumento de
garantia e preservação dos direitos e como tal, libertador da pessoa humana.
A estrutura dos institutos privados é dada pelo Código Civil Brasileiro. É dele que
são formulados os conceitos do Direito Civil. Isso porque o Direito Brasileiro
segue o sistema da CODIFICAÇÃO, a exemplo da maioria dos países
ocidentais. Seu sistema é diferente do sistema americano, por exemplo, onde as
normas não estão organizadas num código (sistema da common law). Suas
normas não são necessariamente escritas. As decisões dos juízes baseiam-se
em precedentes. O mesmo ocorre com o direito inglês.
Portanto, como leciona Orlando Gomes, "não lhe bastará informar-se a respeito
do funcionamento destes mecanismos e dessas técnicas, instruindo-se quanto
ao modo de aplicá-los, mas importa que procure entendê-los na sua função
valorativa, inspirada em motivos ideológicos." (Introdução..., 1996,p. 01).
Examinemos, pois, essas questões sob um outro ângulo. Hoje, é muito comum
as pessoas financiarem imóveis, coisa que não existia ao tempo da concepção
dos códigos.
Vejam outro exemplo: antes da CF de 1988, o Código Civil dava como conceito
de filho legítimo a pessoa nascida do casamento. Era legítimo porque o direito
lhe conferia todos os direitos de filho: o uso do nome, a herança, a pensão, etc.
A pessoa nascida fora do casamento recebia outros conceitos: filho ilegítimo,
filho espúrio, filho adotivo. Esse conceitos serviam para classificar o conteúdo
dos direitos a que essa pessoa fazia jus. Portanto, somente era sujeito de
determinados direitos, a pessoa nascida sob certa condição.
A evolução das relações sociais, muito mais do que tornar obsoletos esses
conceitos, revelou sua injustiça e a inadequação. Se vivemos numa sociedade
democrática, fundada na igualdade material de todos os cidadãos, não pode o
Direito assentar-se sobre conceitos de desigualdade, legitimando-a. E foi assim
que, primeiro a jurisprudência e depois a própria Constituição Federal modificou
esses conceitos. E o fez imprimindo-lhes valores. Que são valores? Isto é muito
complexo, mas podemos tentar afirmar, com alguma imprecisão, que são
diretrizes éticas vigentes em cada sociedade, em cada tempo. Que valores
5
Voltemos ao exemplo anterior. Num contrato, as duas "partes" são iguais. Têm
direitos e deveres equivalentes. Esse é o conceito de sujeito contratante. Mas,
será que realmente essas partes estão em condições de plena igualdade
econômica e social? Nem sempre. Aliás, quase nunca. Numa sociedade de
consumo, como a nossa, isso fica evidente.
A dogmática - a teoria dos conceitos puros não leva em conta esses valores e
não reconhece o processo social sob a forma. Por isso, proponho a vocês
estudar, sim, os conceitos teóricos - de uma Teoria Geral da Relação Jurídica,
mas sem desprendê-los dos processos que os antecedem ou que a eles sempre
se antecipam.
Buscamos, com isso, uma outra possibilidade, para além das linhas dos manuais
de Direito e para além do estudo e da pura fixação dos conceitos básicos que a
disciplina oferece. Essa outra possibilidade é a de não apenas reproduzir esses
conceitos, mas de interpretá-los à luz da sociedade contemporânea, da
sociedade do seu tempo, da sociedade tecnológica, do consumo e também das
injustiças e das exclusões. O que faremos depois, que linha seguiremos em
nossas carreiras como advogados, juizes, procuradores, delegados, professores,
é escolha que cabe a cada um de nós. Só não quero sonegar aquilo que aprendi
e venho aprendendo - com grande dificuldade, admito - com meus mestres,
meus colegas, meus clientes e com meus alunos.
EMENTA.
I. DIREITO
Na acepção mais comum, existem duas grandes dicotomias, que permitem uma
sistematização dogmática do Direito (Tercio Sampaio Ferras Jr. Introdução...p.
130).
1
JURIDICIDADE - atributo que diferencia a regra de direito das demais regras de comportamento social.
Caracteriza as normas que pertencem aos sistemas de Direito, conjunto de princípios e regras dotado de
legitimidade e obrigatoriedade.
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Essa dicotomia não tem um critério único. Os critérios mais aceitos são:
II - DIREITO CIVIL
No Brasil, o Código Civil mantém-se como lei básica, embora não global,
das relações privadas. Mantém-se a autonomia científica e didática.
I) RELAÇÃO JURÍDICA
10
O Direito, sob esse prisma, cumpre uma função de organizar a vida social, de
modo a garantir uma certa harmonia na coexistência dos diferentes interesses
sociais, sejam eles individuais ou coletivos.
O sujeito
O objeto
11
O fato propulsor
1. SUJEITO
Em toda relação jurídica figura pelo menos um sujeito. Orlando Gomes ensina
que "não há direito sem sujeito". O elemento subjetivo (sujeito) é uma exigência
lógica do conceitos de relação jurídica, pois é neste elemento que se concentra
o direito subjetivo.
2. OBJETO
3. FATO PROPULSOR
ESTRUTURA
1. Direito Subjetivo
Exemplo:
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Pedro é inquilino de João num imóvel residencial. Portanto, tem posse sobre o
imóvel alugado. Ele tem o poder de exigir que João, mesmo sendo proprietário,
não tenha livre acesso ao imóvel na sua ausência.
Essa situação exemplifica o poder de Pedro em face de João, qual seja, exigir
dele um comportamento negativo ( não entre no imóvel).
Esse mesmo poder pode ser exercido em face de qualquer pessoa.
Ao poder de Pedro corresponde uma sujeição de João. João está sujeito ao
direito subjetivo de Pedro.
Nessa mesma situação de fato, Pedro também é titular de um direito, qual seja,
o direito de propriedade. Sendo proprietário, ele resolveu alugar o imóvel. Para
isso, fez um contrato (contrato de locação). Nesse contrato, ele tem o direito de
receber corretamente os aluguéis. Se João não pagar os aluguéis, Pedro tem o
direito subjetivo de exigir que João os pague, ou que saia do imóvel ( direito que
ele exerce através de uma ação de despejo).
Assim, nessa segunda relação, Pedro tem um direito subjetivo (poder de exigir
os aluguéis) ao qual corresponde um DEVER de João, qual seja, o dever de
pagar pontualmente os aluguéis.
b) direitos potestativos: são poderes jurídicos de, por um ato de livre vontade ou
integrado por um ato de autoridade, produzir efeitos jurídicos que
inelutavelmente se impõem a outra parte. A ele se opõe uma SUJEIÇÃO da
outra parte. O exercício do direito subjetivo pode produzir efeitos jurídicos
que interfiram no direito da contraparte sem o consentimento desta, o que
normalmente seria exigido.
2. Dever/ sujeição
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Mas o dever jurídico pode se impor a todos indistintamente. Ele tem caráter
universal. Neste caso, dizemos que há um "dever geral de abstenção". A ela,
correspondem os direitos ditos absolutos, ou seja, aqueles que se impõem a
todas as pessoas indistintamente. Ex: o direito de personalidade. Todos são
obrigados a um dever geral de abstenção à violação do direito de
personalidade, sujeitando-se às sanções no caso de violação.
AUTONOMIA PRIVADA
Nos fins do século XVIII e princípios do século XIX, surge na Europa uma
nova sociedade. Uma sociedade de indivíduos. São uma somatória de
produtores isolados, que agem em condições de igualdade e que, através do
comércio de bens realizam o equilíbrio econômico e uma forma de justiça social.
Nessa nova sociedade, há um modo de produção próprio de bens. Esse modo
de produção reclama ampla liberdade de circulação de bens e das pessoas.
Cada indivíduo pode ter acesso à propriedade dos meios de produção, em
condições de igualdade e pelo exercício de sua vontade.
Situação jurídica subjetiva é toda situação que pertine a uma pessoa, anterior à
relação jurídica. Toda pessoa, antes mesmo de estabelecer alguma relação
jurídica tem em torno de si uma situação jurídica. Ela existe em si mesma e do
simples fato de sua existência decorrem situações relevantes para o direito.
Assim, uma pessoa não pode ser considerada, simplesmente, como devedora
de obrigações ou de uma sujeição, pois ela tem, ao mesmo tempo, direitos e
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Por outra parte, também, existem situações jurídicas que não correspondem a
nenhum dever ou sujeição por parte de outra ou outras pessoas e, portanto, não
chegam a formar uma relação jurídica. Pode se constituir, por exemplo, numa
mera expectativa de direito. Há uma situação jurídica relevante, mas dela ainda
não decorre nenhum poder para o seu titular. Ela não pode exigir o cumprimento
ou sujeição por parte de outra ou outras pessoas.
A teoria dos direitos subjetivos públicos nasce na França com o triunfo do estado
liberal e traduz os princípios da Declaração de Direitos, de 1789. Ele visa à
garantia das liberdades individuais frente ao liberalismo estatal. O autor da obra
mais clássica sobre o tema é Georges Jellinek.
- personalidade;
- família;
- negócio jurídico e contrato;
- propriedade;
- herança;
- responsabilidade civil.
I – PERSONALIDADE. NOÇÃO.
SUJEITOS DE DIREITOS. PESSOA
NATURAL. INÍCIO E FIM DA
PERSONALIDADE. DIREITOS DA
(PERSONALIDADE.CAPACIDADE
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I – SUJEITO DE DIREITO
HISTÓRICO
Observa-se que essas eram condições para ser pessoa= sujeito de direitos. Na
modernidade, a personalidade é uma projeção da natureza humana. Pessoa é
sinônimo de ser humano e de sujeito de direito.
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I - PESSOA NATURAL
PERSONALIDADE
2
Orlando Gomes, Introdução... p. 141.
3
Idem, ibidem, op. cit. loc. cit.
4
Instituições de Direito Civil, vo. I, 18. Ed. Forense, 1996, p. 141.
5
Carlos Alberto da Mota Pinto, Teoria Geral do Direito Civil, 3. Ed. Coimbra, Coimbra, 1992.
20
PERSONALIDADE
Observem que há uma diferença entre ser titular de um direito e exercer esse
direito.
6
Op. cit. p. 146
21
NASCITURO
Histórico:
7
Op. cit. p. 144
22
Exemplos:
Código Civil:
Natalista – afirma que a personalidade civil começa com o nascimento com vida,
segundo à risco o Código Civil. (Silvio Rodrigues, Vicente Ráo, Eduardo
Espínola)
MORTE
Morte Presumida
Ausência
1º - declaração de ausência
2º - sucessão provisória
3º - sucessão definitiva;
A lei refere-se à sucessão definitiva ( CCB art.481 e ss, e CPC, arts. 1167 a
1169);
Passados 10 anos do trânsito em julgado da sentença que abre a sucessão
provisória;
Deve ser averbada no RI.
CESSAÇÃO DA AUSÊNCIA
CAPACIDADE CIVIL
anulabilidade, art. 496 do CCB). Portanto, uma pessoa, embora capaz, pode
estar impedida para a prática de certo ato, ou necessita de consentimento.
Mesmo que a pessoa natural tenha capacidade de direito, pode estar impedida
de praticar certo ato jurídico. É o caso do ascendente que está proibido de
vender aos descendentes sem o consentimento dos demais descendentes. Esta
hipótese, no âmbito da teoria geral do Direito Civil liga-se à idéia de:
a) Incapacidade absoluta;
b) Falta de legitimação.
c) Senilidade.
d) Menoridade.
e) Intervalo de lucidez.
Incapacidade Absoluta
MENORES
10
Arnoldo Wald, op. cit. p. 137.
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ÉBRIOS E TOXICôMANOS
Incapacidade Relativa
por ato ilícito, revogado o art. 156 do CCB antigo). Devem ser citados para a
ação, quando réus, juntamente com seus assistentes ( CPC, art. 8º).
CAUSAS TRANSITÓRIAS
MAIORIDADE e EMANCIPAÇÃO
Emancipação:
- por ambos os pais (se estiver sob o poder familiar), por escritura
pública (já se exigia a concessão pelos dois depois da CF/88);
- por um deles, na falta do outro - importante: na dúvida, recorre-se ao
judiciário. a falta do outro não implica, necessariamente, a morte (texto
antigo: na morte do pai, pela mãe). Pode ser ausência, abandono do
lar, paradeiro desconhecido. "Falta" pode ser interpretado com
elasticidade. Neste caso, porém, melhor que seja judicial. Um dos
motivos, é o importante efeito patrimonial da ausência O juiz e o MP
deverão averiguar se a "falta" é autorizadora da emancipação por
apenas um dos genitores. Eventualmente, pode-se aceitar a
emancipação por registro público por um só, mediante apresentação
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Outras hipóteses:
A maioridade civil não tem relação necessária com a maioridade para fins
de Direito Penal, do Trabalho, Administrativo ou eleitoral. Assim, a maioridade
política pode ser alcançada aos 16 anos, quando a pessoa pode tornar-se
eleitor. A partir dos 18 anos, ela é obrigatória. Quanto à elegibilidade, a CF
estabelece idade mínima para:
- Presidente, Vice e Senador : 35 anos
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Questões de concursos
1) A interdição:
d) É privativa de eleitor;
e) Começa com o nascimento com vida e termina com a morte;
Direitos da Personalidade
11
Temas de Direito Civil, Renovar, Rio de Janeiro, 1999, p. 36.
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- direito à honra;
- direito à liberdade;
- direito ao recato;
- direito à imagem;
- direito ao nome;
- direito moral do autor;
Inúmeros são os direitos que podem ser enfeixados nesse rol, além
daqueles já descritos na CF, como a privacidade e a vida privada.
Assegurou-se, assim, o que os americanos chamam de "privacy",
considerados como o direito de evitar ou excluir a interferência de
terceiros na vida particular de cada um, inclusive o Governo. 13 Tutela-se
o direito `a preservação das opções fundamentais e pessoais do homem,
no tocante à sua vida privada, pessoal, econômica, etc. Considerou-se a
privacidade como a pretensão do indivíduo de decidir por si, quando,
como e até que ponto uma informação pessoal pode vir a ser do
conhecimento de outrem.
12
Gustavo Tepedino, op. cit. p. 35.
13
Arnoldo Wald, Curso de Direito Civil Brasileiro, Introdução e Parte Geral, p. 123.
14
Op. cit. p. 47
36
O Art. 52 do CCB novo manda aplicar "no que couber" a proteção dos
direitos da personalidade às pessoas jurídicas. Serve, inclusive, para corroborar
a tese dos danos morais contra a pessoa jurídica.
CARACTERÍSTICAS
a) transmissíveis;
b) renunciáveis;
c) prescritíveis;
d) expropriáveis;
e) impenhoráveis;
a) absolutos;
b) impenhoráveis;
c) prescritíveis;
d) intransmissíveis;
e) extrapatrimoniais.
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Exemplo: Maria está grávida de João. João era casado em primeiras núpcias
com Eulália, com quem tinha dois filhos. São herdeiros de João, em primeira
linha, os filhos concorrentemente com o cônjuge se casado em regime de
comunhão parcial e havia bens particulares.
Estado de Pessoa
Assim:
NOME
Nome patronímico
PRENOME
PSEUDÔNIMO
APELIDO
AGNOME
ALTERAÇÃO DO NOME
Causas de alteração
a) necessárias:
RETIFICAÇÃO DO NOME
3 teorias: propriedade
estado de pessoa
direito personalíssimo
CARACTERÍSTICAS:
- Intransmissível
- Imprescritível
- Irrenunciável
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2ª Parte
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QUESTÕES PRÁTICAS
2) Questões de concursos
4) A interdição: