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Trechos para Discussão

“Condicionada pelo meu presente, é que procuro narrar um passado que re-faço,
re-construo, re-penso com as imagens de hoje. A própria seleção daquilo que incluo na
narração obedece a critério do presente: escolho aquilo que tenha relações com o
sistema de referências que me dirige, hoje. A (re)construção do meu passado é seletiva:
faço-a a partir do presente, pois é este que me aponta o que é importante e o que não
é. Não descrevo, pois, interpreto.
Procuro-me no passado e ‘outrem me vejo’; não encontro ‘a que fui’, encontro
alguém que ‘a que sou’ vai reconstruindo, com a marca do presente e se transfigura,
contaminando pelo ‘aqui' e ‘agora’. Esforço-me por recuperá-lo tal como realmente e
objetivamente foi, deve ter sido, mas não posso separar o passado do presente, e o que
encontro é sempre o meu pensamento atual sobre o passado, o presente projetado
sobre o passado. Como o passado - o passado de que foi contemporâneo aquela que
fui - conhecendo-lhe o futuro; portanto, na verdade, reconstruo-o em função desse
futuro, que é o meu presente de hoje”.
(Maria Helena Abrahão)

As divisões temporais da História são destacadas dentro do quadripartismo


(Antiga, Medieval, Moderno e Contemporânea) e na história do Brasil, que passa a ser
construída dentro dos marcos da história europeia. Os marcos, segundo Chesneaux
(1976), têm uma função política ideológica bem definida. No caso da Idade Antiga,
destaca-se a antiguidade greco-romana e seus valores culturais como base da cultura
burguesa europeia. No período medieval, salienta-se a Idade Média cristã, exaltando os
valores da civilização cristã. O período moderno, segundo o autor, representa a
pretensão da burguesia de completar a história, controlando, em nome da modernidade,
o futuro da humanidade. A Idade Contemporânea apresente o domínio do Ocidente
sobre o mundo, por meio da elaboração de um quadro coerente e global do mundo. Nos
séculos XIX e XX, os países industrializados, ‘civilizados’, tornam-se os ‘guias naturais
da história africana, asiática ou americana’.
(Lilia Moritz Schwarcz)

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