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(2016-2019)
Lívia Mendes
Março 2019
Escola Profissional Metropolitana
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Lívia Mendes
Março 2019
PAP – Prova de Aptidão Profissional – As diferentes interpretações no concerto a solo: Concerto para em Si
Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 4
1. ANTONÍN DVOŘÁK: TRAÇOS PESSOAIS ................................................................................... 6
1.1. OBRA ........................................................................................................................................... 8
2. CONCERTO PARA VIOLONCELO EM SI MENOR, OP. 104 ..................................................... 12
2.1. INICIATIVA DA ESCRITA E HISTÓRIA INICIAL ............................................................... 12
2.2. ESTRUTURA E BREVE DESCRIÇÃO ................................................................................... 13
3.INTERPRETAÇÕES (1º ANDAMENTO) ........................................................................................ 29
3.1 NOTA BIOGRÁFICA DOS 3 INTÉRPRETES ......................................................................... 29
3.1.1 MSTISLAV ROSTROPOVICH .......................................................................................... 29
3.1.2 STEVEN ISSERLIS ............................................................................................................. 29
3.1.3 JACQUELINE DU PRÉ ...................................................................................................... 30
3.2. INTERPRETAÇÃO DOS 3 INTÉRPRETES ....................................................................... 31
CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 39
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 40
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
ÍNDICE DE FIGURAS1
Figura 1- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 87-109 ............................. 14
Figura 2- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 110-119 ........................... 14
Figura 3- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 136-157 ........................... 15
Figura 4- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 158-160 ........................... 15
Figura 5- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 166-180 ........................... 16
Figura 6- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 183-221 ........................... 16
Figura 7- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 227-236 ........................... 17
Figura 8- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 270-284 ........................... 18
Figura 9- Concerto para violoncelo de Dvórak, 2º andamento, compasso 15-19 ................................ 18
Figura 10- Concerto para violoncelo de Dvórak, 2º andamento, compasso 25-38 .............................. 18
Figura 11- Lasst mich Allein OP.82 Nº1 de Dvórak, compasso 10-14 ................................................... 19
Figura 12-Concerto para violoncelo de Dvórak, 2º andamento, compasso 39-47 ............................... 19
Figura 13- Concerto para violoncelo de Dvórak, 2º andamento, compassos 68-77 ............................. 20
Figura 14- Concerto para violoncelo de Dvórak, 2º andamento, compassos 105-128 ......................... 20
Figura 15- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 1-38 ............................... 21
Figura 16- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 39-58 ............................. 21
Figura 17- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 87-130 ........................... 22
Figura 18- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 177-185 ......................... 22
Figura 19- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 177-185 ......................... 23
Figura 20- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 204-276 ......................... 23
Figura 21- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 277-304 ......................... 24
Figura 22- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 313-332 ......................... 24
Figura 23- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 335-338 ......................... 25
Figura 24- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 381-400 ......................... 25
Figura 25- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 401-424 ......................... 26
Figura 26- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 425-448 ......................... 26
Figura 27- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 468-472 ......................... 27
Figura 28- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 477-480 ......................... 27
Figura 29- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 481-486 ......................... 27
Figura 30- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 499-508 ......................... 28
Figura 31- Concerto para violoncelo de Dvórak, 3º andamento, compassos 509-516 ......................... 28
Figura 32- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 87-109 ........................... 31
Figura 33- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 145-156 ......................... 32
Figura 34- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 110-115 ......................... 32
Figura 35- Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 113-123 ......................... 33
Figura 36- Concerto para violoncelo de Dvorák, 1º andamento, compassos 136-157 ......................... 34
Figura 37-Concerto para violoncelo de Dvórak, 1º andamento, compassos 158-160 .......................... 35
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Todas estas imagens estão disponíveis no site IMSLP
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PAP – Prova de Aptidão Profissional – As diferentes interpretações no concerto a solo: Concerto para em Si
Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
No 1º capítulo, será abordado de forma breve alguns traços pessoais de Antonín Dvořák,
sobre os seus estudos, o tempo que esteve em Nova Iorque e as suas composições mais
conhecidas escritas nessa altura. No subcapítulo 1.1, irão ser mencionadas em tabelas, as obras
mais conhecidas como Sinfonias, Óperas, Concertos para instrumentos solos e Quintetos e
Quartetos de cordas.
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
Terminando estas análises, será feito um resumo e uma comparação entre as interpretações
analisadas, referindo de modo geral semelhanças e diferenças entre elas.
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
Dvořák iniciou os seus estudos em Praga, aos 6 anos, onde começou a tocar órgão e
mais tarde violino e viola. Em 1853, após seis anos na escola, os pais de Dvořák enviaram-no
para casa de um tio em Zlonice, uma pequena cidade vizinha onde podia continuar a aprender
alemão, que na altura era algo fundamental na Boémia. Mais tarde, ingressou na Bohemian
Provisional Theater Orchestra, tocando viola.
Em 1866, Dvořák começou a dar aulas de música e a ensinar piano, onde conheceu a
sua esposa, Anna Cermáková, irmã da sua primeira paixão, Josefina, um amor não
correspondido. Casou-se em 1873.
Em 1892, Dvořák foi convidado a ir para Nova Iorque, onde ficou com o cargo de
Diretor do Conservatório Nacional, uma escola de composição e música americana. A única
condição para que este cargo fosse assumido era que os estudantes americanos e afro-
americanos com talento e sem capacidades económicas fossem aceites gratuitamente. Nesse
período, Dvořák compôs as suas obras mais conhecidas. A Sinfonia Nº9, intitulada de Sinfonia
do Novo Mundo, e duas obras de música de câmara: o Quarteto de cordas em Fá Maior Op.96
e o Quinteto de cordas em Mib Maior Op.97, ambos intitulados de Americano.
As obras deste compositor não eram, até então, habitualmente comentadas pelo público,
mas depois das composições atrás referidas, a sua escrita atraiu o interesse do crítico Eduard
Hanslick 2 e do compositor Johannes Brahms. Brahms e Dvořák tinham uma amizade e
admiração mútua pelo trabalho um do outro, e havia tal afeição que Brahms fazia correções nas
obras de Dvořák. Na sua leitura do Concerto para violoncelo em Si menor, Brahms exclamou:
2
Escritor sobre assuntos musicais da Áustria
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
“Why on earth didn’t I know that one could write a cello concerto likes this? Had I known, I
would have written one long ago.”3
As obras de Dvořák têm um estilo próprio e são consideradas obras com uma grande
riqueza melódica e uma parte orquestral colorida. Estas constituem uma síntese do pós-
romantismo alemão de Brahms e da tradição folclórica eslava.
A primeira obra bem pensada e trabalhada a que o compositor pôde atribuir um número
«opus» foi o Quinteto de cordas em Lá menor (1861) e, de seguida, o Quarteto de cordas em
Lá Maior, op. 2 (1862).
3
LAYTON, Robert- Dvořák: Symphonies E Concertos, pág. 67- “Mas porque é que eu nunca soube que alguém
poderia escrever um concerto para violoncelo como este? Se soubesse, já teria escrito um há muito tempo.”
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
1.1. OBRA
Dvořák compôs inúmeras obras em diversas formas e instrumentações, como por
exemplo Poemas Sinfónicos, Polkas, Rapsódias, Aberturas, entre outros. Nas tabelas que se
seguem, irão ser discriminadas as várias Sinfonias, Óperas, Concertos para instrumentos a solo,
Quartetos e Quintetos de cordas:
Sinfonias
Obra Data de Números de andamentos Tonalidade
(Sinfonia) composição
Sinfonia nº1 1865 I. Maestoso- Allegro Dó Maior
II. Adagio molto
III. Allegretto
IV. Finale, (Allegro animato)
Sinfonia nº 2 1865 I. Allegro con moto Si Bemol
II. Poco adagio Maior
III. Scherzo : Allegro con brio
IV. Finale: Allegro con fuoco
Sinfonia nº 3 1873 I. Allegro moderato4 Mi# Maior
II. Adagio molto, tempo de marcia ou mib
III. Allegro vivace
Sinfonia nº 4 1874 I. Allegro Ré menor
II. Andante sostenuto e molto cantabile
III. Scherzo (Allegro feroce)
IV. Finale: Allegro con brio
Sinfonia nº 5 1875 I. Allegro ma non troppo Fá Maior
II. Andante con moto
III. Andante con moto, quase tempo lírico -
Allegro scherzando
IV. Finale: Allegro molto
Sinfonia nº6 1880 I. Allegro non tanto Ré Maior
4
tempo moderado
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II. Adágio
III. Scherzo ( Furiant ), Presto
IV. Finale, Allegro con spirito
Sinfonia nº 7 1885 I. Allegro maestoso Ré menor
II. Poco Adagio
III. Scherzo : Vivace - Poco meno mosso
IV. Finale: Allegro
Sinfonia nº 8 1889 I. Allegro con brio Sol Maior
II. Adágio
III. Allegretto grazioso - Molto vivace
IV. Allegro ma non troppo
Sinfonia nº9 1894 I. Adagio, Allegro Molto Mi menor
II. Largo
III. Scherzo: Molto vivace
IV. Allegro con fuoco
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Concertos
Obra Data de Número de andamentos Tonalidade
(Concerto) Composição
Concerto para 1865 I.Andante, Allegro Assai, Allegro ma non Lá Maior
violoncelo troppo
II. Andante cantábile
III. Allegro risoluto
Concerto para 1876 I. Allegro agitato Sol menor
piano II. Andante sostenuto
III. Finale. Allegro con fuoco
Concerto para 1879 I.Allegro ma non troppo Lá menor
violino II.Adagio ma non troppo
III.Allegro giocoso, ma non troppo
Concerto para 1894-95 I.Allegro Si menor
violoncelo II.Adagio, ma non troppo
III. Finale, Allegro moderato
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
Música de Câmara
Data de composição Número de Tonalidade
andamentos
Quinteto para cordas Nº1 1861 3 Lá menor
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
A. Dvořák escreveu este concerto em Nova Iorque e a sua principal inspiração foi o
Concerto para violoncelo nº2 em Mi menor, Op.30, de Victor Herbert. Depois do seu concerto
estar escrito, Wihan leu e propôs várias sugestões, entre as quais a adição de duas cadências.
Dvořák aceitou algumas propostas, mas recusou as cadências.
A. Dvořák queria que fosse Hanus Wihan a estrear o concerto e este assim o aceitou.
No entanto, na sua estreia a 19 de março de 1896, Wihan não pôde tocar por ter concertos com
o Quarteto Bôemio6, com quem já tinha um contrato, nesse mesmo dia. Apesar da insistência
por parte da Sociedade Filarmônica Real londrina, a impossibilidade de Wihan estrear o
concerto levou à contratação do violoncelista Leo Stern7, sem consultar o compositor. Quando
soube, Dvořák recusou a estreia do concerto, o que deixou Francesco Berger8 horrorizado e
envergonhado, uma vez que o concerto já tinha sido anunciado. No entanto, Dvorak volta atrás
na sua decisão e a estreia do concerto ocorre a 19 de março, no Queen’s Hall, em Londres. Após
várias atuações por outros violoncelistas, Hanus realizou o concerto com grande sucesso, mas
só na segunda vez sob a batuta de Dvořák em Budapeste, a 20 de dezembro de 1899.
O concerto foi publicado a 1896 por N. Simorck9, Berlim.
5
Violoncelista checo e amigo próximo a quem Dvořák dedicou 3 obras
6
Quarteto constituído por Karel Hoffamnn, Josef Suk, Oskar Nedbal e Hanus Wihan
7
Violoncelista Inglês
8
Pianista, compositor e professor da Royal Academy Music e secretário honorário da Sociedade Filarmónica Real
9
Editora de música alemã fundada por Nikolaus Simorck
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
I. Allegro em Si m
II. Adagio, ma non troppo em Sol M
III. Finale: Allegro moderato10-andante- allegro vivo11 em Si menor
10 tempo moderado
11
tempo mais animado
12
Alguma liberdade a nível da pulsação
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
O violoncelo solo termina a secção inicial com trilos resolvidos para Si, como se pode
comprovar no último compasso da figura 1 para o 1º compasso da figura 2. Após a resolução
desses trilos do violoncelo, há uma primeira referência do tempo, Vivo, onde há uma mudança
de carácter com semicolcheias pontuadas, colcheias ligadas e várias indicações de dinâmicas
como se pode observar na figura 2.
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
Seguindo este tema lírico, o violoncelo volta ao carácter mais aberto e acentuado, através de
ligaduras com pontos em semicolcheias, enquanto acompanhado pelas madeiras e cordas
(figura 4). Nesta figura observa-se também uma passagem que explora a parte virtuosística do
solista, o que enaltece, de certa forma, o papel do violoncelo enquanto instrumento solista.
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carácter mais apaixonado
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acalmar ou atrasar o tempo
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
De seguida, existe uma pequena passagem mais cantada que rapidamente leva a um carácter
mais agitado e ansioso (figura 5) com pequenos momentos de diálogo entre o violoncelo solo e
a orquestra, nomeadamente, as madeiras, sendo que depois o violoncelo assume o papel
principal, com a secção pesante a culminar no Grandioso, fim da primeira parte do 1º
andamento, como demonstra a figura 6.
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Toda a orquestra
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
acompanhado pelo trémulo das cordas, um clarinete e a flauta a tocar um solo em resposta
(figura 7).
De seguida, o solo passa para o oboé e flauta, enquanto o violoncelo tem semicolcheias
como acompanhamento, em piano, que vai crescendo até chegar ao tutti fortissíssimo e
dramático, que deixa o violoncelo solo com cordas dobradas descendentes e seguido de uma
escala de oitavas até ao tutti que volta a tocar o primeiro tema lírico um pouco modificado.
Entra o violoncelo com esse mesmo tema e a mesma secção apresentada já anteriormente nos
compassos 139 a 165, com o mesmo acompanhamento mas com recurso à modulação (figura
8). Segue-se também a mesma passagem mais cantada que leva ao mesmo tema agitado e
ansioso semelhante à figura 5. São sempre feitos os mesmos motivos, porém sempre modulados
até ao tutti marcado como Grandioso. O violoncelo solo entra novamente com o primeiro tema
do andamento um pouco modificado e, através do uso de oitavas ascendentes e cordas dobradas
com o ritmo de colcheias e tercinas de semicolcheias, inícia um Più mosso com semicolcheias
pontuadas e, de seguida, ligadas, direcionando-se para os trilos que se resolvem para Si,
terminando assim o primeiro andamento.
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O Adagio (2º andamento), é um andamento lírico que começa com o solo de clarinete
acompanhado pelo fagote e oboé. De seguida, entra o violoncelo solo que repete o tema
inicialmente tocado pelo clarinete. Segue-se um pequeno diálogo entre o clarinete e o
violoncelo solo (figura 9), mais tarde, através da descida cromática gradual do violoncelo que
leva novamente ao tema inicial do clarinete (figura 10).
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Segue-se um tutti com um carácter mais pesado que vai diminuindo a dinâmica para a
entrada do violoncelo que toca o tema lento, expressivo e melancólico de uma canção já
composta anteriormente pelo compositor. Em homenagem à sua cunhada, Josefa Cermáková,
que lhe havia escrito na altura (1849) uma carta onde dizia que estava muito doente, Dvořák
reescreve a sua música Lasst mich Allein, com algumas modificações, que são mais facilmente
notadas auditivamente (figura 11 e 12). Esta era uma das músicas favoritas de Josefina.
Figura 11- Lasst mich Allein OP.82 Nº1 de Dvórak, compasso 10-14
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Seguindo uma reprodução do primeiro tema deste andamento tocada pelas trompas, o
violoncelo solo toca uma passagem semelhante a uma cadência que é acompanhada
principalmente por flautas, juntando-se mais tarde o clarinete e o fagote. Esta cadência está
escrita para ser tocada por duas vozes, uma delas em pizzicato16 em cordas soltas e a outra, ao
mesmo tempo, com o arco, ambas para o violoncelo solo (figura 14).
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Beliscar a corda em vez de friccionar
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Seguindo esta secção, vem um tutti em que, mais tarde, entra o violoncelo solo com um
tema de carácter mais heroico. Rapidamente se torna mais lírico (figura 17).
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Numa breve e simples frase seguida deste tema, há um stringendo e logo de seguida um
molto ritardando para um poco meno mosso, com mais um tema lírico dolce, com pequenas
variações, maioritariamente rítmicas (figura 18),e com várias alterações no tempo que, mais
tarde, num crescendo e acelerando, leva a um rápido arpejo reproduzido em tercinas de
semicolcheias (figura 19), numa escala rápida que leva a um tutti forte, apresentando um novo
motivo.
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O violoncelo entra numa dinâmica mezzo-forte com o mesmo tema lírico, apassionato,
apresentado na figura 17, que pouco a pouco leva a um decrescendo gradual para a reafirmação
do primeiro tema do andamento, numa dinâmica marcada em piano (figura 20).
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No final deste tema, os clarinetes repetem a última secção do tema em diálogo com o
violoncelo, com um pequeno ritardando que rapidamente retoma o tempo com semicolcheias
do violoncelo solo (figura 22).
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Tempo lento
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Num tempo mais calmo, moderato, as madeiras tocam apenas o início do tema nobre e
o violoncelo responde com semicolcheias de tercinas (figura 23), e assim sucessivamente, até
voltar ao Tempo I18 com o solo do concertino da orquestra, com acompanhamento dos trilos do
violoncelo solo que, mais tarde, se junta com uma variação do tema tocado pelo concertino.
18
Tempo inicial
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Com apenas 3 compassos tocados pelos sopros, inicia-se, num tempo mais calmo um
género de cadência do violoncelo solo, acompanhado mais uma vez pelas madeiras e, mais
tarde, juntam-se as cordas (figura 24). Nesta cadência há um motivo bastante claro que nunca
deixa de ser tocado, passando do violoncelo solo para as flautas e clarinetes, seguindo para o
trombone e voltando novamente para o violoncelo.
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Antes do tutti final, o concertino toca um pequeno tema do 2º andamento (figura 25),
seguindo-se dos clarinetes que tocam o motivo do primeiro tema do 1º andamento (figura 26),
passando esse mesmo motivo para o corne inglês (figura 27).
Estão também escritas reduções do tempo que só é recuperado no tutti final com um molto
accelerando19 que se estabiliza no Allegro Vivo, 8 compassos antes do final (figuras 28 e 29).
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acelerar gradualmente a pulsação
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Entre 1977 e 1994, Rostropovich foi diretor musical e Maestro da Orquestra Sinfónica Nacional
(EU) em Washington.
Em 2006 a sua saúde começou a ficar debilitada, mas continuou a receber visitas do Presidente
da Federação Russa, Vladimir Putin para discutir detalhes da celebração do seu 80º aniversário.
No ano seguinte Rostropovich, que morava em Paris, foi internado em janeiro de 2007, mas
decidiu depois ir para Moscovo a 6 de fevereiro do mesmo ano. No dia 7 de abril foi internado
num centro de pesquisas sobre o cancro, para ser tratado de cancro intestinal onde faleceu a 27
de abril.
3.1.2STEVEN ISSERLIS
Steven Isserlis, nascido a 19 de dezembro de 1958 em Londres, veio de uma família que
também está ligada à música. O seu avô era um judeu russo, foi um dos 12 grandes músicos
autorizado a sair do país com o objetivo de promover a cultura Russa, mas não voltou, era
violinista e a sua mãe era professora de piano.
Estudou na City of London School e aos 14 anos começou a estudar com Jane Cowan1
na Escócia. De 1976 a 1978 estudou na Oberlin Conservatory of Músico com Richard
Kapuscinski2. Isserlis gravou várias obras de vários compositores como Debussy, Prokofiev,
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Ravel, Bach e Brahms. A sua última gravação publicada foi o Concerto em Dó Maior para
violoncelo de Haydn em 2017.
Steven escreveu dois livros para crianças sobre compositores famosos, Beethoven e Handel.
Aos 16 anos de idade, fez a sua primeira estreia no Wigmore Hall, acompanhada por
Ernest Lush. A 21 de março de 1962, estreia-se no Royal Festival Hall, onde toca o Concerto
para Violoncelo em Mi menor, Op. 85, de Elgar com a Orquestra Sinfónica do BBC sob a batuta
de Rudolf Schwarz. Estuda durante seis meses em Paris com Paul Tortelier. Ganhou mais
reconhecimento internacional, aos 20 anos de idade, quando gravou o Concerto para Violoncelo
em Mi menor de Elgar pela EMI, e se apresentou ao lado da Orquestra Sinfónica de
Londres e John Barbirolli. Em 1966, vai para a Rússia e estuda com Rostropovich.
Teve um grupo de música de camara com Yehudi Menuhin, Itzhak Perlman, Zubin
Mehta e Pinchas Zukerman e Daniel Barenboim com quem se casou.
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Em outubro de 1973, foi diagnosticada com esclerose múltipla, o que fez com que
cancelasse as suas últimas apresentações. Faleceu aos 42 anos, no dia 19 de outubro de 1987.
Mstislav Rostropovich
20
nota sustentada até ao máximo do seu valor
21
indicação de que a nota tem de ser tocada com acentos
31
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Steven Isserlis
Na interpretação de Steven Isserlis, o Quasi improvisando tem um carácter mais nobre
e heroico, devido à sua articulação, que é mais destacada e percetível que a de Rostropovich.
Ao contrário de Rostropovich, Isserlis não faz nenhum ritardando no pesante, demonstrado no
12º compasso da figura 30 e, respeita os acentos e os sforzandos escritos. No vivo, as suas
semicolcheias têm um carácter mais leve também, devido à articulação. Quanto ao tempo e ao
ritmo, o violoncelista oscila mais um pouco, pode-se perceber isso, auditivamente, nas
colcheias do 3º, 5º,7º, 8º e 9º compassos da figura 32. No 9º e 10º compassos da figura 31,
Isserlis não faz ritardando apenas um pequeno cedendo no último galope.
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Jacqueline Du Pré
Mstislav Rostropovich
Neste tema lírico, o violoncelista faz um tempo claramente mais lento que o escrito pelo
compositor, outra característica comum nas interpretações, e o ritmo oscilante. O seu vibrato22
é largo, mas rápido, torna-se mais notável devido à ajuda do legato23 que é feito, mantendo o
som da nota estável. Na 1ª parte do tema, do 4º ao 11º compasso da figura 36, Rostropovich
não respeita a dinâmica escrita, piano, tocando toda essa 1ª parte numa dinâmica mezzo-forte.
Apenas na segunda parte, a partir do 12º compasso da figura 36, é que reduz a dinâmica para
piano continuando a não fazer os crescendos e diminuendos, até ao forte que já é respeitado.
22
Movimento de braço, mão ou pulso que faz a nota oscilar
23
Ligação de cada nota de forma a não haver silencio entre elas
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Rostropovich mantém o mesmo tempo no animato, fazendo o ritardando nas colcheias ligadas
e retomando um tempo calmo no Tempo I (figura 37), com dinâmicas respeitadas e
semicolcheias curtas, praticamente spicatto24. O tempo mantém-se até ao último compasso
desse motivo, em que faz um ritardando de 1 compasso inteiro. Na frase mais cantada,
Rostropovich, toca o tempo um pouco mais calmo com poucas oscilações rítmicas, respeitando
apenas a dinâmica, mezzo-forte, na 1ª parte da frase e mantendo a mesma dinâmica a seguir,
apesar de esta não estar escrita, como se pode ver na figura 38.
Steven Isserlis
Steven, toca este tema num tempo ligeiramente mais rápido que Rostropovich, não
sendo ainda o tempo originalmente escrito, porém, é o interprete com o tempo mais estável em
relação aos outros dois intérpretes. Não respeita por completo as dinâmicas, fazendo apenas
piano e forte e não os crescendos e diminuendos. Toda esta 1ª parte do tema, tem um carácter
mais passivo, com um vibrato mais calmo e menos notável, que na 2ª parte se mantém apesar
do tempo ficar ligeiramente mais rápido para preparar e anteceder o animato no 19º compasso
da figura 36. Este animato já vem num tempo mais rápido, como referido anteriormente e, tem
um pequeno ritardando antes do Tempo I, que também é mais rápido, oscilante e feito mais à
corda, o que faz com que seja menos curto e articulado. A dinâmica é respeitada e o ritardando
24
Golpe de arco articulado fora da corda
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Jacqueline Du Pré
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Violoncelo menor, Op.104, de Antonín Dvořák
Mstislav Rostropovich
Nesta secção mais agitada, o violoncelista faz um tempo mais rápido, mantendo a
articulação e dinâmica respeitadas. Nas semicolcheias do 6º compasso da figura 39, é possível
perceber que Rostropovich marca cada mudança de arco até ao ritardando que faz nas colcheias
do 7º compasso desta mesma figura.
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De seguida, quando o violoncelo assume o papel principal, uma das características mais notadas
é a modificação do ritmo que Rostropovich faz nas tercinas, antecipando sempre as duas últimas
colcheias das tercinas no 3º tempo do 4º e 5º compassos da figura 41. A dinâmica é respeitada
nesta passagem e, no pesante é mantido o tempo, os acentos são pouco notáveis e há uma
respiração entre a última nota do 9º compasso e a 1ª do compasso seguinte da mesma figura
referida anteriormente.
Steven Isserlis
Steven Isserlis, toca esta secção agitada num tempo mais rápido, com as dinâmicas e
sforzandos indicados, a articulação e o ritmo também são respeitados. Faz um pequeno
ritardando para começar o diálogo com a orquestra e, retoma novamente o tempo anterior.
Nesta secção, não se pode dizer o mesmo em relação ao ritmo e às dinâmicas, o ritmo é
oscilatório, não tanto como o de Rostropovich, e as dinâmicas são ligeiramente diferentes das
que estão escritas. Depois de voltar o papel principal, o ritmo já é mais semelhante ao original,
apenas com mínimas oscilações. As dinâmicas, os sforzandos e os acentos são respeitados e, ao
contrário de Rostropovich, Isserlis toca o pesante bem mais lento, com os devidos acentos e a
mesma entre as duas notas referidas anteriormente, na interpretação de Rostropovich.
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Jacqueline Du Pré
No início desta secção, Jacqueline mantém o tempo anterior, com a dinâmica indicada
e o sem oscilações no ritmo. Apenas nas semicolcheias, do 6º compasso da figura 39, diminui
a dinâmica para forte e, à medida que vai crescendo, avança ligeiramente com o tempo até às
colcheias, do 7º compasso da figura 39, onde faz um ritardando e dá novamente mais ênfase a
cada colcheia. Inicia-se então o diálogo, que Jacqueline respeita a dinâmica, a articulação e o
tempo é estável, tal como o ritmo.
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CONCLUSÃO
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