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Centro Universitário da FEI

Projeto de pesquisa

Estudo Comparativo de Modelos para Análise Estrutural de Edifícios


Submetidos à Ação de Carregamentos Horizontais

Orientador: Professor Bruno Eizo Higaki


Departamento: Engenharia Civil
Candidato: Thiago Lopes Rovari
N° FEI: 11.112.756-9

Início: Maio/2016
Provável conclusão: Dez/2016
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Projeto de pesquisa

RESUMO DO PROJETO

A análise estrutural tem por objetivo determinar os efeitos (deslocamento, esforços e tensões) das
ações solicitantes em uma estrutura para verificar os estados limites últimos e de serviço (ELU e ELS).
Este projeto de pesquisa tem como objetivo realizar uma análise comparativa dos resultados obtidos por
meio de diferentes modelos estruturais para a consideração da distribuição de carregamentos horizontais
em edifícios. Serão analisados modelos estruturais planos e tridimensionais. Para isto, serão realizadas
diferentes análises estruturais, por meio do software baseado no método dos elementos finitos ANSYS,
das estruturas de dois edifícios diferentes. Nessas análises serão consideradas a influência dos diferentes
modelos de consideração da distribuição dos carregamentos horizontais nos subsistemas estruturais
verticais. Os três modelos de cálculo utilizados são: modelo de pórticos planos independentes com área de
influência, pórticos planos associados e pórticos espaciais. Serão realizadas as análises elástica linear e
elástica não linear geométrica considerando os três modelos de cálculo escolhidos. Os resultados serão
comparados e discutidos.

Palavras-chave:
1. Análise Estrutural.
2. Método dos Elementos Finitos.
3. Pórticos planos associados.
4. Pórticos espaciais.
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I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo Martha (2010) a análise estrutural moderna pode ser dividida em quatro níveis como

ilustrado na Figura 1. O primeiro nível representa o mundo físico, ou seja, a Estrutura Real tal como é

construída. O Modelo Estrutural representa o segundo nível é o modelo analítico utilizado para

representar matematicamente a estrutura que está sendo analisada. Para chegar ao terceiro nível, ocorre a

chamada Discretização da estrutura, que nada mais é que a passagem do Modelo Estrutural (2º nível) para

o Modelo Discreto (3º nível) que é concebido dentro das metodologias de cálculo dos métodos e análise.

O Modelo Computacional representa o quarto nível e é o modelo mais utilizado nos dias de hoje devido à

facilidade com que se tem para trabalhar com estruturas mais complexas, onde a estrutura é resolvida

através do auxílio de softwares, tais como o ANSYS, que é baseado no método dos elementos finitos, e o

FTOOL, que é baseado na análise matricial.

Figura 1: Quatro níveis de divisão da Análise Estrutural.

Fonte: Martha (2010)

A análise estrutural tem por objetivo determinar os efeitos (deslocamento, esforços e tensões) das

ações solicitantes em uma estrutura para verificar os estados limites últimos e de serviço (ELU e ELS).

As estruturas podem ser estudadas considerando uma Análise Linear e Não Linear.

Segundo manual do software SolidWorks (2016), a realização da Análise Linear é baseada na

pressuposição de três condições, sendo elas: Linearidade, onde o aumento de carga na estrutura é

diretamente proporcional aos aumentos de deslocamento, deformações e tensões; Elasticidade, onde não

há deformações permanentes da estrutura; e Estática, onde as cargas são aplicadas lenta e gradualmente
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até atingirem suas magnitudes totais. Caso alguma dessas pressuposições não seja válida, deve-se

considerar a Análise Não Linear.

Na Figura 2 é ilustrada a relação “Força x Deslocamento” para a as análises linear e não linear.

De acordo com a norma brasileira NBR-6118:2014 - Projetos de Estrutura de Concreto deve-se

considerar a ação do vento nas estruturas em que esta ação possa produzir efeitos estáticos e/ou dinâmicos

significativos, ou seja, a influência dos ventos não depende única e exclusivamente da altura do edifício,

mas, principalmente, da intensidade com que esse esforço lateral soicita a estrutura.

Figura 2: Gráfico de Força x Deslocamento.

Fonte: SolidWorks, 2016

Em Barros (2003) foram estudadas quatro estruturas simples e distintas, em concreto armado,

constituídas por pórticos de 16 pavimentos tipo e pé-direito de 3 metros de altura cada. A primeira e a

segunda estrutura possuem dois planos verticais de simetria, a terceira estrutura possui apenas um plano

vertical de simetria enquanto a quarta estrutura não possui nenhuma simetria. Foram usados quatro

diferentes modelos de análise estrutural para cada uma das estruturas, sendo três deles modelos planos,

Pórticos Planos Independentes com Áreas de Influência (PPI-AI); Pórticos Planos Independentes

Compatibilizados no Topo (PPI-CT) e Pórticos Plano Associados (PPA), e quarto modelo de análise

considerou o Pórtico Espacial (PE). Este último foi tomado como referência por ser considerado o que
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mais se aproxima do real comportamento da estrutura. Este estudo permitiu uma comparação entre esses

quatro modelos. Concluiu-se que os 3 Modelos planos, PPI-AI , PPI-CT, PPA devem ser limitados aos

casos em que o projetista de estruturas sabe antecipadamente, pela experiência passada, que os resultados

com ele obtidos são da mesma ordem de grandeza que os resultados obtidos com o Modelo PE.

Em Fontes (2005) foi feita a análise linear de um edifício de oito pavimentos e mais o subsolo,

analisando separadamente as cargas verticais e horizontais, através dos modelos estruturais de Pórticos

Planos Associados, Pórtico Espacial, Pórtico Espacial com Lajes e Pórtico Espacial com Lajes e Trechos

Rígidos. Na análise das cargas horizontais, pode-se perceber que os resultados dos modelos se mostraram

próximos entre si, quanto aos deslocamentos laterais no topo do edifício, com exceção do deslocamento

em y, no modelo Pórtico Espacial com Lajes e Trechos Rígidos.

Ainda em Fontes (2005) pode-se notar que os resultados obtidos, tornam-se mais realistas com a

introdução de trechos rígidos entre os pórticos, já que com isso, a interseção de vigas e pilares não se

comporta como um trecho de barra flexível.

A Figura 3 ilustra os resultados dos deslocamentos nas direções x e y para os modelos Pórticos

Planos Associados (PPA), Pórtico Espacial (PE), Pórtico Espacial com Lajes (PEL) e Pórtico Espacial

com Lajes e Trechos Rígidos (PELTR). No gráfico da Figura 3 nota-se a grande diferença de

deslocamento na direção y calculado através do Modelo PE com relação aos demais.


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Figura 3: Deslocamentos Horizontais nas direções x e y pelos diferentes modelos (cm)

Fonte: Fontes (2005)

Em Camargo (2012) foi realizada uma análise comparativa de diferentes sistemas estruturais para

um edifício comercial de aço com 20 pavimentos, pé direito único igual a 3,5 m e dimensões de 45 x 20

m. Nesta análise foram levados em conta os efeitos de vizinhança em edificações, que raramente são

considerados no dimensionamento de estruturas. Foi simulada a incidência do vento na estrutura de duas

formas diferentes, a primeira com a força horizontal sendo aplicada sem excentricidade, resultando

apenas no efeito de tombamento da estrutura. Na segunda análise considerou-se uma excentricidade de

fachada devido aos efeitos de vizinhança com o intuito de ocasionar, além do tombamento, a torção do

edifício. Observou-se que quando comparadas as duas situações (com e sem os efeitos de vizinhança)

ocorreu um aumento significativo do deslocamento horizontal da estrutura na análise em que os efeitos de

vizinhança foram levados em conta. Sendo assim, pode-se afirmar que na análise dos esforços laterais

atuantes em uma estrutura há a necessidade de se revisar todas as premissas prescritas na norma vigente,

para que o resultado obtido do comportamento da estrutura seja mais realista.

Segundo Almeida (2009) cabe ao engenheiro definir o tipo de modelo estrutural que deverá ser

utilizado e o quanto ele será refinado e detalhado de acordo com a estrutura que será calculada. Vale

lembrar que modelo estrutural simplificado não necessariamente é sinônimo de modelo estrutural ruim, já

que se pode utilizar o modelo mais simples para o pré-dimensionamento de uma estrutura.
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Ainda em Almeida (2009) foram analisados os esforços laterais em um edifício de 16 andares, com

altura total de 48 metros através de quatro diferentes modelos estruturais: o Modelo 1, onde só está

presente o elemento de barra FRAME e diafragmas rígidos em cada andar; os Modelo 2 e Modelo 3

consideram pilares e vigas como elementos de barra FRAME , as lajes como elementos de casca SHELL

e o eixo das vigas é considerado no plano médio da laje; e o Modelo 4, onde as vigas foram modeladas

com elementos de barra FRAME e as lajes com elementos de casca SHELL, que foi o que mais se

aproximou da real estrutura, já que neste há a presença das conexões OFFSET, que traz resultados

bastante diferentes dos encontrados nos demais modelos, principalmente do Modelo 1. Sendo assim,

devido a essa diferença discrepante entre os resultados, recomenda-se o uso do Modelo 4 em escritórios

de projetos para a modelagem dos edifícios de andares múltiplos, substituindo o Modelo 1, que é um dos

mais utilizados pelos escritórios de projetos atualmente.

Segundo Chagas (2012) existem diversos modelos estruturais propostos para simular a estrutura

real. Neste trabalho foram analisados os modelos com Vigas Contínuas, Pórtico Plano Simplificado,

Vigas Discretizadas em Grelha, Vigas e Lajes Discretizadas em Grelha, Laje Modelada com EF de Casca,

Pórtico Plano, Pórtico Espacial sem Laje, Pórtico Espacial com Grelha de Vigas e Lajes e Pórtico

Espacial com Laje Modelada por EF a fim de comparar os momentos fletores obtidos nas vigas e indicar

as particularidades de cada um. Verificou-se que para um pré-dimensionamento que prevê vigas que se

apoiam em vigas, os modelos de vigas contínuas, pórticos simplificados e planos, não são recomendados,

já que estes não preveem um deslocamento em conjunto dos dois elementos, o que acarretaria em um

projeto estrutural superdimensionado.

Ainda em Chagas (2012) nota-se que apesar de os modelos mais simples apresentarem bons

resultados e serem aceitos, a utilização do método dos elementos finitos fornece resultados mais próximos

da realidade e que normalmente resultam em esforços inferiores aos demais, ou seja, com isso, o
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engenheiro consegue projetar uma estrutura otimizada, ganhando tempo para a realização do apropriado

detalhamento do projeto de concreto armado.

II. PROJETO DE PESQUISA

II.1. Objetivos e justificativas (quando necessário)

Este projeto de pesquisa tem como objetivo realizar uma análise comparativa dos resultados

obtidos por meio de diferentes modelos estruturais para a consideração da distribuição de carregamentos

horizontais em edifícios. Serão analisados modelos estruturais planos e tridimensionais. Para isto, serão

realizadas diferentes análises estruturais, por meio do software baseado no método dos elementos finitos

ANSYS, das estruturas de dois edifícios diferentes. Nessas análises serão consideradas a influência dos

diferentes modelos de consideração da distribuição dos carregamentos horizontais nos subsistemas

estruturais verticais. Os três modelos de cálculo utilizados são:

 Pórticos planos independentes com área de influência;

 Pórticos planos associados;

 Pórticos espaciais.

II.2. Metodologia

II.2.1. Recursos humanos e materiais

Os recursos necessários para o desenvolvimento deste trabalho estão disponíveis no Centro

Universitário da FEI. Para a realização da revisão bibliográfica e levantamento de resultados

experimentais de referência são utilizados o acervo disponível na biblioteca Pe. Ademar Moreira S.J. e no

portal de periódicos da CAPES. Para a realização das modelagens numéricas será utilizado o software de

elementos finitos ANSYS disponível nos Centro de Informática da FEI.


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II.2.2. Métodos

Para a realização da pesquisa primeiramente será necessária a realização de uma profunda revisão

bibliográfica para o levantamento dos estudos e resultados realizados sobre o tema. Definidos a geometria

dos dois pórticos dos edifícios os modelos estruturais serão analisados por meio do software baseado no

método dos elementos finitos ANSYS. Serão realizadas as análises elástica linear e elástica não linear

geométrica considerando os três modelos de cálculo escolhidos. Os resultados serão comparados e

discutidos.

II.3. Plano de trabalho e cronograma

Na Tabela 1 é apresentado o cronograma global de atividades do projeto indicando o período no

qual cada atividade será executada.

Tabela 1: Cronograma global de atividades do projeto.


Atividade 1 2 3 4 5 6 7 8

Revisão bibliográfica

Definição das estruturas (pórticos)

Análises do primeiro edifício

Análises do segundo edifício

Análise dos resultados

Elaboração de relatório parcial

Elaboração do relatório final


Fonte: Autor
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MARTHA, L. F. Análise de Estruturas – Conceitos e Métodos Básicos. Rio de Janeiro: Elsevier.
2010. 524 p.

[2] Documentação do SOLIDWORKS. Pressuposições da Análise Estática Linear. Disponível em:


http://help.solidworks.com/2016/portuguese-
brazilian/SolidWorks/cosmosxpresshelp/c_Assumptions_of_Linear_Static_Analysis.htm>. Acesso em
27/03/2016

[3] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto -
Procedimentos. Rio de Janeiro. 2014.

[4] BARROS, C. B. C. Considerações Sobre Alguns Modelos Clássicos Para Análise Estrutural De
Edifícios De Andares Múltiplos Sujeitos á Ação De Forças Laterais. 2003. 187 f. Dissertação
(Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Esrtuturas) – Escola de Engenharia da Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003.

[5] FONTES, F. F. Análise Estrutural de Elementos Lineares Segundo a NBR 6118:2003. 2005. 137
f. Dissertação (Mestrado em Engenharia das Estruturas) – Escola de Engenharia de São Carlos, São
Carlos.

[6] CAMARGO, R. E. M. Contribuição ao estudo da estabilidade de edifícios de andares múltiplos


em aço. 2012. 328 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia das Estruturas) – Escola de Engenharia de
São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos , 2012.

[7] ALMEIDA, D. G. C. Análise Comparativa De Deslocamentos e Esforços Solicitantes de Um


Edifício Alto Através de Modelos Estruturais Distintos pelo MEF. 2009. 152 f. Dissertação (Programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Esrtuturas) – Escola de Engenharia da Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

[8] CHAGAS, D. P. Análise comparativa entre modelos estruturais para edifícios de concreto
armado. 2012. 74 f. TCC (Graduação em Engenharia de Produção Civil) - Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Curitiba, 2012.

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