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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SEMIÁRIDO – UFERSA

PRÓ- REITORIA DE GRADUAÇÃO


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

BRUNO SOARES DE CARVALHO


ELLEN EUGÊNIA DE ARAÚJO GUERRA
IVAN VIEIRA JUNIOR

DESSALINIZADOR SOLAR

MOSSORÓ/RN
2019
BRUNO SOARES DE CARVALHO
ELLEN EUGÊNIA DE ARAÚJO GUERRA
IVAN VIEIRA JUNIOR

DESSALINIZADOR SOLAR

Seminário referente à 2ª unidade


da disciplina Usinas Geradoras I.

Professora: Fabiana KarlaVarella Guerra

MOSSORÓ/RN
2019
RESUMO
Devido às secas sucessivas que castigam a região do semiárido brasileiro, esse
presente estudo vem como finalidade mostrar como a técnica de dessalinização da água,
caracterizada por ser um processo simples e de um retorno superior a 50%,
uma possível maior evidência de sua tecnologia com o intuito de tentar apaziguar a
situação de regiões de extrema seca ou com inviabilidade de água potável, mostrando
definições e características das alternativas de destiladores ativos e passivos que
esta tecnologia pode oferecer, junto com breves explicações de seus
respectivos funcionamentos e aplicação do sistema passivo solar da água específico
no território brasileiro. No intuito de comprovar a eficácia da dessalinização da água, foi
levantada diversas vantagens e desvantagens e impactos que um maior investimento
na implantação da dessalinização através do uso de energia solar, tendo em vista a
disponibilidade dessa energia e sua renovação, pode beneficiar bastante populações com
dificuldade de acesso à água, além de um apanhado de conquistas e dados
nacionalmente e mundialmente do já notável potencial da tecnologia de dessalinização.
Foi feito um levantamento dos custos para a obtenção da destilação da água, tanto por
processos ativo como passivo, e fazendo o comparativo entre eficiência e valor na
produção de litro/água em cada caso. Confirma-se que o dessalinizador solar se mostra
uma alternativa atraente para o território nacional, mesmo
sendo inviável a nível comercial, porém em comunidades rurais, uma segura alternativa.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS V
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6

DEFINIÇÃO..................................................................................................................... 7

FUNCIONAMENTO ....................................................................................................... 7

TIPOS DE DESTILADORES SOLARES PASSIVOS MAIS COMUNS ...................... 8

Destilador de múltiplo efeito ........................................................................................ 9

TIPOS DE DESTILADORES SOLARES ATIVOS MAIS COMUNS .......................... 9

Destilador solar com trocador de calor ......................................................................... 9

Dessalinizador solar híbrido ....................................................................................... 10

APLICAÇÃO ................................................................................................................. 10

POTÊNCIA BRASILEIRA ............................................................................................ 11

POTÊNCIA MUNDIAL ................................................................................................ 12

IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS ................................................................... 13

CUSTOS ......................................................................................................................... 14

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO DESSALINIZADOR SOLAR ................... 16

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 17

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 18
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de um destilador solar Simples.......................................................7


Figura 2: Esquema de um Destilador Solar..................................................................8
Figura 3: Esquema destilador múltiplo efeito...............................................................9
Figura 4: Esquema destilador solar acoplado a um trocador de calor..............................9
Figura 5: Esquema de um dessalinizador solar híbrido...................................................10
Figura 6: Custo de materiais para construção de um Dessalinizador Solar passivo........14
6

INTRODUÇÃO

Para a existência da vida, a água é um recurso indispensável. Para o ser humano,


assume uma maior importância devida está contida não apenas para situações de
pequena escala, como consumo e uso doméstico, mas também para atividades como
agricultura, manutenção e elemento primordial na indústria.
Em regiões onde o recurso da água é salobra ou inapropriada para o consumo,
geralmente as semiáridas, é possível perceber que mecanismos foram criados a fim de
encontrar soluções que entregassem aos que ali vivem uma qualidade melhor de água.
Assim como a água, o sol também tem grande importância para o ciclo e
permanência para os seres vivos e, através da tecnologia e estudos mais pronfundos
sobre sua capacidade, ele se torna um auxílio para que se tenha uma melhor qualidade
de vida através do dessalinizador solar.
O dessalinizador solar vem como uma alternativa viável para a corrigir os níveis
de salinidade da água bem como torná-la acessível para pessoas de distâncias
consideráveis dos grandes centros e de interesse social.
A dessalinização também pode ser realizada por outros mecanismos que
possuem níveis mais elevados de custos, eficiência e finalidades industriais, por
exemplo. Entretanto, o presente trabalho quer mostrar o uso do dessalinizador solar de
baixo custo como uma tecnologia social inteiramente possível, quando interesse é
fornecer água potável para o uso doméstico.
No decorrer deste artigo, serão vistos arranjos de dessalinizadores solares bem
como seus custos e processo de funcionamento, deixando claro o impacto significativo
desta tecnologia.
7

DEFINIÇÃO
Destilador solar ou desalinizador solar é um equipamento simples que tem como
função principal a destilação da água em variados tipos de concentrações salinas. O
desalinizador solar é um equipamento capaz de separar a água dos sais dissolvidos na
mesma, através do processo de evaporação e condensação da água.

FUNCIONAMENTO
O Desalinizador solar consiste basicamente, em um reservatório onde será
colocada a água a ser tratada, uma cobertura que proporcione a passagem da radiação
solar e ao mesmo tempo impeça que essa saia do sistema, proporcionando assim o que é
chamado de efeito estufa, aquecendo todo o sistema e possibilitando que o vapor d’água
condense nas regiões de escoamento e assim, seja destinada para um reservatório em
sua forma com menor teor de sais.
O dessalinizador em geral tem esta configuração:
 Uma cobertura de vidro ou plástico, que permite a passagem da radiação solar para o
interior do sistema, bem como a posterior condensação da água sobre a parte inferior
desta;
 O reservatório de água a ser destilada;
 O reservatório tem sua superfície negra, para uma maior eficiência na captação da
radiação solar;
 Uma calha, que permita extração da água destilada na extremidade inferior da
cobertura.

Figura 1: Esquema de um destilador solar Simples. Fonte: (LIMA, 2012)

Os destiladores solares funcionam usando o princípio básico da evaporação e da


condensação. A água salgada ou salobra é bombeada para dentro do reservatório do
8

sistema formando uma fina camada, onde é exposta a radiação direta e difusa e, os raios
que atravessam a superfície da coberta, incidem sobre a água salgada\salobra
adicionando calor até um ponto onde vaporiza, o vapor sobe e se condensa na superfície
do destilador, sendo coletada por um sistema de calhas nas extremidades do
desalinizador.
Segundo (MALUF, 2005) a cobertura de vidro fica em uma posição inclinada (o
valor ideal está entre 10º e 15º) para evitar que as gotas condensadas caiam de volta
para o reservatório de água salobra onde o melhor material para a cobertura do
dessalinizador é o vidro temperado ou comum.
Existem diversos tipos de dessalinizadores solares, o processo basicamente é o
mesmo, mudando apenas a geometria de cada modelo que por conta disso, tem uma
grande influência em seu rendimento (SOUZA OLIVEIRA, 2018).
Os dessalinizadores solares podem ser divididos em duas categorias distintas,
sistema ativo e passivo, na qual esta classificação leva em consideração o meio pelo
qual o sistema está sendo aquecido. Nos sistemas ativos, são necessárias fontes extras
de energia, em geral, coletores solares ou até mesmo resistências elétricas. Já o passivo
utiliza diretamente a radiação solar para fornecer calorias ao líquido (JACINTO
JORGE, 2011). É válido salientar que nos sistemas ativos, pelo fato de utilizar fontes de
calor extra faz com que o custo do equipamento seja mais elevado do que o de sistema
passivo, impossibilitando assim muitas vezes, o seu uso em residências unifamiliares
sendo mais usados em escala comercial.

TIPOS DE DESTILADORES SOLARES PASSIVOS MAIS COMUNS


Destilador convencional estacionário

Figura 2: Esquema de um Destilador Solar. Fonte: (BUROS, 1980).


9

Este modelo tem base retangular e dois vitrais por onde a água condensa, esse
tipo de destilador é o mais simples, que tem por fundamentação a reprodução de um
processo natural, o ciclo da água.

Destilador de múltiplo efeito

Figura 3: Esquema destilador múltiplo efeito. Fonte: (BEZERRA, 2001)

Neste modelo, existem dois níveis de alimentação de água salobra ou salgada,


que são expostas à radiação solar, denominados primeiro estágio e segundo estágio,
onde a água escorre pelo vidro transparente e é exposta à radiação solar, acontecendo aí
o processo de evaporação.

TIPOS DE DESTILADORES SOLARES ATIVOS MAIS COMUNS


Destilador solar com trocador de calor

Figura4: Esquema destilador solar acoplado a um trocador de calor.Fonte: (AL-


KHARABSHEH, 2003)
10

Como já mencionado em sistemas ativos adiciona-se uma fonte extra de calor no


sistema, nesse caso um trocador de calor no tanque de alimentação, dessa maneira
aumentando a temperatura da agua e, por conseguinte a evaporação.
Dessalinizador solar híbrido

Figura 5: Esquema de um dessalinizador solar híbrido. Fonte: (LOPES, 2004)

Nesse sistema a agua é pré-aquecida em um coletor solar, e depois passa para o


evaporador. Esse tipo de sistema tem objetivo aumentar a produtividade de destilado,
aumentando a temperatura da agua de entrada, dessa forma o destilador obtém melhores
resultados quantitativos se comparado com o do sistema passivo.

APLICAÇÃO
O dessalinizador solar tem como aplicação principal o uso em sistema com uma
demanda pequena de água potável, como residências e pequenos vilarejos. Segundo
(MALUF, 2005) o uso de dessalinizadores solares não são muito promissores para a
agricultura, pois esse tipo de atividade demanda uma grande quantidade de água, mas
que para estufas ou em culturas hidropônicas, aumentaria 8 a 10 vezes mais produtos
por unidade de água consumida.
Aplicações desse sistema em território nacional em regiões semiáridas
demonstrou um grande potencial socioeconômico. No estado da Paraíba, foi realizado a
implementação de um sistema de dessalinizadores solar em uma comunidade localizada
no município de Remígio, região do Curimataú Paraibano, que tinha por finalidade
tratar a água do assentamento rural e assim possibilitar o acesso a esse assentamento a
água de qualidade através de uma tecnologia de baixo custo.
11

Segundo (L. MARINHO, 2015) o sistema de dessalinização solar implantado é


composto por um reservatório de PVC, com capacidade de 500 litros, que recebe água
salina de um poço artesiano. A caixa elevada a 1,0 metro do chão é interligada por
tubulações de PVC de 20 mm a nove tanques, cada um com área de 4m2 (total de 36
m2), construídos em alvenaria sobre o calçadão, onde ocorre o processo de
evaporação/condensação da água. A quantidade de destilado chegava de 35 l/dia em
dias com grande nebulosidade ate 350 l/dia em dias de maior insolação.

POTÊNCIA BRASILEIRA
Sendo os dessalinizadores solares uma técnica nova, o seu decorrente
desenvolvimento no Brasil ainda é pequeno, mas que já vem trazendo resultados
satisfatórios para o semiárido brasileiro que é a região que mais sofre com a falta de
agua potável, que apresenta características particulares desfavoráveis quanto essa
disponibilidade de agua como precipitações pluviométricas, período chuvoso irregular
ou elevados níveis de salinidade nos solos e nas próprias aguas (L. MARINHO, 2015).
A situação se agrava mais nas regiões que possuem embasamento cristalino,
estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceara, norte da Bahia e leste do
Piauí, que se caracteriza por terem solos rasos, com baixa capacidade de infiltração e
elevado escoamento superficial, essas condições elevam a taxa de evaporação e
juntando ao fato da concentração de messes com chuvas frequentes ocasiona a seca nos
rios e riachos na maioria do ano (BRASIL, 2012).
Essa técnica instalada de dessalinização e desinfecção solar da água é
conjuntamente de baixo custo, fácil aplicação, fácil acesso aos usuários, proporcionando
benefícios à saúde e qualidade de vida das famílias do semiárido brasileiro (MARINHO
et al., 2012). O método de desinfecção solar apresentado é explicado pelo uso de dois
componentes da radiação solar, o primeiro, a radiação UV-A que interfere diretamente
com o metabolismo e destrói as estruturas celulares das bactérias. O segundo, a radiação
infravermelha, que aumenta a da temperatura da água, podendo chegar a 70°C – 75°C,
acelerando o processo de desinfecção.
No Brasil, evidenciam-se procedimentos mais caros e de maior abrangência na
população como dessalinizadores elétricos de água que trabalham em projetos na
parceria do governo como o programa Água Doce, que visa estabelecer uma política
pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano,
incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e
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gestão de sistemas de dessalinização de águas salobras e salinas, para reduzir as


vulnerabilidades no que diz respeito ao acesso à água no Semiárido. O programa é
considerado uma medida de adaptação às mudanças climáticas.
Contudo, projetos que enfocam a dessalinização solar da água como uma técnica
ainda mais renovável e limpa, já vem recebendo suas gratificações e reconhecimentos,
como é o caso do professor paraibano da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB),
Francisco Loureiro, que recebeu o prêmio fundação Banco do Brasil de Tecnologia
Social com o desenvolvimento de um dessalinizador solar ou o estado do Pernambuco,
que recebeu o primeiro dessalinizador solar coletivo da América latina, composto de
placas fotovoltaicas e que produz em média 600 litros de água potável por hora.

POTÊNCIA MUNDIAL
Conforme a IDA (International Desalination Association), a única associação
global associada às nações unidas como parte de uma crescente rede internacional de
organizações não governamentais, focada exclusivamente em tecnologias de
dessalinização e reutilização de água, realiza tal missão incentivando a pesquisa,
promovendo e trocando comunicações, disseminando informações e apoiando a
educação no campo da dessalinização e das ciências da água, afirmam que 150 países já
colocaram em prática os recursos do uso da dessalinização de água, ultrapassando
19.744 plantas para o uso da técnica com um total de 99,7 milhões de metros cubos de
água dessalinizada por dia, contando com o fato de que 300 milhões de pessoas
dependem dessa tecnologia para algumas ou todas suas necessidades diárias. Essa
pesquisa indica os dados de todas as formas de dessalinização disponível.
Segundo (DESTEFANI, 2008) países mais desenvolvidos tecnicamente têm
investido maciçamente em pesquisas de dessalinização, destacando-se Inglaterra, EUA
(Estados Unidos da América), França, Israel, Índia, Japão e Alemanha. Atualmente
existem 7.500 unidades em operações no Golfo Pérsico, Espanha, Malta, Austrália e
Caribe convertendo 4,8 bilhões de metros cúbicos de água salgada em água doce, por
ano. As grandes unidades, que se assemelham às refinarias de petróleo quanto à
influência e grandeza, encontram-se no Kuwait, Curação, Aruba, Guermesey e
Gibraltar, abastecendo-se totalmente com água retirada do mar.
Como se sabe, existem diferentes maneiras de ocorrer o processo de dessalinização da
água. Segundo (MILLER, 2003), a capacidade majoritária dessa técnica está dividida
entres os processos por membrana e os processos térmicos. Afirma-se que os processos
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por membrana estejam dominando o mercado atualmente afinal, este é o tipo de


processo que consegue ter um maior índice nos valores beneficiários da dessalinização.

IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS


A técnica de dessalinização para produção de água potável a partir da utilização
de energia solar, tem tido boa aceitação por ser uma tecnologia limpa e sustentável
sendo energia limpa, aquela que não libera durante seu processo de produção ou
consumo, resíduos ou gases poluentes geradores do efeito estufa e do aquecimento
global. E sustentável por contar com a participação da energia solar que é renovável e
gratuita. O impacto ambiental é favorecido pelas condições climáticas dos locais da
principal necessidade da técnica.
Outro impacto positivo vem economicamente, onde a dessalinização solar
apresenta um baixo custo de produção de sua tecnologia, possibilitando empregos para
os moradores da região. A operação destes dessalinizadores é bastante simples e não
requer altos custos de manutenção e reparos nem de mão de obra qualificada, podendo
ser usados matérias e mão de obra local, gerando emprego e comprometimento social. A
água é produzida no local de consumo. (MALUF, 2005).
Em lugares onde a radiação solar tem uma média alta, como é o caso do
semiárido nordestino, a destilação e a desinfecção solar se mostram úteis na produção
livre de sais e de contaminação microbiológica, melhorando assim os padrões de saúde
dos consumidores, com diminuição das doenças infecciosas de contaminação por água e
uma maior produção dos indivíduos com a queda na taxa de morbidade, além de
permitir o estabelecimento em áreas pouca densamente povoada, podendo aliviar a
pressão em áreas urbanas.
Como o processo citado é efetuado em água salobra ou salina, é notável que
após o processo de dessalinização, a formação de sais na parte interior do dessalinizador
que irá acarretar na redução no processo de evaporação, a salmoura. Ela é uma solução
de água saturada de sal, no que implica a necessidade de limpezas frequentes nos
equipamentos para que se mantenham melhores resultados da produção de água potável
(L. MARINHO, 2015).
14

CUSTOS
O dessalinizador solar pode ser construído à custos mais acessíveis ,já que se
propõe como uma tecnologia social, que é realizada para a benfeitoria da população
levando em consideração o seu impacto positivo e baixo custo para construção
classificado assim, como processo passivo. Já se utilizando outro arranjo de montagem,
em um processo tido como ativo, os custos são mais elevados devido ao uso de
coletores solares e painéis fotovoltaicos associados a instalação do dessalinizador.
Existe, neste último, um aumento na quantidade gerada de água potável em relação ao
mais acessível, o que o torna mais eficiente. (Tiwari et al, 2009)
Segundo Luna (2016), os custos para a construção de um dessalinizador solar do
tipo passivo é mais barato, visto que este tem a finalidade de gerar água potável para
famílias distantes dos centros e também de interesse social, não levando em
consideração grandes volumes. A população local participa na realização da mão-de-
obra, diminuindo ainda mais os custos da construção. O valor estimado para este tipo de
dessalinizador é de R$ 932,50, como mostrado na figura X abaixo:

Figura 6: Custo de materiais para construção de um Dessalinizador Solar passivo. Fonte:


LUNA (2016).
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O uso do processo térmico passivo para dessalinização solar pode, se em grande


quantidade de área de instalação, perder o foco na diminuição dos seus custos iniciais,
pois, devido a uma eficiência inferior a 50% do processo, são necessárias extensas áreas
para se obter uma quantidade significativa de água potável. Entretanto, para regiões
distantes e comunidades carentes sem acesso a este recurso, a implementação deste tipo
de projeto se torna uma solução viável e sólida já que, a compra de água potável é mais
difícil, se for levada em consideração as questões econômicas desta parcela da
população que por vezes, é limitada ou compromete de forma contundente o orçamento
familiar. (Chaibi, 2000)
Em relação aos custos do tipo ativo, algumas variáveis são consideradas, já que
neste caso o uso de coletores solares e painéis fotovoltaicos são necessários e
dependendo do volume de água que se queira aquecer, os custos podem se elevar.
De acordo com (Lopes, 2004), os custos iniciais para a instalação dos
equipamentos do dessalinizador solar híbrido, utilizando coletores solares e painéis
fotovoltaicos, seriam da ordem de milhares de reais, considerando que estes dispositivos
possuem valores elevados no mercado. O valor exato seria determinado,
essencialmente, pela quantidade de painéis fotovoltaicos utilizados para produzir uma
quantidade em litros de água destilada.
Segundo (Lopes, 2004), o método ativo com uma eficiência de 54,20% a
produção (l/m²h) de um litro de água potável está avaliado em R$ 0,15 centavos. No
método passivo, a eficiência é inferior e o valor por litro produzido (l/m²h) cai para R$
0,02 centavos e só produz 0,5l por hora.
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VANTAGENS E DESVANTAGENS DO DESSALINIZADOR SOLAR


A energia solar é um recurso que pode ser utilizado de maneiras diversas e é
uma ótima alternativa para geração de energia e calor, como já é bem difundido. Aliada
a dessalinização solar, ela traz grandes vantagens. O custo direto de seu uso é zero,
fazendo com que em áreas com água inapropriada para o consumo, devido à
quantidades elevadas de sais encontrados, seja uma alternativa. Além disso, usando
montagens com materiais mais acessíveis, torna-se para comunidades carentes, uma
alternativa de se ter água potável além de uma forma sustentável de obtenção de água
potável (Formoso 2010).
Para Formoso (2010) também se colocam como vantagens a fácil manutenção e
operação, a sua capacidade de ser instalado em qualquer local e a não produção de
efluente líquido, o que contaminaria o solo ao redor.
Como encontrado em (Lopes, 2004), os valores iniciais de instalação para
processos térmicos ativos de dessalinização são caros, o que faz inferir ser uma
desvantagem no que diz respeito a colocar esta tecnologia como uma fonte acessível.
Outro ponto colocado em discussão é a baixa eficiência do uso dessalinizador
solar em relação a grandes volumes de produção. Para que isso ocorresse, seriam
necessárias grandes áreas com equipamentos, a fim de atingir um valor considerável de
água potável. Neste sentido, o processo ativo poderia ser uma opção para acelerar este
processo, mas o custo se elevaria, tornando uma opção a ser avaliada dependendo da
finalidade, mas certamente inviável para uso doméstico da população mais carente.
(Formoso, 2010).
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CONCLUSÃO
A água é um recurso essencial para a vida na terra, e para o desenvolvimento
humano e material, a escassez desse recurso é um problema que muitas regiões no
Brasil e no mundo enfrentam, principalmente regiões áridas e semiáridas que tem níveis
pluviométricos muito abaixo do esperado para suprir as demandas da crescente
população, uma das soluções encontrada é a perfuração de poços ou a utilização da agua
vinda do mar, o problema é que essa água por sua alta concentração de sais,
impossibilitando assim o seu uso. O dessalinizador solar é uma alternativa de baixo
custo para tornar a agua vinda de poços e do mar em água potável, simulando o
processo natural de evaporação e condensação.
Como visto muitos países tem como fonte principal de suprimento de água
potável por sistemas de dessalinização, na maioria deles utilizando tecnologias com alto
valor de implementação, usando sistema como o de osmose reversa e o de pressão de
vapor. O dessalinizador solar se mostra como uma alternativa economicamente viável
para a produção de agua potável, mesmo sendo inviável a nível comercial, tem se
mostrado satisfatória a aplicação desse sistema em comunidades e assentamentos rurais,
tendo um custo medio de $1000,00 reais, gerando em uma media de 150 litros por dia,
esse sistema tem sido implementado em muitas comunidades, como é caso do estado da
Paraíba onde a UFPB tem implantado esse sistema de dessalinizador solar em três
municípios do estado, Pedra Lavrada, Cubati e São Vicente do Seridó, que beneficia 37
famílias como diz a reportagem (G1, 2017).
Porém essa tecnologia tem suas limitações no que diz respeito à eficiência, já que por
depender de fatores naturais pode ter sua eficiência diminuída abruptamente, e não podendo
assim ser usada para grandes prédios ou plantações assim como diz (MALUF, 2005), mas que
podendo ser otimizada quando utilizando equipamentos externos para imprimir calor ao sistema
como é o caso de sistemas ativos como fala (LOPES, 2004), dessa maneira essa tecnologia se
mostra viável de ser implementada.
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REFERÊNCIAS

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19

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SP,2004.

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