JOEL SOUZA DUTRA
GESTAO DE
PESSOAS
| MODELO, PROCESSOS, TENDENCIAS E PERSPECTIVAS
2° EDICAO
wh,
@n +1A gestao de pessoas
passada a limpo
INTRODUCAO
Historicamente, as pessoas vém sendo encaradas pela organizacéo
como um insumo, ou seja, como um recurso a ser administrado. Apesar
das grandes transformagées na organizagdo da produgio, os conceitos
sobre gesto de pessoas e sua transformagdo em priticas gerenciais
tém ainda como principal fio condutor o controle sobre as pessoas. Em
contraponto, as organizagées vém sofrendo grande pressio do contexto
externo, que as forga a uma revisdo na forma de gerir pessoas. As prin-
cipais mudangas nas empresas tém sido:
+ estruturas e formas de organizagéo do trabalho flexiveis €
adaptiveis as contingéncias impostas pelo ambiente, gerando
demanda por pessoas em processo de constante adaptacio;
+ processos decisérios Ageis e focados nas exigéncias do mercado,
por decorréncia, descentralizados e fortemente articulados
centre si, necessitando de pessoas comprometidas e envolvidas
com onegécio e com uma postura auténoma e empreendedora;
+ velocidade para entrar e sair de mercados locais ¢ globais e
para revitalizar seus produtos ¢/ou linhas de produtos/servi-
05, demandando pessoas atualizadas com as tendéncias do16 Gestio de pessoas * Dutra
‘mercado e de seu campo de atuacio tanto em termos nacionais,
como internacionais;
+ alto grau de competitividade em padrio global, necessitando de
pessoas que se articulem muito bem entre si, formando um time
em proceso continuo de aprimoramento ¢ aperfeigoamento.
De outro lado, as alteragées em padrées de valorizacao sociocultu-
rais, a velocidade das transformagSes tecnolégicas e do ambiente e as
alteragbes nas condigées de vida tém afetado profundamente o conjunto
de expectativas das pessoas em sua relago com as organizacées e com
seu trabalho, tais como:
+ pessoas cada vez mais conscientes de si mesmas e, por con:
sequéncia, mais mobilizadas pela autonomia e liberdade em
suas escolhas de carreira e de desenvolvimento profissionais;
+ pessoas mais atentas a elas mesmas em termos de sua integri-
dade fisica, psfquica e social, que cultivam a cidadania orga-
nizacional e exercem maior presso para a transparéncia na
relacdo da empresa com elas e para processos de comunicacio
mais eficientes;
+ pessoas com uma expectativa de vida maior, ampliando seu
tempo de vida profissional ativa, como decorréncia disso
ha maior exigéncia de condigdes concretas para 0 continuo
desenvolvimento;
* pessoas que demandam oportunidades e desafios profissionais,
pessoais e continua atualizacao e ganho de competéncia como
condigao para a manutengao da competitividade profissional
Esse quadro vem gerando grande pressio por novas formas de en-
carar a gestao de pessoas por parte das organizagées. Verificamos que
esas novas formas tém assumido como premissas:
+O desenvolvimento da organizagio esté diretamente relacio-
nado & capacidade dela em desenvolver pessoas e ser desen-
volvida por pessoas, originando dessa premissa uma série de
reflexdes teéricas e conceituais acerca da aprendizagem da
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[A gestio de pessoas passada alimpo 17
organizagio e das pessoas e como elas esto inter-relaciona.
das. O desenvolvimento das pessoas deve estar centrado nas,
ptéprias pessoas, ou seja, é efetuado respeitando cada um a
partir de sua individualidade.
+ A gestdo de pessoas deve ser integrada, ¢ 0 conjunto de polt-
as e praticas que a forma deve, a um s6 tempo, atender aos
interesses e As expectativas da empresa e das pessoas, Somente
dessa maneira seré possivel dar sustentacio a uma relacio
produtiva entre ambas.
+ Agestiio de pessoas deve oferecer & empresa visio clara sobre
nivel de contribuigo de cada pessoa e as pessoas uma visio
lara do que a empresa pode oferecer em retribuigio no tempo;
+ As pessoas abrangidas pelas préticas de gestio da empresa
néo sio apenas aquelas que estabelecem um vinculo formal de
emprego com a organizacio, mas todas as que mantém algum,
tipo de relagio com a organizagao.
Diante dessas premissas, podemos caracterizar a gestio de pessoas
como:
Um conjunto de politicas e préticas que permitem a conciliagdo de
expectativas entre a organizagéo e as pessoas para que ambas possam
realizé-las a0 longo do tempo.
‘Vamos ampliar essa definigéo. Ao falarmos de um conjunto de
politicas e praticas, estamos nos referindo a politica como prinefpios
diretrizes que balizam decisdes e comportamentos da organizacio e das
pessoas em sua relacao com a organizagéo, a prética como os diversos
tipos de procedimentos, métodos e técnicas utilizados para a implemen-
tagdo de decisées para nortear as ages no Ambito da organizagdo
em sua relagao com 0 ambiente externo.
‘A conciliagdo de expectativas est relacionada ao compartilhamento
de responsabilidades entre a empresa e a pessoa. Nessa abordagem, a
pessoa tem um papel ativo no dimensionamento da sua relacio com
‘empresa, e deve ser responsével pela concepgio e negociagao com a
empresa de seu projeto profissional e pessoal. Essa negociago com