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Ponte de Lima

caminho
português
Santiago
relatório da actividade _
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programa

28 Março 2007 - 4ª feira 2 Abril - 2ª Feira (Lunes)


Alfa Pendular 6h27 Olhão - 15h39 Viana do 5ª etapa - Caldas de Reis > Padron 17km
Castelo Albergue de Padron
6h27 Olhão > 6h38 Faro
6h45 Faro > 9h45 Lisboa Oriente 3 Abril - 3ª Feira (Martes)
10h04 Lisboa > 13h05 Porto Campanhã 6ª etapa - Padron > Santiago de Compostela
13h36 Porto > 14h23 Nine 21km
14h40 Nine > 15h39 Viana do Castelo Albergue em Santiago

Autocarro - (saída do comboio em Viana do 4 Abril - 4ª Feira (Miércoles)


Castelo) Da paragem de autocarro/comboio Dia em Santiago de Compostela
apanhar o autocarro de Ponte de Lima que
passa em Darque ou azul (sentido Hospital), 5 Abril - 5ª Feira (Jueves)
que param a 100m do Albergue
Transporte de Santiago para Portugal (Viana do
Castelo)
Entrada na Pousada de Juventude de Ponte de Pousada da Juventude de Viana do Castelo - T.
Lima (PJ482775) T. 258 943 797 258 800 260

29 Março - 5ª feira 6 Abril - 6ª Feira (Viernes) (feriado)


Saída de Ponte de Lima Dia em Viana do Castelo
1ª etapa - Ponte de Lima > Tui 38km Pousada da Juventude de Viana do Castelo
Albergue de Tui
7 Abril - Sábado
30 Março- 6ª feira Alfa Pendular 12h01 Viana do Castelo > 20h21
2ª etapa - Tui > Redondela 29km Faro
Albergue de Redondela 12h01 Viana do Castelo > 13h00 Nine
13h12 Nine > 14h04 Porto campanhã
31 Março- Sábado
3ª etapa - Redondela > Pontevedra 18km 14h15 Porto > 17h06 Lisboa Oriente
Albergue de Pontevedra 17h21 Oriente > 20h21 Faro

1 Abril - Domingo
4ª etapa - Pontevedra > Caldas de Reis 23km
Albergue de Briallos
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a viagem

Pelas seis horas da madrugada do dia vinte e oito do mês de Março de 2007, concentraram-
se na estação de comboios de Olhão, os Escoteiros do Grupo 6 - Jorge Larguito, Escoteiro Chefe de
Tribo Sénior; João Ramrath, Guia de Equipe do Clã João Lobo Miranda Trigueiros; Cecília de Sá,
Guia da Patrulha Leopardo; Rute Santos, Sub-guia da mesma Patrulha; e Ricardo Monteiro,
Tesoureiro da Patrulha Galo da Tribo Sénior. Os três últimos elementos estavam acompanhados
pelos respectivos encarregados de educação.
O sol ainda não nascera, e a temperatura rondava os 15º quando o comboio regional para
Faro chegou á estação na hora prevista - 6h37. Já em Faro, onde chegámos pelas 6h48 o Alfa-
Pendular que faz a ligação Faro - Lisboa Gare do Oriente já esperava na linha 4 para a partida ás
6h45, hora certa.
A viagem foi relativamente rápida, com paragens nas estações de Loulé, Albufeira, Tunes,
Pinhal Novo e Entre-Campos sempre sem atrasos. Chegámos por isso á Gare do Oriente pelas 9h45,
onde esperámos até ás 10h04 por outro Alfa Pendular, com destino á estação da Campanhã, na
cidade do Porto. Mais uma viagem sem precalços, com paragens em Coimbra, Aveiro e Vila Nova de
Gaia, e chegada ao destino ás 12h45, onde o pai da Cecília nos aguardava para recolher o irmão da
mesma, Rui, que nos acompanhava na viagem. Pelas 13h50 apanhámos outro regional para Nine, e
já aí, mais um comboio para Viana do Castelo, onde chegámos finalmente pelas 15h37. O tempo
estava cinzento e a chuva caiu durante a maior parte da viagem. Ainda assim, na chegada a Viana
não chovia, e da estação dos comboios seguimos directamente para o interface dos autocarros, no
edifício ao lado. Aí fomos informados de um autocarro que nos levaria a Ponte de Lima ás 16h35, e
com efeito foi nesse que seguimos viagem.
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a viagem

E esta pode-se considerar uma viagem bastante atribulada, num autocarro já com
quilómetros a mais no contador, que seguiu sempre por estradas em obras (e outras a precisarem
delas!). Por fim, chegámos a Ponte de Lima ás 17h00. Na estação dos autocarros perguntámos a
dois jovens qual o caminho para a Pousada da Juventude, e com alguma chuva á mistura pusemo-
nos a caminho, passando antes por um supermercado para comprar alguma comida para o dia
seguinte - pão, queijo, chorições, sumos, etc.
Demos finalmente entrada na Pousada da Juventude ás 18h20. Uma Pousada curiosa,
onde as portas no corredor dos quartos e quartos-de-banho estavam praticamente “camufladas”
na parede. As condições eram excelentes, e após um momento de descanso saímos para a cidade a
fim de procurar um local económico para jantar. Encontrámos esse local, a 300 metros da Pousada,
e por volta das 21h00 jantámos e retornámos à Pousada. Fomos os únicos hóspedes nessa noite,
por isso o pequeno-almoço no dia seguinte foi servido ás 7h00, conforme tinhamos pedido no
acto de entrada.
a caminho!
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Ponte de Lima Tui


Pelas sete horas e trinta minutos do dia 29 de Março, dia claro e fresco, começámos então o
Caminho para Santiago de Compostela. Junto á ponte românica do rio Lima encontrámos a 1ª seta
amarela do nosso caminho! A partir deste ponto as setas acompanharam-nos até ao fim da
caminhada, juntamente com as vieiras amarelas que sinalizam o caminho em Espanha. De mochila
ás costas e varas na mão, bem identificados como Peregrinos com as vieiras que o Ricardo arranjou
e a cabaça de água na mochila do João, iniciámos o troço mais complicado de todo o caminho,
quer pela sua extensão, quer pela sua irregularidade - 40 quilómetros separavam-nos de Tui, 2 dos
quais passavam por uma subida extenuante pela floresta. Alguns troços alagados devido á grande
quantidade de ribeiros e fontes na zona, e passo a passo a manhã foi avançando até chegarmos á
tão esperada subida na floresta luxuriante, de carvalhos e pinheiros. A meio deste troço
descansámos um pouco e retomámos o fôlego junto a uma cruz de pedra (Cruz dos Franceses),
para recomeçar logo o resto da subida, até uma antiga casa da Guarda Florestal. Depois disso
seguiu-se a descida que foi muito menos demorada. Por volta das 13h00 chegávamos á zona de
Rubiães, onde aproveitámos para almoçar junto a uma igreja medieval que se encontrava fechada
na altura. Após o merecido descanso retomámos o caminho, com as mochilas (pouco) mais leves
devido ao consumo da comida. A tarde passou lentamente, com alguns obstáculos pelo caminho
que foram facilmente ultrapassáveis, e outros mais difíceis, e por volta das 15h00 começámos a
atrasar a passada sem nos apercebermos directamente do facto, um pouco devido ao cansaço
geral, e também a uma dor na perna esquerda de que o Ricardo se queixava. Umas vezes por prados
verdes atravessados por ribeiros de água límpida, outras por estradas secundárias que atravessavam
pequenas aldeias, o caminho foi passando. Já chegados á zona de Arão, a cerca de três quilómetros
de Valença, a velocidade do passo do Ricardo foi diminuindo cada vez mais o que nos fez perceber
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que a dor no músculo estava realmente a transtorná-lo por não poder andar mais depressa, e aos
restantes, por ser difícil acompanhar um passo mais lento. Nessa zona trocámos dois dedos de
conversa com um Escuta de um Agrupamento de Caminha, o sol já se começava a aproximar do
horizonte, e já se avistava Valença e o final da primeira jornada.
Chegados á cidade seguimos em direcção ao rio e á ponte que liga Valença - Tui, sobre o rio
Minho, a fronteira natural entre Portugal e Espanha.
Ainda antes de atravessarmos a fronteira, e de adiantarmos uma hora nos relógios,
decidimos carregar a mochila do Ricardo para que pudesse terminar a jornada mais leve. Chegámos
assim a Tui ás 20h30 (hora de Espanha) e ao albergue ás 21h00, muito além da hora prevista de
entrada dos peregrinos que se fazia das 16h00 ás 20 horas. Uma vez lá dentro falámos com uma
senhora espanhola e um outro rapaz alemão que se expressava muito bem em português com um
forte sotaque brasileiro, e acomodámo-nos nos beliches. O Ricardo ficou-se logo pelo saco-cama
para descansar da extenuante caminhada, e os outros foram tomar um duche (de água gelada no
wc masculino...) e saíram para procurar jantar. Pelas 23h00 estávamos então numa pequena
pizzaria, onde terminámos o dia, preocupados com o decorrer do dia seguinte. Voltámos em
silêncio ao albergue pelas 00h00, onde rapidamente o sono levou a melhor de quase todos os
elementos. No entanto ás 00h30, a mãe do Ricardo telefonou e foi informada do ponto da
situação. Por volta da uma hora da madrugada todas as luzes foram apagadas, marcando o
completo silêncio até ao nascer do sol.
a primeira sete amarela
do nosso Caminho, em Ponte de Lima
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Tui Redondela
Despertámos por voltas das 7h00 com o movimento dos restantes peregrinos que já se
preparavam para dar início a mais uma jornada. Ainda assim só ás 8h15 saímos finalmente do
albergue. O dia estava cinzento, húmido e frio, e semelhante ao estado do clima, o ânimo do grupo
não era o melhor. Dirigimo-nos para fora da zona histórica de Tui onde encontrámos novamente o
peregrino alemão que nos informou que poderíamos carimbar as credenciais de peregrinos na
estação da polícia local. Assim fizemos, e após isso seguimos novamente em direcção ao rio para
procurar um supermercado onde pudéssemos comprar comida para o pequeno-almoço. Uma vez
frente ao supermercado "Porto" que ainda se encontrava encerrado, o Ricardo percebeu que se
tinha esquecido da carteira no albergue. Voltámos novamente á zona histórica, onde o albergue já
estava fechado e aí tivemos que esperar mais de meia hora para que os responsáveis fossem abrir a
porta. Durante este tempo o João, a Cecília e a Rute ficaram á porta do supermercado, que acabou
também por abrir só ás 10h00.
Após um célere pequeno almoço retornámos então a Valença, fazendo novamente a
travessia da ponte. A ideia era precisamente arranjar uma solução de transporte para o Ricardo em
Portugal, uma vez que era praticamente impossível continuar o caminho sem condições físicas.
Aproveitávamos também o retorno para enviar uma encomenda para Olhão pelos correios, e o João
necessitava de resolver o problema do cartão do telemóvel que estava bloqueado. Sabíamos que de
qualquer maneira a jornada deste dia estava perdida.
Já em Valença procurámos pela estação dos autocarros e pela estação dos CTT. Na estação
dos autocarros informaram-nos de uma carreira que seguia para Lisboa ás 09h50. Após falar com o
Chefe Reinaldo e a mãe do Ricardo, ficou decidido que ele apanhava esse transporte até Lisboa,
onde a sua avó o iria buscar. Muito desanimados com a derradeira solução, que sabíamos no
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entanto ser a mais certa, o Ricardo embarcou no autocarro no horário previsto.


É preciso realçar que o empenho feito pelo Ricardo Monteiro tem todo o valor e merece
todo o respeito, tanto na vontade de participar na actividade no geral, como pelo esforço feito na
primeira etapa em particular.
De volta ao centro de Valença, dirigimo-nos então á estação dos correios, onde enviámos
para Olhão uma encomenda com algum do peso excessivo das mochilas. Resolveu-se também o
problema do telemóvel do João (que não ficou propriamente resolvido naquele dia...) e voltámos
mais uma vez a atravessar a ponte para Tui.
Chegando á outra margem, perguntámos a um polícia local a localização da estação dos
comboios. Passava já das 13 horas (hora de Espanha). Chegados á estação, que fica praticamente
do outro lado da cidade, soubemos que não havia comboio para Redondela, meta da segunda
etapa do caminho. Após uma breve consulta dos horários, perguntámos novamente por direcções
para Guillarei, a estação mais próxima onde poderíamos então apanhar o comboio para
Redondela. Alguns quilómetros de caminhada e chegámos então á estação da RENFE de Guillarei,
onde comprámos os bilhetes, desanimados pelo facto de termos que passar esta etapa desta forma.
Finalmente ás 16h59 apanhámos o comboio. Chovia já torrencialmente. A viagem foi curta (cerca
de 25 minutos), e ao chegarmos a Redondela (17h25) seguimos da estação directamente para o
albergue, obra a cerca de 1 quilómetro de distância, sempre sob a chuva incessante. Se o ânimo do
dia esteve constantemente em baixo, posso afirmar que todos se animaram ao chegar ao albergue
de Redondela, na “Torre del Reloj”, bem no centro da pequena cidade.
Fomos muito bem recebidos pela voluntária de serviço, que nos mostrou as instalações e
explicou os horários e as regras deste albergue. Como tinhamos boas condições para cozinhar,
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dirigimo-nos ao supermercado mais próximo (Dia%), sempre sobre chuva torrencial, e comprámos
massas e condimentos para o jantar.
Pouco mais há a acrescentar deste dia - por voltas das 19 horas cozinhámos, jantámos ás
20h00 na biblioteca do albergue, lavámos a louça usada e subimos para os quartos. Estavam já nas
instalações o casal que encontraramos em Tui, a senhora espanhola e o rapaz invisual que a
acompanhava. Trocámos também algumas palavras com 3 portugueses de Viana do Castelo que
começaram o Caminho nesse dia (Valença - Redondela) e após falarmos ao telefone com o Ricardo
(que chegara a Lisboa pelas 18h00, hora de Portugal) deitámo-nos por volta das 21h30, aguardando
ansiosamente pela jornada do dia seguinte.

no albergue de Redondela
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Redondela Pontevedra
No Sábado, 31 de Março, o dia nasceu bastante frio, e após tomarmos o pequeno-almoço
ainda no albergue, pusémo-nos a caminho ás 8h00. A etapa até Pontevedra, capital da Galiza,
contava com cerca de 20 quilómetros. Pelo caminho encontrámos várias fontes de água potável,
nas quais aproveitávamos para encher o cantil para saciar a sede. Depois de uma subida até Outeiro
das Penas e o Alto da Lomba, tivemos uma excelente vista sobre a Ria de Vigo. Mais á frente
passámos o rio Verdugo que passa entre Arcade e Pontesampaio, e nesta última localidade
aproveitámos para comprar pão quente, acabado de sair dos fornos. Após um breve descanso
retomámos o caminho, passámos mais um rio (Ulló), e seguimos pela floresta, num cenário de rara
exuberância. Passada esta área montanhosa, o caminho deu lugar a campos de cultivo, pomares e
vinhas, até aos arrabaldes de Pontevedra, que já se adivinhava pela crescimento da agitação
urbana.
Chegámos ao albergue de Pontevedra, na entrada da cidade, precisamente ás 14h00. No
portão o horário anunciava que o albergue só abria ás 16h00, por isso aproveitámos e fomos
almoçar na “Taberna da Avoa”, em frente ao albergue, onde pedimos o “menu do peregrino” que
consistia num “caldo de nhecas” (!!!), pollo frito, salada e filetes. O Caldo de nhecas não era mais do
que um prato de dobrada bem saborosa!
Ás 16h00 demos então entrada no albergue, um edificio bastante espaçoso e luminoso,
com um jardim na entrada, e com um ambiente bastante descontraido. Pouco depois fomos visitar
a cidade. A temperatura rondava os 17º e chuviscou um pouco. Atravessámos a cidade em direcção
ao centro histórico onde visitámos o Convento de São Francisco e a Igreja da Virgem Peregrina. De
volta ao albergue passámos por um supermercado para comprar jantar e pequeno almoço, e
quando retornámos ás 18h00 encontrámos pela primeira vez o grupo de Escoteiros alemães que
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também seguiam, como é óbvio, para Santiago. Estava instalada a desarrumação natural no
dormitório graças á chegada de um grupo tão grande. Foi um fim de tarde agradável, e o mais
“europeu” de todo o caminho! No albergue estavam no momento portugueses, espanhóis, alemães,
um inglês e um francês!
Banhos de água quente (o primeiro desde o inicio do caminho!), jantar ás 21h00 (sandes e
iogurtes) e silêncio ás 00h00, com alvorada marcada para as 7h30.

no centro histórico de Pontevedra


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Pontevedra Briallos
1 de Abril de 2007, Domingo. A alvorada atrasou-se um pouco da hora marcada, e assim só
pelas 7h50 estavamos a pé, e praticamente uma hora depois tomavamos o pequeno almoço e
preparavamo-nos para sair. Antes de deixar o albergue ainda aproveitamos para dar mais uma
olhada a um grande mapa de parede do Caminho e indicação dos albergues existentes. Trocámos
algumas palavras com os três portugueses já nossos conhecidos, que nos informaram da existência
de um albergue em Briallos, aproximadamente 7 kilómetros antes de Caldas de Reis, onde
terminava a etapa deste dia, mas onde não havia albergue de peregrinos. Foi decidido então seguir
para Briallos, encurtando a jornada deste dia, de modo a pernoitarmos nesse albergue. O grupo
alemão também seguia para o mesmo destino.
Saimos do albergue ás 9h00, e deparámo-nos com o dia mais frio de todo o caminho! 6º em
Pontevedra, a cidade deserta por ser Domingo (e talvez o frio também não fosse uma grande
ajuda!)
Alguns chuviscos pelo caminho, que apesar de ser o mais curto, foi dos que demorou mais a
percorrer, tanto pelo cansaço geral, como também por sabermos que havia bastante tempo para o
fazer. Passamos mais uma vez por troços de floresta exuberante, e de seguida por uma zona menos
agradável, junto de um aviário onde estavam milhares de frangos concentrados, e onde o cheiro
não era nada agradável (acompanhado de música clássica que vinha de dentro do aviário).
Chegamos finalmente ao albergue ás 14h10, onde já estavam os portugueses, que nos
informaram que para comprar alguma comida tinhamos que nos dirigir á estação de serviço
(Galp!), a cerca de 1 quilómetro dali. Arrumámos as mochilas e assim fizemos. Uma vez na estação
comprámos algumas coisas (onde pagámos quase a dobrar) e retornámos ao albergue.
De volta eu e o João decidimos ir explorar um pouco mais a zona, e uma vez que no
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albergue não nos podiam carimbar as credenciais por não haver carimbo, fomos até a uma reserva
natural a cerca de 2 quilómetros de distância. Apanhámos alguma chuva pelo caminho, mas sem as
mochilas ás costas, esta breve caminhada foi bastante agradável, mesmo á chuva! Uma vez lá
chegados carimbámos as nossas credenciais e as dos outros três portugueses num pequeno bar
dentro da reserva. A vista era magnifica - longas cascatas e um forte braço de água que se podia
atravessar por uma ponte de madeira que dava início a uns trilhos pedestres. Estavam no local
alguns visitantes, mas o fim de tarde chuvoso não convidava ao passeio. Voltámos então
novamente ao albergue, e á entrada reparámos numa grande quantidade de embalagens de
esparguete e molhos de tomate na bancada da cozinha das instalações. Os alemães tinham
chegado, e não tinham trazido toda aquela comida de Pontevedra, e muito menos comprado na
estação da Galp! Tinham encontrado uma pequena “tienda”, na garagem de uma casa particular,
onde fizeram as compras para o jantar! Seguimos o mesmo exemplo e fomos em busca da pequena
mercearia que ficava afinal nos arredores. Uma vez lá, comprámos também molho de tomate,
alguma fruta e ovos. Afinal havia um pequeno (bem pequeno!) paraíso comercial perto do albergue,
e os alemães descobriram-no!
Com o fim da tarde chegou a trovoada, relâmpagos, chuva torrencial, e quando já estavámos
na preparação do jantar, começou mesmo a cair granizo, que durou cerca de 10 minutos. O relvado
do albergue ficou completamente branco (e gelado), assim como os telhados. Pouco tempo depois
as nuvens dissipavam-se e um magnifico arco-iris rasgava o céu.
Jantámos por volta das 20h00, e deppis do jantar chegaram mais três portugueses ao
albergue, com os quais não tivemos oportunidade de falar. Ainda nesta tarde o Chefe do Grupo
Alemão pediu para trocar comigo o Lenço de Escoteiro. Como levava dois do Grupo 6 troquei o meu
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mais recente pelo lenço cinzento de Chefe, e usei o meu mais antigo daí por diante. Nesta
Associação Alemã a distinção das diferentes divisões fazem-se por lenços. Assim, laranja para os
Lobitos, Verde para as Tribos, vermelho para Clã e cinzento para Chefia.
Antes do silêncio um dos Alemães que os acompanhava (não Escoteiro) fez alguns truques de magia
e ilusionismo no quarto onde estávamos instalados. A galhofa reinava nos quartos, mas eram quase
00h00 , no quarto ao lado já haviam peregrinos a (tentar) dormir e as luzes tinham que ser
apagadas. Silêncio finalmente e alvorada marcada para as 7h00.

granizo em Briallos
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Briallos Padron
Na segunda feira, 2 de Abril a alvorada deu-se á hora marcada. Tomámos o pequeno-
almoço na cozinha do albergue e pusémo-nos mais uma vez a caminho por volta das 8h00. O frio
matinal fazia-se sentir, mas durou pouco, ao contrário das outras manhãs. Passámos por Caldas de
Reis, mas no entanto não vimos as fontes de águas tépidas (Fonte das Burgas) que anunciava no
Guia do Caminho. Atravessámos o rio Bermaña através de mais uma ponte medieval, e daí
entrámos no vale deste rio, por um percurso através de bosques e prados, de uma beleza
inesquecível. Seguimos sempre por estes prados viçosos (agora no vale do rio Valga), atravessados
por pequenos ribeiros de água doce, com o sol a brilhar e uma temperatura perfeita. Este foi o dia
em que andámos mais depressa. Apesar do cansaço (da insistência de algumas bolhas e calos...), o
ânimo de ver quase terminada a jornada fez-nos acelerar o passo.
Ás 11h55 atravessávamos a ponte do rio Ulla que liga Pontecesures a Padron. Reza a lenda
que foi por este rio que subiu a barca com o corpo de S. Tiago, para aportar em Padron. Já na outra
margem do rio, fizemos mais cerca de três quilómetros até ao albergue, que fica junto ao Convento
do Carmo, na outra margem do rio Sar. A travessia deste pequeno rio faz-se através de uma
também pequena ponte (com trânsito automóvel), e como o albergue fica num ponto
relativamente alto, daí avistava-se quase toda a pequena localidade de Padron. Fomos os primeiros
a entrar no albergue ás 12h30, e os Escoteiros alemães foram chegando logo a seguir em pequenos
grupos. Depois dos banhos e de arranjarmos um pequeno estendal para pendurarmos algumas
roupas (meias para arejar...), fomos á procura de almoço. Na travessia da ponte para a cidade
encontrámos mais uma vez os 3 portugueses de Viana, que nos informaram de um pequeno
restaurante com a tão desejada paella! Dirigimo-nos para lá, e pelas 13h30 estávamos
confortavelmente instalados a comer a tão esperada especialidade, que afinal ficou um pouco
aquém das expectativas. Após este pequeno luxo, descansámos e seguimos para um supermercado
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a fim de comprar jantar. Aproveitámos então para conhecer a localidade, deambulámos um pouco
ao acaso pelas ruelas até começar a chuviscar. Seguimos para a Igreja de Santiago, onde está
colocada a pedra onde supostamente foi amarrada a barca com o corpo. Lá estava afinal, debaixo
do altar principal da igreja.
Retornámos ao albergue pelas 18h00. Descanço geral, aproveitei para tirar os
apontamentos no caderno de caça, o João para confraternizar com os escoteiros alemães, a Cecilia
e a Rute para “descansarem os olhos”. Neste fim de tarde chegaram mais uns portugueses que
faziam o caminho de bicicleta desde o Porto, com quem trocámos algumas impressões sobre o
caminho já feito, e o que faltava realizar.
Jantámos ás 20h00 (nada de interessante, de facto - a imaginação para os jantares já era
pouca!). Não houve uma hora certa para o silêncio, uma vez que o quarto comum do albergue era
tão grande que havia sempre alguém a entrar ou sair. Mas ao nos deitarmos, o pensamento era
comum, acompanhado de alguma excitação - amanhã: Santiago!!
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Padron Santiago de Compostela


Terça-feira, 3 de Abril. A alvorada deu-se ás 7h00 em ponto. Todo o albergue se levantou
praticamente ao mesmo tempo, e sentia-se no ar a expectativa da última etapa, e a derradeira
chegada a Santiago. Saímos do albergue depois das 8h30, seguindo para norte até à Colegiada de
Stª Maria de Iria Flavia, seguindo depois pela N550 ao longo de um quilómetro. Passado este troço
entrámos num curioso enfiamento de pequenas aldeias - Romarís, Rueiro, Cambelas, Anteportas,
Tarrío e Vilar - de ruelas estreitas e labirínticas, onde as setas amarelas marcavam sempre o
caminho nos cruzamentos mais confusos. De novo junto á N550 passámos pelo Santuário de N.
Señora de A Escravitude onde encontrámos os escoteiros alemães que pararam para um breve
descanso. Ainda assim continuámos o nosso caminho bem animados, mais uma vez por caminhos
pedestres até à pequena povoação de Angueira, descendo novamente para mais um quilómetro na
N550. Foi a última vez que encontrámos esta via na nossa peregrinação. Às 10h00 parámos para
um pequeno descanso, estávamos agora a cerca de 15 quilómetros do nosso destino.
Mais um troço de floresta aqui, outra pequena aldeia acolá, e pelas 11h50 estávamos no
alto de Agro dos Monteiros, onde desfrutámos de uma excelente vista da cidade, e vimos pela
primeira vez as torres da Catedral! Depois de descer a encosta, e passada a linha de caminho de
ferro e o rio Sar, estávamos praticamente nos arrabaldes de Santiago! Parámos um pouco frente a
um Hospital para reabastecer de água e de forças, para a subida da Choupana - finalmente a
entrada na cidade!
Às 12h00 passávamos pela “Porta Faxeira”, entrada tradicional do Caminho Português na
Cidade. O movimento de peregrinos, turistas e cidadãos era grande, mas naquele momento só
tinhamos em mente chegar ás portas da Catedral, e dar por terminado o Caminho!
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E assim, ás 13 horas e 7 minutos chegávamos finalmente ao centro da Praça do Obradoiro,


e ás Portas da Catedral de Santiago de Compostela! Mochilas no chão, olhos erguidos para as torres
da Catedral, aliviados pelo fim da jornada, satisfeitos pelo êxito de toda a viagem.

Após um momento de descanso pedimos indicações para o albergue do Monte do Gozo, a


5 quilómetros da cidade. Foi uma pequena jornada bastante extenuante, subindo grandes
avenidas, ruas apinhadas de pessoas, trânsito próprio de uma cidade grande... Após cerca de 150
quilómetros por campos, florestas, pequenas cidades e aldeias, o rebuliço de Santiago marcou a
diferença.
Chegámos por fim ao albergue por volta das 15h00. Este é o ponto de chegada dos
peregrinos do caminho francês, inglês, etc, e tem disponíveis cerca de 800 camas para
acomodação. Talvez devido á grande afluência de peregrinos dos caminhos do norte, de todos os
albergues este foi o que nos apresentou piores condições. Ainda assim ficámos num quarto com
outros dois peregrinos, tomámos um duche e regressámos á cidade (num autocarro que fazia a
ligação do Monte do Gozo ao centro da cidade) a fim de almoçarmos e conhecer o centro histórico.
Ás 20h20 assistimos junto á Catedral a uma procissão católica (por ser a semana santa da Páscoa,
todos os dias haviam procissões). Retornámos depois ao albergue pelo mesmo autocarro , onde
chegámos pelas 22h00. Lá encontrámos um grande grupo de escoteiros de Madrid. Finalmente
deitados, decidimos que a alvorada para o dia seguinte seria mais tarde, para aproveitarmos bem o
descanso.
Santiago de Compostela
No dia 4 de Abril acordámos por volta das 9h00 com um grande movimento de peregrinos e
funcionários no albergue. Rapidamente arrumámos o nosso material e tomámos o pequeno-
almoço já no exterior. O tempo estava fresco, um pouco nublado, mas convidativo para um dia de
passeios e descanso em Santiago de Compostela. Apanhámos novamente o autocarro nº 6 para a
cidade, seguimos directamente para a Oficina do Peregrino, a fim de recerbermos a “Compostela”,
os certificados da peregrinação. Depois disso fomos então para a Catedral, onde a missa do
peregrino (12h00) estava quase a começar. Apesar de toda a viagem não ter um significado
particularmente religioso, era imperativo que assistíssemos a esta missa para os peregrinos. Uma
vez lá dentro encontrámos novamente os escoteiros alemães. Enquanto a Cecília e a Rute assistiam
á missa (e foram comer as hóstias), eu e o João decidimos explorar um pouco mais a Catedral, que
estava cheia de peregrinos e ainda mais de turistas a entrar e a sair. Deambulámos pelas diferentes
áreas do monumento, descemos á pequena cripta para vermos o túmulo que guarda os supostos
restos mortais do Apóstolo, e pouco depois saímos todos juntos com os escoteiros alemães que
nos informaram do pequeno albergue onde haviam pernoitado e onde ficariam novamente nessa
noite, para regressarem à Alemanha no dia seguinte.
Seguimos com eles para o local onde ficámos igualmente alojados, e fomos almoçar, para
regressarmos de seguida ao centro histórico para as compras dos “recuerdos”.
E assim passou este dia, enquanto a Cecília e a Rute faziam as compras, nós fomos
entrevistados para uma televisão local, de seguida fomos a uma mercearia comprar jantar e
voltámos ao albergue ao fim da tarde. Como o albergue ficava numa zona residencial, com jardins
e campos de jogos, a Rute aproveitou para realizar um jogo de basquetball enquanto os outros
descansavam e confraternizavam.
Seguiu-se o jantar na sala comum do pequeno albergue, as despedidas dos alemães que se
levantaram ás 5 horas da madrugada para apanharem o avião, e fomos finalmente dormir pelas
00h00.
chegada a Compostela
Jorge Larguito
ECTS Grupo 6 AEP - Olhão

Maio 2007
Associação dos Escoteiros de Portugal
Grupo nº 6 - Olhão

1925 - 2007

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