sala pretasala preta é uma publicagio do Programa de Pés-Graduagéo em Artes
Cénicas da Escola de Comunicagses e Artes da USP. As opinises
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Conselho Editorial
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Coordenacdo Editorial
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Projeto Grafico
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Reviséo e Editoracao
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Universidade de $0 Paulo
Reitora
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ice-reitor
Helio Nogueira da Cruz
Escola de Comunicacao e Artes
Diretor
Mauro Wilton de Souza
Vice-Diretora
Maria Dora Genis Mourao
Presidente da Comissdo de Pos-Graduagao da ECA-USP
Rogério Luiz Moraes Costa
Coordenador do Programa de Pos-Graduacao da ECA-USP
Luiz Fernando Ramos
Departamento de Artes Cénicas
Chefe
Felisberto Sabino da Costa
Vice-Chete
Fausto VianaPor uma dramaturgia
Jean-Marc Adolphe conta que, no primei-
ro SKITe,! realizado em Paris, em 1992,
Corrado Bertoni, que, na ocasiéo, traba-
hava com Caterina Sagna,? sugeriu um
jogo de substituigdes para a palavra dra-
: dramasurgia (para priorizar 0 surgi-
10 da aco), dramapurgia (para enfatizar a
(0 ou a depuragio da aso) ¢, ele mesmo
pds outra, drama-urgia (destacando a urgén-
tia da aco).
Como se vé, a palavra muda, mas seu foco
‘permanece. O que conta ¢ a agio que 0 corpo
realiza, ou seja, o que vale & 0 que estd aconte-
eendo nele. No caso da danca, essa ago remete
diretamente aos passos e aos gestos ¢ ao modo
‘como cles sio mostrados.
No segundo SKITe, acontecido em Lis-
oa dois anos depois, Adolphe coordenou um
que nao seja uma liturgia da danca
Helena katz
atelié sobre dramaturgia, a partir do estabeleci-
mento de um acordo de que uma possivel dra-
maturgia da danga estaria ligada 20 movimen-
to, O objetivo era pensar sobre a existéncia de
uma dramaturgia do movimento que fosse re-
sultante de forgas mais ou menos visiveis, e cujas
tensGes configurariam a pertinéncia desse mo-
vimento. Af estaria a dramaturgia. Traduzindo:
0 movimento de danga que um corpo faz seria
o fiador da dramaturgia de danga
Posta deste modo, fazendo do movimento
de danga usm fiador de uma dramaturgia de dan-
¢a, a discussio que comegou a se fortalecer no
final do século 20, remete a Noverre. Segundo
Levinson? (Sao Petersburgo, 1887 — Paris
1933), Noverre* foi o criador da danga como
espetdculo independente. Apresentou uma dan-
a autosuficiente, que rejeitava 0 uso da pala-
Helena Katz ¢ professora do Curso Comunicagio das Artes do Corpo e do Programa de Pés-Gradua-
fo em Comunicagio ¢ Semidtica da PUC-SP
Promovido por Jean-Mark Adolphe, o SKITe é uma plataforma de encontro de pesquisas aristicas sem.
obrigagio de resultar em produgio. No primeiro SKITe, destacaram-se Alain Platel Meg Stuart, € no
segundo, acontecido em 1994, em Lisboa, Jerdme Bel fez a sua primeira apresentacio publica.
Coredgrafa italiana que se tornou conhecida pela exploracio danga-literatura.
[Andre Levinson, vigoraso defensor dos prineipios académicos do balé, mesmo sendo um entusiasta de
Isadora Duncan, atacava as renovagies de Fokine ¢ Diaghilev. Escteveu muitos artigos ¢ nove livros,
dentre 0s quais, La vie de Noverre (1925). Deixou a Rissia em 1918, tornou-se professor na Sorbonne,
‘eum dos mais respeitados erticos de Paris dessa época.
Para situar a importincia de Jean-Georges Noverre (1727-1810), basta lembrar que, para Lincoln
Kirstein (1907-1996), ele estd para a danga como Shakespeare para o teatro,