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DESAFIO PROFISSIONAL – ANHANGUERA – 7 SEMESTRE

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Leis 6404/76, Lei 11638/07 e Lei 11.941/09

Em concordância com o ambiente político e econômico a contabilidade procura


adequarse às mudanças ocorridas na sociedade; de forma a melhor auxiliar os investidores,
padronizando os procedimentos contábeis que no Brasil se dá com a criação da Lei 11.638/07
e Lei 11.941/09 que altera a lei das Sociedades por Ações, alinhando-se as IFRS
(International Financial Reporting Standards) de forma a garantir maior transparência e
confiabilidade às operações de investimento. Medeiros (2008) descreve que a Lei nº
11.638/07 tem por objetivo a atualização das normas contábeis brasileiras e a padronização
dessas normas com os pronunciamentos internacionais.

Conforme comunicado promovido pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM com


esclarecimentos sobre a Lei n o 11.638/07, esta “[...] irá permitir, no futuro, o benefício do
acesso das empresas brasileiras a capitais externos a um custo e a uma taxa de riscos
menores”.

De acordo com Braga e Almeida (2008),


Essas duas leis aliadas buscam criar condições para harmonizar e padronizar
informações prestadas e as práticas contábeis adotadas no País e as demonstrações
contábeis a que esta obrigada a divulgar. Deste modo, não haverá diferenciação na
forma de evidenciar resultados, seja no Brasil ou no exterior.

Baseando-se nas normas internacionais de contabilidade, a Lei 11.638/07, alterou de


forma simplificada o Balanço Patrimonial.

Comparativo da apresentação do Balanço Patrimonial entre a Lei 6404/76, a Lei


11638/07 e a Lei 11.941/09
Lei 6404/76 Lei 11638/07 Lei 11.941/09

ATIVO ATIVO ATIVO

ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE

ATIVO PERMANENTE ·REALIZÁVEL A ·LONGO PRAZO ·I ·REALIZÁVEL A ·LONGO PRAZO ·I

·INVESTIMENTO NVESTIMENTO NVESTIMENTO

·IMOBILIZADO ·IMOBILIZADO ·IMOBILIZADO

·DIFERIDO .INTANGÍVEL .INTANGÍVEL

·DIFERIDO

PASSIVO PASSIVO PASSIVO

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PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PASSIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE

RESULTADO DE EXERCÍCIOS ·EXIGÍVEL A LONGO PRAZO · PATRIMÔNIO LÍQUIDO ·


FUTUROS
RESULTADO NÃO REALIZADOS CAPITAL SOCIAL ·
PATRIMÔNIO LÍQUIDO ·
PATRIMÔNIO LÍQUIDO · RESERVA DE CAPITAL ·
CAPITAL SOCIAL
CAPITAL SOCIAL · AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL ·
·RESERVA DE CAPITAL ·
RESERVA DE CAPITAL · RESERVAS DE LUCROS ·
RESERVA DE REAVALIAÇÃO ·
AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL · AÇÕES EM TESOURARIA
RESERVAS DE LUCROS ·
RESERVAS DE LUCROS · ·PREJUIZOS ACUMULADOS
LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS
AÇÕES EM TESOURARIA

·PREJUIZOS ACUMULADOS

REFERENCIAL TEÓRICO: ANALISE VERTICAL E HORIZONTAL


Matarazzo (2003) afirma que “o importante não é um grande número de índices, mas
sim um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de
profundidade desejada da análise”.

Análise horizontal e vertical


Analise Vertical e Horizontal presta-se fundamentalmente ao estudo de tendências. De
acordo com Matarazzo (2003) a Análise Vertical/Horizontal possibilita localizar pontos
específicos de falhas, problemas e características da empresa e explica os motivos de a
empresa estar em determinada situação.
Segundo (IUDÍCIBUS, 1998) a análise horizontal esta voltada a apontar o crescimento
do balanço e das demonstrações de resultado através dos períodos.
Para Matarazzo (2003), a análise horizontal “baseia-se na evolução de cada conta de
uma série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a
uma demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série”.
Análise Horizontal pode ser efetuada através do cálculo das variações em relação a um
ano-base – quando será denominada Análise Horizontal encadeada – ou em relação ao ano
anterior – quando será denominada de Análise Horizontal anual. (MATARAZZO, 2003).
Através desta técnica é possível avaliar os demonstrativos contábeis comparando os
valores em forma percentual de determinada conta em relação à mesma conta dos anos
anteriores.
2
No que se refere à Análise Vertical, “considera-se como um processo comparativo,
expresso em porcentagem, que se aplica ao se relacionar uma conta ou grupo de contas com
um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo demonstrativo”. (NETTO, 2002)
Análise Vertical conforme Matarazzo (2003), o percentual de cada conta mostra sua real
importância no conjunto, isto é, avalia a composição do item e sua evolução no tempo.
Permite comparações com outras empresas de item por item, ela possui mais relevância
quando aplicada às contas de resultado sendo o Ativo a base para desenvolver sua análise.
Conforme explica Iudícibus (1998), “este tipo de análise é importante para avaliar a
estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo”.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Segundo Barros (2004), o objetivo da contabilidade “é a geração de informações que
serão utilizadas por determinados usuários em decisões que buscam a realização de interesses
e objetivos próprios”.
A necessidade atual de informações claras e acessíveis é muito grande por parte dos
gestores. Por isso para que haja controle e sucesso nas empresas, necessita de informações
que possam ser analisadas de forma simples e que sejam acessíveis e maleáveis de controle
(CREPALDI, 2013).

INDICADORES ECONÔMICOS FINANCEIROS.


Os indicadores econômico-financeiros são elementos que tradicionalmente representam
o conceito de análise de balanço.
Marion (2002) define os índices como sendo relações que se estabelecem entre duas
grandezas, facilitando sensivelmente o trabalho do analista, uma vez que a apreciação de
certas relações ou percentuais é mais significativa que a observação de montantes, por si só.
Já para Matarazzo (2003) “os índices são relações de contas ou grupos de contas das
demonstrações contábeis que tem como principal característica fornecerem e evidenciarem a
situação econômica ou financeira da empresa”.
Esses índices podem ser calculados a partir do balanço patrimonial, demonstração de
resultado do exercício e do fluxo de caixa, sendo os principais indicadores financeiros;
As demonstrações contábeis obrigatórias segundo as normas brasileiras de
contabilidade, com base na Lei nº 11.638/07, Lei das Sociedades Anônimas, que trouxe

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mudanças que alteraram a Lei 6.404/76, para se adaptar aos padrões internacionais de
contabilidade. são:

Balanço Patrimonial Demonstração dos Fluxos de Caixa

Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração do Valor Adicionado

Demonstração de Lucros ou Prejuízos acumulados Notas Explicativas

Demonstrações do Patrimônio Líquido Parecer dos Auditores Independentes

Parecer da Administração

Conforme Guerra (2013):”As demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimoniais


e financeiros das transações, agrupando-os em classes de acordo com suas características
econômicas”.
Martins, Miranda e Diniz (2014): esclarecem que o objetivo da análise das
demonstrações contábeis é principalmente gerar informações favoráveis a tomada de decisões
dos distintos usuários das informações, com o intuito de verificar as necessidades da empresa.
Coronado (2006) enfatiza a necessidade de elaborar os demonstrativos contábeis de
acordo com os princípios contábeis, para uso dos gestores como ferramenta de tomada de
decisão gerencial.
Empresas que adotam este procedimento como ferramenta para suas decisões garantem
maior segurança em suas ações, assim acarretam credibilidade e evitam que erros possam ser
cometidos.
Podem-se destacar como elementos fundamentais e , consequentemente, mais utilizados
as seguintes demonstrações:
 Balanço Patrimonial;
 Demonstração do Resultado do Exercício;
 Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Balanço patrimonial:
Sá (2005) define o Balanço Patrimonial como:
“(...) uma demonstração instantânea (de um dado momento), estática (como se
encontraria, se estivesse parado opatrimônio) e de equilíbrio entre débito e crédito
das contas que representam os elementos que compõem a riqueza patrimonial”.
Segundo Assaf Neto (2012), este demonstrativo é de extrema importância para conhecer
a situação econômico-financeira em que a empresa vivencia no momento.
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(...) pelas relevantes formações de tendências que podem ser extraídas de seus
diversos grupos de contas, o balanço servirá como elemento de partida indispensável
para o conhecimento da situação econômica e financeira de uma empresa.

INDICADORES DE CAPACIDADE DE PAGAMENTO OU ÍNDICE DE LIQUIDEZ

Para Marion (2007), os índices de liquidez,

São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é,


constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus
compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando:
longo prazo, curto prazo ou prazo imediato.

As informações para o cálculo destes índices são retiradas unicamente do Balanço


patrimonial, demonstração contábil que evidência a posição patrimonial da entidade, devendo
ser atualizadas constantemente para uma correta análise. Atualmente estuda-se 4 índices de
liquidez sendo eles:

Quadro Demonstrativo: Índice X Formula

INDICADOR DE LIQUIDEZ
Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa frente a suas obrigações. Sendo
de grande importância para a administração da continuidade da empresa, as variações destes índices devem
ser motivos de estudos para os gestores.

Liquidez Geral
Indica a capacidade de
pagamento das dívidas totais
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
da empresa, em relação ao seu
Ativo Circulante e Realizável 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔𝑖𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
à Longo Prazo.

Liquidez Corrente
Indica a capacidade de
pagamento das dívidas de
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
curto prazo, em relação ao seu
Ativo Circulante. 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

Indica quanto a empresa


Liquidez Seca
possui de Ativo Líquido para
cada R$1,00 de Passivo 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠
Circulante (dívidas a curto 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
prazo). Quanto maior for o
índice de liquidez seca,
melhor é para a empresa.

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Mede a capacidade de
Liquidez Imediata
pagamento da empresa,
contado apenas as Disponibilidade
disponibilidades em caixa que Passivo Circulante
a empresa deveria ter se
fossem honrar seus
compromissos imediatamente.

INDICADORES DE ATIVIDADE
São os principais indicadores financeiros que nos possibilitaram conhecer a evolução da atividade operacional da
empresa são os prazos de rotação dos estoques, recebimento das vendas, pagamentos das compras, ciclo
operacional, ciclo financeiro e rotação de ativo. Esses indicadores indicam quantos dias em média a empresa
leva para pagar suas compras, receber suas vendas, renovar seus estoques e recuperar seu ativo.

Prazo médio de É o período compreendido entre o


rotação dos tempo em que permanece 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒
estoques (PME) armazenado até o momento da 𝑃𝑀𝑅𝐸 = ∗ 360
venda. 𝐶𝑀𝑉

Prazo Médio de O prazo médio de recebimento é o


Recebimento de período compreendido entre o
Vendas (PMRV) momento em que foram efetuadas
as vendas e o momento do 𝐷𝑢𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟
𝑃𝑀𝑅𝑉 = ∗ 360
pagamento dessas vendas. Indica 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
quanto tempo em média a
empresa leva para receber as suas
vendas.
Prazo Médio de O prazo médio de pagamento é o
Pagamento de período compreendido entre o 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
Compras (PMPC) momento em que foram efetuadas 𝑃𝑀𝑃𝐶 = ∗ 360
as compras e o momento de seu 𝐶𝑜𝑚𝑟𝑎𝑠
pagamento.

Indicadores de Rentabilidade
O objetivo maior na maioria das empresas é a geração de lucros. Os índices de rentabilidade apontam como a
empresa esta se portando em relação a este objetivo apontado. Os índices de rentabilidade são os mais visados
pelos gestores, investidores e pelo mercado de uma maneira geral.
Este indicador evidencia quantas
vezes o ativo foi recuperado
Giro do Ativo mediante as vendas efetuadas no 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠
período. Este índice quanto maior 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
melhor.

Indica quanto a empresa obtém


de lucro para cada R$100,00
Margem Líquida vendidos. Quanto maior for o 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑋100
índice de margem líquida, melhor 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠
é para a empresa.
A Rentabilidade do Ativo tem por
objetivo medir a eficiência global
Rentabilidade do da alta direção da empresa na
Ativo geração de lucros com seus
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
investidores totais. Quanto maior 𝑋100
for o índice de rentabilidade do 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
ativo, melhor é para a empresa.
6
O papel do índice de rentabilidade
do Patrimônio Líquido é mostrar
Rentabilidade do qual a taxa do Capital Próprio. 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑋100
Patrimônio em média, no exercício. Quanto 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜
Líquido maior for o índice de rentabilidade
do patrimônio líquido, melhor é
para a empresa.
Análise de Valor da Ação.
As informações fornecidas por esses índices não estão presentes nas Demonstrações Contábeis. Os principais
índices de valor de mercado são preço de mercado e preço/lucro (PL).Preço de mercado: é a multiplicação do
número de ações da empresa pelo valor de mercado (valor em que a ações estão sendo negociadas).
Preço/Lucro: é a divisão entre o valor de mercado corrente pelo lucro por ação do exercício mais recente.

ESTUDO DE CASO

Neste capítulo será apresentado o estudo de caso deste trabalho, onde serão aplicados os
conceitos teóricos apresentados nos capítulos anteriores e de forma prática apresentar o
diagnóstico sobre a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa objeto de estudo.

Apresentamos as análises dos Balanços e das Demonstrações de Resultados dos Exercícios de


2010 a 2013 pertencentes à companhia de energia elétrica objeto deste estudo, disponíveis no
site da própria empresa.

Análise da Liquidez

Estudando a capacidade que a empresa possui para quitar suas obrigações, seguem
abaixo os resultados dos cálculos referentes aos índices de liquidez (tabela 1.1).

Índices 2010 2011 2012 2013


Liquidez Corrente (LC) 1,57 1,38 6,19 3,66
Liquidez Seca (LS) 1,52 1,34 6,10 3,60
Liquidez Geral (LG) 2,04 1,84 2,33 2,11

Os indicadores econômico-financeiros aqui abordados resultaram em relatórios


contábeis, demonstrando um aumento significativo na capacidade da empresa de saldar suas
obrigações, isso considerando o período de 2010 a 2012. Houve drástica redução logo no ano
seguinte ao pico desse índice, ocorrido no ano de 2012.

Tais oscilações deveram-se à Medida Provisória - MP nº 579/2012, futuramente


convertida na Lei 12.783/2013, que provocou volumoso aporte financeiro para indenização
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dos ativos ainda não amortizados da companhia cujas concessões venceriam no ano de 2015.
A referida legislação teve a finalidade de reduzir os gastos com energia residencial e
industrial. Os impactos causados pelas mudanças no ambiente legal acarretaram profunda
repercussão na situação econômico-financeira da empresa e de outras companhias elétricas.

A explicação para a proximidade dos Índices de Liquidez Corrente e Seca está na


política de estoques próprios da empresa cuja atividade é a geração e/ou transmissão de
energia elétrica, tendo em vista os baixos níveis de estoque, principal fator para diferenciar os
índices mencionados.

Ao serem considerados os valores referentes ao longo prazo, percebeu-se a estabilidade


no Índice de Liquidez Geral, cujas interferências trazidas pela MP 579 afetaram somente as
contas de curto prazo. Por isso, a diferença de apenas 0,07 pontos entre os anos de 2010 e
2013.

Análise do Endividamento

A proporção entre capital próprio e de terceiros injetados no negócio é verificada a


partir dos indicadores de endividamento. A tabela abaixo resume o desempenho dos recursos
de terceiros no decorrer dos quatro anos contemplados neste estudo.

Índices de Endividamento
Índices 2010 2011 2012 2013
Participação de Capital de Terceiros
28,1% 29,7% 51,8% 51,6%
(PCT)
Composição do Endividamento (CE) 38,7% 35,9% 16,9% 23,8%
Imobilização do Patrimônio Líquido
70,9% 75,0% 31,3% 42,7%
(IPL)

A Participação de Capital de Terceiros teve uma considerável elevação chegando a ser


superior ao capital dos sócios. A aplicação de recursos de terceiros no passivo exigível a
longo prazo foi o fator determinante dessa situação, que torna-se delicada devido ao alto
volume de endividamento. Contudo, entende-se também que, a Composição do
Endividamento está adequada pelo fato de ser preferível um endividamento de longo prazo,
pois o tempo disponível para quitação dos compromissos é maior.

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Outro aspecto favorável é o nível de imobilização dos recursos dos sócios. O mesmo
teve queda devido à redução nas contas do ativo imobilizado. Nesse caso, conclui-se que uma
parcela maior do patrimônio líquido está disponível para ser aplicada no ativo circulante.

Pode-se notar que a estrutura de financiamento da empresa está sendo ajustada de modo
a promover melhor saúde econômico-financeira para a companhia e o equilíbrio necessário
para a estrutura de capital da mesma.

Análise da Rentabilidade

Os índices relacionados à rentabilidade do negócio e o desempenho ocorrido dentro do


intervalo de tempo em análise. Dessa maneira, segue abaixo um vislumbre da capacidade que
a empresa estudada possui em gerar lucro e retorno.

Índices de Rentabilidade
Índices 2010 2011 2012 2013
Giro do Ativo (GA) 0,25 0,26 0,34 0,24
Margem Lucro Bruto (MLB) 56,9% 51,4% 46,9% 33,8%
Margem Lucro Operacional (MLO) 48,0% 32,4% -107,6% -17,8%
Margem Lucro Líquido (MLL) 40,1% 27,8% -89,1% -11,4%
Lucro por Ação (LPA) R$ 42,22 R$ 30,14 -R$ 95,54 -R$ 8,34
Retorno sobre Ativo Total (RA) 0,10 0,07 -0,30 -0,03
Retorno sobre Capital Próprio (RPL) 0,13 0,09 -0,46 -0,04

Entre 2010 e 2012, houve leve redução na Margem de Lucro Bruto que antecedeu uma
queda mais drástica ocorrida em 2013. Um fator crítico que contribuiu para essa diminuição
foram os custos com energia elétrica comprada para revenda e com combustíveis para a
produção de energia. O aumento nessas contas foi devido à ausência de chuvas no período.
Tal fenômeno fez com que os reservatórios de água nas usinas baixassem e consequentemente
comprometessem o fornecimento de água para a geração da energia.

Os impactos causados pela Lei nº 12.783/2013 incluíram redução na receita das


empresas do setor elétrico como forma de baratear os gastos com a mesma para o consumidor
final. As mudanças legais resultaram, portanto, nos prejuízos da companhia referentes aos
anos de 2012 e 2013.

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O Lucro Por Ação, que em 2010 equivalia a R$ 42,22, chegou a -R$ 95,54 em 2012.
Tal situação reforça o fato de que as implicações da nova legislação foram bastante nocivas à
saúde financeira da companhia levando-a a um prejuízo em 2012 de -R$ 5,34 bi. No ano de
2013 o prejuízo por ação ordinária em circulação foi de -R$ 8,34.

Nos anos de 2010 e 2011, o ativo total diminuiu ao passo que a receita aumentou. Sendo
que, no ano de 2012 a redução no ativo foi muito superior à média anterior e a receita
continuou elevando-se. Em 2013, embora tenham sido reduzidos significativamente o ativo e
a receita, a empresa continua conseguindo fazer girar o valor investido no seu ativo em
proporção muito semelhante ao início do período analisado. Ou seja, cerca de um quarto do
seu ativo tem sido transformado em receita.

De modo análogo ao ocorrido com o Giro do Ativo, além da redução no ativo total,
houve ainda diminuição do patrimônio líquido e do lucro disponível para os acionistas
ordinários. Por isso, conclui-se que a capacidade da empresa de gerar lucro a partir do seu
ativo e do capital investido pelos sócios foi totalmente comprometida com base no prejuízo
obtido nos dois últimos anos.

Em suma, todos os indicadores utilizados para analisar a rentabilidade do negócio


apontam para o insucesso alcançado no período estudado. Pode-se afirmar, então, que os
danos econômico-financeiros causados pela Lei nº 12.783/2013 foram bastante prejudiciais e
negativamente impactantes para a saúde financeira da empresa analisada.

EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

Equivalência patrimonial é um método contábil de avaliação de investimento que


consiste em atualizar o valor contábil do investimento ao valor equivalente à participação
societária de uma empresa, chamada sociedade investidora no patrimônio líquido de outra,
denominada sociedade investida, e no reconhecimento dos seus efeitos na demonstração do
resultado do exercício (Contas possíveis: Outras Receitas Operacionais, Outras Despesas
Operacionais).

Também pode ser entendido como um ajuste contábil realizado a fim de se determinar o
valor dos investimentos de uma companhia em outras empresas.

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O método da equivalência patrimonial surgiu como alternativa a avaliação de
investimentos pelo custo histórico (método que ainda é empregado em algumas situações).

O valor do investimento, portanto, será determinado mediante a aplicação da


porcentagem de participação no capital social, sobre o patrimônio líquido de cada sociedade
coligada ou controlada.

OBRIGATORIEDADE DA AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO VALOR


DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Estão obrigadas a proceder à avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio


líquido as sociedades anônimas ou não que tenham participações societárias relevantes em:

a) sociedades controladas;

b) sociedades coligadas sobre cuja administração a sociedade investidora tenha


influência;

c) sociedades coligadas de que a sociedade investidora participe com 20% (vinte por
cento) ou mais do capital social.

De acordo com o disposto nos parágrafos 1º e 2º do artigo 243 da Lei 6.404/1976 (Lei
das S/A), consideram-se coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% ou mais, do
capital da outra, sem controlá-la e controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente
ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos
administradores.

O método de avaliação de investimentos por equivalência patrimonial no Brasil


encontra seu principal fundamento legal na Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das
Sociedades Anônimas ou Lei das S/A:

Participações Societárias

Participação societária é todo investimento permanente em outras sociedades e, por isso,


é classificado contabilmente em contas do grupo Investimentos, do Ativo não circulante.

Esta classificação contábil também é determinada pelo artigo 179, inciso III, da Lei das
S/A:

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Em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de
qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção
da atividade da companhia ou empresa. simples assim.

Relevância

De acordo com o artigo 247 da Lei das S/A, é considerado relevante o investimento que
obedece a uma das situações à seguir:

 Investimento em sociedade coligada ou controlada, de valor contábil igual ou


superior a 10% do valor do patrimônio líquido da investidora;
 Os investimentos, tomados em conjunto (todos os investimentos), em
sociedades coligadas ou controladas, cujo valor contábil é igual ou superior a 15% do
valor do Patrimônio Líquido da investidora.

Obrigatoriedade

A avaliação de investimentos pelo método de equivalência patrimonial é obrigatória em


participações relevantes em:

 Sociedades controladas;
 Sociedades coligadas sobre cuja administração a sociedade investidora tenha
influência;
 Sociedades coligadas de que a sociedade investidora participe com 20% ou
mais do capital social.

Uma sociedade é considerada coligada quando participa, com 10% ou mais, do capital
da outra, sem controlá-la; e considera-se controlada quando outra sociedade, a controladora,
diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem,
de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria
dos administradores.

Apuração do valor do investimento

O valor do investimento será determinado mediante a aplicação da porcentagem de


participação no capital social, sobre o patrimônio líquido de cada sociedade coligada ou
controlada. Um exemplo: A Cia. Alfa detém 35% das ações da Cia. Beta, cujo patrimônio
líquido, em determinada data, é de $ 100.000,00. Avaliando-se o investimento pelo método da

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equivalência patrimonial, esse investimento da Cia. Alfa na Cia. Beta será avaliado em $
35.000,00.

Conclusão

Esse método é assim denominado, pois o seu cálculo se baseia no valor do patrimônio
líquido da empresa coligada ou controlada, diferentemente do método do custo, que somente
considera o valor efetivamente desembolsado no momento da aquisição.

Historicamente, em um primeiro momento nasceu a consolidação de balanços (união


das demonstrações da controladora e sua controlada em uma única demonstração) e, como
forma complementar, a Equivalência Patrimonial, que é uma forma simplificada de
consolidação em uma única linha no balanço, a dos investimentos, onde se admite a parcela
do lucro ou prejuízo da investida que cabe à investidora. Nesse sentido, Martins (1997)
menciona que: é comum nessa forma de avaliação (equity method) a utilização na língua
inglesa da expressão „one line consolidation‟.

Ou seja, a equivalência patrimonial é uma forma simplificada de consolidação numa


linha só, já que, ajustando-se uma única linha do balanço, a dos investimentos, produz-se a
incorporação da parcela do lucro ou do prejuízo da investida que cabe à investidora.
(MARTINS, 1997, p. 1) Nasce então a figura da Equivalência Patrimonial, que basicamente
consiste em trazer para as demonstrações a parte proporcional que a investidora tem sobre o
patrimônio líquido e os resultados da investida. Segundo Carvalhosa (1998, p. 5), a
equivalência patrimonial representa “a parte do lucro ou do prejuízo (da empresa) atribuído à
controladora ou à coligada investidora”.

Todavia, apresenta resultados significativamente mais adequados”, ou seja, a parte


proporcional sobre os resultados líquidos. No Brasil, a CVM aborda os conceitos de
equivalência patrimonial, controladas e coligadas, bem como o cálculo e registro do método,
em suas Instruções Normativas n. 01/78; 170/92; 247/96; 269/97; 285/98; 464/08, 469/08 e
565/08.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na revisão bibliográfica, a importante contribuição das análises de


demonstrativos contábeis é evidenciada, principalmente no que diz respeito à tarefa daqueles
que tomam as decisões por meio dos métodos de análise vertical e horizontal, a situação
econômico-financeira das organizações pode ser tratada de modo mais eficaz para
administração.

Foi alcançado o objetivo geral de realizar a análise das demonstrações financeiras da


empresa, compreendida entre os anos de 2010 e 2013, bem como os objetivos específicos:
observar o desempenho da empresa através da análise de seus demonstrativos contábeis
usadas pelos gestores para embasar suas decisões; identificar as causas que levaram aos
resultados econômico-financeiros da organização; e elaborar um diagnóstico inicial para
orientar a tomada de decisão.

Foi verificado que os índices de liquidez apresentam um aumento da capacidade que


empresa possui de liquidar suas obrigações tanto no curto como no longo prazo. A
distribuição do endividamento passou a concentrar-se mais no longo prazo. Houve
considerável redução na imobilização do patrimônio líquido.

A rentabilidade da empresa, porém, foi severamente afetada no decorrer dos anos. A


geração de lucro foi comprometida ao ponto de chegar ao prejuízo. Além disso, a ocorrência
de prejuízo básico por ação e o retorno negativo demonstraram a situação comprometedora da
organização no que diz respeito à sua saúde econômico-financeira.
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Faz-se notória e urgente a necessidade de estratégias de redução de gastos,
principalmente custos fixos e despesas, para adequação da empresa ao novo cenário, onde o
ambiente legal afetou significativamente suas receitas.

Através do exposto, evidencia-se a importância da análise econômico-financeira como


instrumento capaz de orientar os gestores quanto às decisões tomadas e aos resultados
esperados através das estratégias adotadas a partir do conhecimento da situação da
organização e da previsão de seu desempenho.

Propõe-se, portanto, a realização de novos trabalhos de modo a aprofundar o


conhecimento relacionado ao tema discutido no presente artigo e, assim, proporcionando o
aperfeiçoamento das técnicas de análise de demonstrativos econômico-financeiros.

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BIBLIOGRAFIA
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11.638/07, de 28 de dezembro de 2007. São Paulo: Atlas, 2008.

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