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Ligações aparafusadas

• Introdução
Vantagens dos parafusos: o baixo custo e a facilidade de montagem e desmontagem.
Principais aplicações dos parafusos são:
• - como parafusos de fixação em uniões desmontáveis;
• - como parafusos de protecção;
• - como parafusos obturadores para tapar orifícios;
• - como parafusos de transmissão de forças, permitindo a obtenção de grandes forças axiais a partir
de pequenas forças tangenciais;
• como parafusos de movimento para transformar movimentos rectilíneos em rotativos e vice-versa.
Principais desvantagem dos parafusos de fixação:
- possibilidade de ocorrer desaperto durante o funcionamento do equipamento. Pode
evitar-se usando dispositivos anti-desaperto: anilhas retentoras ou porcas com roscas
especiais.
- Nos parafusos de movimento as desvantagens são o baixo rendimento de transmissão e o
elevado desgaste dos flancos das roscas.
Fixação de elementos como polias ou engrenagens a veios: chavetas, cavilhas e retentores.
As chavetas têm a dupla finalidade de fixar o veio e o cubo e transmitir um momento
torsor. As cavilhas são utilizadas para transmitir um momento torsor e para fixar as
peças axialmente. O movimento axial pode também ser impedido por meio de
retentores.
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• Introdução

Parafusos
de flanges

Cabeças
dos
Parafusos

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Ligações aparafusadas

• Introdução
Tipos de porcas

Dispositivos de segurança

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• Tipos de roscas

- p é o passo axial;
- d o diâmetro exterior ou
nominal;
- dm o diâmetro médio, é a
média dos diâmetros
exterior e de raíz;
- l o avanço, l, é a distância
axial que a porca avança
quando roda uma volta;
- 2α o ângulo de flanco;
−β o ângulo de hélice.
-Tem-se que tg β = p/π dm.
Parafusos de múltiplas entradas: o avanço é diferente do passo sendo l = p x
número de entradas.

A hélice pode ser esquerda (rosca esquerda) ou direita (rosca direita).

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• Tipos de roscas
Perfil das roscas de dimensões normalizadas: triangular, semi-circular, trapezoidal,
dente de serra e quadrada.
Nos parafusos de fixação usam-se roscadas triangulares com crista plana ou lisa. A
Organização de Normalização (ISO) normalizou as roscas métricas e os Estados
Unidos, Canadá e Grã-Bretanha normalizaram a rosca nacional americana ou rosca
unificada. Ambas as roscas foram definidas com ângulo de flanco 2α = 60o.
A rosca métrica é especificada pelo símbolo M seguido do diâmetro nominal x passo
(ex: M12x1,75). A fig. 3.6 mostra esquematicamente o perfil das roscas métricas.
p
8 Rosca interior
π
H At = (d − 0,935 p ) 2
8 4
3H
p p 8
2 2
5H
H 8 π
p
4
H Ar = (d − 1,226869 p ) 2
4 d 4
H
4 dm
p
Rosca exterior dr

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• Tipos de roscas
Diâmetro e passos normalizados das roscas métricas (dimensões em mm) [1].
Séries de passo grosso Séries de passo fino A série de roscas finas “Unified
Diâmetro
nominal Passo p Área At Área Ar Passo p Área At Área A National Fine” (UNF) e
(exterior) d
1,6 0,35 1,27 1,07
“National Fine” (NF) é
2 0,4 2,07 1,79 recomendada sempre que o
2,5 0,45 3,39 2,98
3 0,5 5,03 4,47 comprimento de roscagem é
3,5 0,6 6,78 6,00
4 0,7 8,78 7,75 curto. A série de roscas extrafinas
5
6
0,8
1
14,2
20,1
12,7
17,9
da “National Extrafine” (NEF) é
8 1,25 36,6 32,8 1 39,2 36,0 recomendada para a montagem
10 1,5 58,0 52,3 1,25 61,2 56,3
12 1,75 84,3 76,3 1,25 92,1 86,0 de flanges com pouca espessura,
14
16
2
2
115
157
104
144
1,5
1,5
125
167
116
157
quando se exige ajustamento fino
20
24
2,5
3
245
353
225
324
1,5
2
272
384
259
365
ou quando há vibrações
30 3,5 561 519 2 621 596 excessivas. As roscas unificadas
36 4 817 759 2 915 884
42 4,5 1120 1050 2 1260 1230 são especificadas pelo diâmetro
48
56
5
5,5
1470
2030
1380
1910
2
2
1670
2300
1630
2250
nominal em polegadas seguido do
64 6 2680 2520 2 3030 2980 número de filetes por polegada e
72 6 3460 3280 2 3860 3800
80 6 4340 4140 1,5 4850 4800 do símbolo correspondente à
90 6 5590 5360 2 6100 6020
100 6 6990 6740 2 7560 7470 série da rosca(ex: 5/8-18UNF).
110 2 9180 9080

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• Tipos de roscas

Parafusos de movimento: roscas trapezoidais (ACME) e quadradas.

Dimensões das roscas trapezoidais segundo a DIN 103 [2].


10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 (34) 36 (38) 40 (42)
6,5 8,5 9,5 11,5 13,5 15,5 16,5 18,5 20,5 22,5 23,5 25,5 27,5 29,5 30,5 32,5 34,5
3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 6 7 7 7
44 (46) 48 50 52 55 (58) 60 (62) 66 (68) 70 (72) 75 (78) 80 (82)
36,5 37,5 39,5 41,5 43,5 45,5 48,5 50,5 52,5 54,5 57,5 59,5 61,5 64,5 67,5 69,5 71,5
7 8 8 8 8 9 9 9 9 10 10 10 10 10 10 10 10

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• Parafusos de movimento

∑ FH = P − Nsinβ − µN cos β = 0
F

P
µN ∑ FV = F + µNsinβ − N cos β = 0
l
dm β N

πdm
F
β b) P = F ( sinβ + µ cos β ) /(cos β − µsinβ )
F

µN
p P
l
β N

πdm
F/2 F/2

a) c)

Dividindo a equação por cos β e considerando que tg β = l/π dm

P = F (l / πd m + µ ) /(1 − µl / πd m )

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• Parafusos de movimento

O binário T, a aplicar para produzir uma dada força axial, é dado por P x dm/2
Fd m l + πµd m
T= ( )
2 πd m − µl
O binário de desaperto é obtido de modo análogo
Fd m πµd m − l
T= ( )
2 πd m + µl
Se este valor for nulo ou negativo significa que não é necessário aplicar qualquer carga para
que o parafuso baixe sob a acção do peso próprio. Esta situação é por vezes desejável
nalguns parafusos de transmissão de movimento em que se pretende um rendimento o
mais elevado possível. Na maioria das aplicações dos parafusos (parafusos de fixação,
fusos de prensas, macacos, etc) pretende-se que não haja desaperto. Nestes casos o
binário T deverá ser positivo: parafuso de auto-retenção. A condição de auto-retenção é:

πµd m ≥ l µ ≥ tgβ
Um parafuso de auto-retenção deverá ter um ângulo de atrito maior que o ângulo de hélice.
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• Parafusos de movimento

Eficiência ou rendimento de um parafuso: relação entre o binário útil (obtido das equações
anteriores considerando µ=0) e o binário aplicado). Designando por γ o ângulo de atrito
(tg γ = µ), para o caso das roscas quadradas é:
tgβ tg ( β − γ )
e= e=
tg ( β + γ ) tgβ
respectivamente para a transformação de momento torsor em força axial e vice-versa.
F F/cos α No caso das roscas não quadradas (α≠0) as equações
anteriores podem ainda ser usadas substituindo γ por
γ…,′ em que tgγ ′ = tgγ / cos α
Nas roscas inclinadas (triangulares ou trapezoidais) o
efeito do ângulo de flanco a é aumentar o atrito,
2α = ângulo de flanco visto que a força actuando segundo a normal ao
p flanco aumenta. Se o ângulo de hélice β é muito
menor que ângulo de flanco a as equações anteriores
são ainda válidas para flancos inclinados se
substituirmos µ por µ/cos a.

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• Parafusos de movimento

O binário necessário para o aperto para roscas trapezoidais ou quadradas é


Fd m l + πµd m sec α
T= ( )
2 πd m − µl sec α

O binário de atrito na cabeça do parafuso (no caso dos parafusos de fixação) ou no anel de
suporte da carga (nos parafusos de movimento) é
Tc = Fµ c d c / 2
µc é o coeficiente do atrito entre o anel de suporte ou a cabeça do parafuso e a peça
suportada e dc é o diâmetro médio de contacto no apoio.

• O binário torsor total necessário para o aperto é

d l + πµd m secα µ d
T = F( m ( )+ c c)
2 πd m − µl secα 2

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• Dimensionamento: Parafusos à tracção

σR F
σ=
At
σC
σP At é a área correspondente a um diâmetro dado
Tensão

pela média do diâmetro primitivo e do diâmetro


de raíz (diâmetro primitivo é igual a d - 0,6495 p)

Alternativa para o cálculo da tensão admissível


quando se desconhece o valor da tensão de prova

σ adm = 0,7σ c
Deformação

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• Dimensionamento: Parafusos à tracção

Propriedades mecânicas dos aços para parafusos de acordo com as classes métricas [1].
Classe Gama de Tensão de Tensão de Tensão de Material
métrica dimensões prova Cedência rotura [MPa]
[MPa] [MPa]
4.6 M5 - M36 225 250 400 aço baixo teor em carbono
4.8 M1.6 - M16 310 340 420 aço baixo teor em carbono
5.8 M5 - M24 380 395 520 aço baixo teor em carbono
8.8 M16 - M36 600 635 830 aço médio teor em carbono
tratado termicamente
9.8 M1.6 - M16 650 710 900 aço médio teor em carbono
tratado termicamente
10.9 M5 - M36 830 895 1040 aço liga de baixo teor em carbono
tratado termicamente
12.9 M1.6 - 36 970 1100 1220 aço liga tratado termicamente

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• Dimensionamento: Parafusos à tracção

2F
Considerando que a carga é τ=
uniformemente distribuída πd r h
pelos filetes da rosca as
tensões médias: 2F
τ=
-de corte no parafuso, πd h
-de corte na porca
- e a pressão superficial − 4 pF
σ=
para roscas quadradas, são πh(d 2 − d r2 )

Na prática, a distribuição de tensões não é uniforme, sendo em geral os primeiros


filetes da porca os mais solicitados. Devem então usar-se coeficientes de segurança
elevados (n > 2).

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• Dimensionamento: Parafusos ao corte

Para o corte simples a tensão admissível pode obter-se por

F
τ adm ≤ 0,6σ adm
τ= ≤ τ adm
At
e para o corte duplo ou triplo por

τ adm ≤ 0,8σ adm

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• Dimensionamento: Parafusos sujeitos a tracção (compressão) e torção

Nos parafusos de movimento e dos parafusos


solicitados à tracção e apertados por torção,
existem tensões de corte provocadas pelo
momento torsor T e tensões normais devidas à
força axial F. A tensão equivalente pode ser
obtida utilizando o critério de Von Mises. A
tensão equivalente deve ser comparada com a
tensão admissível do material do parafuso.

σ eq = σ 2 + 3τ 2
Nos parafusos de movimento que trabalham à
compressão a haste do parafuso deve ser
dimensionada à flambagem.

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Parafusos com pré-tensão: utilização; rigidez dos parafusos

P P São utilizados em uniões desmontáveis


e necessitam de ser suficientemente
resistentes para suportar cargas
Fi PC F
exteriores de tracção e corte.
PC
-Fi força inicial de aperto,
-P a carga exterior de tracção
-Pc a carga exterior de corte.
A pré-carga aumenta o atrito entre as
P P
peças, que desta forma resistem melhor
ao corte, e dá às peças em compressão
Constante de mola ou constante de rigidez de
maior resistência às cargas exteriores
uma peça elástica
K = P /δ de tracção. As tensões de corte entre as
peças não afectam a tensão de tracção
Numa barra à tracção K = AE / l no parafuso podendo, portanto, ser
desprezados na análise das forças
πd 2 E axiais no parafuso.
Para um parafuso Kp =
4l
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Parafusos com pré-tensão: rigidez das flages

A flange pode ser constituída por mais de uma


peça a unir funcionando como uma associação de
molas em série. A constante da rigidez da flange
Km é dada por
1 1 1 1
= + + ... +
K m K m1 K m 2 K mi
Considerando a área resistente da flange dois
troncos de cone, com ângulo de cone 45o, juntos
pelas bases maiores, ocos, em que a base menor é
o diâmetro da cabeça do parafuso D e o diâmetro
interno é o diâmetro d do parafuso a constante de
rigidez para o caso mais corrente, usando o
diâmetro da cabeça do parafuso D = 1,5 d e as
peças a unir são do mesmo material e espessura
Se o parafuso e as peças a unir forem P πEd
do mesmo material podemos usar Km = =
δ l + 0,5d
como aproximação segura Km = 8 Kp 2 ln(5 )
l + 2,5d

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