Ao visualizarmos objetos entre dois observado o que é um dioptro, calcular o

meios separados pelo dióptro, observa-se índice de refração de um meio (acrílico),

sua distorção devido a refração da luz. tanto relativo quanto absoluto e
Um banco óptico montado permitiu comprovar as leis da refração.
observar experimentalmente os Fundamentação teórica
fenômenos da refração e reflexão da luz
incidente sofre um dióptro. Com isso, O índice de refração de um meio é uma
obteve-se resultados com pequenos erros grandeza que expressa a velocidade que
de índice de refração absoluto e relativo a luz possui num determinado meio de
e ângulo crítico. Além disso, observou- transmissão. O índice de refração
se que a luz ao penetrar obliquamente de relativo (n21) é definido pela Equação
um meio menos para mais denso, o raio 1, sendo v1 a velocidade da luz no
refratado se desvia aproximando-se da primeiro meio e v2 a velocidade da luz
normal enquanto que o penetrar no segundo meio.
perpendicularmente, não sofre desvio.
Comprovou-se a proporcionalidade entre N21=v1/v2
a razão dos senos dos ângulos e as leis da
refração. Se v1 é o vácuo (c =299.792.458
Km/s.), tem-se o índice refração
Introdução absoluto (n), sendo v a velocidade da
luz no meio em questão.
Foram os físicos Willebrord
Snell, René Descartes e Pierre de Fermat, O fenômeno da refração é regido por
que mais contribuíram para as teorias de duas leis. A primeira lei de refração
refração e reflexão da óptica geométrica. enuncia que o plano de incidência e o
O físico que elevou o estudo da luz para plano da luz refratada coincidem. A 2ª
outro patamar foi Isaac Newton lei da refração é utilizada para calcular o
possibilitando que outros físicos como desvio dos raios de luz ao mudarem de
Foucault e Maxwell pudessem medir a meio, e é expressa por:
velocidade da luz em diferentes meios
por exemplo. Atualmente sabe-se que a
luz tem caráter dual: os fenômenos de
reflexão, refração, interferência, difração
e polarização da luz podem ser No entanto, sabemos que:
explicados pela teoria ondulatória. Na
refração, a luz é transmitida de um meio
para o outro e como consequência da
mudança do meio, há alteração de
velocidade de propagação e, portanto, Além de que:
sofre desvio da direção original.
Destaca-se que nesta mudança de meios
com diferentes índices de refração (n) a
frequência da onda luminosa não é
alterada. A interface entre dois meios Ao agruparmos estas informações,
transparentes (como o ar e água) é chegamos a uma forma completa da Lei
denominado dioptro. A forma da de Snell:
superfície de separação entre os meios,
superfície dióptrica, caracteriza o tipo de
dioptro: plano, esférico, cilíndrico, etc. O
experimento permitiu que fosse
 Se a incidência for normal, o
ângulo de incidência será zero e então o
ângulo refratado será nulo. Nesse caso a
luz não sofre qualquer desvio. A única
consequência da refração no caso da
incidência normal é a alteração da
velocidade da luz ao passar de um meio
para o outro. Se a incidência for oblíqua
então o raio luminoso se aproximaria
mais da normal no meio que for mais
refringente (maior índice de refração). O
meio com menor índice de refração é,
por outro lado, aquele no qual a luz se
propaga mais rápido.
A partir de determinado ângulo de
incidência não ocorre mais a refração.
Esse ângulo é denominado ângulo limite
ou ângulo crítico e pode ser determinado
aplicando a Lei de Snell-Descartes:
Quando o ângulo indecente é maior que
o ângulo limite não ocorre refração.
Sendo assim, os raios são todos
refletidos e o fenômeno passa a ser
chamado de reflexão total interna.
Metodologia
Foram utilizados o banco ótico linear,
nível, fonte de luz, suporte para lentes e
para diafragma, conjunto de diafragmas,
disco de Hartl, uma lente plano convexo
de 8D e 4D, semi-círculo de acrílico. Os
materiais foram montados conforme
esquematizado na Fig 1.
Inicialmente, o semi-circulo de acrílico
foi colocado sobre o disco de Hartl
conforme a Fig 2 ilustra.
Uma vez ligada a fonte de luz branca, a
luz incidiu perpendicularmente sobre a
parte plana do dioptro e os fenômenos
ópticos foram verificados. O mesmo foi
feito girando o disco no sentido horário
de 0 a 45º. Posteriormente os ângulos de
incidência θ1 foram alterados e
observou-se os ângulos de refração. A
segunda parte do experimento consistiu
em colocar o dioptro de modo que o feixe
de luz incidisse perpendicularmente
sobre a parte curva do semi-círculo e os
fenômenos foram observados. O mesmo
foi feito girando o disco em 20º e em
seguida, observou-se o raio refratado
girando lentamente o disco até 90º no
sentido horário.
Resultados e discussão
Ao penetrar perpendicularmente
na superfície plana no dioptro, o feixe
incidente não se desviava, portanto, o
ângulo do raio refratado, com a normal,
foi de 0º, ou seja, era o mesmo do ângulo
incidente. Quando o disco foi girado 45º Commented [NZ1]: 5
no sentido horário, observou-se que parte
da luz é refletida a 45º aproximadamente
com a normal, e parte é refratada com um
ângulo de 28º. O esboço do que é Commented [NZ2]: 6
observado foi esquematizado na Figura
3. Commented [NZ3]: 7
Interessante destacar que quando
a luz passa de um meio menos denso para
um meio mais denso, o raio refratado se 1.0

desvia aproximando-se da normal. Isso 0.9

devido ao fato de que a luz possui uma 0.8

0.7

sen θ1
velocidade menor no meio mais denso,
0.6
por causa das sucessivas reflexões que
0.5
ela sofre pelos átomos do meio. Dessa
0.4
forma, o índice de refração depende
0.3
exclusivamente do tipo do meio material 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
que a luz passa. Além disso, mesmo com sen θ2 Commented [NZ4]: 12
essas inúmeras reflexões, o raio Por regressão linear, foi obtida a equação
incidente, a reta normal e o raio refratado da reta e o coeficiente de correlação
estão no mesmo plano, comprovando a linear. Com isso, foi possível prever o
primeira lei de reflexão. índice de refração relativo dado pelo Commented [NZ5]: 9
coeficiente angular da reta. A reta é dada
Com o dioptro na mesma por:
posição, girou-se o disco em ângulos
descritos na Tabela 1. Aferiu-se então os sen θ1 = 1,46018. sen θ2+
respectivos ângulos de refração e 0,022720
calculou-se os senos destes ângulos.
Posteriormente foram calculadas as E a correlação linear equivale a
razões entre os senos dos ângulos de R² = 0,9997. Dessa maneira, o índice de
incidência e refração. Os valores bem refração relativo obtido pela regressão
como a média da relação ente os senos, linear corresponde a 1,46018. Sabendo
estão apresentados na Tabela 1. que o valor do índice de refração relativo
real é 1,48000, temos um erro relativo de
sen θ1/ 1,33919%. O valor do índice de refração
θ1 θ2 sen θ1 sen θ2
sen θ2 relativo obtido pela média corresponde a
25,0 16,0 0,42262 0,27564 1,53324 1,51274, um erro relativo equivalente a
30,0 19,0 0,50000 0,32557 1,53578 2,21216%. O índice de refração relativo
45,0 28,0 0,70711 0,46947 1,50618 obtido por regressão foi mais próximo do
valor real tendo em vista que este método
55,0 33,0 0,81915 0,54464 1,50403 é mais preciso que a simples média dos
60,0 35,0 0,86603 0,57358 1,50987 valores. Convém ressaltar que este erro
75,0 40,5 0,96593 0,64944 1,48732 se justifica pela imprecisão inerente a
Média 1,51274 aferição dos ângulos no disco de Hartl.
No entanto, os erros são
consideravelmente pequenos e o valor de
Pela Tabela 1, verifica-se a
correlação linear é próximo a unidade.
existência de uma proporcionalidade
Dessa forma, pode-se considerar que o
entre o cociente dos senos, o valor
experimento foi bem-sucedido. Commented [NZ7]: 11
aproximadamente 1,51274. A Figura 4
apresenta o gráfico sen θ1versus sen θ2. Commented [NZ6]: 10
A partir da equação 1 e do índice
de refração relativo obtido, foi possível
obter a velocidade da luz que se propaga
no meio (acrílico), considerando a
velocidade da luz no vácuo equivalente a
299,792 km/s.
 𝑣1 𝑐 denso, (o ar) e com isso o raio de luz
𝑛= = 1,46018 =
𝑣2 𝑣2
299,79200 km/s. adquire velocidade nesta saída do meio
𝑣2 mais denso. Isso independe do ângulo até Commented [NZ13]: 18
que seja atingido o ângulo crítico.
𝑣 = 205,31167 𝑘𝑚/𝑠 O valor do ângulo crítico foi Commented [NZ8]: 13
calculado a partir da equação, sabendo
O valor da velocidade de que n1 corresponde ao índice de refração
propagação da luz no meio é menor que do ar que é equivalente a
o da luz no vácuo. Essa observação aproximadamente 1.
confirma que em nenhum meio a luz 𝑛1 1
𝜃𝑐 = 𝑠𝑒𝑛−1 = 𝑠𝑒𝑛−1
𝑛2 1,46018
caminha tão rápido quanto no vácuo.
𝜃𝑐 = 43,22358º Commented [NZ14]: 21
Dessa forma, o índice de refração é
Conforme descrito em teoria, quando
sempre maior que a unidade visto que v
atinge-se tal angulação denominada
nunca será maior que c. Commented [NZ9]: 14
crítica, o raio incidente não é mais
Na refração, a frequência de uma
refratado, ele é apenas refletido,
onda é a própria frequência da fonte
sofrendo uma reflexão interna total. Commented [NZ15]: 20
geradora, isto é, ela se mantém
constante. No entanto, a luz com alta Commented [NZ10]: 15
O valor observado do ângulo critico em
frequência (menor ) tem maior energia
que o raio refratado se tornou rasante à
que luz com baixa frequência
superfície dióptrica plana foi de 41º
distorcendo mais a distribuição
aproximadamente. Esses valores não
eletrônica da molécula, portanto depende
coincidentes se justificam pelos erros
da espécie molecular, e, portanto, o
experimentais como aferição equivocada
indíce de refração depende da frequência
dos ângulos por parte dos operadores.
da luz incidente. Isso pode ser
comprovado matematicamente
Conclusão
analisando a equação 1 considerando
v1=c e v=f: n=c/f. A luz vermelha
Durante o experimento pode ser
possui  maior, logo, n diminui e então calculado o índice de refração do acrílico
“refrata menos”. Diferentemente da luz que equivale a 1,46018; a velocidade da
azul que possui menor, a qual “refraria luz no meio acrílico que corresponde a
mais”. v=205,31167 km/s. Além disso pode ser
comprovada as leis de refração. Os erros
A próxima etapa do experimento experimentais podem ser considerados
consistiu em realocar o dióptro de forma pequenos para o cálculo do índice de
com que o raio incidente atingisse a parte refração no meio acrílico e para obtenção
curva do dióptro em seu centro. do ângulo crítico.
Observou-se que não houve refração. Ao Commented [NZ11]: 16
girarmos o disco até 20º, observou-se
uma refração de 29º. Commented [NZ12]: 17
No caso de o raio incidente ser
normal à superfície dióptrica, não foi
observada refração. No entanto, ao
passar de um meio mais denso para um
menos denso obliquamente, o raio
refratado sofre desvio se afastando da
normal. Isto se justifica pelo fato do raio
passar inicialmente por um meio mais
denso (o dióptro de acrílico) e
posteriormente, por um meio menos