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Engenharia Econômica

Bibliografia
Hirschfeld H., Engenharia Econômica, Ed. Atlas
Ehrlich P.J., Engenharia Econômica, Ed. Atlas

PRO 2303 - Notas de aula prof. FAUSTO 1


1. Conceitos básicos

1.1 Introdução

A escassez de recursos frente às necessidades ilimitadas das empresas faz com que cada vez
mais se procure otimizar a utilização de tais recursos.

Um desses recursos é o capital. Na estrutura sócio-econômica em que vivemos, o dinheiro tem


não somente a função de facilitar o processo de transações entre os elementos da sociedade,
mas também de servir de elemento importante no processo de produção dos bens e serviços
sendo transacionados, assim como na distribuição destes produtos entre a população. Esta ação
de participar do processo de produção se dá através do investimento.

Assim, um investimento pode ser definido como sendo uma aplicação de dinheiro em projetos de
implantação de novas atividades, expansão, modernização, etc., da qual se espera obter uma boa
rentabilidade. Portanto, torna-se necessário analisar as alternativas para garantir um bom retorno
do investimento.

Se dispuséssemos de recursos ilimitados de capital, não haveria necessidade de aplicação das


técnicas que serão apresentadas a seguir. Todas as propostas de aplicação de fundos seriam
aceitáveis, desde que obedecessem a um simples critério : a renda total deve exceder o total dos
gastos. Entretanto, no mundo real os recursos são limitados. A oferta de capital disponível não é
suficiente para satisfazer toda a demanda imaginável, não sendo possível aproveitar todas as
oportunidades de investimentos.

Análises envolvendo a escolha entre processos produtivos alternativos, de substituição de


equipamentos, de escolha entre a compra e o aluguel de um dado imóvel industrial ou de uma
máquina, são alguns dos exemplos de questões tratadas pelos engenheiros e administradores
cujas decisões serão tomadas com base, entre outras, nas técnicas de Engenharia Econômica.

A análise prévia dos investimentos permite que se racionalize a utilização dos recursos de capital.
Para a solução de um problema de análise de investimentos, dentro da complexidade do mundo
atual, é necessário o conhecimento de técnicas especiais estudadas em uma disciplina conhecida
por Engenharia Econômica.

As técnicas da Engenharia Econômica baseiam-se na ciência exata chamada Matemática


Financeira, que por sua vez descreve as relações do binômio Tempo e Dinheiro.

1.2 Premissas e princípios

Todas as decisões são tomadas a partir de alternativas. Não havendo alternativas não há decisão
a tomar.
É necessário um denominador comum, (a rentabilidade comum, por exemplo) a fim de tornar as
consequências mensuráveis. Não é possível misturar ordens.

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Apenas as diferenças entre alternativas são relevantes. As alternativas competem entre si. São
mutuamente excludentes.
Os critérios para decisões de investimento devem reconhecer o valor do dinheiro no tempo e os
problemas relativos ao racionamento de capital.
As avaliações de engenharia econômica servem para decisões voltadas para o futuro.

1.3 Custo de oportunidade

A diferença de valores entre duas taxas de juros, provindas de alternativas econômicas diferentes
de investimento, constitui, para a alternativa aceita e de menor valor, uma taxa de juros chamada
de custo de oportunidade. Admitindo que os bancos pagam 20% ao ano juros, manter uma
quantia qualquer de dinheiro sem investí-lo incorre-se num custo de oportunidade de 20% ao ano
que este dinheiro deixa de render.
Se existir uma outra oportunidade de investimento que renda 50% ao ano, o custo de
oportunidade de manter o dinheiro sem investí-lo será de 50%, e de por o dinheiro no banco será
de 30%.
O custo de oportunidade é um conceito relativo e depende das possibilidades de investimentos
existentes. Constitui o que se “paga” por não se preferir a oportunidade de maior rendimento.

1.4 Juros : conceito e modalidades

Diferentes fatores de produção e respectivas formas de remuneração


Trabalho  Salário
Terra  Aluguel
Capacidade administrativa  Lucro
Tecnologia  Royalties
Capital  Juros

Os juros são portanto o custo do capital, mais especificamente os juros correspondem ao


pagamento pela oportunidade de dispor de um capital durante um determinado tempo.
Exemplos de algumas transações que envolvem juros :
- compras à crédito
- cheques especiais
- compra de casa própria

Todas as transações que envolvem dinheiro devem ser analisadas considerando-se juros
envolvidos explicitamente ou implicitamente. Uma compra à vista também é analisada
considerando-se juros.

O juro, que representa o rendimento em troca do uso do dinheiro por certo tempo, é o elemento
básico para a ligação entre valores em um ponto de tempo e outro. A taxa de juros representa o
percentual do capital inicial a ser pago na forma de juros no final do período do qual a taxa se
refere.

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1.5 A variável tempo

Quando situações econômicas são investigadas, as quantidades de dinheiro envolvidas são


sempre relacionadas com um fator indispensável e incontrolável, o tempo.

Todas as quantias de dinheiro serão referidas à uma data e somente poderão ser transferidas
para uma outra data considerando os juros envolvidos nesta transferência.
Assim, será impossível somar ou subtrair quantias de dinheiro que não se referirem à mesma
data.

2. Taxa de Juros

O capital inicialmente investido, denominado principal, pode crescer devido aos juros segundo
duas modalidades: juros simples ou juros compostos.

2.1. Juros simples

Quando são cobrados juros simples apenas o principal rende juros. Os juros são diretamente
proporcionais ao capital (emprestado ou aplicado).

J= iPn

onde :
P = principal ou capital na data de hoje; (Va ou Vo)
i = taxa de juros
n = número de períodos de juros

Os juros obtidos aumentam linearmente.

O montante F (Vf ) que uma pessoa que obtenha um empréstimo deverá devolver, ao fim de n
períodos será :

F = P + J = P + iPn  F = P ( 1 + in)

2.2. Juros compostos

Após cada período de capitalização, os juros são incorporados ao principal e passam a render
juros também.

Após cada mês (período de capitalização) os juros são somados à divida anterior, e passam a
render juros no mês seguinte. Tudo se passa como se cada mês o empréstimo fosse renovado (
no valor do principal mais os juros relativos ao mês anterior.

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Após o 1° período : F1 = P ( 1 + i )
Após o 2° período : F2 = F1 ( 1 + i ) = P ( 1 + i )2
Após o 3° período : F3 = F2 ( 1 + i ) = P ( 1 + i )3
Após o n-ésimo período Fn = P ( 1 + i )n

2.3. Comparação entre juros simples e juros compostos

Exemplo : Supondo R$100 emprestados a uma taxa de 5% ao mês.

O quadro a seguir mostra a evolução de R$100 a juros de 5% ao mês durante um ano.

No caso de juros simples 5% ao mês correspondem a 60% ao ano (a.a.), ou seja taxas
proporcionais. Em juros compostos temos 5% ao mês correspondendo a 79,5856% ao ano.

Mês Montante juros simples Montante juros compostos


0 100 100
1 100+0,05x100 = 105 100+0,05x100 = 105
2 105+0,05x100 = 110 105+0,05x105 = 110,25
3 110+0,05x100 = 115 110,25+0,05x110,25 = 115,76
.
.
12 = 160 = 179,5856

3. Fluxo de caixa e simbologia

A visualização de um problema envolvendo receitas e despesas que ocorrem em instantes


diferentes do tempo é bastante facilitada por uma representação gráfica simples chamada
diagrama de fluxo de caixa.

2000 2000

0 1 2 3 4 5

3000

A representação do fluxo de caixa de um projeto consiste em uma escala


horizontal onde são marcados os períodos de tempo e na qual são
representadas com setas para cima os recebimentos e com setas para baixo
os desembolsos de capital. A unidade de tempo deve coincidir com o período
de capitalização de juros considerado.

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4. Relações de equivalência

Conforme visto anteriormente, pode-se definir juros como o dinheiro pago pelo uso de dinheiro
emprestado ou como a remuneração do capital empregado em investimentos ou em atividade
produtivas. A noção de equivalência está intimamente relacionada à taxa de juros.

Considere o plano de empréstimo tomado de um banco que cobra 3% de juros ao mês. Nessas
condições, um empréstimo de R$100 pode ser pago em dois meses por um dos seguintes planos:

Plano Valor pago Valor pago Valor pago


período 0 período 1 (R$) período 2 (R$)
I 0,00 3,00 103,00
II 0,00 0,00 106,09
III 0,00 52,261 52,261
IV 5,74 0,00 100,00

Todos os planos baseiam-se em juros compostos de 3% ao mês.


Apesar de envolverem pagamentos de magnitude diferente em instantes de tempo diferentes, os
planos possuem dois pontos em comum: juros de 3% ao mês, débito igual a zero no fim do
segundo período.
Conclui-se que os planos são equivalentes a R$100,00 na data inicial (t = 0), a juros de 3% ao
mês, porque pagam exatamente o empréstimo feito.

O exemplo acima mostra que quando se lida com quantias monetárias, alem do valor numérico,
interessa também o instante em que tais quantias serão pagas ou recebidas.

4.1. Relação entre valor presente P(Vp, Vo ou Va) e valor futuro F (Vf)

A transformação de um valor presente em um montante e vice e versa permite resolver problemas


do tipo :
- qual valor que deverá ser investido hoje a uma determinada taxa de juros para se obter uma
quantia F após um certo tempo ?
- investindo hoje uma quantia P a uma taxa de juros, qual a quantia F obtida após n períodos ?

Admitindo que uma quantia P tenha sido emprestada. Após o primeiro período de capitalização, a
dívida será :

principal + juros = P + i P = P( 1 + i )
ao final do segundo período teremos :
dívida anterior + juros = P( 1 + i ) + i P( 1 + i ) = P( 1 + i )2
ao final do terceiro período teremos :
dívida anterior + juros = P( 1 + i )2 + iP( 1 + i )2 = P( 1 + i )3
generalizando temos :

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F = P( 1 + i )n
!n
Se for desejado achar P a partir de F : P=F (1+i)

4.2. Série uniforme

A série uniforme é definida como sendo uma série de valores constantes (desembolsos ou
recebimentos) que se inicia no período 1 e termina no período n.

- Relação entre valor atual e série uniforme

Achar o valor presente de uma série uniforme e vice-versa. Isto permitirá resolver problemas de
determinação de prestações mensais

P= U + U + U + ... + U ,
2 3 n
(1+i) (1+i) (1+i) (1+i)

P=U
(1+i) ! 1 ou P = U ( P/U ; i ; n)
n
i (1+i)

U=P
(1+i )
i

[(1+i) ! 1] n

- Relação entre valor futuro e série uniforme

Obtenção de um montante a partir de uma série uniforme de pagamentos, e vice-versa. Um


exemplo é o caso de depósitos programados para uma retirada futura.

F = U(1+ i)n-1 + U(1+ i)n-2 + U(1+ i)n- 3 + ... + U(1+i) + U


F = U [ 1 + (1+i) + ... + (1+i)n-2 + (1+i)n-1]
n

F= U
(1+i) ! 1
i

i
U=F
[(1+i) ! 1] n

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4.3. Série gradiente uniforme

A série gradiente uniforme G é definida como sendo uma série de pagamentos (ou recebimentos)
G, 2G, ....( n - 1)G, que se inicia no período 2 e termina no período n.

Relaçôes de equivalência envolvendo séries gradiente uniforme

U=G
[ (1+i) ! 1 ! ni ]
n

P=G
[ (1+i) ! 1 ! ni ]
n

i[(1+i) ! 1] [i (1+i) ]
n 2 n

F=G
[ (1+i) ! 1 ! ni ]
n

2
i
5. Considerações sobre taxas de juros

5.1. Taxa nominal e taxa efetiva

A taxa de juros contratada em uma operação financeira chama-se taxa nominal. Essa taxa nem
sempre é igual à taxa efetiva que é a taxa de rendimento que a operação financeira proporciona
efetivamente.

Isto acontece em razão de existirem obrigações, taxas, impostos ou comissões que comprometem
os rendimentos ou oneram os pagamentos de juros. Critérios diferentes para o cálculo de juros
também fazem a taxa nominal diferir da efetiva, como por exemplo juros cobrados
antecipadamente ou calculados sobre um total que na realidade é pago em parcelas.

Esses e outros artifícios às vêzes são usados conscientemente para mascarar a taxa efetiva e
fazer os juros parecerem maiores ou menores conforme a conveniência.

Seja uma taxa de juros de 1% ao mês. Ao se determinar a correspondente taxa anual, pode-se
chegar a resultados distintos conforme se considere juros simples ou compostos. Tomando-se
juros simples, seria 12% a taxa anual equivalente à taxa mensal de 1%. Esta taxa anual é
chamada de taxa nominal de juros. Tomando-se agora juros compostos, a taxa anual seria 12,7%,
chamada de taxa efetiva de juros.

No primeiro caso, foi feita uma soma simples da taxa mensal, não incidindo portanto juros sobre
juros, enquanto que, no segundo caso, a taxa mensal foi capitalizada, isto é, a cada mês a taxa
mensal incide sobre a do mês anterior. Matematicamente, chamando de i a taxa efetiva anual e r a
taxa nominal anual, a partir de uma taxa i’ por período de capitalização e m períodos de
capitalização durante o ano :
r = i’ x m ou i’ = r/m

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Portanto a taxa nominal é obtida pela simples multiplicação da taxa por período pelo número de
períodos. Cada capitalização se dá a uma taxa i’ = r/m e há m capitalizações ao ano. Supondo um
capital inicial de $ 1,00 teremos

Período Capital no início Juros durante o período Capital no final do


do período período
1 1 1xr/m 1 + r/m
2 1 + r/m (1 + r/m) x r/m (1 + r/m)2
3 (1 + r/m)2 (1 + r/m)2 x r/m (1 + r/m)3
m (1 + r/m)m-1 (1 + r/m)m-1 x r/m (1 + r/m)m

Portanto a taxa efetiva anual i é obtida por:

1 + i = (1 + r/m)m

i = (1 + r/m)m - 1

Se um título rende 36% ao ano é dito que o mesmo rende 3% ao mês, o que é incorreto.
Para que a taxa de juros seja considerada efetiva é necessário que o período referido na taxa
coincida com o período de capitalização, caso contrário a taxa será dita nominal. Até aqui foram
consideradas apenas taxas efetivas.
Exemplos de taxas nominais :
 40% ao ano com capitalização mensal
 5% ao mês com capitalização anual

5.2. Conversão de uma taxa Nominal em Efetiva

Seja uma taxa nominal r capitalizada m vezes por período. Será determinada a taxa equivalente i
por período. Seja ainda P uma quantia emprestada a taxa r. O montante F formado após um
período é :

F = P( 1 + r/m )m = P ( 1 + i )1 , donde, ( 1 + i )1 = ( 1 + r/m )m


ou seja, o montante poderá ser calculado por qualquer uma das taxas, nominal ou efetiva;
Simplificando tem-se :
i = ( 1 + r/m )m - 1

6. Taxa mínima de atratividade


(taxa de expectativa; taxa de equivalência)

• Ao fazer um investimento, comparamos os prováveis dividendos por ele proporcionados com


os de outros investimentos disponíveis.

• A taxa de juros que o dinheiro investido irá proporcionar deverá ser superior a uma taxa
prefixada, com a qual fazemos a comparação.

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Tal taxa de juros comparativa e prefixada é chamada : TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE

Exemplo
Um investimento de $50.000 proporciona por 10 anos, valores uniformes de $15.000; podemos
examinar tal oferta sob a seguinte questão :

Qual seria a mínima taxa de juros comparativa para considerarmos interessante o investimento
proposto ?

Imaginemos que tal taxa seja de 20% a.a.


Esta taxa passaria a ser a Taxa Mínima de Atratividade

O investimento analisado daria os seguintes valores uniformes :

U = 50.000 (U/P; 20%; 10)


U = 50.000 x 0,239
U = 11.950

Como os dividendos oferecidos são de $15.000, maiores que $12.000 concluímos ser interessante
o investimento proposto por oferecer dividendos maiores que os da taxa mínima de atratividade.

7. Taxa interna de retorno - TIR

A TIR de um fluxo de caixa é a taxa para a qual o valor presente é nulo.

Exemplo : É feito um investimento de $1.000 que renderá $200 por ano durante 6 anos. Qual a
TIR deste investimento ?

P = -1.000 + 200(P/U; i%; n)


(P/U; i%; n) = 5
Verificando nas tabelas, os valores mais próximos a 5 para (P/A; i%; 6) correspondem às taxas de
5,4 e 5,5%

Frequentemente, a taxa TIR só pode ser encontrada por tentativas. Como regra geral :

1) arbitra-se uma taxa e calcula-se o valor presente do fluxo de caixa;


2) sendo o valor presente positivo, aumenta-se o valor da taxa e recalcula-se; sendo negativo,
diminui-se o valor da taxa
3) repete-se o passo anterior até que se chegue a um valor
próximo de zero.

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8. Inflação

Não abordaremos nenhuma análise sobre a inflação nem qualquer teoria objetivando seu
combate. Trataremos apenas de assuntos resultantes de sua existência.

De uma forma geral, nos estudos apresentados, foram considerados condições estáveis da
moeda. Geralmente, os estudos são feitos em condições estáveis da moeda, por não ser possível
prever com exatidão, condições futuras das contribuições de um Fluxo de Caixa, sob influência da
inflação.

Os acertos reais dos valores, relativos a duas épocas, referidos em condições estáveis da moeda,
são realizados com o auxílio de índices de referência. Tais índices expressam situações em várias
épocas relacionadas a uma espécie enunciada, por meio dos quais pode-se atualizar os valores
das épocas de espécie referida. Conforme a espécie referida, poderíamos ter : índices de preços
ao consumidor, índices de preços por atacado, índice geral de preços, etc..

8.1. Inflação e Juros

Quando um compromisso está sujeito à inflação (correção monetária, que visa tornar o valor do
compromisso, corrigido monetariamente, de acordo com determinado índice.

Um investimento de $1.000 por um ano num empreendimento que paga 6% ao ano e mais a
correção monetária devido a inflação. Se ao fim de um ano a inflação for de f = 35%, $1.000 ao
fim de um ano vale menos (em poder aquisitivo), vale :

$1.000/(1+0,35)

o empreendimento paga ao fim de um ano $1.000(1+0,06)(1+0,35), inclui a correção monetária o


poder aquisitivo é :

1.000 (1+0,06)(1+0,35) = 1.000(1+0,06)


(1+0,35)

É possível raciocinar com o dinheiro a valor constante (em termos de poder aquisitivo)

Pressuposto : todos os preços, custos, contratos, etc., sejam reajustados no fim de cada período
de exatamente o valor da correção monetária que compensa a inflação.
Caso contrário : proceder às análises com juros totais (inclusive a inflação) j e valores monetários.

Ao comprar um imóvel com parcelas de dinheiro com correção monetária significa que as
mudanças nas parcelas consideradas entre os períodos t e t-1 são tais que

Pt = Pt-1 ( 1 + f ) , onde f é o valor de correção monetária

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considerando um processo que paga juros i mais correção monetária f sobre um capital K, o
montante correspondente (juros + correção monetária) ao fim de um período é :

K( 1 + j ) = K ( 1 + i ) ( 1 + f ) = K ( 1+ i + f + i f )

Ao considerar o fator j = ( i + f ) estaremos cometendo um erro, principalmente se i e f forem


valores elevados.

9. Amortização : Cálculo do Saldo Devedor

Análise de sistemas de pagamento

 pagamento uniforme (sistema PRICE)

 amortização constante (sistema SAC)

9.1. Pagamento Uniforme – Sistema Price

Pagamento uniforme ou método dos equivalentes uniformes anuais

Ao pagar uma parcela de uma dívida, é interessante saber :

- quanto corresponde aos juros sobre o saldo devedor

- quanto corresponde à reposição do principal (capital inicial)

Quando pagamos uma unuidade Am, a mesma se compõe de :


- uma parcela correspondente aos juros Km sobre o saldo devedor
- outra Km de reposição do capital

Am = Km + Km para o período seguinte tem-se :

Am+1 = Km+1 + Km+1

mas os pagamentos são uniformes Am = Am+1

Desta forma :
Km - Km+1 = Km+1 - Km

a diferença Km - Km+1 é igual ao juro da parcela do capital principal, reposta entre os tempos
m e m+1

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ou seja, Km - Km+1 = i Km (onde i é a taxa de juros)

Assim,
Km+1 = Km + i Km = Km ( 1 + i )

As cotas de reposição do capital inicial aumentam em progressão geométrica, com razão ( 1 + i )

9.2. Sistema de Amortização Constante

A parcela de reposição do capital é constante

Os juros são pagos no fim do período sobre o total do saldo devedor correspondente ao período

As parcelas globais a pagar são decrescentes (não uniformes)

10. Análise de alternativas

10.1. Critérios econômicos para seleção de alternativas

A Engenharia Econômica fornece critérios para tomada de decisão entre alternativas de


investimentos. Os critérios levam em consideração fatores econômicos e o objetivo é a escolha da
alternativa de maior rentabilidade, embora a meta do investidor possa não ser apenas esta.

É importante destacar que a questão econômica não é o único fator a ser considerado na decisão
final. Nem sempre as propostas de investimento mais rentáveis podem ser realizadas,
normalmente devido as limitações dos recursos. A análise da disponibilidade destes, dos encargos
financeiros assumidos, etc., deve ser feita paralelamente, o que é denominado análise Financeira
dos Investimentos.

Além disso, existem outros fatores que podem influir na avaliação final e que não podem ser
reduzidos a valores monetários. São os chamados fatores imponderáveis. Sua avaliação tem
caráter subjetivo e depende daqueles que têm a responsabilidade da decisão.

Os métodos de comparação de alternativas de investimentobaseiam-se no princípio de


equivalência. Isto pressupõe uma taxa de juros que será aplicada na avaliação de cada uma das
alternativas. Resumidamente, serão apresentados três métodos de avaliação: método do valor
atual, método do equivalente uniforme e da taxa de retorno.

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10.2. Método do Valor Atual ou Valor Presente

No método do Valor Atual calcula-se o valor do fluxo de caixa, com o uso de uma taxa de juros,
normalmente a taxa minima de atratividade. Sendo o valor atual positivo, a proposta de
investimento é atrativa. No caso de duas ou mais propostas, escolhe-se a de maior valor atual.

Sejam as alternativas I e II

500 600 500 550 400 550 450 550

0 1 2 3 4 0 1 2 3 4

1000 1200

alternativa I alternativa II

A alternativa I da figura acima é sempre melhor que a alternativa II; a cada período seus valores
são sempre superiores.

Vejamos agora as alternativas III e IV

200 500 300 1000 200 300 600 1000

0 1 2 3 4 0 1 2 3 4

1000 1000

alternativa III alternativa IV

No segundo caso (alternativas III e IV), a análise entre as alternativas já não é tão simples. A
simples somatória das parcelas é inviável.
 $ 500 no período 2 vale mais ou menos que uma parcela de $ 600 no período 3 ?

O método do Valor Atual consiste em « transportar » todos os valores para o ponto t = 0.

Dadas diversas alternativas, é possível calcular os valores atuais equivalentes, às séries


correspondentes e compará-los para decidir qual a melhor.

É importante observar que ao se investir uma quantia exatamente a taxa de atratividade, o valor
presente do projeto sera nulo. Um valor atual positivo indica que está investindo a uma taxa

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superior à taxa de atratividade. Ou seja, as quantias futuras, descontadas à taxa mínima de
atratividade, superam o investimento inicial necessário. O inverso ocorre para valores presentes
negativos o que significa que se está investindo mais do que se irá obter.

10.3. Alternativas com durações desiguais

A engenharia econômica compara sempre alternativas que devem apresentar durações iguais, o
que nem sempre ocorre na realidade. Para transpor essa dificuldade podemos empregar um
artifício para que seja possível a comparação das alternativas com durações diferentes.

Trata-se da adoção de uma duração final comum a todas as alternativas. Adota-se o Mínimo
múltiplo comum das duas (ou mais) durações e emprega-se o Método do Valor Atual
normalmente, comparando-se as diferentes alternativas para chegar à melhor escolha em termos
econômicos.

10.4. Método do Equivalente Uniforme Periodico ou Anual

A comparação entre as alternativas de investimento pelo método do Equivalente Uniforme


Periódico ou Anual é feita reduzindo-se o fluxo de caixa de cada alternativa a uma série uniforme,
com o uso de uma taxa de juros específica (taxa mínima de atratividade). Os valores obtidos são
confrontados, permitindo a tomada de decisão.
Seja um investimento no qual obtemos uma série de valores diferentes. Podemos transformar
estes valores diferentes em valores uniformes iguais.

 Facilidade de análise

transformar todos os valores de cada alternativa em uma série equivalente uniforme de mesma
duração e comparar os elementos das séries

em princípio, para cada alternativa uma duração igual ao mínimo múltiplo comum (repetição dos
ciclos)

Observa-se : o equivalente uniforme de cada alternativa com duração igual ao m.m.c. conincidirá
com o equivalente uniforme de cada alternativa com duração igual a apenas um ciclo

Neste caso não há necessidade de determinar o mínimo múltiplo comum das duas alternativas.

Resolve-se diretamente, calculando-se o equivalente uniforme, mesmo com durações desiguais

O princípio da Engenharia Econômica de comparar sempre alternativas com durações desiguais


continua sendo respeitado.

Continua em vigor a consideração da repetitividade dos ciclos.

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