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Aula 5 – Tensão x Deformação (Lei de Hooke)

Uma barra sujeita a uma força normal de tração (compressão) sofrerá internamente com tensões
normais. Tais tensões causarão um alongamento (encurtamento) na barra (ΔL). A relação entre o
alongamento (encurtamento) (ΔL) e o comprimento inicial da barra (L) é chamada de deformação:

Δ𝐿 = 𝐿𝑓 − 𝐿

Δ𝐿 𝐿𝑓 − 𝐿
𝜀= =
𝐿 𝐿

Unidade de 𝜀: m/m ou sem unidade

Traçando-se uma curva de tensão-deformação, chega-se ao seguinte modelo:

Observa-se que, até certo ponto (limite de proporcionalidade) da curva, tensões e deformações são
diretamente proporcionais: quanto maior a tensão aplicada, maior a deformação. Diz-se, assim, que
a barra tem um comportamento elástico neste trecho.
A relação linear da função tensão-deformação foi apresentada por Robert Hooke em 1678 e é
conhecida por LEI DE HOOKE, definida como:
𝜎 = 𝐸𝜀
Onde:
𝜎: tensão normal (𝜎 = 𝑁/𝐴), unidade no SI: [N/m²],;
𝜀: deformação (𝜀 = Δ𝐿/𝐿), unidade no SI: [m/m];
E: módulo de elasticidade, unidade no SI: [N/m²];
A lei de Hooke é válida para a fase elástica dos materiais. A razão de proporcionalidade entre tensão
e deformação é chamada de Módulo de Elasticidade (E).
Na prática, o módulo de elasticidade é a grandeza que mede a “resistência” que um material tem à
deformação.
Em termos de força e área, temos:
𝜎 = 𝐸𝜀
𝑁 Δ𝐿
𝜎= 𝜀=
𝐴 𝐿
𝑁 Δ𝐿
=𝐸
𝐴 𝐿

Onde:
N: força de tração (compressão), unidade no SI: [N]
A: área da seção transversal [A], unidade no SI: [m²]
L: comprimento inicial [D], unidade no SI: [m]
ΔL: alongamento (encurtamento)[D], unidade no SI: [m]
𝜀: deformação, unidade no SI: [m/m]
E: módulo de elasticidade, unidade no SI: [N/m²]

Exemplo 1: Uma barra de aço de 100 mm de comprimento com uma seção reta quadrada de 20 mm
de lado, é puxada em tração com uma carga de 80000 N e experimenta um alongamento de 0,1
mm. Considerando-se que a deformação seja inteiramente elástica, calcule o módulo de elasticidade
do aço.
𝐿 = 100 𝑚𝑚 = 0,1 𝑚
𝐴 = 0,020 ∗ 0,020 = 4 ∗ 10−4 𝑚2
𝑁 = 80000 𝑁
Δ𝐿 = 0,1 ∗ 10−3 𝑚

𝑁 Δ𝐿
=𝐸
𝐴 𝐿
80000 0,1 ∗ 10−3
=𝐸
4 ∗ 10−4 0,1

𝑁 𝑁 𝐺𝑁
𝐸 = 2 ∗ 1011 2
= 2 ∗ 102 ∗ 109 2 = 200 ∗ 2 = 200 𝐺𝑃𝑎
𝑚 𝑚 𝑚
Exemplo 2: Um corpo-de-prova de concreto cilíndrico de 15 cm de diâmetro e comprimento 30 cm
sofre uma compressão de 800 kN e consequentemente um encurtamento de 0,6 mm. Determine o
módulo de elasticidade do concreto ensaiado.

𝑑 = 15 𝑐𝑚 = 0,15 𝑚
𝐿 = 30 𝑐𝑚 = 0,30 𝑚
Δ𝐿 = 0,6 𝑚𝑚 = 0,6 ∗ 10−3 𝑚
𝑁 = 800 𝑘𝑁 = 800 ∗ 103 𝑁

𝜋 ∗ 𝑑 2 𝜋 ∗ 0,152
𝐴= = = 0,0176 𝑚2
4 4

𝑁 Δ𝐿
=𝐸
𝐴 𝐿

800 ∗ 103 0,6 ∗ 10−3


=𝐸
0,0176 0,30

𝑁 𝑁
𝐸 = 2,27 ∗ 1010 = 22,7 ∗ 10 9
= 22,7 𝐺𝑃𝑎
𝑚2 𝑚2

Ensaios de resistência à tração e à compressão


Aplicando tensões que levem a barra à ruptura, observa-se que existem dois tipos de materiais
analisando suas deformações: materiais dúcteis e materiais frágeis.
Material dúctil: suporta grandes deformações antes de romper. Apresenta valores semelhantes de
tensões de ruptura na tração e na compressão. Exemplos: ligas metálicas e plásticos.
𝜎𝐸 : 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝜎𝑢 : 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎
𝜎𝑟𝑢𝑝 : 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎

Material frágil: se rompe antes de sofrer grandes deformações. Costuma ter tensão de ruptura na
compressão bem mais elevada que a tensão de ruptura na tração. Exemplos: concreto e vidro.

𝜎𝑟𝑢𝑝 : 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎

Na engenharia estrutural, concreto e aço são dois dos materiais mais utilizados. Suas características
mecânicas podem ser determinadas por ensaios de tração e compressão.
No concreto armado, utiliza-se a principal propriedade de cada um de seus componentes:
- Aço: resistência à tração;
- Concreto: resistência à compressão;
a) Ensaio de tração e a curva de tensão-deformação obtida idealizada para determinação da tensão
de tração característica do aço (fyk) e módulo de elasticidade:

𝑓𝑦𝑘 : 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑎ç𝑜 à 𝑡𝑟𝑎çã𝑜

b) Ensaio de compressão e a curva de tensão-deformação obtida idealizada para determinação da


tensão de compressão característica do concreto (fck) e módulo de elasticidade:

fck: “resistência à compressão do concreto”. É a tensão mínima de ruptura do concreto na


compressão para uma probabilidade de ocorrência em 95% dos casos após 28 dias da concretagem.

Exemplo 1: Em um ensaio de tração, um corpo-de-prova de aço de comprimento 30 cm sofre um


alongamento de 0,72 mm. Sabendo que o módulo de elasticidade do aço é 210 GPa, calcule o fyk
desse aço.
𝐿 = 30 𝑐𝑚 = 0,30 𝑚
Δ𝐿 = 0,72 𝑚𝑚 = 0,72 ∗ 10−3 𝑚
𝐸 = 210 𝐺𝑃𝑎 = 210 ∗ 109 𝑃𝑎
𝜎 = 𝐸𝜀
Δ𝐿 0,72 ∗ 10−3
𝜀= = = 0,0024
𝐿 0,30
𝑓𝑦𝑘 = 210 ∗ 109 ∗ 0,0024 = 504000000 𝑃𝑎 = 504 ∗ 106 𝑃𝑎 = 504 𝐺𝑃𝑎

Exemplo 2: Em um ensaio de compressão, um corpo-de-prova de concreto de comprimento 20 cm


sofre um encurtamento de 0,16 mm. Sabendo que o módulo de elasticidade do concreto é 25000
MPa, calcule o fck do concreto.
𝐿 = 20 𝑐𝑚 = 0,20 𝑚
Δ𝐿 = 0,16 𝑚𝑚 = 0,16 ∗ 10−3 𝑚
𝐸 = 25000 𝑀𝑃𝑎 = 25 ∗ 109 𝑃𝑎

𝜎 = 𝐸𝜀
Δ𝐿 0,16 ∗ 10−3
𝜀= = = 0,0008
𝐿 0,20
𝑓𝑐𝑘 = 25 ∗ 109 ∗ 0,0008 = 20000000 𝑃𝑎 = 20 ∗ 106 𝑃𝑎 = 20 𝑀𝑃𝑎

- Slump Test (ensaio de abatimento do concreto)


Verifica a consistência do concreto e ver se a sua trabalhabilidade se adequará para uma
determinada função.
* Procedimento:
O concreto fresco é compactado no interior de uma forma troncocônica, com altura de 30cm.
Retirando-se a forma, por cima do concreto, este sofre um abatimento, cuja medida em centímetros
é usada como valor comparativo da consistência.

* Valores razoáveis:
Peças de fácil concretagem, com pouca armadura e pouco confinadas (pisos industriais): 6 à 8 cm
Peças de difícil concretagem, com muita armadura e muito confinadas (pilares): 9 à 11 cm
*Influência no valor do slump: as proporções de mistura, teor de ar, temperatura do concreto,
temperatura do ambiente, etc.

*Bicheiras: são falhas ocorridas no momento do adensamento do concreto, resultando em espaços


não prenchidos.

- Pega do concreto
*Início do tempo de pega: momento de início da do endurecimento do concreto. Por volta de 3
horas.
*Fim do tempo de pega: momento final do enrijecimento do concreto e início do ganho da
resistência mecânica. Por volta de 6 horas.

- Cura do concreto
É a técnica que visa à hidratação do concreto com o objetivo de diminuir os efeitos da evaporação
da água na estrutura concretada.
*Tempo de cura: mínimo de 7 dias e máximo de 28 dias.

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