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Ouro Negro: a saga do Petróleo

Descoberta do petróleo no Oriente Médio – Cap. 9

Fala Pessoal! Bittencourt na área!

No capítulo anterior nós falamos sobre a descoberta de petróleo na Europa e na Ásia e a


criação da Shell. Hoje vamos focar no Oriente Médio, no início da sua exploração de
petróleo e no surgimento de mais uma gigante do setor! Vamos em frente!!

- Demorou mas encontrou...:


A história de exploração de petróleo no Oriente Médio teve início em 1901 quando
um aventureiro inglês William Knox D´Arcy, que tinha ficado milionário com
mineração de ouro na Austrália, conseguiu uma concessão de exploração na Pérsia (atual
Irã) por 60 anos. D´Arcy ofereceu ao Xá Persa (Muzzafar al-Din Shah Qajar) um valor
de 40 mil Libras em ouro + 16% de seus lucros anuais, e além disso, precisou investir
500 mil Libras na prospecção de petróleo com uma equipe de geólogos chefiada por
George Reynolds. Mas nem tudo ocorreu como ele planejava, o tempo passava e a
equipe não encontrava petróleo nas areias da Pérsia. Encontrando-se totalmente
endividado teve que recorrer a empréstimos com algumas empresas e até com o governo
Inglês. No entanto, depois de 6 longos anos de perfurações sem sucesso e praticamente
falido, a sorte de D’Arcy mudou, e na manhã do dia 26 de maio de 1908, o
acampamento do George Reynolds acordou com o cheiro de enxofre, a perfuração
continuou a todo vapor e às 16h uma fonte de petróleo expeliu em direção ao céu. E foi
assim que ocorreu a primeira descoberta de petróleo no Oriente Médio.
No ano seguinte, D´Arcy fundou a empresa Anglo-Persian Oil Company, que
teve um sucesso tão grande no lançamento de suas ações que as pessoas esperaram cinco
dias em frente às caixas de um banco escocês, desesperadas para comprar uma ação.

(Willian D’Arcy e o primeiro poço na Pérsia)

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- Churchill e a primeira petrolífera estatal do mundo:
No ano de 1912, a Anglo-Persian inicia a construção da maior refinaria do mundo
na época, localizada em Abadan (oeste do Irã), o que acabou culminando numa quase
falência da empresa, somado também o fato que a empresa tinha muito petróleo mas
ninguém para vender, pois os principais mercados do mundo (Europa e EUA) já
estavam “dominados” pelas outras grandes e a querosene nesta época já estava com uso
em declínio. Mas D’Arcy contou mais uma vez com sua sorte!
Neste mesmo ano, inicia-se a corrida armamentista na Europa, e a Marinha
Britânica, seguindo este movimento e guiada pelo seu 1º lorde do Almirantado (Winston
Churchill), decidiu converter toda a sua frota de navios (a maior do mundo) de carvão
para óleo. A Shell neste momento “apoiou” a Marinha neste processo contando é claro
que no futuro que a mesma iria comprar o seu óleo. No entanto, o esperto Sr. Churchill,
sabendo do risco desta dependência com a Shell, levou o caso ao Parlamento, afirmando
que a Grã-Bretanha precisava de um fornecedor único de petróleo e que
estrategicamente teria que ser alguém do próprio país. Foi aí que Churchill disse a
seguinte frase no Parlamento “Apenas a britânica Anglo-Persian Oil Company pode
defender os interesses do povo britânico!”. Pronto! A sorte de D’Arcy estava
novamente lançada! A proposta foi aprovada com uma votação expressiva e o governo
britânico tornou-se um dos maiores acionistas da empresa. O ano era 1914, Churchill
tinha acabado com a crise financeira da Anglo-Persian e nascia a primeira empresa de
petróleo estatal do mundo.

- Duas guerras no caminho:


Apenas seis semanas depois da aquisição da Anglo-Persian pelo governo inglês
iniciou-se a Primeira Guerra Mundial e a empresa foi essencial para o fornecimento de
petróleo para frota naval. Após a guerra a empresa teve um grande crescimento, seus
postos de gasolina já dominavam o Reino Unido, em 1921 eram 69 postos e em 1925 já
eram mais de 6.000. Em 1935, a Pérsia mudou o seu nome para Irã, e a empresa passou
a se chamar Anglo-Iranian Oil Company.
Até então tudo ia bem para empresa, mas infelizmente em 1939, a Grã-Bretanha
entrou na Segunda Guerra Mundial, e de repente a gasolina tornou-se um produto
racionado, Churchill pediu à Anglo-Iranian para fazer face aos esforços associados a uma
guerra. Neste momento a nacionalidade sobrepôs a viabilidade comercial e o
crescimento da empresa parou.

- Nacionalização e privatização:
Após a segunda guerra, surgiram vários movimentos nacionalistas por todo o
Oriente Médio, com questionamentos sobre o direito das empresas ocidentais lucrarem
com os seus recursos naturais. No Irã, não foi diferente, com imperialismo britânico
fragmentado e um sentimento antibritânico no ar, o Primeiro-Ministro Mossadegh
convenceu o parlamento iraniano a nacionalizar os negócios de petróleo da empresa,

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provocando uma grande crise internacional com boicotes do petróleo iraniano no
mundo todo. Além disso, Mossadegh depôs o Xá que era aliado dos ingleses. Em 18
meses a economia iraniana estava em ruína e as multidões nas ruas exigiam a demissão
do Primeiro-Ministro. Foi quando em 1953, através de um golpe de estado, Mossadegh
perde o poder e o Xá volta a governar o país. A Anglo-Iranian recuperou a concessão,
mas o Xá aproveitou a crise para aumentar seu royaltie, dos originais 16% para 25%.
Em 1954, o conselho mudou o nome da empresa para British Petroleum
Company. E em 1979 na revolução iraniana, a empresa perdeu de vez sua presença no
Irã, o Xá fundou a estatal NIOC (National Iranian Oil Company) e assumiu os ativos da
empresa no país.
Os anos que se seguiram foram importantíssimos para a British Petroleum,
conseguiu encontrar petróleo no Alasca em 1969, começou a produzir no Mar do Norte
em 1970, e teve uma expansão mundial tornando-se assim uma das grandes do setor. A
empresa iniciou suas atividades no Brasil em 1957 com a instalação da fábrica de
lubrificantes da Castrol no Rio de Janeiro.
A British Petroleum continuou sendo controlada pelo governo inglês até o governo
da Margaret Thatcher, que com uma campanha privatista vendeu totalidade de seus
ativos entre 1979 e 1987. Hoje a empresa é inteiramente privada! Em 1987, adquiriu
a SOHIO (“Standard Oil of Ohio”, uma das empresas remanescentes de Rockefeller) e
em 1998 adquiriu a AMOCO (antiga “Standard Oil of Indiana”, também de
Rockefeller). No ano 2000, troca sua marca e passa a se chamar apenas BP.
Hoje a BP tem um valor de mercado de 100 bilhões de Libras, está presente em 80
países, tem 17.000 postos de combustíveis e produz 3,2 milhões de barris/dia, tem uma
participação de 19.76% na russa ROSNEFT, a petrolífera listada que tem as maiores
reservas de petróleo e gás do mundo.

(Winston Churchill e a evolução do logo da BP)

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CURIOSIDADES:
A aviação assumiu um papel relevante durante a II Guerra Mundial. A força aérea britânica
utilizou combustível produzido pela Anglo-Iranian (BP). Entretanto, a quantidade de
combustível que necessitavam era maior do que a quantidade que a refinaria de Abadan podia
fornecer, além disso, o transporte através do mar era muito perigoso (durante a guerra 44
petroleiros da empresa afundaram, matando 657 pessoas). Para resolver este problema, o
governo britânico pediu à Anglo-Iranian (BP) que encontrasse mais petróleo em solo
britânico, a empresa foi obrigada a aumentar sua produção no campo de Nottingham. A
quantidade era pequena mas foi suficiente para ajudar o país a sobreviver.

No próximo capítulo vou falar sobre mais uma grande descoberta nos EUA, desta vez
no Texas, que culminou no nascimento de duas outras grandes empresas!

Até a próxima pessoal,


Leo Bittencourt

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