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O processo da globalização trouxe consigo diversas vantagens, uma vez que minimizou fronteiras e distâncias.
Porém, esse processo também acarretou algumas desvantagens e, consequentemente, novos desafios para a
sociedade contemporânea. Do tráfico de seres humanos à fraude, da lavagem de dinheiro à ampliação de
facções criminosas, do jogo à prostituição, do roubo às ações terroristas, o crime vem se expandindo no
mundo todo sem pedir licença. Os velhos crimes, com a ajuda da tecnologia e da globalização, tomam outras
proporções e são redesenhados, ganhando novas modalidades.
Dentro dos últimos anos, as atividades ilícitas deixaram de conhecer barreiras e ultrapassaram as fronteiras
geográficas. O crime organizado ficou ainda mais organizado. O aprofundamento do processo de globalização
resultou no crescimento do fluxo de pessoas e serviços entre os países. Tudo isso contribuiu para que os
criminosos expandissem suas atividades por todo o mundo.
A seguir, vamos abordar dois grandes pilares que ajudam a entender a globalização do crime.
A atuação de determinadas organizações, como as chinesas, que são muito bem organizadas e estruturadas,
tornam o tráfico de pessoas uma das atividades ilegais mais lucrativas do mundo, superando a prostituição, o
tráfico de drogas e a falsificação.
Conclusão
A globalização pode ser benéfica para muitos setores, mas também contribui assustadoramente com a
expansão do crime pelo mundo todo. Estamos diante de um problema que grave que só poderá ser controlado
ou, felizmente, eliminado, com um esforço conjunto de todas as nações.
De acordo com dados do Escritório da ONU contra Drogas e Crimes o comércio ilegal do
crime organizado registra ganhos anuais de mais de US$ 2 trilhões.
O número é alto, porém é apenas uma estimativa dada a natureza ilegal do que está sendo
analisado.
Este número equivale a cerca de 3,6% de tudo o que se produz e é consumido no planeta em um
ano, ou a quatro vezes o PIB da Argentina e quase dez vezes o da Colômbia.
O último relatório do Fórum Econômico Mundial fez uma estimativa menor - mais de US$ 1 trilhão
- com base em uma pesquisa de 2011 feita pelo Global Financial Integrity (GFI), um centro de
estudos de Washington.
O GFI elaborou seu relatório a partir de 12 atividades ilegais e as cinco primeiras são estas.
1º Narcotráfico: US$ 320 bilhões
2º Falsificação: US$ 250 bilhões
3º Tráfico humano: US$ 31,6 bilhões
4º Tráfico ilegal de petróleo: US$ 10,8 bilhões
5º Tráfico de vida selvagem: US$ 10 bilhões
Se juntarmos a estas cifras os ganhos com outras atividades criminosas (desde o tráfico de
órgãos até a venda de obras de arte) a soma chega a US$ 650 bilhões.
E se levarmos em conta que a maioria das transações são feitas em dinheiro vivo, a lavagem de
dinheiro se transforma em um grande negócio que explica a soma total de mais de US$ 1 trilhão
citada pelo Fórum Econômico Mundial.
1 - Narcotráfico
Em 2003 os ganhos com narcotráfico chegavam perto dos US$ 320 bilhões, uma cifra equivalente
a 1% do PIB mundial.
Desde a grande explosão do tráfico de drogas no ocidente com as mudanças culturais da década
de 1960, nenhuma estratégia conseguiu combater este crime.
Mesmo que em muitos casos o combate mais severo ao tráfico não conseguiu deter o aumento
de um comércio globalizado, a estratégia de legalização das drogas também tem muitos críticos
que temem que a iniciativa incentive um consumo descontrolado.
Parece ser mais fácil sufocar o narcotráfico financeiramente e, segundo Channing Sophia May,
pesquisadora do tema para o GFI, esta seria uma boa medida.
"A diferença do tráfico de diamantes, que é uma atividade que opera com muito escambo por
armas em zonas de conflito, é que o tráfico de drogas se movimenta com dinheiro. Isto precisa da
mecânica da lavagem de dinheiro feita em paraísos fiscais, o subfaturamento do comércio
internacional e o mercado negro de divisas", disse à BBC Mundo.
2 - Falsificação
Uma parte substancial do consumo e comércio mundial são transações de produtos falsificados.
A estimativa é que este comércio chega a faturar US$ 250 bilhões.
A Organização Mundial de Alfândegas estima que estes produtos equivalem a algo entre 5% e
7% do comércio global.
Em 2009, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) calculou o
impacto destes produtos de outra forma.
"Quando uma pessoa compra uma carteira falsa, sabe o que comprou. Com os medicamentos é
diferente, principalmente com a venda pela internet. Um dos grandes perigos é o impacto não
apenas na saúde individual mas também na saúde pública. Um tipo comum de falsificação é o
antibiótico com dose menor do ingrediente ativo, o que gera tolerância aos vírus, algo que pode
ativar o surgimento de variedades mais virulentas", disse Sophia May à BBC Mundo.
3 - Tráfico humano
Estima-se que este ramo da economia clandestina chegue a faturar US$ 31,6 bilhões.
Os especialistas tentam diferenciar entre o tráfico humano e de imigrantes mas, com frequência,
a fronteira entre ambos é indefinida.
Um imigrante que não pode pagar os custos da viagem e precisa trabalhar com frequência em
condições de escravidão até pagar a dívida é um exemplo da dificuldade na hora de diferenciar
estes fenômenos.
Em todo caso, o tráfico humano circula em uma direção parecida com a do narcotráfico: do
mundo em desenvolvimento para o mundo desenvolvido.
Em seu último relatório publicado em 2014 a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima
que os lucros privados deste comércio ilegal são de US$ 150 bilhões, uma cifra que se multiplica
em cinco vezes segundo as estimativas da GFI.
De acordo com a OIT cerca de US$ 99 bilhões vêm de um dos grandes capítulos do tráfico
humano: a exploração sexual.
"O tráfico sexual gera mais dinheiro e muitas vezes cresce de forma exponencial antes de
grandes eventos como podem ser uma Copa do Mundo de futebol ou Olimpíada", afirmou.
O tráfico de petróleo gera uma quantia estimada em US$ 10,8 bilhões. Esta atividade tem
figurado nas manchetes nos últimos anos devido a sua importância para o financiamento do
grupo auto-denominado Estado Islâmico, que ganharia até US$ 500 milhões por ano, dinheiro
indispensável para sua campanha militar.
O GFI cita as diferenças de preço entre o Iraque (US$ 0,05 por galão) e o Kuwait (US$ 0,79) em
2005, como um terreno fértil para contrabandistas.
A Shell estima que, em 2014, mais de 100 mil barris de petróleo deixaram a Nigéria ilegalmente a
cada dia enquanto que no México a Pemex afirma que perde cerca de US$ 700 milhões por ano.
"Às vezes falamos de contrabando de petróleo cru, outras, do refinado. O Estado Islâmico vende
o cru. No México é um bom negócio o roubo de petróleo porque é relativamente simples se extrair
diretamente dos oleodutos da Pemex", afirmou May.
Os casos mais conhecidos na imprensa desta atividade cujo valor global se estima em US$ 10
bilhões, são os de elefantes, rinocerontes e tigres, valiosos pelo marfim, os chifres e a pele.
O tráfico destes produtos entre a África e a Ásia produz cerca de US$ 75 milhões por ano em
vendas ilegais e ameaça a existência de algumas espécies.
Segundo o Fórum Mundial da Natureza, os traficantes comercializam por ano cerca de 100
milhões de toneladas de peixes, um milhão e meio de pássaros e 440 mil toneladas de plantas
medicinais.
"A venda de pássaros é particularmente importante na América Latina em países como a Costa
Rica. E, muitas vezes, é a venda de espécies em perigo de extinção. Uma característica do
comércio de vida selvagem é que o lucro vai aumentando à medida que avança pela cadeia
criminosa", disse Sophia May.
"No comércio do marfim quem caça não ganha muito, mas quanto mais perto (o produto) está do
consumidor, mais dinheiro faz", acrescentou.