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Resumo: O presente artigo tem como pano de fundo a distinção dos dois tipos de
sujeito presentes na Genealogia da moral, de Nietzsche, o homem seguidor e o indivíduo
artista. Essa distinção formulada a partir do ato interpretativo quer mostrar a diferença
fundamental das concepções de vida: a vida como permissão e cumprimento do plano
divino, adepta do cristianismo e consolidada pela prática do medo, e vida como devir,
sustentada por Nietzsche como efetividade. Construída essa base, é criado um esquema
possível que sustenta a obra genealógica de Nietzsche sobre o seguinte foco: a aversão
nietzschiana ao comunitarismo religioso, isto é, à negação da vida. Assim, quer-se
mostrar como a consciência de culpa e a necessidade de pertencimento atuam num ciclo
vicioso e silencioso no âmbito cultural, reiterando a ação da classe sacerdotal e o papel
do asceticismo como fatores primordiais para a formação de rebanho, a consolidação do
comunitarismo religioso.
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Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). E-mail:
<andreluizrs88@hotmail.com>.
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Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Mestre em Filosofia pela Sofiiski
Universitet Kliment Ohridsky (Bulgária). Licenciado em Filosofia pela mesma instituição. Professor
adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Autor de “Nietzsche: Pathos Artístico
versus Consciência Moral” (2010). E-mail: <stefanve@terra.com.br>.
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A Genealogia da Moral de Nietzsche é constituída por três dissertações específicas: a “Primeira dissertação”
trata especificamente sobre “Bom e mau, bom e ruim”;a “Segunda dissertação” desenvolve os temas:
“Culpa, má consciência e coisas afins”; e a “Terceira dissertação”, finaliza com a questão: “O que são ideais
ascéticos?”. Com efeito, é no conjunto dessas três dissertações que se cria, ao menos imaginariamente, uma
linha mestra que sustenta o tema em questão.
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Assim como em outros momentos da obra, Nietzsche deixa perceber suas aflições ao fazer alusões
pretensiosas a termos e atitudes totalmente opostos à condição da vida enquanto efetividade: “pureza de
coração” e “condição doentia” de vida se mostram, assim, como resultado de um processo de afastamento
do homem de suas múltiplas possibilidades, o que culminará em última instância, no “sofrimento do
homem pelo homem”.
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A oposição inicial definida por Nietzsche, entre “bom e mau, bom e mal” parece querer, além de mostrar
o modo e o porquê desta passagem significativa, ressaltar o aspecto ativo e nobre daquele que se lança à vida
como parte integrante e precursora dela, presente somente no primeiro âmbito. Esses aspectos significam,
em última instância, a possibilidade de uma vida estética, autoformuladora e múltipla: dizer sim à vida,
como ato nobre, é o ato daquele que se mostra sadio, o artista.
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Em Aurora, (2008, p. 29), tópico 9, Nietzsche já aborda o “conceito da moralidade dos costumes”,
ressaltando a força que os costumes aplicam aos indivíduos, finalizando do seguinte modo: “Sob o domínio
da moralidade dos costumes, toda forma de originalidade tinha má consciência; o horizonte dos melhores
tornou-se ainda mais sombrio do que deveria ter sido” (NIETZSCHE, 2008, p. 32).
REFERÊNCIAS
ABSTRACT: This article has as its background the distinction of two types of subject
present in Nietzsche’s Genealogy of Morals, the man follower and the individual artist.
This distinction formulated from the interpretive act wants to show the fundamental
difference of views of life: the life as permission and fulfillment of the divine plan,
adept at Christianity and consolidated the practice of the fear, and life as becoming,
as supported by Nietzsche effectiveness. Built this base, it is possible to set up a scheme
that supports the genealogical work of Nietzsche on the following focus: Nietzsche’s
aversion to religious communitarism, in other words, the negation of life. So, there
isthe intention to show how consciousness of guilt and the need of adequacy to act in
a vicious cycle and silent in the cultural, reiterating the action of the priestly class and
the role of asceticism as primary factors for the formation of flock, the consolidation of
religious communitarism.
Keywords: Religious Communitarism. Life as Effectiveness. Priestly Class. Formation
of Flock. Fear.