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Sucessões

Definição: Uma sucessão de números reais é uma aplicação u


do conjunto dos números inteiros positivos, , no conjunto dos
números reais, .
A expressão u n que associa a cada n a sua imagem
designa-se por termo geral da sucessão.
Representa-se a sucessão por u n n , u n n , ou, apenas, u n .

Casos Particulares:
1. Progressão aritmética de razão r e primeiro termo a:
os seus termos são a, a r, a 2r,
o seu termo geral é u n a n 1 r.

2. Progressão geométrica de razão r e primeiro termo a:


os seus termos são a, ar, ar 2 ,
o seu termo geral é un ar n 1 .

Pode-se provar que:

a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética,


u n , de razão r e primeiro termo a, é dada por

Sn a un n;
2
a soma dos n primeiros termos de uma progressão
geométrica, com razão r 1 e primeiro termo a, é dada por

Sn a 1 rn .
1 r

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Limite de uma sucessão

Os vários casos da definição de limite sucessões podem ser


vistos como casos particulares da definição de limite, segundo
Cauchy, para funções com domínio , quando o argumento
tende para .

Definição: O número real a é limite da sucessão u n se


para qualquer 0, existe M 0 tal que, para qualquer n ,
se n M, então |u n a| .
Isto é,
0 M 0 n :n M |u n a| .

Neste caso, diz-se que u n converge para a ou que u n tende


para a e escreve-se lim u n a, lim u n a ou u n a.
n

Uma sucessão u n diz-se convergente se existir um número


real a tal que u n a; diz-se divergente caso contrário.

Definição: Diz-se que uma sucessão u n tem limite mais


infinito (ou que tende para mais infinito) se,
para qualquer L 0, existe M 0 tal que, para qualquer n ,
se n M, então u n L.
Isto é,
L 0 M 0 n :n M un L.

Neste caso, diz-se que u n é um infinitamente grande positivo


e escreve-se lim u n , lim u n ou u n .
n

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Diz-se que u n tem limite menos infinito (ou que tende para
menos infinito) se, para qualquer N 0, existe M 0 tal que,
para qualquer n , se n M, então u n N.
Isto é,
N 0 M 0 n :n M un N.

Neste caso, diz-se que u n é um infinitamente grande


negativo e escreve-se
lim u n , lim u n ou u n .
n

Diz-se que u n tem limite infinito (ou que tende para


infinito) se |u n | .
Neste caso, diz-se que u n é um infinitamente grande e
escreve-se lim u n , lim u n ou u n .
n

Diz-se que u n tende para infinito sem sinal determinado,


se u n tende para e não tende nem para nem para .

Proposição: O limite de uma sucessão quando existe é único.

Oservação: Das definições, resulta imediatamente que:


sendo f uma função real de variável real, com Df,

e a n a sucessão de termo geral a n fn ,

se lim x fx L (finito ou infinito), então lim n an.

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Classificação de uma sucessão

Uma sucessão diz-se:

convergente (se tem limite finito)

propriamente se tende para


divergente ou para

divergente se tende para infinito


sem sinal determinado
oscilante
ou
se não tem limite

Limite da potência:

Sendo r um escalar real, tem-se que:

, se r 1 (é prop. divergente)

0 , se |r| 1 (é convergente)

lim r n 1 , se r 1 (é convergente)

não existe , se r 1 (é oscilante)

, se r 1 (é oscilante)

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Subsucessões
Intuitivamente, uma subsucessão de u n é uma sucessão
extraída de u n , considerando certos índices, em número
infinito, por ordem crescente.

Por exemplo:

u2, u4, , u 2k , (subsuc. dos termos de ordem par);

u1, u3, , u 2k 1 , (subsuc. dos termos de ordem ímpar);

up 1, up 2, up 3 (subsuc. dos termos de ordem superior a p,


com p ).

Proposição: Toda a subsucessão duma sucessão com limite tem


o mesmo limite.

Corolário: Se uma sucessão tem duas subsucessões com limites


diferentes, a sucessão não tem limite.

Proposição: Se as subsucessões dos termos de ordem par e dos


termos de ordem ímpar de u n têm o mesmo limite, então u n
tende para esse limite.

Definição: Chama-se limite superior de u n ao maior dos


limites (finitos, ou ) das subsucessões de u n e
representa-se por
limu n .

Chama-se limite inferior de u n ao menor dos limites das


subsucessões de u n e representa-se por limu n .

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Propriedades
Da definição, é imediato que:
a convergência ou divergência de uma sucessão (e o valor do
limite) não é alterada se suprimirmos ou modificarmos um
número finito dos seus termos.
uma sucessão com todos os termos iguais a uma certa
constante converge para essa constante.

Propriedades dos limites finitos


Proposição: Se u n e v n são sucessões convergentes, tais
que, a partir de certa ordem, u n v n , então lim u n lim v n .

Proposição:
Se a n e b n são sucessões tais que a n a e bn b, com
a, b , então:
1. a n bn a b;

2. ca n ca, sendo c ;

3. a n b n ab;
an a
4. bn b
, se b n 0, n eb 0;

5. se p , então a pn ap;

6. se p e an 0, n , então p a n p a;

7. se p e p é ímpar, então p a n p a;

8. se a n a então |a n | |a|.

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Definição: Uma sucessão diz-se um infinitésimo se tende para
zero.

Definição: Uma sucessão a n diz-se limitada se for majorada e


minorada, ou seja, se
m,M n : m an M .

Proposição: Se a n é um infinitésimo e b n é uma sucessão


limitada, então a n . b n é um infinitésimo.

Propriedades dos limites infinitos


Proposição: Sendo u n e v n duas sucessões, tem-se que:
1. se u n e, a partir de certa ordem, u n v n , então
vn ;

2. se u n e, a partir de certa ordem, v n u n , então


vn .

Para simplificar, frequentemente as propriedades algébricas dos


limites infinitos são escritas na seguinte forma (que é uma
mera notação abreviada):

; ; a , se a ;

. ; . ; . ;

a 0, se a ; ; a , se a 0 (finito ou infinito).
0 0

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Os símbolos
; ; ;
0. ; 0. ; 0. ;
0; ;
0
0
00; 1 ;

designam-se por símbolos de indeterminação.

Isto quer apenas dizer que, nas situações correspondentes,


o facto de existir ou não limite, bem como o seu valor, depende
das sucessões envolvidas (não resulta imediatamente de uma
propriedade das operações).

Limites notáveis
Número de Neper:
n
lim 1 1 e.
n

Proposição (caso geral): Se u n ek , então


un
lim 1 k ek .
un

Observação: Recordem-se os seguintes limites de funções:


sen x ex
lim x 1; lim x ;
x 0 x

ex 1 ln x
lim x 1; lim x 0.
x 0 x

ln x 1
lim x 1;
x 0

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Estes limites aplicam-se nas sucessões, tendo-se em conta que:
sendo f uma função real de variável real e x n uma sucessão
de elementos de D f , diferentes de a,
se lim f x L (finito ou infinito) e x n a, então f x n L.
x a

Acetatos complementares (abordagem mais rigorosa das


propriedades algébricas dos limites infinitos)

Proposição (Propriedades da soma):


Sendo u n e v n sucessões, tem-se que:
1. se u n e vn então u n vn ;

2. se u n e vn então u n vn ;

3. se u n e vn a, com a , então u n vn
[se o limite de u n for ou , o limite da soma também o é].

Proposição (Propriedades do produto):


Sendo u n e v n sucessões, tem-se que:
1. se u n e vn , então u n . v n
[caso u n e v n tendam para ou para , podemos mesmo
saber se u n . v n tende para ou para ];

2. se u n e vn b \ 0 , então u n . v n
[caso u n tenda para ou para , pelo sinal do produto,
sabemos se u n . v n tende para ou ].

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Notação abreviada (exemplos):
As propriedades dadas são frequentemente escritas na forma

a , se a

. .

Esta é uma mera notação abreviada, que deve ser interpretada


exactamente no sentido das propriedades correspondentes da
proposição anterior e não como se estivessemos realmente a
"somar ou multiplicar infinitos".

Os símbolos

0. 0. 0.

são designados por símbolos de indeterminação.

Isto quer apenas dizer que, nas situações correspondentes,


o facto de existir ou não limite, bem como o seu valor, depende
das sucessões envolvidas (não resulta imediatamente de uma
propriedade das operações).

Proposição: Sendo u n uma sucessão de termos diferentes de


zero, tem-se que:
1
1. se u n , então un 0
(o inverso de um infinitamente grande é um infinitésimo);
1
2. se u n 0, então un

(o inverso de um infinitésimo é um infinitamente grande).

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Nota: Seja u n uma sucessão que tende para a .
Se, a partir de certa ordem, u n a, diz-se que u n tende para a
por valores superiores e escreve-se u n a .

Se, a partir de certa ordem, u n a, diz-se que u n tende para a


por valores inferiores e escreve-se u n a .

1
Caso u n 0, pelo seu sinal poderemos saber se a sucessão un
tende para ou :
1
se u n 0 , então un ;
1
se u n 0 , então un .

Proposição: Sendo u n e v n sucessões, com v n de termos


diferentes de zero, tem-se que:
un
1. se v n e u n tem limite finito, então vn 0;

2. se v n 0 e u n tem limite finito ou infinito e diferente de


zero, então uv nn

[neste caso, dependendo dos sinais de u n e de v n , poderemos


averiguar se uv nn tende para ou ].

Notação abreviada:
a a
0 0 0
, se a 0 (finito ou infinito)

Os seguintes casos são também símbolos de indeterminação:

0
0

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Propriedades da exponenciação

Proposição: Sejam u n e v n duas sucessões, com u n de


termos positivos.
Se
un a e vn b ,
então
vn
un ab.

Na prática, em muitos dos restantes casos, o mais eficaz é


recorrer à transformação

vn ln u n
un e vn

e aplicar as propriedades do produto e das funções exponencial e


logaritmo.

Símbolos de indeterminação associados à exponenciação:

0
00 1

Através da transformação indicada, estes casos podem reduzir-se


a indeterminações do tipo

0 , 0 e 0 ,

respectivamente.

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Séries numéricas
Definições básicas

Chama-se série numérica a uma expressão do tipo


a1 a2 an ,
em geral representada por

an , a n ou an ,
n 1 n 1

onde a n é uma sucessão de números reais.

a1, a2, termos da série

an termo geral da série.

Designam-se por somas parciais da série


S1 a1 ,
S2 a1 a2 ,
S3 a1 a2 a3 ,

Chama-se soma parcial de ordem n da série n 1


an a
n
Sn ai
i 1

ou seja a
Sn a1 a2 an.

A S n chama-se sucessão das somas parciais da série.

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Definição: Diz-se que a é uma série convergente
n 1 n
se a sucessão das suas somas parciais, S n , for convergente.
Neste caso, ao número real
S lim S n
chama-se soma da série.

Por abuso de notação, escreve-se também

S an.
n 1

Uma série que não é convergente diz-se divergente.

Diz-se que duas séries têm a mesma natureza se forem ambas


convergentes ou ambas divergentes.

Observação:
Associadas à série n 1
a n temos duas sucessões:

a n , a sucessão a partir da qual definimos a série;

S n , a sucessão das suas somas parciais.

A natureza da série é determinada pela convergência ou não


da sucessão das suas somas parciais.

O facto de a n ser convergente não garante que a série n 1


an
seja convergente.

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Exemplos:
1. A série n 1
1 é divergente, pois

Sn n

pelo que lim S n .

n
2. A série n 1
1 é divergente, pois

1 se n é ímpar
Sn ,
0 se n é par

pelo que S n não tem limite.

1
3. Para a série n 1 2n 1
tem-se
n 1
an 1 ,
2

pelo que
1 n
1 2 1 n
Sn a1 1
2 1 2.
1 2
2
1

Portanto, como sucessão S n é convergente, a série é


convergente (e a sua soma é 2).

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Séries importantes

Séries Geométricas

Definição: Chama-se série geométrica de razão r e primeiro


termo a à série

1
ar n a ar ar 2 ar n 1
,
n 1

em que r e a são números reais não nulos.

Tem-se que
1 rn
a. 1 r
, se r 1
Sn ,
a. n, se r 1

pelo que

a
se |r| 1, a série é convergente e a sua soma é S 1 r
;

se |r| 1, a série é divergente.

Então,

a série geométrica é convergente sse |r| 1;


a
neste caso, a sua soma é S 1 r
.

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Séries Redutíveis ou de Mengoli

Chamam-se séries redutíveis, séries de Mengoli ou séries


telescópicas às séries que se podem escrever na forma

un un k ,
n 1

onde k é um número natural (fixo) e u n é uma sucessão real.

Exemplos:

1. A série

1
n 1
nn 1

pode escrever-se na forma

1 1 ,
n n 1
n 1

1
pelo que é uma série de Mengoli, com k 1 e un n .

2. A série

n n 2
n 1

é uma série de Mengoli, com k 2 e un n.

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Convergência duma série de Mengoli:

1º Caso: se k 1, a série escreve-se na forma

un un 1 ,
n 1
pelo que
Sn u1 u2 u2 u3 un un 1 u1 un 1.

Portanto:

a) se u n é convergente, a série é convergente e a sua soma é

S u1 lim u n ;

b) se u n é divergente, a série é divergente.

2º Caso: se k 1, então

Sn u1 u2 uk un 1 un 2 un k.
Portanto:

a) se u n é convergente, a série n 1
un un k é convergente
e a sua soma é
S u1 u2 uk k lim u n

(note-se que lim u n 1 lim u n k lim u n ;

b) se u n é divergente, nada se pode concluir sem estudar


directamente a sucessão S n .

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Propriedades gerais das séries
Comecemos por observar que a natureza de uma série não é
alterada se modificarmos ou suprimirmos um número finito dos
seus termos. No entanto a sua soma é, em geral, alterada.

Proposição:
Sejam an e b n duas séries convergentes, de somas S e
T, respectivamente, e c . Então:

1. an b n é convergente, com soma S T;

2. an b n é convergente, com soma S T;

3. ca n é convergente, com soma cS.

Observação: Da última alínea, resulta que não se altera a


natureza de uma série multiplicando o seu termo geral por uma
constante diferente de zero.

Questão: Diga o que pode concluir sobre a natureza da série se:

1. a série é a soma de uma série converge e uma série divergente;

2. a série é a soma de duas séries divergentes.

Proposição (condição necessária de convergência):


Se a n é uma série convergente, então a n 0.
Ou seja:

se a n não tende para zero, então a n é divergente.

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Nota: A afirmação recíproca é falsa:

se a n 0, nada se pode concluir sobre a natureza da série.

Critérios de convergência
Recordemos o seguinte:

Definição (integral impróprio de 1ª espécie):

Seja f uma função contínua no intervalo a, .

Chama-se integral impróprio da função f em a, a

f x dx lim f x dx.
a a

O integral impróprio f x dx diz-se convergente se este


a
limite existe e é finito e diz-se divergente caso contrário.

Proposição (critério do integral):


Sejam f : 1, uma função positiva, contínua e
decrescente e
an fn .
Então
a série n 1
a n é convergente

sse

o integral impróprio f x dx é convergente.


1

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Defenição: Chama-se série de Dirichlet a uma série da forma

1 , com p número real positivo (fixo).


np
n 1

Proposição: Para a série de Dirichlet


1
np
n 1
tem-se que:
se p 1, a série é convergente;

se p 1, a série é divergente.

Observação: Destaque-se o caso da série de Dirichlet com p 1


(designada por série harmónica):

a série 1 é divergente.
n
n 1

Séries de termos não negativos

Definição: Diz-se que a é uma série de termos não


n 1 n
negativos se a n 0, para qualquer n .

Observação: As propriedades já dadas permitem-nos tirar


conclusões sobre a natureza das séries só com um número finito
de termos negativos, com todos os termos negativos ou só com
um número finito de termos positivos, a partir da natureza de
séries de termos não negativos.

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Proposição (1º critério de comparação):

Sejam n 1
an e n 1
b n duas séries tais que, para qualquer
n ,
0 an bn.
Então:
se n 1
b n é convergente, n 1
a n é convergente;

se n 1
a n é divergente, n 1
b n é divergente.

Observação: Da demonstração do primeiro caso resulta que, se


S e T são as somas das séries a e
n 1 n
b ,
n 1 n
respectivamente, então S T.

Proposição (2º critério de comparação):

Sejam a n uma série de termos não negativos e b n uma

série de termos positivos tais que


an L, com L 0, .
bn
Então, as duas séries têm a mesma natureza.

Corolário: Sejam a n uma série de termos não negativos e


an
b n uma série de termos positivos tais que bn
L:
se L 0 e b n é convergente, a n é convergente;

se L e b n é divergente, a n é divergente.

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Proposição: (critério de Cauchy, ou da raiz)
Seja a n uma série de termos não negativos tal que

lim n an L (finito ou infinito).


n

Então:

se L 1, a n é convergente;

se L 1, a n é divergente;

se L 1, nada se pode concluir.

Proposição (critério de D’Alembert, ou da razão):


an 1
Seja a n uma série de termos positivos tal que lim an L
n
(finito ou infinito).
Então:
se L 1, a n é convergente;

se L 1, a n é divergente;

se L 1, nada se pode concluir.

Observação: Pode-se provar que, sendo a n uma sucessão de


termos positivos:
se uunn1 a (com a finito ou infinito), então n u n a.

Assim, o critério da razão resulta do critério da raiz.

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Séries de termos sem sinal fixo

Definição: Uma série diz-se de termos sem sinal fixo se possui


infinitos termos positivos e infinitos termos negativos.

Em particular, sendo a n uma sucessão de termos positivos,


chama-se série alternada à série de de termos sem sinal fixo

1 nan.
n 1

Exemplo:
n 1
A série n 1
1 n é alternada.

Proposição: Se a série |a | é convergente, então a série


n 1 n
a também é convergente.
n 1 n

Definição: Uma série n 1


a n diz-se:

absolutamente convergente, se a série n 1


|a n | é
convergente;

simplesmente convergente, se é convergente mas não é


absolutamente convergente.

Exemplos:
n 1
1. A série n 1
1 n2
é absolutamente convergente;

2. A série n 1 1 n 1n é simplesmente convergente (não é


absolutamente convergente e pode-se provar que é convergente).

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Estratégias para estudar a natureza de uma série
Segue-se um apanhado dos resultados apresentados a este
respeito.

O termo geral da série converge para zero?


Se não, é divergente; se sim, nada se pode concluir.

A série é de tipo particular - geométrica, de Dirichlet, de


Mengoli?
Se sim, aplicar o teste de convergência específico.

A série é de termos não negativos e pode ser comparada com


alguma série de tipo especial?

Pode ser aplicado o Critério de D’Alembert ou o Critério de


Cauchy?
Se L 1, nada se pode concluir.

A série é de termos positivos e pode ser aplicado o Critério


do integral?

Se a série é de termos sem sinal fixo, será absolutamente


convergente?
Se sim, é convergente; se não, nada se pode concluir.

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Séries de Potências
Definições básicas
As séries de potências são uma generalização da noção de
polinómio.

Definição: Sendo x uma variável e c , chama-se série de


potências de x c (série de potências centrada em c ou em
torno de c), a qualquer série da forma

an x c n,
n 0
ou seja
n
a0 a1 x c an x c
onde a n é uma sucessão real (cujos termos se designam por
coeficientes da série de potências).
Em particular, chama-se série de potências de x (série de
potências centrada em 0 ou em torno de 0) a qualquer série
da forma

anxn,
n 0
ou seja
a0 a1x a2x2 anxn

Ao conjunto dos valores reais que, substituídos na série de


potências, originam uma série numérica convergente chama-se
domínio de convergência.

Observação: Uma série de potências é uma função, cujo


domínio é o domínio de convergência da série de potências.

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Exemplo importante (série de potências geométrica):
O intervalo 1, 1 é o domínio de convergência da série

xn 1 x x2 xn
n 0

Mais, para qualquer x 1, 1 ,

xn 1 .
1 x
n 0

1
A série n 0
x n define a função 1 x
em 1, 1

1
(e só neste intervalo, apesar de 1 x
estar definida em \ 1 ).

Raio de convergência e intervalo de convergência

O domínio de convergência de uma série de potências de x c


nunca é vazio. De facto,

n
an c c a0 0 0 0 a0.
n 0

Portanto, c pertence ao domínio de convergência da série.

Mais, como veremos de seguida, o domínio de uma série de


potências de x c é sempre um intervalo centrado em c.

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Proposição: Para uma série de potências de x c, é satisfeita
exactamente uma das seguintes alternativas:
1. a série de potências é convergente apenas em c;
2. existe um número real R 0 tal que a série de potências é
absolutamente convergente para os valores de x tais que
|x c| R e diverge para |x c| R;
3. a série é absolutamente convergente para todo o x .

A este valor R chama-se raio de convergência da série de


potências (considerando R 0, no primeiro caso, e R ,
no terceiro caso).
Se R 0, o intervalo c R, c R designa-se por intervalo de
convergência da série.

Observação: Logo, se R 0 e finito, a série é absolutamente


convergente no intervalo c R, c R e divergente em
,c R c R, .
A proposição nada afirma sobre a convergência da série nos
extremos do intervalo de convergência. Para saber o que se
passa nos extremos do intervalo é necessário estudar as séries
numéricas correspondentes.

n
Proposição: Seja n
a x
0 n
c uma série de potências em
torno de c então
R 1
lim n |a n |

(com R 0, se lim n |a n | e R , se lim n |a n | 0).

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Proposição: O raio de convergência de uma série de potências
a x c n , de coeficientes diferentes de zero, é igual a
n 0 n

lim aann1 ,
desde que este limite exista.

Exemplo (série exponencial):


A série de potências
xn 1 x x2 x3 xn
n! 2! 3! n!
n 0
é absolutamente convergente em .
(Veremos que a soma desta série é e x , para qualquer x .

Operações com séries de potência


Proposição: Sejam f x a xn e g x
n 0 n 0
bnxn
séries de potências de x, com raios de convergência não nulos,
e R o raio de convergência da primeira série.
Se é um número real e N um número natural, então:
n n
1. f x n 0
an x , para | x| R;

2. f x N n 0
a n x nN , para |x N | R;

3. f x gx n 0
an bn xn, na intersecção dos
intervalos de convergência;

4. f x gx n 0
an bn xn, na intersecção dos
intervalos de convergência.

Ana Matos Matemática Aplicada 29/09/2017 Suc. e séries 29


Observação 2: Resultados análogos são válidos para séries de
potências de x c.

Derivação e integração de séries de potências

Proposição: A função definida por f x n 0


an x c n,
com raio de convergência R 0, é diferenciável e primitivável
no intervalo c R, c R e tem-se que:

n 1
f x na n x c
n 1

n 1
x c
Pf x an C,
n 1
n 0

tendo estas séries o mesmo raio de convergência.

Ou seja, uma função definida por uma série de potências de


x c, com raio R 0, é derivável e primitivável no intervalo
c R, c R e as suas derivada e primitivas são dadas pelas
séries que se obtêm derivando-a e primitivando-a termo a termo
(as quais têm o mesmo raio de convergência).
Note-se que, se a série de patências tem raio de convergência
R 0, as séries que se obtêm derivando-a e primitivando-a
termo a termo também têm raio de convergência R 0.

Ana Matos Matemática Aplicada 29/09/2017 Suc. e séries 30


Série de Taylor e série de Mac-Laurin
Definição: Seja f uma função com derivada de qualquer ordem
em c .
Chama-se série de Taylor de f no ponto c à série de
potências
n
f c n
x c
n!
n 0
isto é a
n
f c 2 f c n
fc f c x c x c x c
2! n!

Chama série de Mac-Laurin de f à série de Taylor de f em


c 0, isto é, a
n
f 0 n
x
n!
n 0
ou seja
n
f 0 2 f 0 n
f0 f 0 x x x
2! n!

Exemplos importantes:

1. A série de Mac-Laurin de e x é

xn 1 x x2 x3 xn
n! 2! 3! n!
n 0

Ana Matos Matemática Aplicada 29/09/2017 Suc. e séries 31


2. A série de Mac-Laurin de sen x é
3
x x x5 1 n x 2n 1
3! 5! 2n 1 !
isto é
n
1
x 2n 1

n 0
2n 1 !

3. A série de Mac-Laurin de cos x é


2
1 x x4 1 n x 2n
2! 4! 2n !
isto é
1 n 2n
x
n 0
2n !

Observação: O facto de podermos escrever a série de Taylor de


uma função num ponto não garante que a função seja soma
dessa série, mesmo no intervalo de convergência da série.

Por exemplo, a função


1
e x2 se x 0
fx .
0 se x 0

tem derivada de qualquer ordem em \ 0 .


Pode-se provar que, em x 0, as suas derivadas, de qualquer
ordem, existem e são 0.

A função f apenas se anula em 0, pelo que não é igual à soma


da sua série de Mac-Laurin num intervalo centrado em 0.

Ana Matos Matemática Aplicada 29/09/2017 Suc. e séries 32


Definição: Diz-se que uma função f é desenvolvível em série
de Taylor num ponto c se f é soma da sua série de Taylor em
algum intervalo centrado em c.

Proposição: Seja f uma função indefinidamente diferenciável


num intervalo aberto I, centrado em c, e R n x o resto do seu
polinómio de Taylor de ordem n em c.
Então, f é soma da sua série de Taylor em c, no intervalo I,
sse
lim R n x 0, x I.
n

(Recorde-se a expressão do resto de Lagrange de ordem n:


n 1
f z n 1
Rn x x c , para algum z entre x e c. )
n 1 !

Exemplos importantes: Por esta proposição, conclui-se que as


funções sen x, cos x e e x são, em , soma das respectivas
séries de Mac-Laurin.
Isto é, para qualquer x ,

1 n x3 x5 n x 2n 1
sen x n 0 2n 1 !
x 2n 1
x 3! 5!
1 2n 1 !

1 n x2 x4 n x 2n
cos x n 0 2n !
x 2n 1 2! 4!
1 2n !

1 x2 x3 xn
ex n 0 n!
xn 1 x 2! 3! n!

1
Em particular, e n 0 n!
.

Ana Matos Matemática Aplicada 29/09/2017 Suc. e séries 33


Teorema (unicidade do desenvolv. em série de potências):
Se f x n
a x
0 n
c n , num intervalo aberto centrado em
c, então
n
f c
an , para qualquer n 0.
n!

Observação: Este Teorema garante que, caso uma função seja


soma de uma série de potências (num intevalo aberto), então
essa série coincide com a sua série de Taylor.

Para as funções do exemplo anterior foi necessário determinar a


série de Taylor e provar, pela condição suficiente de desenvol-
vimento, que a função é igual à soma da série de Taylor.
Tem-se agora um método que, por vezes, permite obter, de modo
mais simples, o desenvolvimento da função em série de Taylor:
1. mostra-se que a função é soma uma certa série de
pontências de x c (num intervalo aberto centrado em c), a
partir de desenvolvimentos conhecidos e/ou dos resultados sobre
derivação e integração de séries;
2. aplica-se o teorema da unicidade do desenvolvimento em
série de potências para garantir que essa série é a série de
Taylor da função no ponto c.

Por exemplo, conclui-se, assim, que:


1
o desenvolvimento em série de Mac-Laurin de 1 x
é

xn 1 x x2 xn , x 1, 1 .
n 0

o desenvolvimento em série de Mac-Laurin de ln x 1 é

1 n xn 1 , x 1, 1 .
n 1
n 0

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