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Direito Previdenciário

1. Contexto e evolução da proteção social

1.1. Ordem do surgimento da proteção:

1º) Família: dever/responsabilidade de sustentar os mais velhos;

2º) Instituições religiosas: viés e trabalho assistencial;

3º) Instituições mutualistas: forma privada para proteção dos seus participantes;

4º) Estado;

1.2. Marcos históricos da seguridade social no mundo

1) Inglaterra – 1601 – Lei dos pobres (Poor law) – Assistência – Contribuição da sociedade para
finalidades sociais. Foi a primeira vez que se regulamentava alguma contribuição  Para Igreja,
na ação de caridade, criando para isso um tributo da caridade para financiar a atuação daquela.

- Até meados do século XIX (1850), a proteção social era ofertada EXCLUSIVAMENTE pela
própria família ou pelas casas de assistência.
- No final do século XIX (entre 1880 e 1900), o Estado começou a ser mais participativo.
Em várias partes do mundo os governos começaram a elaborar normas protetivas aos
trabalhadores;

2) Alemanha – 1883 (época industrialização) – Chanceler do Império Alemão, Otto Von Bismarck.
Sistema previdenciário baseado na compulsoriedade de filiação e contributividade 
estabeleceu seguro doença, acidente de trabalho, invalidez e velhice. É o marco da previdência
social no mundo (bem próximo do nosso atual sistema o RGPS). Participação obrigatória, pela
primeira vez, de um sistema organizado;

3) Fase Constitucionalista. O modelo delineado por Otto Von Bismarck se difundiu pelo mundo,
sendo consagrado nos textos constitucionais. Constituições pioneiras: México – 1917 e
Alemanha – 1919 (Constituição de Weimar – influenciada pelo “Welfare State” – Estado de bem-
estar social, buscando garantir os serviços públicos e proteção à população em parceria com
sindicatos e empresas privadas), ou seja, as garantias passaram a constar nos textos
constitucionais);

4) Estados Unidos da América – 1935 – Seguro Social Americano (Social Security Act)  institui
a Previdência Social norte-americana em um momento de desequilíbrio social  Crise de 1929
 Busca trazer melhores garantias (New Deal);

5) Inglaterra – 1942 (Contexto bélico – 2ª GM) – Plano Beveridge – Ampla e profunda reforma
previdenciária. Análise global do sistema securitário, sendo adotadas as seguintes
características: seguro social compulsório, fonte tríplice de custeio, unificação do seguro
acidente e seguro social, unificação das contribuições, ministério único, separação do ramo da
saúde e revogação das isenções. Foi o ponto alto do “Welfare State”; havia uma maior
necessidade de proteção social.

1.3. Marcos históricos da seguridade social no Brasil

1) 1543 - Santas Casas de Misericórdia – caráter assistencial - 1543. Importantes instituições que
garantiam proteção social. Garantias de acesso a serviço de saúde e de assistência social;

1.1) Montepio para a Guarda Pessoal de D. João VI (1808)

2) 1835 – Montepio Geral dos Servidores Públicos do Estado – Mongeral (1835). Instituição de
caráter mutualista (caráter particular, entre participantes);

3) Constituição Republicada de 1891 – Aposentadoria por invalidez aos funcionários públicos.


Adota a expressão “aposentadoria”;

4) 1919 – Seguro acidente do trabalho (SAT) – incumbência do empregador, ou seja, ainda era
um benefício privado. Impunha às empresas o dever de contratar seguros – de natureza privada
– para os trabalhadores – Estado apenas legislando sobre a questão, transferindo o ônus às
empresas, no contexto laboral;

5) 1923 – Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4682/23) – Marco inicial da Previdência Social
no Brasil. Caixa de Aposentadorias e Pensões (CAPs) para os ferroviários. Incumbência do
empregador. Benefícios = aposentadoria por invalidez, a ordinária (idade e tempo de
contribuição), pensão por morte e assistência médica. Beneficiários: empregados e diariastas
que executavam serviço permanente nas empresas de estada de ferro. A LEC ainda é apontada
com o marco da previdência em nosso país. O deputado propôs medidas para melhorar as
condições aos ferroviários (natureza Bismarckiana), buscava proporcionar garantias. Modelo
interno de cada emprego; Depois disso, as CAPs se proliferaram e chegaram ao nº de 183.

6) 1926 – Extensão dos benefícios da LEC para outras categorias, de modo que foram criadas
inúmeras CAPs no Brasil;

7) 1930 – Revolução – Getúlio Vargas – reformulação das regras trabalhistas e previdenciárias.


Por questões estruturais, acabou com as CAP’s por empresa para unificar todas nos Institutos
de Aposentadorias e Pensões (IAPs) por categoria profissional (ferroviários, bancários,
comerciários, etc), com personalidade jurídica própria e subordinada a controle estatal por meio
do Ministério do Trabalho. – Reformulou as CAPs, que agora foram assumidas pelo Estado e
mantidas por categorias profissionais sobre o nome de IAPs;

8) 1934 – Constituição estabeleceu a forma tríplice de custeio – além do empregador e do


empregado, o Estado também deveria participar do custeio;

9) Lei nº 3.807/1960 – Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS – as normas, antes, eram
individualizadas para cada categoria, de modo que houve uma unificação, em que todas as
garantias de todos os ramos profissionais e de aposentadoria e pensão foram regulamentadas
de modo único, isso foi utilizado como meio de preparar para a criação do INPS;

10) Lei nº 4.214/1963 – FUNRURAL – Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural;


11) Decreto-lei nº 72/1966 – Fusão dos IAPs dos bancários, comerciários, industriários,
estivadores e transportadores de carga e dos ferroviários e empregados em serviço público no
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, autarquia da administração indireta federal –
agora o Brasil tem apenas uma instituição de Previdência Social;

12) Constituição de 1967 instituiu o seguro-desemprego;

13) Lei nº 5.316/67 integrou o Seguro Acidente do Trabalho (SAT) à previdência social –
estatização, se tornou um benefício público;

14) LC 11/1971 – PRORURAL – Programa de assistência ao trabalhador rural – aposentadoria


por velhice, após 65 anos de idade, no valor de 50% do salário mínimo (engrandecimento à
proteção ao trabalhador rural, ainda muito precária e limitada quando em comparação ao
trabalhador urbano);

15) Lei nº 5.859/1972 – Empregado doméstico (obrigatório) – incorporado ao contesto da


seguridade, passando a ser um segurado obrigatório do sistema;

16) Decreto 77.077/76 – CLPS – Consolidação das Leis da Previdência Social, renovada pelo
Decreto 89.312/84;

17) 1977 – De forma pretensiosa é criado o SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e


Assistência Social, composto pelos seguintes órgãos: IAPAS (Instituto de Administração
Financeira da Previdência e Assistência Social), INPS (Instituto Nacional de Previdência Social),
INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), DATAPREV (Empresa
de Processamento de Dados da Previdência e Assistência Social), LBA (Fundação Legião
Brasileira de Assistência), CEME (Centro de Medicamentos) e FUNABEM (Fundação Nacional do
Bem-estar do Menor);

18) O SINPAS nunca funcionou de maneira efetiva e exemplar, sendo extinto com a Constituição
Federal de 1988 – olhar mais garantista para o aspecto social, visando seu fortalecimento;

19) No início da década de 1990, houve uma reforma na estrutura previdenciária, com a
extinção de algumas entidades (INAMPS, LBA, FUNABEM e CEME) e a fusão de outras (INPS +
IAPAS = INSS). Lei nº 8.029/90 – Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Agora, o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) era a entidade responsável pelo custeio da Seguridade, bem
como pela concessão de benefícios previdenciários;

20) Lei nº 8.080/90 passou a tratar do sistema de saúde, revogando a Lei 6.229/75. A Lei
8.689/93 extinguiu o INAMPS, criando o SUS – Sistema Único de Saúde nas três esferas do
governo (federal, estadual e municipal);

21) Lei nº 8.212/91 (Custeio) e Lei 8.213/91 (Benefícios) – Regime Geral de Previdência Social;

22) Lei nº 8.742/93 – Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS;

23) Emenda Constitucional nº 20/1998 – Reforma Previdenciária;

24) Em 2004, foi criada a Secretaria da Receita Previdenciária (SRP), que ficou responsável pelo
custeio da Seguridade Social. Nesse momento, o INSS ficou responsável apenas pela concessão
dos benefícios;
25) Em 2007, acontece a fusão entre SRP e a Secretaria da Receita federal (SRF), que gerou a
Receita Federal do Brasil, ficando responsável, desde então, pelo custeio da Seguridade Social.
A parte da concessão de benefícios continua sendo realizada pelo INSS.

Aula 1

2. Seguridade Social – Conceito e Divisão

A Seguridade Social é gênero, do qual são espécies a saúde, a previdência e a assistência.


 É definida como sendo um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde (art. 194,
CF).

2.1. Saúde

 Direito de todos e dever do Estado  não existe fato de determinação ou de exigências


mínimas para seus beneficiários. É caracterizado pela universalidade. Em decorrência
disso, é exercido em caráter não contributivo (não que não haja financiamento ou
destino de recursos), mas que o beneficiário não precisa demonstrar regularidade
fiscal/contributiva.
- Não há distinção de acesso;
- Não há distinção prévia e exigências para o acesso;
- Medida em serviço.

2.2. Assistência Social

 Prestada àqueles que comprovarem a necessidade, que deve ser compreendida como
carência de recursos materiais para o próprio sustento ou para acessar determinado
serviço/direito.

- Protege situações de pobreza, de vulnerabilidade, de acesso a serviços e


direitos;
- Exercício em caráter não contributivo  prescinde a apresentação de
regularidade fiscal e contributiva para que o serviço seja prestado ao cidadão;

OBS. Benefícios assistenciais a IDOSOS e portadores de deficiência, pobres.


 A Lei nº 8.742/93 (Lei orgânica da assistência social – LOAS) regulamenta o artigo 203,
V, da Constituição Federa  objetivo da Assistência Social: garantia de prestação
continuada de um salário mínimo àqueles que não puderem se sustentar ou ter sua
manutenção pela própria família. O Estado entra em 3º lugar!

 Para a percepção do benefício  não há mais um critério, é analisado caso a caso (STF),
mas há previsão legal que estabelece um valor muito baixo (1/4 de salário mínimo por
pessoa na família).
2.3. Previdência Social

 Caráter essencialmente contributivo! Há uma relação de sinalagmas, de bilateralidade.


A contributividade gera o direito ao benefício previdenciário (algumas situações geram
benefício sem contribuição, mas são exceções). A regra geral é o benefício a partir do
custeio.

Segurado é aquele que tem o dever de contribuir para que se tenha acesso ao benefício.
- Não tem caráter universal;
- Não passa pela questão da necessidade;
- O direito não vem sem o dever, o dever é preliminar para que se possa haver
o benefício*.

A Previdência Social se divide em um lado oficial/público/compulsório e outro lado


privado/facultativo/complementar.

 Oficial (vinculação legal)/Público/Compulsório: caracteriza-se pela solidariedade =


contribuição ao sistema. A contribuição dos atuais contribuintes financia a atual geração de
aposentados. Existe um pacto implícito entre gerações, em que a geração produtiva sustenta o
benefício da geração inativa. Não se contribui para a própria aposentadoria!

Dentro disso, temos o RPPS – Regime próprio da previdência social – previsto no artigo
40, CF, para detentor de cargo público efetivo, da administração direita e indireta (autarquias e
fundações), aprovado por meio de concurso público – não abrange emprego público, cargo em
comissão... seu estabelecimento não é obrigatório, devendo ser criada lei e autarquias para
tanto, o que para municípios pequenos muitas vezes não é vantajoso.

E também temos o RGPS – Regime geral da previdência social – artigo 201, CF. Trata-se
de um conceito residual  trabalhador não amparado por um regime próprio.

 Privado/Facultativo/Complementar: é marcado pela ideia de capitalização ( =


poupança privada, acúmulo de riquezas, reserva de capital). Não há solidariedade, meu
benefício depende do que eu consigo acumular ao longo da vida.

(CESPE) – No contexto brasileiro de adesão às medidas neoliberais (manter os benefícios, mas


com certa decência para não ocorrer prejuízo aos órgãos públicos), ocorre um processo de
restrição aos direitos sociais (seletividade é uma restrição – uns recebem e outros não) e
privatização de serviços públicos essenciais (plano de saúde que a gente paga, plano de
previdência privada: tudo isso é serviço público que foi privatizado). Como consequência dessa
realidade, os direitos da seguridade social passaram a orientar-se pela seletividade (princípio da
seletividade e distributividade) e pela privatização, ao mesmo tempo em que ocorreu a
ampliação dos programas assistenciais (medida neoliberal também: aumentar a assistência –
Bolsa Família, por exemplo, para que o povo tenha dinheiro para movimentar a economia).

– As atuais regras constitucionais NÃO impedem que os Municípios tenham seus


próprios institutos de previdência = é competência concorrente dos entes políticos.
Aula 2

3. Princípios da Seguridade
 Art. 194, parágrafo único, CF – Princípios/Objetivos

3.1. Universalidade da cobertura e do atendimento:

A seguridade social deve procurar cobrir o maior número possível de eventos e riscos
sociais, atendendo, com isso, o maior número de pessoas (risco social: é uma contingência da
vida que coloca o indivíduo numa situação de vulnerabilidade, que pode ser em seus aspectos
físicos, mentais, meramente economia ou que aflige o trabalhador remunerado, cada um desses
riscos será coberto por um dos direitos da seguridade).

3.2. Universalidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações


urbanas e rurais:

É um princípio que foi inserido na CF/88 como uma forma de se pagar uma dívida
histórica que a seguridade social (seja pela via da assistência, saúde ou previdência) sempre teve
com a população rural, que sempre foi marginalizada, de modo que se procurou estabelecer
uma equiparação de direitos securitários à população rural. Todos os benefícios e serviços em
igual medida deverão ser observados ao trabalhador rural, se forem destinados ao trabalhador
urbano.

3.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços:

Significa que por seletividade deve se compreender que a CF atribui ao legislador um


papel fundamental na seguridade social. Incumbe-o o papel de arrolar as principais
contingencias da vida que coloca alguém em uma situação de vulnerabilidade, e a partir desse
elenco feito, estabelecer um plano de cobertura.

Seletividade é legislar em matéria de seguridade social, criação da proteção legal por


meio do processo legislativo; a seletividade atua em um plano abstrato de previsibilidade
genérica, que é a característica da lei, instrumento normativo dotado de 2 características:
generalidade e abstração (é feita para proteger uma situação que pode ocorrer). A segunda
parte, é a distributividade, que é a ocorrência daquilo que o legislador previu em norma, no
mundo real, de forma concreta – se se tratar de segurado, é contemplado (requisito geral),
concedendo o benefício de acordo com a situação particularizada.

3.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios:

Quando a prestação do benefício for em dinheiro, ela não poderá ser reduzida de modo
nominal de forma arbitrária. A lei permite, todavia, o desconto no valor deste benefício, por
exemplo, Imposto de renda retido na fonte, pensão alimentícia...
A irredutibilidade não impede eventuais descontos previstos em lei. E se for feito
empréstimo, é possível consignar alguma parte do valor do benefício? Sim, porque a lei permite
que esse tipo de desconto seja feito, até porque foi o próprio segurado que permitiu isso.

A seguridade pode, também, cobrar eventuais dívidas do segurado no benefício. A


irredutibilidade não pode ocorrer se for arbitrária. Existe uma particularidade na previdência
social (201, §4º, garante esse princípio com maior força, mudando de nome  Preservação do
valor real do benefício = além de não poder sofrer redução arbitrária, deve sofrer ajustamento
periódico para manter o valor real do benefício.

Para os benefícios previdenciários não basta a irredutibilidade, é preciso que haja


anualmente a recomposição das perdas inflacionárias (todos os meses de janeiro, em cada ano)
que aplica o índice nacional de preços do consumidor aos benefícios previdenciários. Só se
verifica na Previdência Social.

3.5. Equidade na forma de participação do custeio:

(Aproximado ao princípio da capacidade contributiva do direito tributário) A forma de


participar do financiamento da seguridade, vai obedecer a capacidade econômica do
contribuinte. Na previdência, essa equidade se verifica com muita facilidade quando se tem um
segurado empregado (inclusive doméstico e avulso), que é obrigatoriamente um contribuinte.
Ele paga contribuições que variam entre 8, 9 ou 11% do seu salário em contribuição, conforme
a faixa de remuneração - “Quem ganha mais paga mais (percentualmente, em alíquota), quem
ganha menos paga menos e quem não ganha nada, não paga nada”. A equidade não dá uma
ideia de equiparação, mas de equilíbrio das forças econômicas – não significa pagar a mesma
coisa, mas pagar o justo.

TABELA DE CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADO, EMPREGADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR


AVULSO, PARA PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO A PARTIR DE 1º DE JANEIRO DE 2018

SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA PARA FINS DE


RECOLHIMENTO AO INSS

até 1.693,72 8%

de 1.693,73 até 2.822,90 9%

de 2.822,91 até 5.645,80 11%

O salário de contribuição corresponde ao salário do trabalhador desde que não passe do teto de
R$ 5.645,80.

3.6. Diversidade da base de financiamento:

A sociedade financia. De um lado a sociedade financia – indiretamente, pelo Estado) a


partir de orçamentos (reunião de recursos públicos a partir do pagamento de tributos) obtidos
pelos estados, que deverão ser destinados. A sociedade também financia por meio de
Contribuições Sociais, que são uma espécie de tributo – forma de financiamento direta da
seguridade social pela sociedade – e obedece um regramento de anterioridade (nonagesimal ou
noventena de contribuições) as contribuições especiais só podem ser exigidas noventa dias após
a lei que a previu, salvo se a lei estipular um prazo maior. Essas contribuições sociais têm vários
“atores” contribuidores, que são:

 Empresas ( 3 bases: receita/faturamento – 2%, lucro – 10% e folha de salários


(Prev) – 20%);

 Os trabalhadores (Prev - contribuem sobre salário de contribuição – parcela da


remuneração – porque para efeitos previdenciários a lei estabelece um teto
máximo, porque esse mesmo teto é usado para o pagamento do benefício
previdenciário. Se se tem um salário na empresa de 10mil a contribuição que o
trabalhador vai descontar de mim será uma contribuição de 11% (porque estou
numa faixa mais alta) sobre o teto (aprox. 5.500), porque contribuição do
segurado tem a base de cálculo limitada no teto, mas o empregador tem que
pagar 20% sobre o salário (sobre os 10mil, o total que se remunera);

 O empregador doméstico (Prev) – contribui sobre o salário de contribuição – LC


160/2015  8% sobre o Sal. Contr. do empregado doméstico;

 O importador – como não está usando mão de obra nacional, está-se


preterindo-a, de modo que se estabelece uma contribuição que se reverta para
os trabalhadores em nível social, enquanto no país de origem se gera uma
contribuição que não vem para cá;

 E aquilo que vem a partir das receitas dos concursos de prognóstico (concursos
de prognóstico são as apostas legalmente toleradas – loteria, aposta hípica, etc.
ps. Bingo não é tolerado) o produto da arrecadação, descontados os valores
destinados à parte administrativa e para cobrir as despesas, o que sobra vai
destinado à seguridade social.

* Os que não estão marcados com (Prev) são destinados à saúde e à assistência social!

3.7. Caráter democrático e descentralizado (para estados e municípios) da


administração mediante gestão QUADRIPARTITE com a participação dos
trabalhadores, empregadores, aposentados e do governo nos órgãos
colegiados (CNS, CNAS, CNPS – cada um desses três conselhos será
composto por membros de cada uma dessas categorias).
Aula 3

4. Princípios/Objetivos Específicos da Previdência Social

Seguindo o Regime Geral de Previdência Social, conforme a Lei nº 8.213/91 em seu artigo 2º.

4.1. Princípio da atualização monetária do salário de contribuição (inciso IV -


cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição
corrigidos monetariamente):

Calculados a partir da utilização dos salários-de-contribuição. Determina que esses


salários de contribuição sejam corrigidos monetariamente, para que não haja perda do valor.

4.2. Irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder


aquisitivo (inciso V):

Quando se trata dos benefícios previdenciários, esse princípio ganha uma proteção
ainda maior do que aquela conferida de forma geral, previsto na CF. Reajustamento periódico
afim de recompor o poder de compra do benefício em razão de perdas inflacionárias. Em todo
o mês de janeiro há a atualização de acordo com os índices do INPC, para que não haja (ou não
deva haver) perda do poder de compra. Trata-se do chamado Princípio da preservação do valor
real dos benefícios

4.3. Princípio de que Benefícios Previdenciários Substituem a renda do


Trabalhador (valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-
de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior
ao do salário mínimo – inciso VI):

Salário Mínimo – ou seja, os benefícios não poderiam ser inferiores a um salário mínimo.
Nenhuma aposentadoria (pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-reclusão e salário
maternidade) poderá ser paga em valor inferior ao salário mínimo. Tramita a PEC 287 que visa
a reformar a previdência social trazendo alterações especialmente, no que diz respeito aos
benefícios previdenciários, que não vincula mais o salário mínimo ao benefício de pensão por
morte, de modo que o cálculo que resultar em valor menor que um s.m. será assim concedido,
mas a PEC não seria aplicada aos demais benefícios que substituam a renda do trabalhador. Há
2 benefícios previstos na lei que não tem o condão de substituir salário-família (pago juntamente
com o salário do segurado, pela empresa ou empregador doméstico) e auxílio acidente
(benefício pago ao segurado com caráter de indenização, quando o segurado tiver uma redução
d capacidade que não o incapacite ao trabalho, mas que imponha um maior esforço no
desempenho das atividades, que deverá ser pago até o dia em que vier a se aposentar, valor
que poderá ser menor que um salário mínimo, que será pago conjuntamente com o salário que
receber.
* Inciso I - Fala em universalidade de Participação nos planos previdenciários: (no artigo
194, é a universalidade da cobertura do atendimento – que congrega as 3 espécies da
seguridade: saúde, assistência e previdência, que busca cobrir o maior número possível de
contingência de riscos sociais), diferentemente do que dispõe o inciso I do artigo 2º da Lei 8.213,
que determina somente que todos podem participar de planos previdenciários.
Aula 4

5. Benefícios da previdência social


5.1. Características da Previdência e relações jurídicas que dali emergem.

 Existem duas relações jurídicas:

 Relação Jurídica Tributária/Custeio/Financiamento:

Nessa relação jurídica, há 2 polos: ativo (credor – Poder Público – em se tratando da


previdência social  União <não é o INSS! A partir de 2007 passou a ser a União; a competência
para arrecadar, fiscalizar é da Receita federal, e de normatizar as contribuições sociais
destinadas a seguridade e a própria previdência. Quem executa eventuais débitos da
previdência social não é o INSS, mas a Procuradoria da Fazenda Nacional, em nome da União> e
polo passivo (devedor – Sociedade <os contribuintes>). Nesse caso, a sociedade está no polo
passivo pelo custeio por meio de contribuição social de modo direto, e de modo indireto por
destinação do orçamento da União.

 Há uma segunda relação jurídica, que é a relação jurídica previdenciária prestacional/de


benefícios:

Os polos invertem-se com alguns temperamentos. O poder público passa ao polo passivo,
agora na figura do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social, que é uma autarquia federal)
assumindo a posição de devedor. O polo ativo, no entanto, é ocupado por uma parcela mais
limitada, composta pelos beneficiários (a empresa não é beneficiária, o importador também
não, o empregador doméstico...) da previdência.

 Existem 2 categorias de beneficiários:

Beneficiários diretos = em razão das atividades que exercem ou das


contribuições que recolhem terão direitos aos benefícios previdenciários (segurados).

Beneficiários indiretos = aqueles que não mantem com a previdência uma


relação imediata contributiva, não geram receita a partir da atividade profissional ou
contribuições, mas acabam se beneficiando porque são dependentes de algum segurado e
acontece algum fato gerador que implique os benefícios – pensão por morte e auxílio reclusão
– desde que faleceu ou foi recolhida contribuição, enquanto segurado. Provado isso, o
dependente terá direito de ser beneficiário.

Regime Geral de Previdência Pública  Relação Jurídica prestacional  beneficiários diretos

5.2. Segurados obrigatórios

O artigo 11, da Lei nº 8.213/91, estabelece um rol de segurados obrigatórios do RGPS


(evidentemente, desde que não seja aplicável o Regime Próprio da Previdência Social). Entre o
rol de segurados obrigatórios, destacam-se:
I. Empregado (pessoalidade, habitualidade (não eventualidade),
subordinação e onerosidade/remuneração). É aquele que preenche os
requisitos da CLT, prestando serviços de natureza urbana ou rural a
empresas ou algo que se equipare a uma empresa. Alguns autores
também admitem como característica a alteridade (não participar do
risco do negócio, pois poderia ser considerado como sócio).

Existem figuras que não são propriamente empregados, ex. Cargo em comissão (em
caráter exclusivo) – cargo regulado no estatuto dos servidores públicos, regime não está
regulado pela CLT, não sendo tecnicamente empregado, mas, como está obrigatoriamente
vinculado ao RGPS, é equiparado ao empregado.

Servidor público efetivo sem regime próprio  Dos municípios em que não é vantajoso
(em obediência ao princípio a eficiência) criar um regime próprio, hipótese em que ainda haverá
a necessidade de concursos públicos, tal servidor ingressa por concursos, tem o regime
estabelecido pelo estatuto dos servidores, mas não tem RPPS, sendo aplicado o RGPS, do mesmo
modo, equiparado ao empregado

Outro exemplo é o do detentor de mandato eletivo.

O segurado empregado é um contribuinte? Deve pagar contribuição? Sim, uma


contribuição que deve ser de 8, 9 ou 11% do seu salário de contribuição (não incluindo as verbas
de caráter indenizatório). O responsável pelo recolhimento da contribuição do empregado é a
empresa, que recolhe o valor da parcela correspondente ao empregado, e juntamente com esse
desconto do salário do empregado, encaminha à previdência o valor devido pelo tributo sobre
a folha de salários da empresa. Empresa que jamais recolheu contribuição do empregado, vai
ao INSS para requerer sua aposentadoria, e o INSS indefere o pedido por ter “0” tempo de
contribuição, não havendo nem o cadastro junto ao INSS pela empresa. Nesse caso, não é dever
do empregado promover sua contribuição, cadastro e regularização. Se ele provar sua relação
de emprego, o benefício será devido, porque o descumprimento do dever não pode lhe ser
atribuído, porque o dever não era seu.

II. Empregado doméstico

Presta serviço a pessoa ou família em seu âmbito residencial em


atividade sem fins lucrativos – a atividade que ele presta não tem destinação
econômica para seu empregador, não gera vantagem econômica. A
contributividade do empregado doméstico é a mesma do empregado: 8, 9 ou
11% do seu salário de contribuição, que deve ser recolhido pelo empregador
(que faz esse recolhimento a partir do E-social, que inclui todas as verbas
devidas: FGTS, seguro para demissão sem justa causa 3,2% sobre o salário de
contribuição do empregado, 0,2% para seguro para acidentes de trabalho e,
ainda, a contribuição previdenciária de 8% sobre o salário de contribuição – a
empresa paga sobre tudo, a pessoa/família paga sobre o salário de contribuição
– totalizando 12% devidos pelo empregado doméstico, que serão encaminhados
às entidades competentes pelo E-social – diferentemente dos 20% devidos pela
empresa).

III. Trabalhador avulso (inciso VI)


“Quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de
natureza urbana ou rural definidos no Regulamento (Dec. 3048)”.
Segundo o decreto, normalmente acontece em atividades portuárias
em que se precisa de trabalhadores avulsos: O Órgão Gestor de mão de obra
(OGMO) ou o sindicado da categoria profissional faz a ligação entre
(intermedeia) o tomador final do serviço e o trabalhador. O tomador paga para
o OGMO o valor do serviço, mas o valor de sua contribuição para a Previdência
(20%) e repassa para o avulso, recolhendo 8, 9 ou 11% sobre o seu salário de
contribuição.

IV. Segurado especial (inciso VII)

É o trabalhador rural (desenvolve atividade em áreas de até 4 módulos


fiscais – a medida varia conforme o local/município; em regime familiar: todos
os membros do grupo familiar sejam necessários para o desenvolvimento da
atividade – é aquela economia quase que de subsistência, não se pode ter
empregados permanentes, pode, por exemplo, em período de colheita) ou
pescador artesanal que desenvolve atividades individualmente ou em regime de
economia familiar. O reconhecimento da condição segurado se dá pelo
desempenho da atividade, e não pela contribuição.

Deixa de ser segurado especial, o membro de família que passe a


desenvolver outra atividade, assumindo uma nova condição perante a
previdência, passando a ser previdência e não interferindo nos ganhos da
família: os ganhos dele, são só dele, por exemplo; os demais não deixam de ser.
Não é segurado especial aquele membro do grupo que recebe benefício
previdenciário de qualquer natureza, exceto pensão e auxílio acidente de até
um salário mínimo. §§7º, 8º e 9º - definem a manutenção ou perda da qualidade
de segurado especial.

Existe uma grande vantagem que a lei confere aos segurados especiais
(art. 39), faz jus a 7 benefícios previdenciários, independente de contribuição!
São eles: auxílio-doença, auxílio-acidente (1/2 s.m.), aposentadoria por
invalidez, aposentadoria por idade, salário maternidade, pensão por morte e
auxílio reclusão (excluindo o auxílio-acidente, os demais beneficiados fazem jus
a 1 salário mínimo), para isso, terá que provar ser segurado especial pelo mesmo
período exigido para a carência desse benefício.

V. Contribuinte Individual (inciso V)

Pode ser considerado o trabalhador autônomo, aquele que presta


serviço de natureza urbana ou rural sem vínculo de emprego e sem
subordinação, mas também pode ser o empresário, sócio de uma empresa, são
todos contribuintes individuais.

Como regra geral, o autônomo terá uma contribuição de 20% sobre o


seu salário de contribuição. Normalmente quando se fala de um autônomo
prestador de serviço para pessoa física, não tem, a PF, que pagar qualquer
contribuição patronal, não assumindo a PF contratante a obrigação de reter a
remuneração do autônomo e repassar, quem deve fazer esse repasse é o
próprio autônomo, por isso os 20% - Lei 8212/91. Quando o autônomo presta
serviços à empresa, essa situação se modifica, porque quando uma empresa
contrata um autônomo ela é considerada prestadora de serviço, e deve pagar a
contribuição de 20% sobre a folha de salários, de modo que a contribuição do
autônomo pode cair para 11%. E se a empresa prestar serviço de caráter
filantrópico? Nesse caso, apesar de se tratar de uma empresa/entidade, como a
empresa não vai pagar a contribuição de 20% em decorrência de imunidade
constitucional prevista no artigo 195, quem vai pagar será o trabalhador
autônomo, mas quem vai fazer o recolhimento da contribuição do segurado não
será mais ele próprio, e sim, a empresa.

O contribuinte individual que presta serviço para Pessoa física, pode ter
sua contribuição diminuída para 11%, desde que esse valor incida sobre 1
salário mínimo, a consequência é que ele abre mão da aposentadoria por tempo
de contribuição, mantendo, no entanto, os outros benefícios, que serão de 1
salário mínimo. Pode ser, que o contribuinte individual pague apenas 5% do
valor sobre 1 salário mínimo, desde que seja regularizado como
Microempresário individual nos termos da LC 123.
É obrigatório, mas a vinculação com a Previdência depende de uma vinculação
do próprio contribuinte.

* A pessoa física não tem o dever de recolher a contribuição, a empresa tem.

VI. Segurado Facultativo (artigo 13)

Maior de 16 anos que não esteja vinculado como segurado obrigatório


de qualquer regime de previdência pública – ou seja, não pode estar abrangido
no artigo 11, nem no RPPS. Tem comportamento idêntico ao contribuinte
individual – deve pagar os 20% sobre o salário de contribuição de quanto ele
quiser (do mínimo ao teto), podendo incidir sobre 11% de 1 salário mínimo,
sendo excluído da aposentadoria por tempo de contribuição e percebendo
benefícios no valor de 1 s.m. Ou, também, 5% de um salário mínimo, se estiver
inserido no contexto de família de baixa renda e estar inscrito no programa do
governo de cadastro único, inserido nas mesmas condições de incidência do
contexto anterior: excluído da aposentadoria por tempo de contribuição e
percebendo o benefício de 1 salário mínimo.
Aula 5

6. Manutenção e Perda da Qualidade do Segurado

Perda da condição de segurado > perderia por deixar de trabalhar? Já que a condição de
segurado é adquirida a partir das contribuições, que, via de regra, começam com o trabalho?

- A previdência é preocupada com a situação de desemprego (art. 201, CF). Se o desemprego é


um risco social de preocupação previdenciária não seria tão lógico que aquele que deixa de
trabalhar ou de recolher as contribuições automaticamente perdesse a condição de segurado.
Dentro desse cenário, o artigo 15 da Lei 8.213/91 trabalha com a manutenção e perda da
qualidade de segurado (estabelece situações em que mesmo que não contribua, a pessoa
mantém a qualidade de segurado), são 6 hipóteses:

6.1. inciso I - quem está recebendo benefício, enquanto estiver recebendo – para que se
mantenha recebendo, o benefício tem que ser recebido em razão de ser um segurado. Ou seja,
existem alguns benefícios que são recebidos pelos dependentes (aqueles que mantem com a
previdência uma relação reflexa, dependente, mediata) recebendo benefício quando é
demonstrada a relação com um segurado, e esse vem a falecer ou ser recolhido pela prisão.
Esses benefícios, por si só, não determinam o dependente como segurado. Esse benefício de
que se trata, é exclusivamente em favor do próprio segurado, que mesmo não contribuindo é
mantido na contribuição do segurado (por exemplo, enquanto recebe um auxílio-doença); por
tempo indeterminado. Em função desse inciso é que temos a justificativa para que alguém que
venha recebendo uma aposentadoria e faleça, gera aos dependentes a pensão por morte, visto
essa disposição quanto à manutenção do benefício, enquanto ele está recebendo, é segurado,
e se falece nessa condição (segurado) o benefício permanece.

6.2. inciso II – aquele segurado obrigatório (art. 11 – empregado, doméstico, avulso,


contribuinte individual, segurado especial); é mantido na condição de segurado por 12 meses
após cessadas as contribuições ou atividade ou, ainda, quando é licenciado do trabalho sem
remuneração. Significa que se alguém vem trabalhando normalmente por 3 anos, por exemplo,
é demitido ou pede demissão, licenciado, não importa o motivo, a partir do momento em que
ele é desligado, começa a contagem do período de “graça” ou de manutenção, de 12 meses, de
modo que se algo lhe acontecer dentro desse período, ele será beneficiário da previdência,
tendo trabalhado por 12 meses, e ficando incapacitado por 7 meses, tem direito ao recebimento
do benefício por até 12 meses – o período de carência para o percebimento foi cumprido com
sobra (é de 12 meses e a pessoa, no exemplo, já estava trabalhando por 3 anos. Só aplicável aos
segurados obrigatórios

6.3. inciso III – caso de doença de segregação compulsória, quando cessada a segregação, o
segurado ainda tem um período de graça de 12 meses, em que é mantido na condição de
segurado e protegido pela previdência se algo lhe acontecer.

Para ser mantido na condição de segurado, seria preciso estar na condição de segurado antes
da condição ocorrer.

6.4. inciso IV – é mantido na condição de segurado por 12 meses aquele que tem o
livramento da pena de reclusão – precisava ser segurado antes de ser recolhido à prisão. Não se
adquire a condição de segurado por estar preso (o auxílio reclusão é pago aos dependentes é
pago em razão do recolhimento à prisão de um segurado de baixa renda, e é preciso que o preso
fosse contribuinte no momento), uma vez havido o livramento (ou até mesmo fugindo da
cadeia), abre-se o prazo para a contagem dos 12 meses.

6.5. inciso V – incorporado às forças armadas – cessado o serviço militar obrigatório, o


segurado é mantido nessa condição por 3 meses.

6.6. inciso VI – segurado facultativo que para de contribuir  terá um período de graça de 6
meses (é mantido na condição de segurado por esse período).

O Decreto 3048/99 avança um pouco no inciso II, trazendo que aos segurados
obrigatórios é garantida a manutenção dos benefícios do segurado, além da hipótese de cessada
a contribuição, pelo período de 12 meses ainda, após cessar o benefício por incapacidade

 Existem ainda, duas hipóteses de prorrogação desse período de graça, previstos nos
§§1º e 2º do artigo 15, sendo absolutamente restritas aos segurados obrigatórios (aos
prazos definidos no inciso II – para os segurados obrigatórios que param de trabalhar ou
param de contribuir):

§1º: Período de graça de 12 meses previsto no inciso II, passa a ser de 24 meses,
quando o segurado obrigatório no momento que deixa de trabalhar ou contribuir, tenha
mais de 120 contribuições sem interrupção, que tenha acarretado a perda da qualidade
de segurado (p.q.s.) – não precisa ser 120 contribuições seguidas, mas sem que tenha
se deixado de implicar a perda da qualidade de segurado – tem que ter mais de 120
contribuições (121+).

A hipótese do §1º aplica-se mesmo que haja interrupções do período


contributivo, mas desde que estas interrupções não tenham sido capazes de gerar a
perda da capacidade de segurado, se essas interrupções geraram a perda, começa-se a
contar tudo de novo, afim de perceber esse benefício de 24 meses.

§2º: Será mantido por + 12 meses. o segurado desempregado que comprovar


essa situação de desemprego por registro no órgão responsável do Ministério do
Trabalho. Normalmente, quem faz esse registro é aquele que tem direito ao seguro
desemprego. Mas nada impede que eu peça minha demissão e a registro no Ministério
do Trabalho.

Portanto, para um segurado obrigatório, o período de graça pode durar até 36 meses. A hipótese
do §1º não exclui a do §2º e vice-versa.

O período de graça se conta em meses, não em dias! A contagem começa no mês seguinte ao
que parei de contribuir- parei de trabalhar em 2 de julho, a contagem só começa a ser contada
em agosto.

§4ª Empregado, 15 anos na mesma empresa (+ de 120 contribuições ininterruptas), demitido


sem justa causa, e pegou o seguro desemprego (regularizado perante o Ministério do Trabalho).
+ 12 meses pelo nº de contribuições + 12 pelo registro no MT, além dos 12 por ser segurado
obrigatório = direito a 36 meses de período de graça
15 de julho 2014 agosto/14 agosto/17 15/09/2017 (se for útil)
--------I-------------------------I---------------------I------------------------I-------------16/09/2017 (perda)
Demissão começa contar término período pgto perda após 1º dia útil
período graça período graça contribuição após prazo de pgto.

Se falecer no dia 15/09/2017, os dependentes perceberão o benefício, porque ainda era


segurado, nos termos do §4º, se, no dia 16, os dependentes já não seriam beneficiários pela
perda da qualidade de segurado.
Aula 6

7. Dependentes Previdenciários

Lei 8.213/91  Art. 16.

Os dependentes previdenciários são divididos em 3 categorias/classes distintas, e cada uma


delas, exclui e outra. Esse caráter excludente vem previsto no §1º do artigo 16, que ainda
estabelece a ordem de preferência: 1º: inciso I, 2º, inciso II, 3º, inciso III. Não é possível
dependentes de classes diferentes dividirem o mesmo benefício.

7.1. Dependentes de 1ª classe

Cônjuge/ Companheiro (a)


Filhos menores de 21 anos não emancipados ou inválidos
Filhos portadores de deficiência mental ou intelectual ou qualquer deficiência física
que seja grave

- Cônjuge/Companheiro (a): Para o cônjuge, o casamento precisa ser necessariamente validado


por meio de negócio jurídico, e o companheiro, aquele que vive em união estável (§3º, art. 226,
CF).

Que tipos de problemas podemos ter aqui?

 Seria viável para fins previdenciários, o reconhecimento da condição de dependentes


nas hipóteses das uniões de pessoas do mesmo sexo, homoafetivas? Com certeza!
Desde o ano 2000 já existe comando normativo determinando que o INSS já
reconhecesse as uniões homoafetivas para fins previdenciários. O problema antes da
decisão do STF que possibilitou a formalização no âmbito cível era a prova, mas era feita
no administrativamente.

 Será que é possível o ex-cônjuge ou o ex-companheiro ser considerado dependente para


fins de pensão por morte?

A Lei 8213/91 trata em seu artigo 74 sobre esse assunto em relação ao ex-cônjuge e ao
ex-companheiro (a), dispositivo esse que também é aplicável no caso de auxílio-reclusão.
Determina que o ex-cônjuge/ex-companheiro (a) podem figurar como beneficiários de
primeira classe caso comprovem que no momento do óbito recebiam pensão alimentícia.

O §4º do artigo 16 estabelece a presunção de dependência econômica para aqueles


que estejam na primeira classe – não precisam provar, para eles, a lei presume, salvo no
caso do ex-cônjuge/ex-companheiro (a). Esse conceito de pensão alimentícia é objeto de
interpretação no Judiciário, às vezes, é ampliado, abrangendo qualquer nível de auxílio
financeiro, material, prestado (seja pagando aluguel, seja pagando plano de saúde –
verificado auxílio concreto e habitual), a pessoa estaria autorizada a pleitear o benefício.

José recebe R$5000,00, era casado, separa da mulher, mas continua auxiliando-a com 20%
do seu salário: R$1000,00 (nesse sentido, tem prova de dependência econômica). Após um
período, conhece outra mulher e vive com ela uma união estável (não precisa provar
dependência econômica), não formaliza (não casa). Maria, ex-cônjuge, pleiteia a pensão por
morte junto ao INSS e tem seu pedido deferido; Joana, que com José vivia em união estável
faz o mesmo pedido, o qual é indeferido. Joana, então, ingressa com ação contra o INSS e
contra Maria, sendo devido, devido às circunstâncias fáticas, R$2.500,00 para cada mulher.
A pensão por morte será dividida em quantos quinhões existirem em relação a quantidade
de habilitados.

- Filhos (de qualquer condição: adotivos, naturais) são considerados dependentes


previdenciários até os 21 anos (frente ao Código Civil, a lei 8.213/91 é considerada lei
especial, de modo que o CC, apesar de posterior, não tem o condão de revoga-la), salvo se
forem emancipados. Se estiver emancipado, perde a condição de dependente
previdenciário.

* Inválidos  a invalidez aqui tratada, é a invalidez previdenciário (e não a civil, nada


tendo haver com a capacidade civil, mas a previdenciária – capacidade de exercer atividades
profissionais que garantam a subsistência do indivíduo, é a invalidez para o trabalho – pode,
nesse contexto, ter capacidade civil plena, o que importa é a capacidade previdenciária).
Essas condições têm que ser verificadas no momento do óbito.

Filho maior que 21, com 31 anos sofre um acidente e se aposenta por invalidez, 10 anos
depois, seu pai vem a falecer e era segurado, e ele se habilita da pensão por morte porque
era dependente e inválido. O INSS vai indeferir, pois tem normas internas que diz que para
ter o direito como filho inválido, é preciso que a invalidez tenha ocorrido antes dos 21 anos,
pois a partir do momento em que complete os 21 anos e seja 21 anos não tem mais direito
– condição de dependente enquanto filho acabou -, porque poderia ser capaz de prestar a
sua contribuição à previdência e praticar atos que garantam a sua própria pensão futura, o
que de fato aconteceu. Nesse momento, recorre-se ao judiciário, que entende que esse
regramento interno do INSS que diz que a invalidez seja antes dos 21 não procede, tem que
ser antes da morte. Mas, se ele está recebendo uma aposentadoria por invalidez em razão
da incapacidade que ele tem, não se pode mais presumir sua dependência economia, de
modo que essa dependência deverá ser provada. Há uma quebra no princípio da presunção
de dependência do filho maior de 21 anos que receba aposentadoria por invalidez.
Comprovado que esse benefício não é suficiente para manter o padrão em que viviam
enquanto dependente dos seus pais, deverá ser deferido.

** §2º - traz os equiparados a filhos (mediante declaração do segurado – não precisa dizer
quem é equiparado a filho): o enteado e o menor sob tutela (a tutela é sempre para menores
de 18 anos que se vejam desprovidos do poder familiar – não é o menor sob guarda). Essa
equiparação se dá desde que comprovem dependência econômica, uma vez demonstrada,
ingressam e concorrem com todos os demais dependentes de primeira classe.

7.2. Dependentes de 2ª classe

Pais (adotivo ou natural) do segurado. Se no momento do óbito ou do recolhimento


já há alguém na primeira classe, nem se analisa eventual direito de 2ª classe. Para que haja
direito, é preciso que não haja 1ª classe. Além disso, não se aplica a presunção de
dependência econômica, ela deve ser provada.

Mãe, vivia com filho, prova dependência econômica e recebe a pensão por morte. Mas,
depois do óbito, uma investigação de paternidade chega ao fim, e descobre-se que o falecido
tem um filho menor (dependente de 1ª classe), nesse caso, extingue o direito da mãe do
segurado e o filho passa a ser o único dependente e passa a receber o direito sozinho. Nem
quando o filho fizer 21 anos a mãe não volta a receber. Uma vez que alguém da 1ª classe
passa a receber, alguém da 2ª classe nunca mais vai receber o benefício.

7.3. Dependentes de 3ª classe

Irmãos menores de 21 anos não emancipados ou inválidos ou irmão portador de


deficiência mental ou intelectual ou física de natureza grave. Não existe equiparado a irmão,
somente irmão (adotivo ou natural), é preciso, portanto, que prove que haja a dependência
econômica em relação ao segurado que veio a falecer ou que foi recolhido à prisão e que
não haja ninguém da primeira ou segunda classe.

 Não existe pensão para neto/avô.


Aula 7

8. Carência (arts. 24 -27, Lei 8.213/91)

É segundo a lei previdenciária no art. 24 o número mínimo de contribuições mensais


indispensáveis para a concessão de um benefício previdenciário. É a regra geral. Cada benefício
terá uma exigência específica, de modo que a lei determina o número mínimo de contribuições
sem as quais, o benefício não é concedido. Essa regra que determina o cumprimento da carência
é, no entanto, excepcionada em vários casos.

Importante ter a consciência de que carência não pode ser confundida com tempo de
contribuição, podem até se assemelhar, mas há situações em que a lei permite que determinado
período seja computado como tempo de contribuição, mas não seja computado para fins de
carência – em outros casos, períodos que podem ser computados para carência, mas não podem
ser computados para tempo de contribuição.

O tempo de contribuição (art. 55) é um conceito específico que se aplica a uma única espécie de
benefício previdenciário, que é a aposentadoria por tempo de contribuição; enquanto a carência
é um conceito geral (arts. 24 -27).

A carência se traduz em contribuições efetivamente recolhidas ou presumidamente recolhidas


 porque alguns dos segurados tem as contribuições recolhidas pelo tomador de serviço.
Nesses casos, tendo havido pagamento de salário ou de remuneração, presume-se que houve o
recolhimento.

8.1. Prazos de Carência (art. 25)

8.1.1. Inciso I. Auxílio doença e aposentadoria por invalidez

 Tanto o auxílio doença quanto a aposentadoria por invalidez exigem uma carência de 12
contribuições mensais, ou seja, para que qualquer um desses benefícios possa ser concedido
é preciso que o segurado comprove no momento em que a incapacidade para o trabalho
surge, que está com 12 contribuições mensais ativas, vigentes. Se isso não acontecer, ele
não terá direito ao benefício, porque não houve o cumprimento do requisito carência.

 Esses benefícios exigem: Incapacidade para o trabalho (seja temporária – auxílio doença;
seja permanente – aposentadoria por invalidez) e o cumprimento do período de carência de
12 contribuições mensais. Analisado no momento em que a incapacidade surge, e não
quando é requisitado no INSS. Pode ser que uma pessoa espere o momento para pedir um
dos benefícios contribuindo até que possa efetivamente completar o período de carência, o
que seria uma burla ao INSS, por isso é analisado quando da incapacidade. Esta é a regra
geral para esses benefícios.

Há, no entanto, 3 situações em que essa carência será dispensada, o que será visto mais a frente.
8.1.2. Inciso II. Aposentadoria por tempo de contribuição; Aposentadoria por
idade; e Aposentadoria especial.

Para esses 3 benefícios a legislação determina ser observada a carência de 180 contribuições
mensais.

- Qual o sentido de se exigir a carência de 180 contribuições mensais para um benefício que tem
como regra essencial 35 anos de contribuição para homem e 30 anos de contribuição para a
mulher?

 Não podemos confundir tempo de contribuição e carência!!! Há períodos que são


considerados como tempo de contribuição, mas que não foram efetivamente recolhidas
contribuições, de modo que não se pode contabilizar para fins de carência.

Um exemplo disso, está no artigo 55, §2º da Lei: O tempo de serviço do segurado trabalhador
rural, anterior à data de início da vidência

25 anos  vale como contribuição 12 anos de CTPS

--I-------------------------------------------------------------I----------------------------------------I

1965 1990 2015

Pelo teor da lei, ele tem 37 anos de contribuição. Ele cumpriu esse requisito. No entanto, o
período anterior à vigência da lei (os 25 anos) não vale para fins de carência, de modo que o
período anterior a 1991, não vale para fins de carência, tendo somente 144 contribuições
mensais para fins de carência, de modo que o benefício será indeferido pelo não cumprimento
de um dos requisitos essenciais: carência.

 O período militar obrigatório, em que não há cumprimento de obrigações, vale para


tempo de contribuição, mas não vale para efeitos de carência.

A lei atribui a determinado período ser computado como tempo de contribuição, mas não como
carência:

Quando um segurado desenvolve, ao longo de um determinado período, atividades com


exposição à agentes nocivos físicos, químicos ou biológicos, dizemos que essa pessoa trabalhou
em atividade especial. E a aposentadoria especial é devida a esse segurado quando ele contribui
por um tempo mínimo de 15, 20 ou 25 anos. Supondo que ele desempenhou por 10 anos
atividade com ruídos elevados, acima de 80 decibéis.. 10 anos não são suficientes para a
aposentadoria especial, mas o §5º do artigo 57 da Lei permite que esse período seja convertidos
para período comum, para a modalidade de aposentadoria por tempo de serviço. Como o ruído
permite a concessão de aposentadoria após 25 anos, a porcentagem de conversão é de 1,4.
Aqueles 10 anos x 1,4 valerão 14 anos. Esses 4 anos de acréscimo valem para tempo de
contribuição ou carência? Somente para tempo de contribuição! Não se prestam para fins de
carência.

A carência traduz-se em dinheiro, ao dinheiro recolhido ou presumidamente recolhido.

** Esse artigo 55, em seu inciso II, infere que valerão como tempo de contribuição os períodos
em que o segurado recebeu benefícios por incapacidade (aposentadoria por invalidez ou auxílio
doença), valendo, portanto, esses períodos intercalados. Para valer como tempo de contribuição
ele tem que ter contribuído antes da concessão do benefício e voltado a trabalhar depois:

Trabalha concessão de benefício Volta a trabalhar

----I------------------------------I≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈I--------------------------------I----

5 anos 5 anos 5 anos

Como regra, esse período não vale para fins de carência. Não obstante ao
entendimento do INSS, no ano de 2009 foi ajuizada uma ACP pelo MPF
(ACP20097100004103-4), por meio dessa ACP o MPF buscava um
provimento jurisdicional que determinasse ao INSS o reconhecimento dos
períodos intercalados – em que se concedera aposentadoria por invalidades
ou auxílio doença – também para fins de carência, ao argumento de que se
vale para o tempo de contribuição, vale para contribuição. Em primeira
instância, o juiz de POA compreendeu que o MPF não detinha legitimidade
para figurar no polo ativo da demanda, porque não estaria representando
interesses coletivos, ainda que homogêneos, mas individuais. Sentença de
extinção do feito sem resolução do mérito. Recorreu o MPF e o TRF da 4ª
região ao analisar o recurso entendeu que o MPF era legítimo e no mérito
entendeu que tinha razão o pedido, julgando procedente o pedido,
determinando com isso que o INSS passasse a reconhecer esses períodos
intercalados também para efeito de carência. Dessa decisão do TRF4, houve
recurso especial e o STJ no ano de 2014/2015 decidiu essa questão e manteve
o acórdão do TRF quanto ao mérito (sim, vale para efeitos de carência),
ocorre que o STJ entendeu que por se tratar de uma ACP deveria ser aplicado
o artigo 16 da lei 7347/65, que trata dos limites subjetivos da coisa julgada
no âmbito de ações civis públicas. Essa ACP teria repercussão ou efeitos
nacionais ou efeitos limitados a região em que foi interposta a ação e
julgada? Entendeu o STJ que deveria estar limitado ao TRF da 4ª região,
portanto limitado aos estados de SC, RS e PR. O INSS, por meio de sua
procuradoria, embargou de declaração, dizendo que deveria se limitar a
porto alegre, mas o STJ entendeu que apesar de ter sido ajuizada em POA,
quem deu a decisão em ACP que foi mantida pelo STJ foi o TRF. Transitou em
julgado a ACP e agora temos a situação de que o auxílio doença e
aposentadoria por invalidez valem para tempo de contribuição, mas também
para efeitos de carência apenas na região do TRF da 4ª região, estando
inserido em instrução normativa – os limites subjetivos da coisa julgada na
ACP ficam circunscritos na base territorial do órgão prolator da sentença, que
é o TRF4.
 Então, dependendo do estado, podemos ter uma decisão diferente da outra.

Há ainda uma situação específica para esses 3 benefícios no que se refere ao regramento da
carência.

Nem sempre a carência para esses benefícios (aposentadoria por idade, aposentadoria por
tempo de contribuição e auxílio-doença) foi de 180 c.m. Antes da Lei 8.213/9 (de 24 de julho de
1991), a carência exigida para esses benefícios era de 60 contribuições mensais.

Vamos supor que Tício, no dia 24 de julho de 1991, possuísse 65 anos de idade e 60 c.m. e não
pediu a aposentadoria por idade. Eis que passa a vigorar a Lei 8.213/91 que passa a requerer
180 contribuições mensais – Tício terá que cumprir as 180 contribuições para se aposentar?
Antes da lei nova, com o regramento da lei vigente, ele poderia se aposentar? A resposta sendo
positiva, impõe que nós reconheçamos que ele já havia alcançado os requisitos para aquisição
de seu direito adquirido (o que, no caso, houve). Direito adquirido é aquele que passa a integrar
o patrimônio a partir do momento em que se cumpre todos os requisitos e exigências de
determinada lei, durante o seu período de vigência – de modo que, ainda que a lei foi revogada
por lei que apresente requisitos diferentes, a lei antiga ultra age, podendo ser invocada para fins
de concessão de aposentadoria.

O inscrito no RGPS até 24/07/1991, mesmo que nessa data não mais apresente condição de
segurado, caso restabeleça relação jurídica com o INSS e volte a ostentar a condição de segurado
após a Lei 8.213/1991, tem direito à aplicação da regra de transição prevista no art. 142 do
mencionado diploma, devendo o requisito da carência, para a concessão de aposentadoria
urbana por idade, ser definido de acordo com o ano em que o segurado implementou apenas o
requisito etário – e não conforme o ano em que ele tenha preenchido, simultaneamente, tanto
o requisito da carência quanto o requisito etário (Info 539, STJ)

Supondo agora, que Tício tinha 65 anos de idade e apenas 59 contribuições e no mês de julho
vem a lei nova e determina o período mínimo de 180 c.m. para a carência. Nesse exemplo, tinha
Tício cumprido todos os requisitos para a concessão da sua aposentadoria? Não. Diante disso,
faltando apenas 2 meses para completar o período de carência, Tício, agora, depende de mais
122 meses de contribuição para a aquisição do benefício (10 anos e 2 meses de contribuições).
Nesse caso, não há direito adquirido que possa ser invocado para proteger direito adquirido.
Porque o direito adquirido é protegido, e não a expectativa de direito. É, felizmente, tradição no
sistema previdenciário, quando ocorre uma grande ruptura de regramento, que a lei nova
estabeleça uma regra de transição, que tem como escopo não garantir o direito adquirido (visto
que ele já é protegido constitucionalmente  art. 5º, XXXVI), o que normalmente as regras de
transição fazem é suavizar o impacto de uma regra nova menos favorável. Neste caso específico,
a regra de transição está prevista no artigo 142, da Lei 8.213/91, que determinou a observação
de tabela levando em consideração o ano em que o segurado implementou todas as condições
necessárias para implementar o benefício que postulam. Aplicável aos segurados que já estavam
no sistema, que detinham uma expectativa que fora frustrada, com intuito de preservar essas
expectativas, podendo se aposentar, ainda, com menos de 180 contribuições mensais, conforme
evolução da contribuição mensal exposta na tabela. Desse modo, na tabela, prevê ainda para
1991 e 1992 60 contribuições mensais, de modo que mesmo com a mudança, Tício conseguirá
sua aposentadoria.
 Aquele segurado que provar hoje em 2018, que os requisitos foram cumpridos no ano
2000, a carência que se exigirá dele, será a do ano 2000 – desde que, evidentemente,
tenha ingressado no sistema ANTES da Lei 8.213/91.

8.1.3. Inciso III – Salário-maternidade

 Benefício devido aos segurados em virtude de parto, adoção ou guarda (judicial para fins de
adoção). Não é mais exclusivo às mulheres, os homens também podem ter esse benefício
nas hipóteses previstas em lei.

 A lei estabelece o período de carência de 10 contribuições mensais – porque a gestação dura


em média 9 meses – para evitar que uma mulher que engravide passa a iniciar a vida
contributiva após isso e ter o direito ao benefício mais para frente. Essa carência só é exigida
para 3 tipos de segurados:

 Contribuintes individuais
 Segurados facultativos; e
 Segurados especiais

no momento da ocorrência do fato gerador do benefício (parto, adoção ou guarda).

O artigo 25, III, teve redação dada pela lei 9.876/99. Relativamente ao segurado especial, o
artigo 39, p. único estabelece a regra de que a segurada especial fará jus desde que comprove
o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período de 12 meses imediatamente
anteriores ao do benefício – haveria uma antinomia entre os artigos? O artigo 39 tem redação
de 1994 e o artigo 25, de 1999 – de modo que lei posterior revoga lei anterior naquilo que
dispuser em contrário, sendo de mesma natureza, de modo que o prazo foi revogado,
mantendo-se íntegro o p. único do artigo 39 porque impede de que o segurado especial aufira
o benefício sem efetuar qualquer contribuição mensal. Por isso, ele deve provar o período
trabalhado de 10 meses no momento imediatamente anterior à concessão do benefício.

O que vale hoje é o prazo de 10 meses do artigo 25 + combinado com o p. único do artigo 39
para a comprovação dessa atividade.

** Regra que passou a vigorar a partir da MP 767/2016, que foi convertida


em Lei em 2017 (Lei nº 13.457/17): revogou a regra do artigo 24, parágrafo
único, que trazia a chamada “regra do terço = 1/3”, que era aplicável
somente no inciso primeiro e no terceiro. O parágrafo único dizia que quando
houver perda da qualidade do segurado e for novamente filiar-se na
qualidade de segurado, deverá cumprir o período de 1/3 de contribuição para
poder ser beneficiado pelos benefícios previstos nesses incisos, para que as
contribuições anteriores à perda da qualidade de segurado possam ser
somadas e aproveitadas.
= 12 meses perda qualidade segurado 1, 2, 3, 4 cont.  direito ao benefício*

----I----------------I....................................I------I--I--I--I----------------------------

12 + 4 meses de c.m.  já satisfaz o direito ao auxílio-doença.

 no caso de salário-maternidade seriam exigidas apenas 3 contribuições, porque seria


1/3 de 10 meses exigidos para a concessão do benefício. Permitia-se, portanto, que não
se cumprisse integralmente o período de carência para aquisição desses benefícios em
nova filiação, somados os períodos anterior e posterior à perda da carência. Não era
aplicável ao inciso II, porque para os benefícios de aposentadoria, a perda da qualidade
de segurado não tinha influência.

 A Lei nº 13.457/17 trouxe o artigo 27-A, que trata que para as hipóteses dos incisos I e III
em nova filiação, precisa ser cumprida integralmente o período de carência para obtenção
do benefício.
Aula 8

9. Carência e Salário Benefício

9.1. Contagem do prazo de carência

É um meio de evitar que um segurado que nunca se precaveu, pagar tudo de uma vez e
aproveitar os benefícios.
Art. 27:

Inciso I. Aplicável aos empregados, trabalhadores avulsos e aos empregados domésticos


(LC 150)

 Período a partir da data da filiação ao regime geral de previdência (o mês em que começa
já é considerado para fins de carência, mesmo que a contribuição seja a ser proporcional).
A filiação ocorre a partir do momento em que passam a exercer atividade.

Inciso II. Aplicável aos contribuintes individuais, segurados facultativos e segurados


especiais quando esses optam por contribuir.

 A carência passa a ser contada da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem
atraso, e as próximas a se pagar, não sendo contadas as contribuições recolhidas com atraso
referentes a competências anteriores. Antes, o empregado doméstico estava inserido nessa
categoria.

Contribuinte individual que nunca fez contribuição  paga as 180 de uma vez só e amanhã tem
direito aos benefícios, pode? Para fins de carência, ele tem apenas uma contribuição, pois pagou
em dia. Todas as outras valem para tempo de contribuição, mas não para carência.

9.2. Dispensa de carência (art. 26)

Inciso I. Pensão por morte, Auxílio-reclusão, Salário-família e Auxílio-acidente

 Os benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão devidos aos dependentes dispensam


carência.
Salário-família é pago pela própria empresa, que depois se restitui junto ao INSS.

Inciso II. Auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, quando a incapacidade se originar


de 3 situações:

1) Acidente de qualquer natureza ou causa


2) Doença ou moléstia profissional
3) Doença grave  prevista em lista do Ministério da Saúde, atualizada a cada 3 anos
Basta que a pessoa seja um segurado no momento do acidente/doença.
Inciso III. Benefícios elencados no artigo 39.

Inciso IV. Serviço Social

Inciso V. Habilitação/Reabilitação profissional

Inciso VI. Salário-maternidade

 Para segurados empregados, domésticos e trabalhadores avulsos. Basta ser segurado no


momento do parto ou da guarda judicial para fins de adoção.

Obs. A carência, quando é exigida, é de 10 contribuições mensais, mas e se o parto for


antecipado? Antecipa-se a carência em quantos meses forem antecipados (a carência vai ser
sempre uma contribuição do que o número de meses de gestação.

10. Salário-de-benefício (arts. 29 – 32)

 É uma fórmula que chega a um número, que será a base para o valor final do benefício que
será concedido, que seria a renda mensal inicial do benefício. Não será necessariamente
igual à renda do benefício, visto que alguns tem a renda proporcional, ex. auxílio-doença 
91%.

Deverá utilizar como base os Salários-de-Contribuição, cujo tratamento legal está no artigo 28
da Lei 8.212/91 - §§8º e 9º.

 Existem algumas verbas ainda que de caráter remuneratório que não são considerados
salário-de-contribuição. Os benefícios previdenciários, como regra, não são considerados
como salários-de-contribuição para fins de incidência da contribuição. A única exceção aqui
é o salário-maternidade – é a única prestação previdenciária sobre a qual incide a
contribuição do segurado.

Existem 2 vieses do salário-de-contribuição  considerado para fins de incidência da


contribuição e para cálculo do salário-de-benefício.

13º salário ou gratificação natalina  para fins de incidência de contribuição, o


13º é base (porque quando se aposentar receberá uma gratificação, um abono anual –
que é o 13º). Mas na hora de se calcular um benefício (o salário-de-beneficio) os 13ºs
da vida do segurado não serão calculados, porque é para aferir uma história contributiva
que reflita a história remuneratória do segurado, e existe uma regra que define que o
13º deve corresponder ao mesmo pago em dezembro, não fazendo uma média dos
outros salários. Visto isso, a média que se busca com o salário-de-benefício não pode
ser alcançada calculando-se também o 13º, pois não é determinado de acordo com uma
média, e sim, a reprodução do pagamento do mês de dezembro, de modo que na hora
de calcular o benefício ele não entra.

 O salário-de-benefício leva em consideração o salário-de-contribuição. A lei determina que


ao se utilizar os salários-de-contribuição, deve-se proceder a sua atualização monetária para
a data do cálculo (contribuições pretéritas para valores presentes), atualizado conforme o
INPC.

 O salário de benefício consiste na média aritmética das 80% maiores contribuições


prestadas pelo segurado.

Se o segurado começa a contribuir em julho de 1994 e vai até março de 2017, vai totalizar
quantas contribuições mensais?
De julho até dezembro: 6 meses
Janeiro até março: 3 meses
Janeiro a dezembro de 1995 até 2016: 22 anos  22x12 = 264
264 + 6 + 3 = 273 contribuições mensais.
0,8 x 273 = 218,4 (como é menor que 0,5, arredonda pra 218)
Então, se pega o valor das 218 maiores contribuições e divide para obter a média.

Isso vale para todas as situações previstas na lei? Não!


No inciso II, nas situações de aposentadoria por tempo de contribuição (aplicação também da
fórmula 85/95) e na aposentadoria por idade (de modo facultativo), multiplica-se esse valor
obtido pelo fator previdenciário, que pode aumentar ou diminuir (o que geralmente acontece) o
valor salário-de-benefício.

Fator previdenciário: Fórmula matemática baseada em 3 grandezas:


Tempo de contribuição
Idade
Expectativa de sobrevida
Quanto mais jovem o segurado for no momento da aposentadoria, menos
renda mensal ele recebe.
Aula 9

11. Salário de benefício e fator previdenciário

O período básico de cálculo começa a partir de julho de 1994 e vai até a data de entrada do
requerimento. Quando no meio do período básico de cálculo, o segurado tiver recebido
benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, diz o artigo 29, §5º, da Lei 8.213/91:
quando no período básico de cálculo tiver o segurado recebido benefícios por incapacidade, a
sua duração será contada, o tempo de contribuição será validado e o salário-de-benefício que
deu origem a eles será contado como se salário-de-contribuição fosse naquele período de
afastamento.

 Pega-se o valor base do salário-de-benefício e utiliza-se para pagamento mês-a-mês


como se fosse salário de contribuição, havendo a atualização mensalmente. Esses
benefícios precisam ser intercalados com períodos de trabalho:

Julho 1994 a.d./a.i. a.d./a.i. DER

----I-----------------------IxxxxxxxxI--------------IxxxxxxxI----------------------------I

Encontra exceção no Decreto 3.048/99:

a.d. a.invalidez

--I-----------IxxxxxxxxxxxI¬¬ DER

 Quando estiver diante de uma aposentadoria por invalidez antecedida por auxílio-
doença, nesse caso, não há intercalação, mas mera transformação de um benefício a
outro, podendo haver alteração de valores (auxílio-doença = 91% salário-de-benefício e
aposentadoria por invalidez = 100% do salário-de-benefício). Quando isso acontece, não
é aplicável o artigo 29.

 Aproveita-se o valor de salário-benefício e atualiza-o como se benefício previdenciário


fosse. Não se considera o salário-de-benefício como salário-de-contribuição mês a mês
no período de sua fruição, pega-se o salário de benefício e traz para a data de conversão
da aposentadoria por invalidez atualizando-o como se benefício fosse. A diferença é que
o salário de contribuição é corrigido mês a mês, e o de benefício é corrigido anualmente
conforme o INPC, não havendo a capitalização da correção monetária, apesar do índice
utilizado (INPC) ser o mesmo para as duas situações.

O salário-de-benefício não pode ser inferior a um salário mínimo. Tem que ser = ou > a um salário
mínimo e pode ser = ao teto de benefícios no ano de concessão.
12. Fator previdenciário

 Como o fator previdenciário é calculado?

𝑇𝑐 𝑥 𝑎 1 + (𝑇𝑐 𝑥 𝒂) + 𝑖𝑑
𝐹. 𝑃. = ×
𝐸𝑥𝑝. 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒𝑣 100

 São utilizadas 4 grandezas:

“a”  0,31

Trata-se de uma grandeza fixa que corresponde ao máximo de contribuição que um segurado
gera para a previdência: 11% de sua contribuição + 20% recolhido pelo tomador de serviço.

“Tc”  tempo de contribuição na data da aposentadoria

“id”  idade do segurado na data da aposentadoria

“Exp. Sobrev”  Expectativa de sobrevida na data de aposentadoria. Como esse número é


obtido?

A partir da chamada tábua da mortalidade, produzida por meio de dados do que traz a média
de expectativa de vida para ambos os sexos, contada a partir da data da aposentadoria.

Exp. Sobrev. = MédiaIBGE – id.

Quanto menor a idade do segurado, maior a expectativa de sobrevida, de modo que viverá mais
tempo com o benefício sendo o valor da fração, portanto, menor.

 A partir da MP 676, convertida na Lei 13.183/2015, foi incrementada a fórmula 85/95


de modo progressivo. Mas o que é essa fórmula? Como ela funciona?

Significa que na aposentadoria por tempo de contribuição, quando o segurado


somar o tempo mínimo de contribuição que possui (para homens: 35 anos; para mulheres: 30
anos) com a idade que possui na data de aposentadoria, completando-se o valor de,
respectivamente (85 e 95) para mulheres e homens, respectivamente, o segurado estará livre
dos efeitos do fator previdenciário. Essa fórmula, portanto, neutraliza os efeitos do fator
previdenciário – não o exclui, porque o fator previdenciário ainda pode ser aplicado caso seja
mais benéfico para o segurado (existem algumas situações em que o cálculo do fator
previdenciário pode ser um valor maior que 1!)

 Mas... e a progressividade? Onde está?

Atualmente, a fórmula é 85/95.

Em 31/12/2018 passará a ser 86/96.


Em 31/12/2020: 87/97

Em 31/12/2022: 88/98

Em 31/12/2024: 89/99; e

Em 31/12/2026: 90/100.

No entanto, essa fórmula foi pensada para homens, em um contexto machista, o que sempre
geraria um prejuízo para a mulher, que tem menos tempo de contribuição. Sendo o tempo de
contribuição para mulheres e professores homens = 30 anos; e para professoras mulheres = 25
anos.

Atento a essas previsões, o legislador criou a regra do artigo 29, §10º: quando se tratar de
aposentadoria de mulheres ou professores homens, na fórmula do fato previdenciário, pega-se
o valor do Tc e soma +5. Para professora mulher = Tc + 10.

Com isso, segundo o legislador, restabelece-se o equilíbrio da fórmula do fator previdenciário,


colocando homens e mulheres e professores em condição de igualdade.

 A fórmula foi criada para diminuir ou aumentar o valor do benefício conforme se é mais
jovem ou mais velho.

1982 Tício (18 anos) Caio (28 anos)

R$5000,00 - - R$ 5000,00
- -
- -
- 35c - 35c
- -
- -
- -
53 idade 63 idade

O fator previdenciário para Tício, com 53 anos de idade, seria de 0,65, de modo que ele só
receberia cerca de R$ 3.250,00. No entanto, pela fórmula 85/95, ele nem poderia se aposentar
por não ter completado a idade mínima. Tício receberia o benefício por 27 anos. 27x13meses
(recebe-se o 13º) x 3250 = 1.170.325,00

Caio, no entanto, não tendo trabalhado um dia a mais que Tício, receberia a integralidade dos
R$5.000,00. Receberia por 19 anos, considerando a expectativa de vida. 19x13x5000 =
1.235.000,00.

 O benefício do fator previdenciário é de que a pessoa poderia se aposentar antes, se


quisesse, apesar da redução do valor. E com a fórmula, a idade mínima passa a ser 65
ao final.
Aula 10

Salário de benefício, atividades Concomi tantes e Introdução dos Benefícios


Previdenciários em Espécie

13. Art. 32, Lei 8.213/91  Cálculo do salário de benefício em se tratando de


Atividades Concomitantes

“Quando o segurado houver contribuído em razão de atividades concomitantes,


mas houver cumprido os requisitos para aposentadoria nas atividades concomitantes,
numa, 2 ou 3, ou todas, simplesmente se soma os salários de contribuição do período.

o 65 idade e 180c

Na hora de apurar o salário de benefício (bem como para os outros benefícios), ira
somar o salário de contribuição de todos os períodos. O problema é quando não se cumpre
os requisitos – para o recebimento do salário de benefício – em todas as atividades.

Atividade 1: -------- 180 sc --------- +

Atividade 2: -------- 180 sc --------- + 65 anos

Atividade 3: -------- 180 sc ---------- +

§2º  quando não se cumpre todos os requisitos, apura-se o salário de benefício


da atividade em que cumprir todos eles, e soma o salário de benefício a um segundo cálculo,
que será:

Atividade 1: -------180 sc ---------

65 anos

Atividade 2: ------- 90 sc ----------- msc x P [90/180]

 Média dos salários de contribuição x percentual = número de meses dividido pelo


número de meses exigido para a carência do benefício. Soma-se o resultado dessa
equação ao salário de benefício.

§3º - Quando, no entanto, se estiver diante de um benefício de aposentadoria por


tempo de contribuição, o percentual muda! Soma o salário de benefício à média da
atividade secundária. O percentual é calculado pelo número de anos que se tem, dividido
pelo mínimo de anos que precisaria, que irá se somar ao salário de benefício da atividade
primária.

Atividade 1 ATC -------------------------- 35 anos c

Atividade 2: ------------- 17,5 msc x P [ 17,5/35]

Da onde saem os dados para o salário de benefício?

O INSS tira as remunerações do CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais. O


empregador recolhe a contribuição e vai para a Previdência, isso vai para o CNIS e a partir
desses dados constantes do CNIS que o INSS calcula o tempo e o benefício. Mas se
determinado período de tempo não estiver no CNIS? Então tem que provar o período de
tempo e a contribuição. Mas e se eu não conseguir comprovar a contribuição, mas só o
tempo que eu trabalhei? O INSS considerará, para fins de salário de contribuição, o valor de
1 salário mínimo, até o dia em que eu consiga comprovar a remuneração real que se recebia,
provando, vai haver uma revisão do benefício. Portanto, usa-se como base as informações
constantes do CNIS, contudo, se não concordar e fizer prova em contrário, poderá haver um
recalculo ou um correto cálculo do benefício, com a adequação dos valores.

* Leitura: Artigo 29 da Lei 8.213/91 *

14. Benefícios em Espécie

A lei prevê 10 benefícios previdenciários, que possuem requisitos próprios e


específicos.

 4 zagueiros (benefícios mais sólidos, de caráter permanente, praticamente inabaláveis):


aposentadorias!

No meio de campo, temos 3 volantes, sendo 3 auxílios, sendo que o auxílio-acidente é o


mais sólido, sendo fixo na posição, enquanto os outros dois são mais móveis,
temporários, vem e vão.

Os 2 meias são os salários. E, por fim, como atacante, temos 1 pensão – que agora
começa a sofrer algumas restrições  até 2015 tinha o caráter vitalício, era mantido até
o óbito do cônjuge; hoje, para que seja vitalício, há alguns requisitos que precisam ser
preenchidos: + de 44 anos, no mínimo 18 contribuições e casamento/união estável a,
pelo menos, 2 anos.

4 3 2 1
Aposentadorias Auxílios Salários Pensão
1. por tempo de 1. doença 1. maternidade 1. por morte (devido
contribuição aos dependentes)
2. por idade 2. acidente 2. família -
3. especial 3. reclusão ( devido -
4. por invalidez aos dependentes)
Ao lado desses 10 benefícios previdenciários, existem 2 que são os benefícios
pagos/geridos/mantidos pelo INSS, que são assistenciais, da Lei 8.742/93 (LOAS  Lei Orgânica
da Assistência Social): Benefício de Prestação Continuada (BPC) do idoso e o BPC do portador de
deficiência; para aqueles que provarem uma situação de miserabilidade, pobreza e desde que
sejam considerados como idosos/deficientes de acordo com a Lei (por exemplo, idoso, no caso,
seria maior de 65 anos para a LOAS).

 Artigo 124, Lei 8213/91  Possibilidade (ou não) de acumulação de benefícios:

Não é possível acumular aposentadorias, nem se pode acumular aposentadoria +


auxílio-doença ou auxílio-acidente. Mas, se pode ter aposentadoria + auxílio-reclusão; salário-
família e pensão por morte. Existe a possibilidade, também, de se acumular aposentadoria com
o salário-maternidade (apesar de ser incomum).

Não se pode ter auxílio-doença + auxílio-doença; nem auxílio-acidente + auxílio-


acidente. Não se pode ter auxílio-doença + salário-maternidade! Pensão pode ser acumulada?
Pode, quando, por exemplo, morrem os pais, aí recebe uma pensão por cada! Mas se a pessoa
era casada, o cônjuge morre e passa a receber pensão, casa de novo e o outro cônjuge morre,
pode acumular os dois? Não!

14.1. Aposentadoria por Tempo de Contribuição (CF chama: por tempo de


serviço)

(Artigos 52 – 56 da Lei 8.213/91)

1. Titulares
2. Requisitos
3. Termo inicial
4. Termo final
5. Renda mensal inicial

A CF/88 trouxe as regras acerca da aposentadoria por tempo de contribuição em seu texto, logo,
é matéria constitucional que só pode ser modificada mediante emenda.

1) Não devo ler os artigos 52 e 53 da lei 8.213/91


Aula 11
Aposentadoria por tempo de contribuição (ATC)

 Prevista nos artigos 52 a 56 da Lei 8.213/91

Não se pode utilizar dos artigos 52 e 53 por estarem ultrapassados, visto mudanças no texto
constitucional, de modo que a leitura deve ser feita do artigo 201 da CF.

De acordo com a redação original no artigo 202 da CF, a ATC ainda era chamada de
aposentadoria por tempo de serviço, ainda não havia sido instaurado o regime de
contributividade, que só foi alcançado a categoria constitucional com a EC 20 de 1998. A lei
8.213/91 tratou em seu artigo 55 do tempo de serviço. Com a emenda, passou-se a buscar o
tempo de serviço contribuído.

EC 20/98: Art. 4º - Observado o disposto no art. 40, § 10, da Constituição Federal, o tempo
de serviço considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que
a lei discipline a matéria, será contado como tempo de contribuição.

14.1.1. Elementos essenciais:

Titular: segurados da previdência social (art. 11 e 13 da Lei 8.213/91);

 Todos os segurados em tese podem titularizar esse benefício, mas em 2 situações esses
segurados não vão ter esse benefício
1. Contribuinte individual e segurado facultativo  nos casos de alíquota de
11% de 1 s.m. ou 5% (microempresário individual – CI ou segurado facultativo inscrito
no cadastro único). O segurado nessas condições, que optaram por reduzir a alíquota,
abre mão da aposentadoria por tempo de contribuição;
2. Segurado especial que não contribui  ele tem direito a uma série de
benefícios mesmo sem contribuir: auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, salário-
maternidade, auxílio-acidente, aposentador por idade, auxílio-reclusão e pensão por
morte. O inciso II do artigo 39, exige contribuições desse segurado especial – com se
segurado facultativo fosse: alíquota de 20% – para duas finalidades: aumentar o valor
do benefício ou para se aposentar por tempo de contribuição ou na modalidade de
aposentadoria especial. Situação essa que só passou a valer a partir da vigência da lei,
de modo que o período anterior valerá para fins de aposentadoria por tempo de
contribuição (não vale para carência), mesmo que não tenha havido o recolhimento da
contribuição.

Requisitos:
 Tempo de contribuição: 35H e 30M  art. 201, §7º, CF/88.
Exceção: Professor (ensino infantil, fundamental e médio) 30H e 25M.
- 180 Contribuições a título de carência
Tempo de contribuição: é o que a lei e o artigo 55 dispõe ser. Período militar
obrigatório, vale? Sim, mesmo que não tenha tido contribuição no período (não vale
para fins de carência, portanto); Auxílio-doença (91) e aposentadoria por invalidez (92)
intercalados – vale para fins de contribuição e, para carência, só na circunscrição do
TRF4 (se decorrerem de acidente de trabalho ou doença profissional, não precisa ser
intercalado, sempre valerão como tempo de contribuição). Período rural antes de 91
vale, basta que se prove o exercício da atividade; períodos de outros regimes de
previdência oficial (regimes próprios) valem como tempo de contribuição para o INSS?
Sim – servidor que deixa de ser servidor e vai para a iniciativa privada; acréscimo
resultante da conversão do tempo especial  quando se tem atividades insalubres no
período de tempo de trabalho que sejam insuficientes para concessão de aposentadoria
especial: se transforma o período para comum, e o acréscimo será computado como
tempo de contribuição; e períodos de trabalho, desde que contribuídos ou
presumidamente contribuídos.

Termo inicial: regra do artigo 49 (que trata da aposentadoria por idade):


como regra geral, a data de início de benefício (DIB) será igual a data de entrada do
requerimento administrativo (DER)  dia em que agendo no INSS o pedido e apresento
os requisitos (dia em que liguei agendando, não o dia que compareço e apresento os
documentos). Há uma exceção – segurados empregados ou empregados domésticos –
quando se afastam do trabalho antes da aposentadoria (DAT – data do afastamento do
trabalho) e entrarem com o requerimento administrativo em até 90 dias (DER), poderá
o benefício retroagir e ter como termo inicial a data do afastamento do trabalho.
Passado esse prazo, será no DER.

Termo final:
- O óbito do segurado faz cessar o benefício. Quando o segurado deixa de sacar o
benefício por um período de 4 meses o INSS bloqueia o recebimento, porque pode ter
havido alguma coisa. O óbito é a hipóteses comum, normal ou ordinária.
Mas, pode haver o termo final por meio da chamada Revisão.

- Revisão – o INSS tem o prazo de 10 anos para revisar o benefício (assim como o
beneficiário tem o prazo decadencial para o mesmo prazo de revisão). A revisão pode
constatar, por exemplo, que houve um equívoco na concessão de benefício, que o INSS
considerou um período que não deveria, então o segurado ,por exemplo, tem 30 anos
de contribuição, quando deveria ter 35  o INSS faz cancelar o benefício e, se tiver
havido má-fé, deve haver a restituição dos benefícios recebidos – se houver boa-fé, vai
manter os pagamentos íntegros sem necessidade de restituição.
- Desaposentação  STF – julgamento RE661256 (repercussão geral 503) decidiu a
desaposentação inviável, não sendo termo final do benefício.

Renda mensal inicial:


A renda mensal inicial é um conceito que cada benefício carrega consigo, é específica, e
normalmente é traduzida em percentual. Apura-se o salário-de-benefício com ou sem fator
previdenciário (se for bom para mim, sempre aplicável, se for ruim, será aplicado salvo se obtida
a fórmula 85/95 progressivamente) e ao final daquilo aplica-se 100% (é chamada de
aposentadoria integral) do salário-de-benefício.
Aula 12

14.2. Aposentadoria especial (art. 57/58 Lei 8.213/91)

 Tem como fundamento de validade o artigo 201, §1º, da CF  que exige LC para
regulamentar aposentadoria especial – trabalhadores que desenvolvem atividade em
ambiente nocivo e trabalhadores portadores de deficiência – decorrente da EC 20/98, a
Lei 8.213/91 regulamentou a aposentadoria especial em 1991 por lei ordinária. Teria a
CF revogado os artigos 57 e 58 por não se tratar de lei complementar regulando? Não,
na época, a lei ordinária era suficiente, sendo que, hoje em dia, os artigos 57 e 58 tem
status de lei complementar, então tempos dentro de uma lei ordinária, normas com
status de lei complementar (qualquer alteração a esses artigos deverá ser feita por meio
de lei complementar).

Titular: Segurados (particularidade no artigo 22, II, da lei 8212/91 


trata do financiamento da aposentadoria especial. A lei prevê contribuições de 1%, 2% ou 3%
sobre a folha de salário das empresas, considerados os segurados empregados e trabalhadores
avulsos.

 Para o Decreto 3048: Os empregados e trabalhadores avulsos e os contribuintes


individuais apenas quando estes integram cooperativas de trabalho e produção. Não
inclui os empregados domésticos e os demais contribuintes individuais não
cooperativados, e ainda inclui uma possibilidade para o segurado especial que como
facultativo contribua depois de 91 e desde que por 25 anos contribuindo, prove que
estava sujeito a agentes nocivos. O decreto faz restrições que a lei não faz. O decreto
faz uma relação entre o financiamento e a aquisição do benefício. O segurado facultativo
não tem como receber esse benefício, porque não exerce uma atividade remunerada;
da mesma forma o segurado especial que não contribui depois de 1991, que só tem
direito àqueles 7 benefícios, para que tenha acesso aos outros, tem que contribuir.

Arts. 60 a 64 do decreto

Requisitos:

o A carência de 180 contribuições

o Ter trabalhado por 15, 20 ou 25 anos em atividades com exposição atual e


permanente (= não ocasional e não intermitente) a agentes nocivos físicos, químicos
e biológicos.

Anexo IV do Decreto 3.048/99 determina essa variação de tempo de acordo com o agente nocivo
a que se está exposto.
A exposição do segurado a agentes nocivos deve ser confirmada mediante o preenchimento de
um formulário chamado de PPP (perfil profissiográfico previdenciário), que é emitido pela
empresa aonde o segurado trabalha, que está embasado no LTCAT (laudo técnico das condições
ambientais do trabalho)  que periodicamente deve ser feito pelas empresas que submetem
os empregados à agentes nocivos. O LTCAT só pode ser confeccionado por um médico do
trabalho ou por um engenheiro de segurança do trabalho.

 Não estabelece qualquer distinção de gênero!

E se o segurado trabalha um período que não é suficiente para a concessão do benefício?

Supondo que uma pessoa trabalhe há 10 anos, como se dará essa transformação em tempo
comum, para aposentadoria que exige do homem 35 anos de contribuição e para a mulher 30?

Tempo especial em tempo comum – considerando período de trabalho de 10 anos:

Agente nocivo que determinaria aposentadoria com 15 anos:

30/15 = fator 2.0 para mulheres = 20 anos

35/15 = fator 2.33 para homens = 23 anos e 4 meses

Agente nocivo médio (20 anos)

30/20 = 1,5 = 15 anos para mulher

35/20 = 1,75 = 17 anos e 6 meses para homem

Agente nocivo leve (25 anos)

30/25 = 1,2 = 12 anos para mulher

35/25 = 1,4 = 14 anos para homem

Esse período de acréscimo, sendo ele fictício, não incidiram sobre a contribuição, de modo que
não incide para fins de carência de aposentadoria por tempo de contribuição.

 Só a conversão de especial para comum é possível.

Termo Inicial: Observará a regra do artigo 49, sendo o termo inicial a


data de entrada do requerimento administrativo (D.E.R.); excepcionados os empregados
(inclusive o doméstico) afasta-se do trabalho e faz o requerimento em até 90 dias, o
benefício é pago não contado da data de requerimento, mas do afastamento do
trabalho.
Termo Final: Óbito que é o termo final de qualquer benefício de
segurado. E art. 57, §8º, da Lei 8.213/91: aplica-se o disposto no artigo 46 ao segurado que se
aposentar nos termos do caput desse artigo 57 e que continue exercendo atividade com
exposição a agentes nocivos ou volte a exercer atividade com exposição a agentes nocivos.

Renda Mensal Inicial: SEM FATOR PREVIDENCIÁRIO! O salário-de-


benefício está no artigo 29, II. O SB é pago de modo integral, sendo 100% da média aritmética
simples dos 80% maiores salários contados a partir de julho de 1994.
Aula 13

14.3. Aposentadorias Etárias (Urbana, Rural e Mista) – arts. 48 a 41, Lei


8.213/91

A idade é um dos riscos sociais cobertos pela Previdência Social no artigo 201, CF.

o A aposentadoria por idade se divide em 3 tipos: urbana, rural, mista ou híbrida.

14.3.1. Rural também aplicável a pescadores artesanais em regime especial  não


se confunde com aposentadoria por idade somente para o segurado
especial., há outras categorias de trabalhadores especiais que também são
abrangidos como beneficiários da aposentadoria por idade rural.

14.3.2. Híbrida/mista congrega as duas modalidades: urbana e rural – permite o


somatório dos benefícios urbanos e rural para fins de concessão de
aposentadoria por idade.

Titular: Os segurados – sem restrição - da Previdência Social. Nas


hipóteses de opção para pagamento inferior (11% e 5% que incide sobre um salário mínimo), a
contribuição não valerá para fins de tempo de contribuição, mas somente para carência. No
entanto, como aqui o que é importante é a idade e não o tempo de contribuição, será aqui
aproveitado para fins de carência.

Requisitos: Homem – 65 anos de idade; Mulher – 60 anos de idade


(evidente que estabelece distinção de gêneros); desde que cumprida a carência de 180
contribuições mensais.

 Urbana: exige necessariamente/obrigatoriamente o implemento da condição carência


em contribuições.

 Ressalva – art. 142  tabela progressiva de carência (regra de transição), visto que
anteriormente à lei, a quantidade de contribuições mensais para a concessão de
benefício era de 60cm, de modo que a regra é aplicada aos segurados que já contribuíam
ao tempo de publicação da lei, obedecida a progressividade. Se cumprir o benefício
etário depois de 2011 não terá mais possibilidade da flexibilização do benefício carência.

 Se em 2017, uma mulher com 80 anos quer saber quanto tempo de contribuição ela precisa
para se aposentar é preciso verificar a tabela do art. 142. Considerando que em 1997 ele havia
60 anos, tendo completado o requisito etário, pode-se verificar que ela precisaria de 96
contribuições mensais para pleitear a aposentadoria; se ela já havia cumprido o requisito, não
importa se ela parou de contribuir depois, pois já tinha o direito adquirido à aposentadoria.

Aposentadoria Compulsória: 70 H e 65 M. Art. 51  regra aplicável somente aos


empregados (art. 11): a empresa pode requerer a aposentadoria por idade, desde que o
segurado tenha cumprido o período de carência, sendo compulsória. Essa regra teve
modificação ao longo do tempo, porque o STF não admite mais a aposentadoria como uma
causa de extinção do contrato do trabalho (diferentemente do que o TST entendia). A
aposentadoria não gera a extinção do contrato de trabalho como consequência. Porque as
empresas faziam isso? Porque a aposentadoria era uma hipótese de extinção do contrato de
trabalho e não gerava o pagamento dos encargos trabalhistas. Hoje essa modalidade de
aposentadoria está em desuso e questiona-se sua inconstitucionalidade, na medida em que
torna compulsória a aposentadoria para quem teria o dever de optar qual seria o melhor
momento para obtê-la.

Termo inicial: Art. 49. A regra geral é de que o termo inicial do benefício
corresponda à D.E.R.

 Para empregados/ empregados doméstico quando há o afastamento – D.A.T. se até 90d


para a D.E.R.  retroage até a data do afastamento.

Termo Final: Óbito. Salvo situações de revisão administrativa do


benefício, onde o INSS constata que não houve o requerimento dos benefícios mínimos, e, no
prazo de 10 anos, o INSS revisa o benefício, finalizando-o. Havendo dolo pelo segurado 
restituição dos valores; se a má-fé não foi comprovada, não há possibilidade de restituição
desses valores.

AJAJ  posicionamentos dos tribunais superiores nas grandes questões previdenciárias = Não
há mais possibilidade, segundo o STF, de que alguém aposentado e que retorne ao trabalho e
que em razão disso precise contribuir, não há mais necessidade que esse alguém tenha um
recalculo de aposentadoria aproveitando as contribuições posteriores à primeira jubilação. Para
o INSS não pode, ele entende haver proibição legal (art. 18, §2º, da Lei 8.213/91) 
impossibilidade de aposentação; STJ entendia ser possível a desaposentação, mas aí se
permitiria o cômputo das novas contribuições para recálculo.

Renda mensal Inicial:

1º) Calcular Salário-de-benefício (art. 29, §1º, I);

Para a aposentadoria por idade o fator previdenciário é facultativo! Somente será aplicado se
resultar vantagem para o beneficiário. Chega-se ao valor e temos ao percentual da renda mensal
que é de 70% de salário-de-benefício + 1% da cada grupo de 12 contribuições recolhidas ou
presumidamente recolhidas.

 Se tenho 180 meses de contribuição, eu tenho 15 anos de atividade (e 15 grupos de 12


contribuições), nesse caso, a minha aposentadoria por idade com 65 anos de idade será
de 85% de renda mensal sobre o salário-de-benefício.
 Ela não é integral, ela é proporcional.

14.4. Aposentadoria por idade na modalidade rural (art. 48, §1º)


Titular: Segurados Rurais: empregado rural (art. 11, I)
 Autônomo rural (art. 11, V, “g”)
 Avulso rural (art. 11, VI)
 Segurado especial

60 H

55 M

 Tem benefício de poder se aposentar com menos idade, mas o que se faz para que se
tenha garantido esse direito? Não basta a comprovação da carência cumprida (até
porque, o segurado especial sequer contribui, ou, pelo menos, pode não contribuir) ...

Chega um autônomo rural – presta serviço para várias propriedades rurais,


mas sem vínculo – completa 60 anos de idade, vai ao INSS e pede a
aposentadoria e diz: “olha... eu tenho 60 anos de idade e 180 de contribuição,
aí chega com isso e o INSS, e ele diz: tá, ok, mas tu só tem 60 anos, e ele vai
dizer: mas eu sou rural! E o INSS vai dizer: prova que tu é rural, nesses 180
meses, no período da carência. Tem contribuições, ok, mas tem que provar
que essas contribuições foram feitas enquanto rural.

Tem que provar que no período imediatamente anterior foram feitas as contribuições e os 180
meses de efetivo desempenho enquanto rural. A diferença entre os quatro titulares, é que o
segurado especial é o único que terá o direito ao benefício sem contribuir (os outros 3 se
comprovarem a atividade tem a presunção do recolhimento, mas o segurado especial não
precisa contribuir para aposentadoria por idade porque o próprio artigo 39, I, garante a
aposentadoria por idade). Provando a atividade dos 180 meses em momento anterior, ainda
que de forma descontínua, no momento imediatamente anterior, que exerceu a atividade, é
uma forma de se garantir que o período para fins de carência foi cumprido enquanto rural, só
assim poderá se beneficiar da diminuição da idade para a concessão do benefício.

Nestes casos, o termo inicial segue a regra da DER, salvo para o empregado rural, em que se
computa o termo inicial como sendo o da data do afastamento (se for feito o Requerimento em
até 90 dias a contar do afastamento).

RMI: se se tratar de contribuinte, segue a regra do segurado urbano (70% + 1% a cada grupo de
12 contribuições); se não houver contribuído, o benefício a ser percebido é de um salário mínimo
(art. 39, I).

E como fica quando temos períodos intercalados de contribuições rurais e urbanos? Temos
então, a situação de uma aposentadoria por idade híbrida/mista (art. 48, §§3º e 4º).

A aposentadoria mista exige 65 anos de idade dos homens, e 60 das mulheres, com 180
contribuições prestadas em períodos mesclados.
10 anos 5 rural 3 urbano / 60 idade

Nesse caso, tem direito a aposentadoria por idade se somar 10+5+3: que daria 18 anos e o total
de contribuições estaria garantido, mas não se preencheu o requisito etário.

A aposentadoria mista exige 65 anos de idade dos homens, e 60 das mulheres, com 180
contribuições prestadas em períodos mesclados.

O termo final e o termo inicial seguem a mesma lógica e a renda mensal segue o cálculo de 70%
+ 1%.

Se no período rural era segurado especial e não contribuiu, considera-se, durante esse período,
o salário-de-contribuição como se fosse de 1 salário mínimo
Aula 14

14.5. Auxílio-doença (arts. 59 a 63 da Lei 8.213/91)


 Benefício por incapacidade devido aos segurados que comprovarem simultaneamente
incapacidade por mais de 15 dias para o rabalho/atividade habitual (não precisa ser uma
capacidade que se projete para tudo, mas apenas para a sua atividade) e desde que
cumpra uma carência de 12 contribuições nas hipóteses em que é exigida.

Titulares: Qualquer segurado, seja obrigatório, seja facultativo.

No auxílio-doença por acidente de trabalho (cód. 91), só são titulares do benefício os segurados
empregados, domésticos (LC 150), o trabalhador avulso e o segurado especial, não abrangendo
o segurado facultativo nem o contribuinte individual, que não são passíveis de sofrerem
acidente de trabalho.

Requisitos:

O empregado da empresa cabe a empresa o pagamento de seu salário integral

O empregador paga os primeiros 15 dias ao empregado, mas isso não se confunde com o
requisito. Para todos os segurados, o requisito é o MESMO. Tem que ter, inicialmente,
incapacidade para o trabalho OU atividade habitual por mais de 15 dias. Se a incapacidade durar
até 15 dias, não é cabível a concessão do auxílio-doença. A lei fala que não poderá ser concedido
o benefício em razão de doenças preexistentes à condição de segurado, salvo se a incapacidade
sobrevier por agravamento dessa doença preexistente, isso significa que não se pode estar com
a incapacidade antes da filiação como segurado, filiação essa que acontece a partir do exercício
de atividades ou pagamento de contribuições (segurados facultativos e contribuintes
individuais). A doença até pode ser preexistente, o que não pode é que seja preexistente a
incapacidade que dessa doença emane, ao trabalho do segurado.

Porque atividade habitual? Porque há segurados que não trabalham, mas desempenham
atividades (segurado facultativo).

 Cumprimento de carência de 12 contribuições!!!

MP 767  não existe mais a regra do 1/3, que permitia que após a qualidade do segurando
,quando retomasse a essa condição, bastava cumprir 1/3 da carência para ,com isso, somar às
aonteiores e obter o benefício. Com a MP, deverá cumprir novamente as 12 carências
(VERIFICAR)
“Art. 27-A. No caso de perda da qualidade de segurado, para efeito de carência para a
concessão dos benefícios de que trata esta Lei, o segurado deverá contar, a partir da nova
filiação à Previdência Social, com metade dos períodos previstos nos incisos I e III do caput do
art. 25 desta Lei.”

A carência de 12 contribuições não será exigida em 3 situações:

- Acidente de qualquer natureza/causa (basta ser segurado no momento do acidente ou


no momento da incapacidade);

- Doença profissional ou do trabalho (se equiparam a acidente de trabalho, dispensando,


a lei, carência para a aquisição do benefício);
- Doenças graves previstas em lista do Ministério da Saúde e pelo Ministério da
Previdência Social.

Nessas 3 hipóteses, não será exigida a carência de 12 contribuições, bastante que seja segurado
no momento em que se acomete a incapacidade/doença.

Quem decidirá isso? A incapacidade para o trabalho será aferida por perícia médica do
INSS.

Termo Inicial:

Para o segurado empregado (comum): a partir do 16º dia de afastamento do trabalho.


Para ser pago a partir do 16º, é preciso que a DER seja feita até o 30º dia de afastamento. Os
primeiros 15 dias são do empregador, a partir do 16º do INSS. Se perder o prazo de 30 dias, o
benefício será pago a partir da DER, e não do afastamento.

Para os demais segurados, será pago desde o 1º dia de afastamento, desde que seja requerido
em até 30 dias – Só vai ter o benefício, se o afastamento for de mais de 15 dias! Isso, porque os
demais empregados não têm quem lhes paguem os primeiros 15 dias.

Termo Final:

Não será somente o óbito. É considerado um benefício precário, temporário (porque a


expectativa é de que haja a recuperação), parcial.

- Óbito

- Alta previdenciária  é realizada nova perícia e, verificando-se a recuperação é dada a alta; ou


qual se é submetido à reabilitação profissional (desenvolvimento de novas habilidades e
enquadramento em nova função).

* MP 767, convertida na Lei 13.457/2017  “Art.


60. ...............................................................

.....................................................................................

§ 8º Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou


administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício.

§ 9º Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o deste artigo, o benefício cessará após
o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença,
exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento,
observado o disposto no art. 62 desta Lei.

 Não é mais necessário que haja nova perícia para se ter alta. Findo o período, não havendo
prorrogação, restará cessada automaticamente a concessão do benefício, efetivando-se a alta
previdenciária.

- Conversão do benefício em aposentadoria por invalidez (ocorre quando o INSS por perícia
constata a impossibilidade de recuperação para a atividade, não sendo possível, também, a
reabilitação)
- Conversão do auxílio-doença em auxílio-acidente – que pressupõe sequela de lesão, mas não
mais incapacidade para o trabalho, impondo, contudo, um maior esforço para o desempenho da
atividade que exercia, ou para o qual foi reabilitado.

Renda mensal inicial: Como regra geral, uma vez apurado o salário-de-benefício SEM O FATOR
PREVIDENCIÁRIO, a renda será de 91% do SB.

Um é o cálculo tradicional de 91% do SB e o outro a média dos últimos 12 SC. Será aplicado o
menor em prejuízo do segurado.

10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-
de-contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12
(doze), a média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes. (Incluído pela Lei nº 13.135,
de 2015).  O que for MENOR será aplicado.
Aula 15

Aposentadoria por Invalidez

Não tem caráter de precariedade, se revela permanente, definitivo. A aposentadoria por


Invalidez tem precisão nos artigos 42 a 47 da Lei nº 8.213/91.

Titulares: todo e qualquer segurado do regime geral de previdência social. Não há aqui, do
mesmo modo como ocorre com o auxílio-doença, qualquer discriminação ou diferenciação para
o acesso à aposentadoria por invalidez. Pode ser devido aos segurados facultativos e é devido
aos segurados obrigatórios.

Requisitos:

Incapacidade (total  tem que se revelar para qualquer atividade que possa garantir a
subsistência do segurado) permanente para o trabalho e, quando se verifica por perícia médica,
que o segurado é insuscetível de reabilitação profissional – não tendo condição de retornar para
sua atividade ou para qualquer outro tipo de atividade profissional.

Além do requisito incapacitante, temos também o requisito de carência de 12 contribuições.

Há 3 hipóteses legais em que a carência é dispensada – art. 26  quando a incapacidade


decorrer de acidente de qualquer natureza ou causa; doença profissional ou do trabalho; e
doença especificada em lista elaborada pelo Ministério da Saúde.

Via de regra, a aposentadoria por invalidez é concedida mediante a conversão de um auxílio-


doença ou acidentário que se converte, posteriormente à realização de perícia médica que
constate a invalidade.

A incapacidade não poderá ser preexistente à filiação do segurado. A doença poderia existir,
mas a incapacidade, não.

Termo Inicial:

Se o benefício derivar de um auxílio-doença e a perícia constatar que o segurado está


permanentemente incapacidade e insuscetível de reabilitação, haverá a transformação do
benefício do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, nessa hipótese, o termo inicial será
o dia imediatamente após à cessação do auxílio-doença.

Constatação pela perícia inicial de ser caso de aposentadoria por invalidez (sem o anterior
recebimento do auxílio-doença). Nesse caso, aplica-se a mesma regra para a concessão do
auxílio-doença:

- se estivermos falando de empregados (apenas os comuns, o doméstico não entra),


receberá a partir do 16º dia de afastamento, desde que requeira em até 30 dias a contar desse
afastamento. Se não cumprir esse prazo, receberá a partir da DER – visto que o empregador tem
o dever de pagar os primeiros 15 dias.
- para os demais segurados, o benefício será recebido a partir do 1º dia de afastamento,
desde que requerido em até 30 dias a contar do afastamento.

Termo final:

- Óbito do segurado;

- Segurado que retorna voluntariamente ao trabalho  aposentadoria é automaticamente


cancelada – inclusive, essa situação pode ensejar no dever do segurado restituir ao INSS os
valores percebidos após ter retornado ao trabalho.

O segurado aposentado por invalidez deve se submeter as perícias marcadas pelo INSS,
ressalvada, a hipótese de segurados aposentados por invalidez de 60 anos ou mais de idade, nos
termos do artigo 101, quando estão isentos da perícia. Essa regra de isenção não se aplica ao
auxílio-doença.

- Alta previdenciária por perícia (o benefício não cessa por imediato, conforme pode-se
constatar a partir da observância do artigo 47, que determina o recebimento das chamadas
mensalidades de recuperação, de modo que o segurado, mesmo após a alta, continua
recebendo o valor, ou parte do valor, correspondente ao que vinha recebendo a título de
aposentadoria por invalidez. É hipótese, sim, de cessação, mas os pagamentos não cessam de
uma vez.

I – quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do início da


aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício
cessará:

a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que
desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista,
valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela
Previdência Social;

- quando o segurado ingressa com o benefício, a hipótese é de suspensão de contrato de


trabalho, há hipóteses em que tanto a legislação trabalhista e a legislação previdenciária
estabelecem direito de retornar ao trabalho quando a incapacidade cessa – dentro de 5 anos –
contados da data que se afastou. Essa hipótese está ligada aos benefícios por incapacidade
decorrentes de acidente de trabalho ou situações que a este acidente se equiparam – doenças
profissionais, doenças do trabalho, acidentes de trajeto, etc – tendo direito à estabilidade pelo
período de 1 anos após a cessação do recebimento do benefício e o retorno ao trabalho. Quando
se tratar desta hipótese, que só se aplica hoje ao empregado, o benefício e os seus pagamentos
cessam imediatamente – não recebe mensalidade de recuperação.

b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da


aposentadoria por invalidez, para os demais segurados;

- não é empregado com direito de retornar o trabalho – porque não houve acidente de trabalho
– ou qualquer outro tipo de segurado, vai receber tantos meses de benefício quantos forem os
anos de afastamento.  Afastou-se por 4 anos, recebe 4 meses de benefício!
II – quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I (5 anos), ou ainda
quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual
habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:

a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a
recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis)
meses, ao término do qual cessará definitivamente.

- Totalizando, portanto, mais 18 meses percebendo a mensalidade de recuperação.

Renda Mensal Inicial: 100% do salário de benefício (não há fator previdenciário)

Decreto 3.048  existe regra específica de renda da aposentadoria por invalidez quando derivar
de auxílio-doença.

Situação hipotética:

Auxílio-doença convertido em aposentadoria por invalidez, o Decreto 3048 em seu artigo 32 vai
determinar que como não se tem salário de contribuição porque o segurado estava recebendo
auxílio-doença e a hipótese é de conversão, o que acontece é que o auxílio-doença foi calculado
em cima de um salário de benefício, de uma média aritmética, de modo que o decreto determina
que esse salário de benefício (não a renda do auxílio-doença, que é de 91% do SB) seja tomado
em sua integralidade, atualizando-o e corrigindo-o na mesma data e nos mesmos índices dos
demais benefícios (INPC – anual).

É uma rara hipótese de benefício que pode extrapolar os limites previdenciários; quando se
constata a hipótese da chamada “grande invalidez” pela perícia médica, incapacidade tamanha
que determine que ele seja permanentemente acompanhado por um 3º para as atividades
diárias, terá um acréscimo de 25% (adicional de assistência permanente), sendo devido ainda
que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal – art. 45 da lei.
Aula 16

Auxílio Acidente e Acidentes do Trabalho

Auxílio-Acidente (art. 86, Lei 8.213/91)

Não é devido a qualquer tipo de segurado, é restrito. Somente os trabalhadores empregados,


empregados domésticos, trabalhadores avulsos e segurados especiais podem ser titulares dessa
prestação previdenciária – logo, contribuintes individuais e segurados facultativos não fazem
jus, em hipótese alguma, ao auxílio-acidente.

Titulares: empregado; empregado doméstico (a partir de 2015); trabalhador avulso; e segurado


especial.

Requisitos: O auxílio-acidente é devido como indenização quando, após a consolidação de lesões


decorrentes de qualquer natureza ou causa, restarem sequelas que reduzam a capacidade deste
trabalhador de retornar para a própria atividade; não impedem o retorno a atividade, mas
reduzem a capacidade, necessitando, os segurados, despenderem maior esforço no
desempenho das atividades habituais. Portanto, não se trata de benefício que implica o
afastamento ao trabalho.

- Lesão consolidada (curada) que gere sequela que reduz capacidade para trabalho habitual.

Este benefício não exige carência. Os benefícios por incapacidade, quando decorrentes de
acidente de qualquer natureza ou causa – ou de acidentes de trabalho – dispensam carência,
basta que na data do acidente seja/esteja na condição de segurado.

O auxílio-acidente tem caráter indenizatório. Importante salientar isso, em decorrência do


princípio que determina que os benefícios que tenham o condam de substituir a renda do
trabalhador submetem-se ao piso do salário-mínimo. Como o auxílio-acidente não tem o viés de
substituir a renda do trabalhador, mas, se somar a ela, o auxílio poderá ser pago em valor inferior
ao salário-mínimo. Nesse caso, o piso será o valor de meio salário-mínimo, porque tem uma
regra que determina que o salário-de-benefício não pode ficar inferior ao salário-mínimo.

Termo inicial: Como regra geral, o auxílio-acidente, decorre de auxílio-doença, caso em que será
pago a partir do 1º dia após cessar o auxílio-doença. Constatado, por perícia, a existência de
sequela, haverá a conversão.

Quando a concessão for direta, o auxílio vai ser pago a partir da data de entrada do
requerimento  não havendo necessidade de qualquer afastamento. O art. 86, §4º, trata da
hipótese de perda auditiva relacionada ao trabalho, por exemplo, sem que haja a concessão de
um auxílio-doença antecedente.
Termo final: óbito ou quando houver a concessão de qualquer aposentadoria. Ao se
aposentador, o valor do auxílio-acidente, vai se somar para fins de cálculo de aposentadoria. É
salário-de-contribuição para fins – apenas – de cálculo de benefício, mas sobre ele não incide
contribuição. O salário-maternidade é o único sobre o qual incide também a contribuição, os
demais, não. No entanto, aproveita-se o valor para chegar ao valor final para fins de
aposentadoria.

Pode acontecer de a lesão consolidada que gerou sequelas e, por consequência, a concessão do
auxílio-acidente, pode ser que a lesão regrida e determina um afastamento ao trabalho. Nesse
caso, o auxílio-acidente é afastado, dando lugar ao auxílio-doença.

É possível, no entanto, que o auxílio-acidente e o auxílio-doença sejam pagos cumulativamente,


por exemplo:

Sofri um acidente de carro, era empregado, fiquei afastado por 4/5 meses porque não podia
trabalhar, estava incapacitado temporariamente, mas a minha lesão se consolida e eu fico com
uma sequela, um problema na perna que demanda um maior esforço para o desempenho das
minhas atividades. Volto a atividade. Tempos depois, eu desenvolvo uma lesão no ombro em
razão do trabalho que eu estou exercendo – que não tem nada a ver com a lesão na perna – que
demanda o meu afastamento. Nesse caso, como as origens são diferentes e as incapacidades
derivam de causas diferentes, eu posso perceber, ao mesmo tempo, o auxílio-doença e o auxílio-
acidente.

Portanto, o auxílio-doença pode cumular com o auxílio-acidente desde que as causas sejam
diferentes. Se a causa for igual, não se acumula, suspende um e paga o outro. JAMAIS poderá
haver a cumulação entre o auxílio-doença/acidente e a aposentadoria.

Renda Mensal Inicial: Não se submete ao salário mínimo, por conta de seu caráter indenizatório.
Não poderá, no entanto, ser inferior a ½ salário mínimo, visto que deverá ser de 50% do salário-
de-benefício (valor que jamais poderá resultar inferior a um salário-mínimo).

- conceitos importantes –

Acidente de trabalho (arts. 19 a 23, da Lei 8.213/91)

Típicos (art. 19): acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de
empresa (empregado ou trabalhador avulso) ou de empregador doméstico ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 (segurado especial – produtor que
explore atividade: agropecuária, de seringueiro ou extrativista, pescador artesanal ou
assemelhado e cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade ou a este
equiparado, do segurado produtor que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar
respectivo), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Atípicos (art. 20):


Doença Profissional  produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho a determinada
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social.

Tipo de atividade, ex. Pedreiro/lesão ortopédica.

Doença do trabalho  adquirida ou desencadeada em função de condições especiais (dos


agentes nocivos presentes no ambiente do trabalho) em que o trabalho é realizado e como ele
se relacione diretamente.

Ambiente laboral.

Não são consideradas doença do trabalho: doença degenerativa; inerente a grupo etário; a que
não produza incapacidade laborativa; e a doença endêmica, conforme a região.

Outras hipóteses de equiparação ao acidente de trabalho (art. 21): acidente de trajeto,


agressão/sabotagem/terrorismo, praticado por terceiro dentro do ambiente de trabalho (se isso
for capaz de gerar uma incapacidade para o trabalho, será considerado acidente de trabalho).

As doenças profissionais e do trabalho precisam ser provadas, é preciso provar o nexo, que é
chamado nexo técnico epidemiológico, em que se relaciona o trabalho como a doença
desenvolvida. A empresa/interessados (sindicato, médico do empregado, próprio empregado)
podem insurgir contra o laudo.

É importante caracterizar o nexo, porque a espécie vai determinar, por exemplo, que o
empregador recolha o fundo de garantia (o que não ocorreria com benefícios comuns) e, uma
vez cessada a incapacidade, em se tratando de acidente de trabalho, o empregado tem direito
à estabilidade de 1 ano.

BENEFÍCIO TITULAR REQ. CARÊNCIA R.M.I.


INCAPACIDADE
Auxílio-doença - Qualquer Parcial/ 12 91% SB ou
segurado Temporária média 12
últimos s.c.
Ap. Invalidez - Qualquer Total/ 12 100% SB +
segurado Permanente (podendo ser
acrescido 25%
na grande
invalidez)
Auxílio-acidente - Empregado Sequela ZERO 50% SB sem
- Doméstico Permanente; submissão ao
- Trabalhador Acidente de salário mínimo
Avulso qualquer
- Segurado natureza
especial
Aula 17

Salário Família e Salário Maternidade

Salário Família (art. 65 a 70, Lei 8.213/91)

Titular: Empregado, empregado doméstico (LC 150) e trabalhador avulso ATIVOS. Além disso,
podem titularizar esse benefício os aposentados por idade e aposentados por invalidez, bem
como qualquer aposentado com 65+ homens e 60+ mulheres.

Será pago diretamente pelo empregador/empresa, que se ressarcirá perante a previdência


quando recolher as contribuições à previdência.

Requisitos:

- Baixa renda (teto de salário/remuneração/proventos) será de até R$ 1.319,18. Se o segurado


ultrapassar essa renda, não poderá ser beneficiário;

- Dependentes (filhos ou equiparados a filho  art. 16) até 14 anos ou Inválidos. O segurado
deverá encaminhar a previdência a certidão de nascimento ou o documento de adoção e, ainda,
o atestado de matrícula e frequência escolar e o atestado de vacinação obrigatória. Sem esses
documentos, o segurado não conseguirá ter o direito ao benefício do salário família.

 Será pago até o momento em que o depende sair da condição de menor ou de inválido,
prevista na lei, ou, então, se ficar desempregado ou tenha algum aumento que gere uma
remuneração maior do que a prevista como sendo de baixa renda.

Valor do benefício:

Existem duas faixas de valor. Para aqueles que ganham remuneração ou proventos de até
R$877,67, recebe uma cota de R$45,00. E para aqueles que receberem entre R$877,67 e
R$1.319,18, receberão a cota de R$31,71.

Para cada filho/equiparado, é gerado um valor-cota, então, com 3 filhos, 3 cotas.

Salário-Maternidade (arts. 71 a 73, Lei 8.213/91)

Até 2012, era um benefício exclusivamente percebido pelas mulheres, no entanto, passou
também a ser percebido pelos homens em razão de adoção ou do falecimento da mulher após
o parto. Muitas casos ocorriam pela adoção monoparental por um homem ou pela adoção por
um casal homossexual, fato que anteriormente não ensejava na concessão do benefício.

A mulher é exclusivamente detentora desse benefício por ocasião do parto, mas, em função da
adoção e da guarda judicial para fins de adoção, tanto o homem quanto a mulher podem ser
beneficiários. Não existe a possibilidade da concessão de 2 salários-maternidade em razão do
mesmo fato. A única situação em que se considera essa possibilidade é quando, havendo
adoção, a mãe biológica tiver recebido este benefício. Nesta hipótese, poderá o adotante
também recebê-lo, de modo que haverá a concessão de 2 benefícios em razão da mesma
criança.

Titular: qualquer segurado, homem ou mulher, salvo por ocasião do parto, hipótese em que o
benefício é exclusivamente pago pela mulher – a única possibilidade que se tem de alterar esse
quadro é na hipótese de a mulher durante o período de fruição falecer, quando o
cônjuge/companheirx poderá se habilitar (sendo segurado) para o recebimento do restante do
benefício, desde que o requeira até a data final do benefício. O valor que ele receberá, no
entanto, equivalerá ao que ele teria direito, não ao o que a mulher vinha recebendo até então
– ou seja, será feito um novo cálculo do valor do benefício.

Requisitos: Segurado (no momento do parto ou da guarda judicial para fins de adoção).

Além disso, a lei exige em algumas hipóteses a carência de 10 contribuições: contribuintes


individuais, segurados facultativos e segurados especiais, podendo ser flexibilizada em caso de
parto antecipado/prematuro.

Para o segurado especial, não precisa comprovar necessariamente as contribuições, mas que
exerceu atividade rural pelo período de 10 meses imediatamente anterior ao requerimento do
benefício.

Termo Inicial: Pode ser requerido, em caso de parto, 28 dias antes do parto OU a partir do parto
e é pago por 120 dias.

Para as chamadas empresas cidadão, o período da licença-maternidade é de 180 dias. O


pagamento pela previdência finda depois dos 120 dias, passando a própria empresa a custear a
beneficiária pelos outros 60 dias.

Caso se trate de guarda judicial para fins de adoção, o benefício é pago a partir da decisão judicial
e pelo período de 120 dias. Não existe variação do tempo de recebimento do benefício
considerando-se a idade do adotado.

* Esse benefício não pode ser cumulado com o auxílio-doença *

Renda Mensal: DEPENDE do tipo do segurado que se está tratando.

Em se tratando do empregado comum ou trabalhador avulso, o benefício corresponderá à


última remuneração integral recebida antes do parto/adoção, inclusive, esse valor pode superar
o teto do INSS. Segundo o STF, o único teto existente é o próprio teto do STF.

O empregado doméstico tem como valor de benefício o último salário-de-contribuição (que já


tem em si embutido a ideia de teto  limitado ao teto do INSS).

Para os demais segurados (contribuintes individuais, segurados facultativos e desempregados –


que sejam segurados no momento do parto ou adoção): será 1/12 da soma dos 12 últimos
salários-de-contribuição anteriores ao parto/adoção, apurados em até 15 meses para trás. Para
o segurado especial ou o valor será de 1 salário mínimo ou 1/12 de sua contribuição anual 
contribuição prevista pela remuneração de seu produto.

Quem paga o benefício?

Como regra, quem paga diretamente é a Previdência Social.

A única exceção é no caso de empregado em razão do parto. Nesse caso, quem paga
diretamente é a empresa, que se ressarce perante o INSS, abatendo esses valores pagos a título
de salário-maternidade aos valores que a empresa tem que recolher mensalmente, a título das
contribuições dos empregados e da contribuição patronal. Se a empregada que tiver recebendo
em razão do parto falece e o cônjuge/companheirx se habilita, quem passará a pagar será a
Previdência Social.

Óbito do titular (sempre pago pela Previdência Social)

Sucessor:

- Ser segurado;

- Criança viva;

- Não abandono;

- Prova afastamento do trabalho.

Se reúne essas condições, o benefício será pago pelo período restante. O requerimento, nesse
caso, deve ser requerido até o encerramento do benefício inicial – ou seja, até o 120º dia após
o parto, sob pena de indeferimento do pedido em razão do decurso do prazo.
Aula 18

Pensão por morte e Auxílio-Reclusão

Pensão por morte (art. 74 a 79, Lei 8.213/91)

Titulares: Dependentes do segurado (obedecida a ordem de preferência estabelecida no artigo


16).

Requisitos: o óbito de um segurado + existência de dependentes.

Se aquele que faleceu já não ostentava mais a qualidade de segurado, não haverá direito à
pensão por morte (art. 102, §2º). Existe uma única exceção: quando mesmo que o segurado não
fosse segurado, ficar comprovado que ele – apesar de não usufruir – tinha direito a uma
aposentadoria.

... Vamos supor que um homem com 67 anos, 200 contribuições, venha a óbito. Ele não estava
aposentado e já não contribuía a 10 anos à Previdência. Pode ser concedida uma pensão por
morte nesse caso? Pode, porque ele teria cumprido integralmente os requisitos para a
concessão da aposentadoria por idade. Havia, portanto, o direito adquirido.

Mas, via de regra, é preciso que no momento do óbito detenha a condição de segurado.

Termo inicial: Como regra, a pensão desde a data do óbito do segurado. Mas, para a pensão ser
devida nesse momento, é preciso requerê-la em até 90 dias da data do óbito (art. 74, I). Se se
perder o prazo, a pensão será devida a partir da data de entrada do requerimento
administrativo.

A pensão por morte é devida em razão do óbito real ou em decorrência da morte presumida
(aquela declarada judicialmente – em sentença – quando houver a probabilidade muito forte de
que houve o falecimento do segurado em decorrência de alguma catástrofe, calamidade ou por
sua ausência). O artigo 78 expõe melhor esse conceito:

“Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicial
competente, depois de 6 (seis) meses de ausência, será concedida pensão provisória, na
forma desta Subseção.

§ 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em conseqüência de acidente,


desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente da
declaração e do prazo deste artigo.

§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará


imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos valores recebidos, salvo má-
fé.”
Existe, portanto, a morte presumida por prévia declaração de ausência, que, depois de 6 meses,
ensejará o pagamento da pensão por morte provisória. Só não será pago depois dos 6 meses, se
ficar comprovado o desaparecimento em razão de catástrofe, acidente ou desastre, que implica
o pagamento imediato sem a necessidade de declaração judicial da ausência – que cessa com o
reaparecimento do acusado.

Termo final: óbito do titular ou quando cessa a condição de dependente.

Art. 77, §2º, IV e V: cônjuges e companheiros.

Se o segurado, na data do óbito, possuir 18 contribuições ou mais E se a união estável existia a


mais de 2 anos  é aplicada uma sistemática de acordo com a idade do cônjuge na data do
óbito (aplicada também quando as condições não forem cumpridas, mas o óbito tiver ocorrido
em virtude de acidente de qualquer natureza ou por doença profissional.

TABELA

Se o segurado, na data do óbito, não tinha 18 contribuições ou se a união estável não existia a
mais de 2 anos  o benefício será pago por 4 meses.

No caso de cônjuge sobrevivente inválido ou portador de deficiência – independentemente das


condições, o benefício será pago enquanto durar ou até cessar a invalidez ou deficiência (art.
77, §2º, V).

Ps. Art. 76, §2º, b: aumentando-se a expectativa de sobrevida, podem ser alteradas as idades da
tabela, a partir de 2018.

Renda Mensal Inicial:

Se o segurado estava aposentado, o valor da pensão é 100% o valor da aposentadoria.

Se o segurado estava na ativa, o valor será o de 100% de uma aposentadoria por Invalidez
simulada.

Auxílio-reclusão (art. 80, Lei 8.213/91)

Titulares: é devido aos dependentes dos segurados de baixa renda.

Requisitos:

Segurado

Baixa renda

Na data do recolhimento à prisão em regime fechado ou semiaberto


Existência de dependentes

* Só será devido se o condenado recolhido à prisão não estiver recebendo aposentadoria ou


auxílio-doença, ou se ele preso não estiver recebendo remuneração da empresa.

- É para quem está cumprindo pena, não para os casos de prisão provisória ou preventiva –

O termo inicial e o final são os mesmos determinados à Pensão por morte. Devendo ser
instruído, o requerimento, com certidão de recolhimento à prisão.

 Se o preso fugir, o pagamento do auxílio-reclusão é suspenso. Passados 12 meses, se o


preso não foi encontrado, o auxílio não poderá mais ser pago!

Renda mensal Inicial: 100% da renda de uma aposentadoria por invalidez simulada.

Contagem recíproca do tempo de contribuição (arts. 94 a 99)

Possibilidade que se tem de levar o tempo contribuído de um regime oficial para outro regime
oficial. Pegar o tempo que se contribuiu para o regime geral para o regime próprio.

Existem alguns limites: o tempo fictício não pode ser levado para a contagem recíproca; o tempo
sem contribuição também não se leva para o outro regime; da mesma forma, não se pode
contabilizar o período em que se trabalhou na forma dos dois regimes ao mesmo tempo; bem
como não se pode aproveitar o período se ele foi aproveitado pela concessão de benefícios
previdenciários
Aula 19 e 20

RPPS – Previdência do Servidor Público na Constituição (art. 40, CF)

Caráter contributivo e solidário  desde a EC 20/1998 fora instituído o caráter contributivo


essencial na previdência social publica oficial. Significa que não se pode mais falar em benefícios,
não se pode mais falar em previdência Pública de servidores sem que haja, necessariamente, o
aspecto contributivo envolvido. Da mesma forma, este modelo, este regime previdenciário,
adota o modelo da repartição simples ou solidariedade, isto é, um modelo segundo o qual há
um pacto intergeracional, em que a atual geração de trabalhadores, de contribuintes, financia a
partir dos recursos que gera sobre o seu trabalho para a Previdência, a atual geração de
aposentados e pensionistas dos regimes próprios. Há, portanto, um pacto tácito, implícito,
intergeracional, uma geração sustenta a outra – o que significa dizer que não há, no regime
próprio, há exemplo também do que acontece no regime geral, qualquer tipo de previdência
calcada em reservas matemáticas privadas, individuais. Não há alocação de recursos, acumulo
de contribuições que irão gerar uma aposentadoria. Mas, contribuição atual, benefício atual. No
futuro, quando esse atual contribuinte se aposentar, serão os contribuintes da ativa que irão
sustentá-lo no seu benefício aposentadoria.

1. Para a União, Estados, Distrito Federal e Mnicípios de caráter contributivo e solidário.

Caráter contributivo: financiam esse sistema o ente público ao qual pertence o servidor efetivo
(e aí estamos falando necessariamente de administração pública, representada pelos 4 entes
federados e a administração indireta pública, seja por meio de autarquias, seja por meio de
fundações públicas – sociedade de economia mista, empresas públicas, fundações privadas 
seus funcionários, trabalhadores, servidores lato sensu  não estão submetidos ao regime
próprio, e sim, ao regime geral de previdência. Então a quem se aplica? Ao servidor público,
detentor de cargo efetivo, que prestou e foi aprovado e concurso de provas ou concurso de
provas e títulos e que tem direito após 3 anos à estabilidade. Não estão aqui no RGPS, os
empregados da administração pública, os celetistas, aqueles que prestam seleção pública para
empresas públicas, sociedades de economia mista, e mesmo para a administração direita e
indireta quando ela não cria regime própria, aí estão no Regime Geral, e os benefícios não
estarão previstos no artigo 40, CF, mas, no artigo 201 da CF.

Este Regime Próprio é mantido perante contribuições do ente público, do servidor ativo e do
servidor inativo. Quem define as contribuições de todos, os percentuais? Atualmente, essa
definição está na lei 10.887/2004, que define acerca dos servidores da União (deixando aos
estados, municípios e DF a regulamentação dessa matéria específica, do quantum de
contribuição se tem), aplicando-se a alíquota de 11% sobre a sua remuneração, cabendo ao
poder público uma parcela 2 vezes relativamente à parcela do servidor público, logo a União
paga 22% sobre a remuneração do servidor para fins Previdenciários. O próprio ente público
recolhe tudo sobre a remuneração. Ainda existe, com a redação dada pela EC 41/2003, a
contribuição do servidor inativo.

* O único benefício previdenciário sobre o qual incide a contribuição especial é o salário


maternidade *
Porém, quando estamos falando de regimes próprios, a Constituição Federal prevê a
contribuição dos inativos e pensionistas. Estão previstas no §18 do artigo 40 e no §21, do mesmo
artigo.

De que modo incide a contribuição do servidor inativo?

Só vai pagar a contribuição o servidor inativo sobre a parcela da sua remuneração que excede o
teto do Regime Geral de Previdência Social, que é de R% 5.645,80. Significa que até esse valor
de remuneração, o servidor público estará imune da sua contribuição enquanto inativo. Se
receber mais, sobre o excedente incidirá a remuneração.

Ex. servidor público aposentado que ganhe R$10.000,00 de proventos. Isso significa que
R$5.645,80 estão isentos, e sobre os restantes (10000 – 5645,80 =) R$4354,20 incidirá a
contribuição de 11% no âmbito da União. Logo, para uma aposentadoria de R$10.000,00 a
contribuição será de aproximadamente R$478,96.

No entanto, o §21 do artigo 40 dobra essa imunidade, estabelecendo que se este inativo,
aposentado ou pensionista, for portador de doença incapacitante adquirida mesmo após a
aposentadoria ou concessão da pensão, esta imunidade é dobrada e passa a incidir a
contribuição somente naquilo que excede o dobro do teto, logo no exemplo dado do servidor
inativo que tem proventos de R$10.000,00 e ele comprove ser portador de doença
incapacitante, ainda que contraída após a concessão da aposentadoria, a imunidade que antes
era do teto, passa a ser o dobro. Neste caso, como a remuneração dele não ultrapassa o teto,
ele está absolutamente imune da contribuição, de modo que paga 0 de contribuição.

Portanto, essa é a forma de custeio da previdência do servidor público: paga o ente público,
pagam os servidores ativos e os servidores inativos e pensionistas com a ressalva da imunidade:
do teto do INSS todos estão imunes, e do dobro do teto, aqueles que comprovarem doença
incapacitante.

Esse é o cenário da contributividade, da forma como esse sistema de aposentadoria e pensões


dos servidores públicos é estabelecido na Constituição Federal. Se o ente público não criou o
seu regime próprio, o servidor é alçado ao RGPS, porque ninguém pode ter trabalho remunerado
sem uma previdência obrigatória. Da mesma forma, os cargos em comissão: quando o sujeito é
exclusivamente ocupante de cargo em comissão, ele também não está aqui, ele está no RGPS,
o que é expressamente previsto no §13 do artigo 40. Mas, se um servidor efetivo vir a ocupar
um cargo em comissão, é preciso estar atento que o regime de origem dele é o regime próprio,
de modo que ele permanece no RPPS.

Benefícios constitucionalmente previstos aos servidores públicos

- A Constituição não entra em licença-saúde, em auxílio-reclusão, em auxílio-maternidade ou


licença-maternidade, são benefícios tratados na Lei 8.112/90.

Aposentadorias: a CF estabelece desde um primeiro momento, 4 espécies de aposentadorias já


regulamentadas no texto. Existem 2 espécies de aposentadorias involuntárias: Aposentadoria
por invalidez e aposentadoria compulsória. E, de outro lado, as aposentadorias voluntárias:
Aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por idade. Há, ainda, as
aposentadorias voluntárias do §4º do artigo 40 da CF, que dependem de lei complementar que
até a presente data ainda não foi feita. Cada uma delas determina o critério de apuração de seus
proventos.

- Durante décadas e décadas os benefícios dos servidores públicos vinham acompanhados de 2


garantias constitucionais: a garantia da integralidade e da paridade. Integralidade significa não
necessariamente proventos integrais, mas que este benefício seria apurado com base na última
e tão somente última remuneração integral do servidor antes da aposentadoria ou pensão
(integralidade  base de cálculo dos proventos  última remuneração do servidor antes de se
aposentar/antes de ser concedida a pensão). E a paridade significada a equiparação entre ativos
e inativos, ou seja, existia a regra nas Constituições anteriores que determinada que sempre que
se verificasse um aumento, um reajuste ou uma vantagem na remuneração dos ativos, esse
mesmo reajuste, vantagem, aumento, deveria ser estendido automaticamente ao servidor
inativo aposentado/pensionista, na mesma data, pelo mesmo índice deferido aos ativos. Estas
duas garantias foram extirpadas do ordenamento jurídico com a EC 41/2003. Não quer dizer que
não haja proventos integrais, o que não há é a integralidade da base de cálculo.

Cada uma dessas aposentadorias tem seus requisitos, previstos no §1º do artigo 40.

1. Aposentadoria por invalidez permanente: proventos proporcionais ao tempo de


contribuição, como regra geral.
a. Exceções (quando os proventos serão integrais  100%): acidente em serviço;
doença profissional e doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei
(8.112/90). Mas 100% do que? Vai depender do momento em que o servidor
ingressou nos quadros do serviço público.

2. Aposentadoria compulsória: era definida como sendo unicamente de 70 anos, mas


poderia ser modificada por até 75 anos a partir de Lei complementar, que foi feita LC
152/2015 (aposentadoria expulsória). O servidor público ao atingir essa idade não pode
mais permanecer nos quadros da Administração Pública. Como regra, gera proventos
proporcionais nº de anos/35H ou nº de anos/30M. Não há exceções.
3. Aposentadoria por tempo de contribuição: exige a conjunção de 2 requisitos  o tempo
de contribuição de 35 para homens e 30 para mulheres e a idade de 60 anos para
homens e 55 para mulheres. Excepciona-se a questão dos professores (desde que do
ensino infantil, fundamental e médio), que podem se aposentar, se homens 30c e 55
idade e mulheres 25c e 50i. Essa questão etária para professores só é válida para a
aposentadoria por tempo de contribuição, não sendo aplicável quando se tratar de
aposentadoria exclusivamente por idade! A EC 20, que estabeleceu esses requisitos,
estabelece também que o servidor público em qualquer das aposentadorias voluntárias
tem que ter, ainda, 10 anos de serviço público efetivo e 5 anos no cargo em que se der
a aposentadoria (que seria a chamada “carência” do serviço público). Aqui se fala em
proventos integrais (100%).
4. Aposentadoria (exclusivamente) por idade: não exige tempo de contribuição, mas,
apenas, o requisito de idade de 65 para homens e de 60 para mulheres, além do
requisito de carência de 10 anos de serviço público e 5 anos no cargo. Aqui se fala em
proventos proporcionais! Só haverá integralidade quando se chegar aos 35c ou 30c,
sendo homem ou mulher, pois o cálculo da proporcionalidade, então, dará 100%. Não
tendo o tempo mínimo para aposentadoria por tempo de contribuição, que é a única
integral, como regra, não atingirá a integralidade.
5. Existem, ademais, 3 possibilidades de aposentadorias com uma série de requisitos e
critérios diferenciados: portadores de deficiência; atividade de risco e atividades
especiais (dependendo de lei complementar, que nunca veio apesar da impetração de
inúmeros mandados de injunção perante o supremo, o que culminou na edição da
súmula vinculante nº 33, que determina a aplicação das disposições (no que couber), as
disposições da Lei 8.213/91, no que se refere às aposentadorias especiais), no que se
refere aos portadores de deficiência e daqueles que desempenham atividade de risco,
não foi editada nenhuma súmula vinculante, em que pese exista previsão em LC acerca
da aposentadoria para policiais civis.

Abono de permanência (em serviço) – previsto no artigo 40, §19, CF. O servidor público que
tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária estabelecidas no §1º, III, a, e
que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência no valor de sua
contribuição, até cumprir as exigências da aposentadoria compulsória.

Servidor público ativo  tenha alcançado os requisitos para a aposentadoria por tempo de
contribuição  H 35c 60i; M 30c 55i + 10sp 5 cargo  opte por permanecer no cargo  recebe
valor da contribuição mensal (só que daí o imposto de renda será em cima da base de cálculo
do salário sem o desconto do percentual da contribuição). Tem caráter remuneratório.

Pensão por morte: desde a EC 41/2003 deixou de ser integral. Art. 40, §7º  prevê 2 hipóteses:
óbito de servidor ativo e óbito de servidor aposentado.

- Ativo: o valor da pensão será baseado na sua remuneração antes de morrer, não há
cálculo até hoje previsto para a pensão. Se recebia 20mil de remuneração, essa é a base da
pensão, mas não é 100%. Pega-se a remuneração e, até o teto do INSS, a pensão é de 100%. O
que excede ao teto, é recebido em 70%. Então supondo que o teto do INSS seja 5 mil reais, o
valor da pensão será 5 mil + 70% de 15 mil reais, que totaliza 5000 + 10500 = 15500 reais de
pensão.

- Aposentado: a regra é a mesma, só que a base vai corresponder aos proventos.

Fórmula de cálculo dos benefícios de acordo com a CF (§§3º e 17, art. 40)

Para os benefícios, serão consideradas às remunerações do servidor aos Regimes oficiais (RGPS
e RPPS)  pode ser que tenha ingressado no regime próprio em 2000, mas que antes tenha
trabalhado conforme o RGPS, aproveitando-se esse período no regime próprio, caso venha a se
aposentar na forma do regime oficial. Os valores contribuídos enquanto no regime geral serão
utilizados para cálculo conforme a contribuição prestada para fins de cálculo da aposentadoria
conforme o regime próprio. Os valores deverão ser atualizados na forma da lei (Lei
10.887/2004), para que não haja defasagem.

Só se considera no cálculo aquilo que foi pago a partir de julho de 1994 (em virtude da mudança
da moeda). * A partir de 2003, o servidor público que ingressou no regime próprio não tem mais
a integralidade da base de cálculo, nem a última remuneração como base para a aposentadoria
(somente para a pensão).
A média é calculada nos mesmos termos do RGPS (média aritmética das 80% maiores
remunerações), com as porcentagens específicas para cada benefício.

A CF não autoriza a contagem de tempo fictício para fins de consideração de tempo de


contribuição.

Regime de Previdência Complementar: §§ 14, 15 e 16, do artigo 40 da CF. Desde 1998, e,


posteriormente, em 2003, a Constituição autoriza que a União, os Estados, DF e Municípios,
possam estabelecer (desde que estabeleçam o regime de previdência complementar para seus
servidores e titulares de cargos efetivos) para o pagamento dos seus benefícios previdenciários
o mesmo teto previsto para pagamento dos benefícios do regime geral de previdência social.
Para instituir esse regime, deve haver Lei de iniciativa do respectivo chefe do Poder Executivo.
Deve ser estabelecida na modalidade contribuição definida: eu sei o quanto eu contribuo, não
sei o quanto vou receber – é acertado o valor da contribuição, mas o montante que será
recebido varia em função do tempo desta quantia, do tempo de contribuição e da rentabilidade;
e por meio de entidades fechadas de previdência complementar.

Este regime só pode ser obrigatório para servidores que ingressarem no serviço público após o
ato de instituição do RPC. Os servidores que ingressaram antes, podem optar, por expressa e
prévia manifestação, até a data de instituição do RPC. Se nada disser, ele se mantém no regime
anterior.

No âmbito anterior, houve a instituição desse regime, por lei de iniciativa da presidente (lei
12618/2012), e esse regime passou a ser obrigatório para servidores que ingressaram a partir
de fevereiro de 2013 (FUNPRESP). São estabelecidas 2 espécies de contribuição: Contribuição
do participante e contribuição do patrocinador.
Aula 21

Lei 12.618/12

A entidade fechada criada para o exercício da previdência complementar deve ter,


necessariamente, caráter público, mas não, necessariamente, deve ser de direito público. Ela
deve ser criada pela Administração, mas poderá ter personalidade jurídica de direito privado,
dentro de uma interpretação que foi dada pelo STF ao §15 do artigo 40, que determinou que a
entidade deve somente ser criada pela Administração Pública.

O que se cria com o Regime de Previdência Complementar é a seguinte estrutura:

RPPS  limitado ao teto.

RPC  FUNPRESP (Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal).

Quem são os destinatários do RPC?

- Obrigatórios: servidores que ingressarem no serviço público federal após a instituição do


FUNPRESP  do executivo, legislativo, judiciário, MP e do TCU.

Como se dá a inscrição? Nesses casos de ingresso posterior à edição a lei, o


ingresso é automático. E deve o servidor manifestar oposição a essa inscrição em até 90 dias do
início nas suas atividades no serviço público (se manifestar a oposição, recebe todas os valores
que contribuiu para o FUNPRESP de volta – e isso não constitui resgate: que é quando alguém
que está filiado ao regime de previdência complementar decide sair e resgatar os valores
contribuídos); o que acontece é que ele estará filiado ao RPPS, mas limitado ao teto do INSS – o
que geraria a inscrição automática no FUNPRESP que pode ser cancelada em até 90 dias. Caso
cancele a inscrição depois de 90 dias, será considerada com resgate.

O pagamento ao FUNPRESP se dá como? Se dá sobre os valores que excedem ao teto do INSS,


sobre o qual está limitado o RPPS.

- Também são destinatários os servidores federais que ingressaram antes da instituição do fundo
e que expressamente manifestem a opção de aderi-lo. Aqueles servidores antigos ao regime
ingressam somente mediante expressa manifestação. A opção deveria ser feita no prazo de 24
meses, opção irretratável e irrevogável, deixando de estar vinculado ao pagamento de
contribuição que atingia sua remuneração, passando a estar vinculado ao RPPS limitado ao teto
do INSS e pagar sua contribuição ao FUNPRESP.

Existem 3 personagens (porque a relação na previdência complementar se dá de modo


triangular):

- participante: é o servidor efetivo dos poderes da União.

- patrocinador: é a União, suas autarquias e fundações públicas.


- EFPC (Entidade Fechada de Previdência Complementar): é o FUNPRESP, que é uma fundação
pública com personalidade jurídica de direito privado.

O participante e o patrocinador são os responsáveis pelo financiamento do fundo de previdência


do servidor público. A entidade FUNPRESP somente irá gerir os recursos e, eventualmente,
pagar os benefícios complementares.

Como fica a situação do servidor que estava no regime anterior e manifestar a opção por
ingressar no novo regime?

- A legislação prevê um benefício especial para essa situação, porque o servidor, durante um
período da sua vida, contribuiu durante toda a sua remuneração.

Por exemplo: servidor que tenha remuneração de R$20.645,80, tenha ingressado no serviço
público em 2003, durante 10 anos, foi recolhida sua contribuição em cima do valor integral, em
2013, ele decide ingressar no FUNPRESP, de modo que a contribuição vai incidir sobre o teto do
INSS. Supondo que o servidor decida ingressar no novo regime, ele passa a pagar a contribuição
para o RPPS, apenas até R$5.645,80. Porque a partir de então, o RPPS só vai garantir esse
montante, o resto deverá ser buscado com o FUNPRESP – no dia que cumprir os requisitos para
a aposentadoria nos termos do regime próprio, a FUNPRESP complementa essa aposentadoria.
Mas e esse período que ele contribuiu com tudo? A lei prevê um benefício especial que tem uma
forma diferenciada de ser calculada, que leva a diferença das bases contributivas. Faz-se a média
das 80% maiores remunerações dele desse período de 10 anos, pegam-se todas as
remunerações, atualizam-se e chega-se a uma média (R$20.645,80), da qual se diminui o valor
do teto do momento em que ele fez essa opção (20.645,80 – 5.645,80 = 15.000,00). Esse valor
de 15 mil reais vai ser multiplicado pelo fator de conversão (porque ele não tem tempo para
uma aposentadoria com esse valor, ele tem 10 anos de atividade), e como vai ser realizada essa
conversão?

Tempo de contribuição / Tempo total (que varia, se for servidor homem é de 455; se for uma
servidora mulher ou professor homem é 390; para uma professora mulher é 325).

FC: 120/455 = 0,26. Que será multiplicado pela diferença da média que ele tem com o teto do
INSS.

15.000,00 x 026 = 3900,00.

Então o benefício especial dele é R$3.900,00. Isso significa que no dia em que ele for aposentado
pelo RPPS (que está limitado ao teto do INSS), será somado a esse valor (do teto) o valor do
benefício especial (3.900,00) = 5.645,90 + 3.900,00 = R$ 9.545,90.

Ps. Esse valor é atualizado de acordo com os índices do INPI.

A lei prevê 3 entidades fechadas de previdência complementar:

FUNPRESP Exe

FUNPRESP Leg (aplicável também ao TCU)


FUNPRESP Jud

A lei estabelece o plano de benefícios previdenciários.

Existe o plano de benefícios programáveis ou programados  que são os benefícios de


aposentadoria voluntário;

E os benefícios não programados  que são direcionados aos eventos morte e invalidez.

Essas hipóteses se aproximam mais ao seguro do que da previdência.

São atividades com custeio específico. De modo que além da contribuição ordinária, se paga
uma contribuição adicional. Essas contribuições também são reguladas pela lei. É o participante,
o servidor, que define a sua contribuição. A partir do momento que ele define, o patrocinador
tem que igualar essa contribuição. Essa obrigação de igualar é de até 8,5% apenas. A partir desse
percentual, a União não iguala mais. Essas contribuições todas, seja do participante, seja do
patrocinador, devem ser recolhidas pelo patrocinador até o dia 10 do mês seguinte sob pena
dos encargos de juros e mora.
Aula 22
Custeio da Seguridade Social

Art. 195, CF  financiamento constitucional da seguridade.

Princípios Constitucionais

- Equidade 194, p.u.

- Diversidade

- Prévia fonte de custeio (§5º)

Equidade  é bem próximo ao princípio da capacidade contributiva do direito tributário;


significa dizer que pelo princípio da equidade, quem ganha mais, tem mais renda, patrimônio,
recursos, vai pagar mais do que quem ganha menos. Não em valores absolutos, mas em valores
relativos.

Tem-se uma contribuição de 10% sobre o que a pessoa ganha. Se uma pessoa ganha 100,00 e a
outra ganha 1000,00, em tese, diremos que quem ganha 1000 paga mais do que quem ganha,
no entanto, eles estão pagando a mesma coisa, ou seja, 10%. Mas, a obediência ao princípio se
encerra no momento em que são estabelecidas alíquotas diferentes, de 5% para o que recebe
100 e 10% para quem recebe 1000. Pois para quem ganha 100, uma alíquota de 10% representa
bem mais do que para quem ganha 1000.

Diversidade da base de financiamento  significa que não haverá uma única fonte de custeio,
mas, várias fontes (195, §1º).

De um lado, temos o bloco dos orçamentos públicos (da União, dos estados, do Df e dos
Municípios). Cada ente federado deverá, na forma do artigo 195, caput, destacar recursos do
seu orçamento recursos que serão destinados à seguridade.

A participação indireta da sociedade no custeio, portanto, é por meio desses orçamentos


públicos, que financiam a seguridade social. Mas a sociedade também participa de forma direta
a partir das contribuições sociais. Previstas no artigo 195 da Constituição Federal. A constituição
desde já aponta quais serão os atores financiadores da seguridade social, concretizando o
princípio da diversidade. Essas contribuições sociais são espécie tributária.

Contribuições Sociais na CF

- Noventena – da publicação da lei, salvo disposição em contrário


estabelecendo um prazo maior (não se aplica a anualidade).

- Novas fontes – lei complementar

- Imunidades – entidades beneficentes

- Rural – há todo um tratamento diferenciado dispensado ao trabalhador rural.


Traz contribuições e bases de cálculo diferentes.
As empresas vão pagar e o deverão fazer sobre 3 bases: receita/faturamento, lucro e folhas de
salários. O empregador doméstico também vai pagar sobre o salário de contribuição de seu
empregado. Os trabalhadores pagarão sobre o seu salário de contribuição. O importador pagará
(IV, art. 195, CF). E ainda temos as receitas dos concursos de prognósticos, que não são apenas
as loterias da caixa econômico, mas também, por exemplo, corridas hípicas.

De acordo com as possibilidades de cada um, haverá a realização do princípio da equidade. E


pela variada gama de fontes, é facilmente perceptível a diversidade.

Prévia fonte de custeio: não se pode criar benefícios e serviços novos sem indicar de onde sairá
o dinheiro para pagar/cobrir as suas despesas. Não se pode majorar/criar benefícios sem
determinar previamente a fonte de custeio.

Custeio da Seguridade Social

Contribuição da União  Art. 16, Lei 8.212/91

Fixada na LOA

Solidariedade da união  p. único = cobertura de eventuais insuficiências das entidades


responsáveis pelos pagamentos dos benefícios de prestação continuada.

Saúde -

Assistência Social Benefícios de

Previdência Social prestação continuada

Contribuições dos segurados

Cada segurado tem um tipo de contribuição. Os segurados que se colocam na mesma situação
contributiva são: o empregado, o trabalhador avulso e o empregado doméstico. Esses
trabalhadores contribuem com 8, 9 ou 11% sobre o seu salário-de-contribuição, conforme a
faixa do s.c.

Além deles, há ainda a contribuição dos contribuintes individuais e segurados facultativos, que
vão contribuir, como regra, com 20% sobre o s.c. Aqui, valem 2 ressalvas e duas observações:

Quando o sujeito é empregado avulso ou doméstico, ele trabalha para alguém. Além da
contribuição devida pelo empregado em razão da remuneração, há a contribuição do
empregador – então duas contribuições se unem no intuito de financiar a seguridade social. O
que não ocorre nas hipóteses do contribuinte individual e do facultativo, em que os segurados
geram uma única contribuição para previdência social que é a sua. A exceção é em relação ao
contribuinte individual que presta serviço à empresa, porque nesse caso nasce a contribuição
também para a empresa, diminuindo a contribuição do contribuinte individual para 11% (menos
quando a empresa é filantrópica). Com isso, se cria uma distorção econômica entre o facultativo
e o individual e os outros contribuintes, visto que aqueles pagam mais contribuição própria,
sendo um desestímulo para os pagamentos rotineiros de contribuições. Pensando nisso, a
própria CF estabelece que a lei deverá buscar mecanismos de inclusão dos segurados de baixa
renda (art. 201, §12). A lei fez isso no artigo 21 da Lei 8.212/91, permitindo que contribuintes
individuais e facultativos optem por pagar 11% sobre o valor base de 1 salário-mínimo. Só que
quando escolhem isso, a consequência é abrir mão da aposentadoria por tempo de contribuição.
Isso, no entanto, não foi estimulante o suficiente para que mais pessoas aderissem ao regime
da Previdência, de modo que houve um acréscimo às vantagens, estabelecendo-se uma alíquota
de 5% do salário mínimo para o contribuinte individual, desde que ele seja microempreendedor
individual, conforme previsto na LC 123 – hipótese em que também se abre mão da
aposentadoria por tempo de contribuição. A mesma opção foi concedida ao segurado
facultativo, mas, deve estar incluído no cadastro único dos programas sociais do governo
federal. Uma vez tendo optado por essa contribuição reduzida, a lei permite que se possa
complementar o valor dessa contribuição para o patamar de 20% (com os acréscimos legais),
mas recupera o aproveitamento desse período para fins de aposentadoria por tempo de
contribuição e o próprio direito a ela.

Temos também as contribuições do segurado especial, que é o trabalhador rural ou pescador


artesanal que desenvolve suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar,
que, via de regra, não precisam contribuir a fim de obter seus benefícios. No entanto, a CF, no
§8 do artigo 195, estabelece que eles paguem uma contribuição sobre o valor da
comercialização do produto (2,1%  2% para a seguridade e 0,1% custeio de acidentes de
trabalho). E se esse segurado especial quiser ter um benefício mais vantajoso da previdência? A
lei permite a contribuição como se segurado facultativo fosse  de 20% sobre o valor que
considerar conveniente.
Aula 23
Custeio, Salário-de-contribuição e Contribuição da empresa

Salário-de-contribuição (art. 28, Lei 8.212/91)

Conceito

É a parcela da remuneração do trabalhador sobre a qual deverá incidir a sua respectiva e


correspondente contribuição social. Por quê parcela? Porque nem tudo o que é pago para o
trabalhador é base de cálculo da contribuição. Além disso, é parcela porque há um limitador na
Previdência Social que corresponde ao teto dos benefícios a serem auferidos. O teto atualmente
previsto é de 5.645,80, de modo que se a remuneração ultrapassar esse valor, a contribuição se
limitará ao valor desse teto.

- Empregados e Avulsos  retribuir o trabalho ou tempo colocado a disposição  inclusive as


gorjetas e ganhos habituais, ainda que em forma de utilidades.

- Empregados domésticos  remuneração da carteira de trabalho.

- Contribuinte individual

- Segurado facultativo  valor por ele declarado, observado o teto. Único que tem o poder de
escolha, que define o salário-de-contribuição, desde que respeitados o mínimo e o teto.

Parcelas integrantes (§8º)

- 13º salário (§7º)  exceto para cálculo de benefícios: isso significa que haverá
incidência sobre a gratificação natalina, mas apesar da incidência de contribuição, na hora de se
apurar o valor do benefício, que é calculado pela média, o valor do 13º não entra para o cálculo
do benefício. O 13º salário não é um valor real para fins de apuração de histórico contributivo,
porque sempre será igual a última remuneração paga no ano, pode ser que o empregado tenha
um aumento no mês de novembro, de modo que o pagamento do 13º não reflete o histórico
contributivo no ano. O que justifica o pagamento sobre o 13º é o fato de que no pagamento dos
benefícios, será pago “um 13º”.

- Salário-maternidade  o único benefício previdenciário sobre o qual incide


contribuição previdenciária é o salário-maternidade. Os demais benefícios ou estão isentos (não
incidência por força de previsão legal) ou imunes (por força de regra constitucional, que diz que
sobre aposentadoria e pensão não incide contribuição; imunidade: hipótese de não incidência
de um tributo prevista na Constituição).

- Diárias quando excedem 50% da remuneração mensal  quando as diárias


pagas num mês ultrapassar a metade da remuneração mensal do segurado, sobre elas há de
incidir a contribuição social, respeitado na soma da remuneração com as diárias o teto máximo
do salário-de-contribuição.
Parcelas não integrantes (§9º)

- Benefícios previdenciários (exceto salário-maternidade)

- Ajudas de Custo

- Parcela “in natura” recebidas de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo
Ministério do Trabalho

- Vale-transporte

- Férias indenizadas + 1/3  aquelas férias não gozadas no período próprio. Sobre as férias
gozadas incide contribuição, mas, sobre o terço, existe jurisprudência pacífica do STJ no sentido
de que não incide contribuição em benefícios futuros. Férias em dobro (art. 137, CLT) 
indenizatório, não incide.

- Diárias de menos de 50% sobre o valor da remuneração

- Programa de Participação nos Lucros e Resultados da empresa

Contribuição da Empresa (art. 22/23 da Lei 8.212/91)

Conceito de empresa: art. 15, L.8212/91.

- Firma individual ou sociedade

- Assume risco de atividade econômica

- Fins lucrativos ou não

- Incluindo órgãos da administração direita, indireta e fundacional

Conceito empregador doméstico: pessoa ou família sem fins lucrativos

Equiparados à empresa: contribuinte individual em relação ao segurado que lhe presta serviço

Contribuições a cargo da empresa

I. Folha de salários  empregados e trabalhadores avulsos (20%). Incluindo gorjetas e


adicionais.

III. 20% de contribuição sobre o total pago aos contribuintes que lhe prestem serviço. Para
União, até o dia 20 do mês seguinte (deve ser recolhido), salvo se dia 20 não ser dia útil bancário,
caso em que se tem que pagar no dia útil imediatamente anterior. Essa alíquota pode diminuir,
chegando a 11% no caso de a empresa ser devedora da contribuição de 20%, poderá descontar
40% de sua alíquota, que dá 9%, de modo que resta ao empregado 11%. O empregado contribui
sobre o salário-de-contribuição, e a empresa contribui sobre a folha de salários, mas não sobre
o salário-de-contribuição, mas sobre o total de remunerações. O limitador que existe para o
segurado, que é o teto do INSS, não existe para a empresa, que paga sobre o total.
II. Empregados e avulsos  folha de salários  1, 2 ou 3% sobre a folha de salários, conforme
o risco seja leve, moderado ou grave (não inclui a folha do contribuinte individual), em razão dos
riscos de acidente de trabalho. Financia a aposentadoria especial e benefícios por acidente de
trabalho.

Algumas empresas têm vantagens em relação a essa forma de tributação. Os clubes de futebol,
que mantem futebol profissional, pagam apenas 5% sobre o produto da arrecadação dos
espetáculos, substituindo os incisos I e II.

A contribuição da agroindústria, em substituição aos incisos I e II, da mesma forma, é de apenas


2,6% sobre o valor da comercialização dos produtos, correspondendo a 2,5% destinados à
seguridade social e 0,1% para fundo de acidente de trabalho.

V. Sobre o faturamento, a empresa deverá pagar 2% de contribuição, e sobre o lucro líquido,


antes da incidência do imposto de renda, 10%.

O empregador doméstico paga a sua contribuição, que passou a ser de 8% por força da LC 150,
sobre o salário-de-contribuição do empregado doméstico – em comparação com o empregador,
é diminuída a alíquota e a base de cálculo.
Aula 24
Custeio, Arrecadação e Recolhimento das Contribuições e Seguro Desemprego

Arrecadação e Recolhimento (art. 30, Lei 8212/91)

A Empresa (e aqueles que a ela se equiparam) é obrigada a arrecadar as contribuições dos incisos
I, II e III, que são as contribuições sobre a folha de salários e recolhe-las até o dia 20 do mês
seguinte, além das contribuições de seus empregados e contribuintes individuais. Sem
expediente bancário, o recolhimento deve ser antecipado.

A Empresa adquirente, consumidora ou consignatária de produtos agrícolas dos produtores


rurais, pessoa física, deve recolher a contribuição, que é devida pelo produtor de 2,1%, nesse
caso, e repassar, também, até dia 20 do mês seguinte. Se não houver expediente bancário 
dia útil imediatamente anterior.

O Empregador Doméstico é obrigado a arrecadar e recolher a sua contribuição de 8% e a


contribuição do empregado, que é de 8, 9 ou 11%, conforme a faixa de salário dele, e repassar
para a Previdência até o dia 7 do mês seguinte. Se o dia 7 não for expediente, é o dia
imediatamente anterior.

Contribuintes individuais e Segurados facultativos: quando for dele – o contribuinte individual –


o dever de recolher a própria contribuição (e esse dever é sempre do segurado facultativo), eles
têm que recolher a sua contribuição, que como regra é de 20% (podendo ser de 11% ou de 5%,
consoante os mecanismos de inclusão dos segurados de baixa renda), devendo fazer esse
recolhimento até o dia 15 do mês seguinte. Caso não haja expediente bancário, o prazo final
será o dia útil imediatamente posterior.

Aqui existe uma regra específica de solidariedade de empresas de um mesmo grupo econômico.
Todas elas respondem solidariamente pelas obrigações tributárias previdenciárias.

Seguro Desemprego (Lei 7.998/1990  MP 665  Lei 13.134/2015)

O seguro-desemprego é devido nos casos de desemprego involuntário do empregado, ou seja,


não é devido quando o desemprego é voluntário ou quando há justa causa. E mais, como o
próprio nome indica, o seguro-desemprego pressupõe uma relação de emprego, não sendo
devido a contribuintes individuais, segurados especiais, segurados facultativos, mas só para
quem tenha relação de emprego, seja com pessoa física, seja com pessoa jurídica.

Art. 3º  Requisitos:
Sem justa causa

I - Ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada (portanto não é
qualquer pessoa física, emprego doméstico não geraria aqui);

a) 12 meses nos últimos 18 meses para o 1º requerimento


b) 9 meses nos últimos 12 meses para o 2º requerimento
c) Cada um dos 6 meses imediatamente anteriores à dispensa imotivada (ou sem justa
causa) a partir do 3º requerimento

 A lei exige, portanto, um período mínimo de vínculo de emprego.

Art. 4º  Duração (como regra, 3 a 5 parcelas) do seguro-desemprego:

1ª solicitação

 4 meses – quando comprovar vínculo empregatício de no mínimo 12 meses até 23 meses

 5 meses – mínimo 24 meses

2ª solicitação:

 3 parcelas – entre 9 e 11 meses de vínculo antes da demissão

 4 parcelas – entre 12 e 23 meses de vínculo

 5 parcelas – 24 meses ou + de vínculo

3ª solicitação:

 3 parcelas – entre 6 meses e 11 meses de vínculo

 4 parcelas – entre 12 e 23 meses de vínculo

 5 parcelas – 24 ou +

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